Epílogo - Estômago ao Avesso I

Epílogo - Estômago ao Avesso I



Eu vou me casar, Hermione





Epílogo – Estômago ao Avesso II







Hermione acordou lentamente. Primeiro abrindo o olho esquerdo, depois o direito. Estava tão bom ficar entre as cobertas quentes... e o dia estava frio lá fora... que custava ficar um pouco mais?



“Nada conseguirá me tirar da cama cedo no meu dia de folga – pensou ela fechando os olhos novamente – nada”.



Mas obviamente algo conseguira, porque exatos três minutos depois, Hermione levantou-se de um pulo e saiu correndo descalça pelo quarto, tropeçando nas coisas espalhadas no chão (“Lembrar disso mais tarde” – ela fez uma anotação mental) até chegar ao banheiro e colocar para fora o jantar do dia anterior.



“Oh, de novo não!” – e nervosa, apoiou-se na parede. Tudo estava começando a rodar e isso não era nada bom, nada bom... Já tivera experiência suficiente por conta de enjôos inesperados, e a idéia de repetir tudo novamente fazia seu estômago revirar mais ainda. “Se tudo começar de novo eu vou...”. E inclinou-semais uma vez, aparentemente ainda restara alguma coisa.



Se fosse uma pessoa descontrolada, provavelmente teria chutado a pia e soltado um palavrão, mas ela era acima de tudo a responsável e correta Hermione e não seria um enjôo bobo que a faria sair da linha...



– M*%#&! – gritou ela chutando a pia quando vomitou pela terceira vez.



... bem, talvez fosse.



Saiu do banheiro de cara fechada. Pelo jeito sua folga não estava saindo como o programado. E se havia realmente uma coisa que Hermione odiava na vida, era que as coisas saíssem fora do esquema. “Tente se acalmar, Hermione... você já passou por isso antes.... querer controlar demais a vida só faz com que ela saia do controle de vez.”



Como dificilmente conseguiria dormir com a sensação de que grilos saltitantes felizes habitavam seu estômago, resolveu ir até o armário e pegar um casaco. Estava certa, fazia frio aquela manhã. O pensamento de que acertara alguma coisa fez com que um esboço de sorriso aparecesse em seu rosto. Sorriso que logo desapareceu quando tropeçou em uma vassoura e meteu a cara com força na porta do armário. Isso não serviu em nada para melhorar seu mau-humor.



– Hermione?



– Não, é o hipogrifo cor-de-rosa.



– Que barulho foi esse?



– Rony, quantas vezes eu vou ter que dizer pra você não deixar suas coisas espalhadas por aí? – falou Hermione conseguindo finalmente vestir o casaco do lado certo.



– Mau dia? – perguntou o ruivo sentando-se na cama.



– Mais ou menos – ela respondeu numa voz seca enquanto tentava pentear os cabelos sem ter muito sucesso.



Rony fez uma careta. Conhecia a esposa bem demais para conseguir entender que por trás daquele “mais ou menos”, na verdade a resposta era “o que você acha? Não está vendo a minha cara? É melhor não chegar perto demais e trate de catar suas coisas e guarda-las antes que eu me aborreça e te mande preparar o almoço!” ou algo no mesmo estilo.



– Que tal almoçarmos na Toca hoje? – sugeriu Rony esperançoso – mamãe pode preparar aquele pudim de carne que você tanto gosta e...



A simples menção das palavras ‘pudim de carne’ fizeram com que Hermione saísse correndo em direção ao banheiro, deixando um Rony inteiramente perplexo no quarto.



– Você está bem? – perguntou o ruivo cautelosamente quando ouviu um barulho que parecia ter destruído metade do banheiro.



– Estou – respondeu Hermione – algumas coisas que caíram...



Rony respirou fundo e se levantou. Seria um longo dia...



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“Querida Amélia,





Espero que não esteja congelando em qualquer lugar da Rússia onde esteja. Aqui na Inglaterra está fazendo bastante frio neste inverno. Clima que, aliás, combina perfeitamente com a situação do Ministério: parada. Você sabe como as coisas funcionam; demoram e depois demoram mais ainda. Se bem que estou conseguindo algumas mudanças no departamento. Percy Weasley já não está se intrometendo tanto nas minhas coisas... acho que ele tem medo de ser seqüestrado por duendes loucos novamente. E falando nesse episódio, escrevi um livro sobre ele e estou esperando a resposta do meu editor para a publicação, mas ele diz que
‘A manhã em que os duendes subversivos mostraram sua força perante a comunidade bruxa’ é um título um tanto forte demais...



Deixando de falar um pouco do meu trabalho, Rony largou os Cannons. Sim, eu sei o que você deve estar pensando: “Era o sonho dele!”. Foi exatamente o que eu disse. Mas Rony é um cabeça-dura, ele disse que não podia continuar viajando pela Europa jogando quadribol sendo um homem casado. Disse que queria ficar comigo na Inglaterra e comprou uma casa. Jamais pensei que Rony pudesse fazer uma coisa dessas e eu fiz a única coisa que me pareceu sensata: briguei com ele. Ficamos sem nos falar por algumas boas semanas. Ele não podia ter largado o emprego assim e muito menos o emprego que ele adorava (ainda mais sem me consultar)! Por insistência minha (e do técnico do time que acha que Rony é uma espécie de artefato da sorte), Rony acabou se tornando o estrategista do time. Isso foi realmente ótimo porque ele é bom no que faz e não precisa ficar viajando para exercer sua profissão.



Quanto a nossa casa, Rony escolheu bem. Moramos em Surrey agora (Harry odeia o lugar, mesmo sendo a quilômetros de distância da rua dos Alfeneiros) e é estranho pensar que um dia eu iria morar numa casa bruxa. Por mais que eu tente, Rony nunca deixa nada no lugar e a todo momento tem um objeto saltando de algum armário. Mas acho que estou me acostumando (e gostando) desse novo estilo de vida. E não consigo imaginar eu e Rony morando em lugar diferente. Além do mais, tem um jardim grande que eu adoro e que Chris adorará também. Oh, esqueci de falar de Chris! A pouco tempo (numa manhã especialmente desagradável) descobri que teríamos uma criança correndo pela casa em breve. Se for um menino, se chamará Christopher e se for menina, Christine. Chris de qualquer forma.



Rony está incrivelmente entusiasmado com a idéia de ser pai. E por mais que eu diga que bebês só começam a chutar depois de quatro meses, Rony insiste que Chris já chuta e que isso é um sinal de que terá uma promissora carreira no quadribol. Coisas de Rony.



Estou feliz, minha amiga. Feliz de um jeito que nunca pensei que poderia ser. Acordar de manhã e encontrar Rony, saber que agora somos uma família é um sentimento que não sei descrever. Saber que estaremos para sempre juntos é o que impulsiona minha vida, o que faz com que eu queira ser melhor. Não ser melhor apenas para me satisfazer, mas para que meu marido, meus amigos, minha família e especialmente Chris tenham orgulho de mim e do que fui. Mas não só orgulho da Hermione Granger Weasley que foi Chefe de Departamento e escreveu livros, mas sim da pessoa que fui e o que fiz para as pessoas que amo. Isso é o que realmente importa.



Da sua amiga,

H. G. Weasley.






– Espero que tenha deixado aquela camisola transparente e sua coleção de bonequinhos dos bruxos famosos para mim nesse testamento que acabou de escrever – falou Rony cortando uma fatia de bolo – pensei que você não ia acabar nunca!



– Já terminei, está feliz? – perguntou Hermione sorrindo enquanto dobrava o pergaminho.



– Coma mais bolo – disse Rony oferecendo o pedaço no mínimo exagerado que acabara de cortar.



– Não quero, obrigada.



– Mas Chris precisa comer! – exclamou o ruivo.



– Chris já comeu quatro torradas com geléia de uva, três quartos de torta de ameixa, duas xícaras de café forte, metade do pão com castanhas, um prato cheio de mingau de aveia e alguns doces suspeitos que em situações normais jamais chegaria perto. Portanto, a não ser que queira uma esposa obesa depois do parto é melhor parar por aí – falou Hermione ainda organizando a correspondência.



Rony torceu o nariz e comeu ele próprio o pedaço de bolo.



– Não ouse sequer falar com a boca aberta, Ronald. Engula tudo primeiro.



O ruivo bufou e fez força para engolir tudo. Hermione parecia ter alguma habilidade paranormal de adivinhar exatamente o que ele ia fazer sem sequer olhar para ele. “Isso até que não é tão ruim. Terrível é o modo como ela me repreende por algo que ainda nem fiz!”.



– Vai escrever outro testamento? – disse Rony com voz de deboche, aparentemente querendo se vingar da represália – quem vai ser o da vez, Vítor Krum?



– Oh não – falou Hermione fazendo um sinal com a mão – já respondi a carta de Vítor ontem à noite...



Sorte que Rony não tinha nada na boca no momento, caso contrário seu engasgo teria sido pior. Hermione se levantou depressa para acudir o marido, batendo-lhe nas costas com força. Já ia apelar para a magia quando Rony respirou fundo, as orelhas mais vermelhas que os cabelos, e disse numa voz mortalmente fraca:



– Você ainda se corresponde com o seu Vitinho?



Hermione revirou os olhos. “Rony, sempre tendo seus acessos...”.



– Não acredito que fez essa cena toda por conta disso. Eu pensei que você estivesse seriamente mal!



– Mas eu estou seriamente mal – disse Rony fazendo uma expressão de dor profunda – minha esposa me apunhala pelas costas. Hermione, nós somos casados, como é que você pode fazer uma coisa dessas comigo?



– Mas fazer o quê, Rony? – exclamou ela deixando-se largar na cadeira.



– Você ainda se corresponde com o Krum, mesmo depois de tudo que nós passamos!



– Mas foi você mesmo quem o mencionou...



– Mas eu estava brincando! – disse ele aborrecido.



– Que bobagem... – murmurou ela voltando à correspondência.



– Pode ser bobagem para você, mas para mim não é – resmungou Rony lançando a ela um olhar desconfiado.



– Vamos parar com isso, não faz nada bem para Chris – conhecia Rony bem o suficiente para saber que aquilo não era nada, somente uma tentativa infantil e ridícula para chamar a atenção em cima de si. “Imagine quando Chris nascer. Vou ter duas crianças em casa!” – o “testamento” que eu estava escrevendo, era para Amélia Heart. Lembra dela, do nosso casamento?



– Aquela sua amiga de cabelos cor de cereja e traseiro grande?



– Rony!



– Sim, sei quem é. Que tem ela?



– Ela está na Rússia agora.



– Será que virou moda ir para a Rússia? – perguntou-se Rony enfiando um bolinho de creme na boca – Nádia também está lá.



Hermione quase caiu da cadeira de tanto susto. A correspondência acabou se espalhando pela mesa e a jarra de suco de abóbora virou, deixando um caminho alaranjado na toalha branca. Mas a Sra. Weasley nem viu. Estava mais ocupada tendo um acesso de tosse.



Rony imediatamente saltou da cadeira para acudi-la. Não sabia exatamente o que fazer, mas concluiu que Hermione talvez estivesse nervosa, porque o pontapé que ela lhe dera não parecia ter sido acidental.



– O que foi? Está se sentindo bem? Acha que é melhor irmos para o St. Mungus? Será que Chris já vai nascer? – perguntou Rony num fôlego só, assim que Hermione parou de tossir.



– Rony, ainda faltam seis meses! – gritou Hermione, lívida.



– É melhor você tomar um chá – murmurou Rony procurando a xícara na bagunça que havia se tornado a mesa de café da manhã.



– Eu não acredito...



– No quê? No chá?



– Não, que você ainda se corresponde com a Nádia!



A expressão preocupada do ruivo foi imediatamente substituída por sorriso maldoso e divertido:



– Ah, então é isso. Quem é que está fazendo ceninha agora? Hein, hein, hein?



– Eu me engasguei, foi só isso – disse Hermione numa voz gelada.



– Confessa Hermione, você está mortinha de ciúmes! – gritou Rony feliz. Feliz como se os Cannons tivessem ganhado o campeonato europeu de quadribol.



– Ciúmes? De quê eu teria ciúmes? – perguntou Hermione piscando.



– Ora de quem mais, da Nádia!



– Então você realmente se corresponde com ela? – Hermione praticamente cuspiu as palavras.



– Está vendo, você está se mordendo de ciúmes!



– Que bobagem, estou acima disso.



– Ciumenta.



– Não sou.



– É sim, veja só a sua cara feia.



– Não estou com ciúmes.



– Está sim!



– Não estou!



– Está sim!



– Irritante!



–Chata!



– Criança!



– Ciumenta!



– Não, não, eu não estou com ciúmes... Por que teria? – ela perguntou num sorriso tremido – só porque ela foi sua noiva? Isso não significa nada.



– Ci-ú-mes! – falou Rony lentamente.



– Não!



– Sim, sim, sim!



– Não, não, não!



– Está com ciúmes.



– Não estou.



– Veja como está vermelha...



– Não estou.



– Está tremendo...



– Não estou.



– Os olhos estão esbugalhados...



– Não estão.



– Seu nariz está mais feio que o normal...



– Não está – disse Hermione rangendo os dentes.



–Isso tudo só por causa de cartas trocadas entre eu e Nádia? Que bobagem, Hermione... pensei que você estivesse acima disso. Só porque eu e Nádia somos bons amigos e trocamos cartas, contando as novidades e....



– Está bem, está bem! – berrou Hermione batendo com força na mesa – eu confesso, chega! Estou com ciúmes dela sim.



– Ah! – exclamou Rony sorrindo – eu sabia! Eu sabia!



– Você é um idiota!



– E você é chata!



– Tão infantil...



– Tão certinha...



– Você me tira do sério!



– Eu te amo.



– Eu também te amo, Rony.







Fim





N/A: eu estou muito, muito feliz por finalmente terminar essa fic. Mais ainda pela motivação que tive para escreve-la, apesar de todos os atrasos e conspirações a fim de que ela não saísse. Eu espero que tenham gostado desse pequeno epílogo, que acho que mostra bem o lado Rony/Hermione. Acho que mesmo se casando e sendo felizes para sempre eles jamais iriam parar de brigar... e aí que está a graça do shipper não é mesmo? Nada é perfeito.



Agradecimentos



Por onde eu começo? Nossa, acho que nem sei mais. Já é tanta gente que ficaria injusto escrever nomes aqui, porque eu poderia esquecer de alguns. Mas o caso é que quando eu comecei a escrever essa fic nunca imaginei que ia gostar tanto dela, nem que ia receber tantos incentivos e tantos comentários, nem que conheceria tanta gente por conta dela. Só posso dizer que cada vez que vocês clicaram ali para comentar, fizeram dessa bobona aqui, uma pessoa mais feliz. Todos os e-mails que recebi (até mesmo as ameaças constantes pedindo atualização rápida), os comentários nos fóruns e tudo mais, ajudavam a chamar a Dona Inspiração quando eu estava literalmente à beira de um ataque de nervos por não conseguir digitar uma palavra. Era vendo as recomendações para lerem a fic nas caixinhas de comentário, era lendo o que o pessoal dizia da fic nos fóruns e tudo mais que eu enchia o PC de mensagens subliminares para tentar escrever mais depressa. Poxa, teve tanta gente legal envolvida nessa fic... desde o comecinho, os primeiros comentários, a beta que me ajudou nos cinco primeiros capítulos. E depois disso vieram mais comentários importantes, conversas loucas no msn e sugestões. Cada um deve saber quem é e o que fez para me ajudar. Deve saber também que jamais irei esquecer todo esse entusiasmo. Entusiasmo até mesmo do pessoal daqui de casa que agüentava minhas crises quando eu ficava falando da fic o tempo todo... De todo mundo, que real ou virtualmente, me agüentava falando da Nádia, do Macoy, do segredo do Harry e principalmente, dos duendes (que seria da fic sem eles, não?). Eu prometi não citar nomes, mas vou ter que dizer o mais importante: a Sra. J.K.Rowling que infelizmente criou Rony e Hermione primeiro do que eu. Pois é, se não fosse ela, provavelmente eu não estaria aqui agora de pijamas escrevendo esse agradecimento. Se um belo dia a Dona Inspiração não tivesse feito um PLIM na cabeça dela, eu não teria vivido coisas tão legais (nem rido tanto) e provavelmente jamais teria superado meu trauma de duendes (finalmente me convenci de que eles NÃO moram embaixo da minha cama – embora ainda tenha um certo receio de verificar isso durante a noite). Portanto Tia Jotacá, nada mais justo do que citar o seu nome. O seu e o do casal que pertence à categoria dos mais interessantes já criados (vide caso Han/Leia, Cebolinha/Mônica, Dimitri/Anastácia, Seth/Summer, enfim... vocês já entenderam) porque afinal de contas, I don’t like you but I love you. Um grande beijo a todos que tiveram a paciência de ler isso até o fim e até a próxima!



P.S: Ah, antes que eu me esqueça. Quem acredita em comentários, não bata palmas, clique no link e comente! A fic acabou, mas o link ainda funciona. :)

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Comentários (2)

  • Giullia Lupin Black

    Ah sim, esqueci de falar, vou ver se faço uma capa pra vc,ok? quando sobrar um tempinho rs...

    2011-12-21
  • Giullia Lupin Black

    Wow, finalmente terminei! Estou lendo a 3 dias seguidos rsrsrs. As coisas aqui no meu serviço estão paradas então, fazer oq né? PARABENS PELA FIC!!! Tá mto boa mesmo, de verdade. Gostei muito de ver a Hermine humana que vc criou, mto diferente, mas não deixou de seguir o padrão j.k. Amei  também, a forma como interagiu com os duendes na historia, realmente brilhante. Novamente lhe dou os parabens, SUCESSO!!! Beijooos...ah sim, passa nas minhas ok? ;D

    2011-12-21
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