Eu vou me casar, Hermione



Capítulo Três – Eu Vou me Casar, Hermione





Hermione seguia pelos corredores do Ministério sem se importar com os olhares reprovadores que as pessoas lhe lançavam. Ora, que eles olhassem! “Olhem, olhem todos vocês! Nunca se cansam de se alimentar das fraquezas alheias, não é? Por que não se olham no espelho! Veja o que vocês são!” Eram reflexões amargas, ela sabia, mas era a única coisa que sua mente permitia-lhe pensar.



Entrou no elevador. Queria ir embora dali, o mais rápido possível. Para onde? Ela não sabia. Talvez nem quisesse saber. Estava acontecendo algo com ela, uma mudança naqueles últimos dias. O que mais faltava acontecer? O que faltava acontecer?



- Hermione?



Ela já ia se virar para gritar “Sim, eu sou Hermione Granger e sim, eu vomitei em cima da minha mesa ontem e sim, cala a m** dessa maldita boca agora!”, quando percebeu que era a pessoa com quem ela mais gostaria de conversar no mundo.



Era Harry.



Ela o abraçou imediatamente começando a chorar. Harry não soube como agir. Olhou para as pessoas em volta rapidamente e meio sem jeito, acabou retribuindo o abraço. “Meu Deus – pensou ele – que cena mais constrangedora”.



- O que... o que aconteceu, Hermione? – perguntou ele ainda surpreso com a reação a amiga.



- Oh, Harry – falou ela soluçando em seu ombro – você não sabe como é horrível! Não faz idéia!



- O que é tão horrível?



- Tudo desmoronou, Harry – começou ela debilmente – por causa daquele maldito enjôo comecei a fazer e pensar coisas que não devia.



Só faltava essa. Hermione tinha surtado de vez. Harry não sabia exatamente como agir. Na verdade, sempre que enfrentava problemas pessoais e sentimentais, pedia ajuda à amiga. “Ela é a pessoa mais qualificada para controlar esse tipo de situação, ou pelo menos, era.”



- Eu tenho que ir ao Beco Diagonal hoje, Mione – disse Harry preocupado com o estado da amiga – não quer ir comigo tomar alguma coisa no Caldeirão Furado?



Hermione não disse nada. Depois de ter sido taxada de bêbada pelo Profeta Diário, a última coisa que queria era aparecer chorando num bar.



- Poderíamos conversar melhor lá – continuou Harry – você poderia me contar tudo sem que precisássemos interditar o elevador do Ministério.



Ela olhou em volta. As pessoas estavam olhando. Esperando que eles descessem. Alguns até mesmo gritavam para que eles saíssem dali, fazendo piadinhas maldosas. Ora, não precisava dar satisfação a ninguém. Harry estava querendo ajuda-la (e ela bem sabia que ele não era lá tão bom nesses assuntos. Sabia que ele preferia derrotar mil Comensais da Morte ao ter que dar conselhos sentimentais a alguém). Que importava aqueles imbecis do Profeta! Era a sua vida. Fazia dela o que bem queria.



- Tudo bem, Harry – consentiu ela lançando um olhar mortífero a uma velha que gritava qualquer coisa sem sentido – vamos.



Dois pequenos estalos e os dois já não estavam mais ali.



* * *




Se perguntassem, Rony não saberia dizer porque tinha dito não conhecer Hermione. Eles tinham sido bons amigos, não tinham? Durante todos os anos de Hogwarts. Fazia quanto tempo que não a via? Três anos? Talvez até um pouquinho mais... a última vez fora na sede da Ordem da Fênix, depois de terem terminado Hogwarts. “Harry estava todo arrebentado – lembrou-se Rony repreendendo-se por rir de uma lembrança como essa – não conseguia nem levantar da cama.”




* * *




- Enquanto eu estou aqui sofrendo, vocês estão aí se divertindo – falou Harry. Ultimamente ele andava melhor, tentava anima-los. Dizer coisas alegres.



- Ah, Harry, não reclama – retrucou Rony rindo – estamos fazendo um favor de trazer comida pra você.



- Se me deixassem levantar, eu mesmo iria até a cozinha.



- Se não me engano muito, a poucos segundos você disse que estava sofrendo... – disse Rony rindo e entregando um prato de batatas recheadas ao amigo.



- Hum – fez Harry enfiando um pedaço particularmente grande na boca – onde está Hermione?



- Fazendo as malas – respondeu Rony – vai voltar para casa, quer ver os pais depois de tudo.



- Rony – começou Harry – quer um conselho meu?



- Sinceramente? Não.



- Vamos Rony, quando foi que te dei um mau conselho?



- Pra dizer a verdade você nunca me deu um conselho, Harry – disse o ruivo rindo.



- Não faça uma burrice – falou Harry ignorando o comentário do amigo.



- Que quer dizer com isso? – perguntou Rony parando subitamente de rir.



- Você sabe o que eu quero dizer – respondeu Harry enfiando o garfo em mais uma batata.




* * *




“Você sabe o que eu quero dizer”.



Rony nunca entendeu realmente o que Harry queria dizer com aquilo. Os dois nunca tinham tocado nesse assunto novamente. “O único conselho que Harry me deu na vida e até hoje eu não consegui entender!” Riu alto da lembrança. Gostaria de ver o amigo novamente. Desde que fora para Belfast não falava com ele e isso fora a mais de um mês atrás. Precisava contar as novidades a ele. Saber o que vinha acontecendo.



“Não faça uma burrice”.



Talvez até perguntasse sobre aquela tarde, tanto tempo atrás. Fora a apenas três anos mas pareciam ter corrido três séculos. As coisas mudaram tanto. Ele mudara tanto. Quem diria que se tornaria jogador de quadribol? Ele, Rony Weasley, o perdedor. Andando sempre à sombra de alguém. À sombra dos irmãos, à sombra de Harry, à sombra de Hermione. Hermione... aquele nome que ficara marcado nele durante tanto tempo. Onde ela estaria agora?



* * *




- Não ligue para o que esses idiotas estão dizendo, Mione – falou Harry. Estava sentado numa mesa do Caldeirão Furado bebendo cerveja amanteigada enquanto ouvia Hermione chorar, contar o que tinha acontecido, chorar, dizer que sua vida estava toda errada, chorar e dizer que tudo que conquistara estava destruído para depois chorar de novo. Ele, cumprindo dificilmente o papel do melhor amigo, ouviu tudo e deu um conselho. Muito clichê por sinal.



Pra falar a verdade, Harry estava assustado. Hermione sempre parecera tão impenetrável que durante um tempo, pensou que nada pudesse atingi-la. Claro, já vira a garota com medo e apreensão, mas nada chegava sequer perto do estado em que ela se encontrava agora. “Ela não pode ao menos parar de chorar um pouco? Assim não precisarei fazer tanta força para entender o que ela está dizendo”.



- Isso já aconteceu comigo – achou que precisava dizer alguma coisa mais – várias e várias vezes. Mas eu me deixei abater? Não, eu sabia que meus amigos sempre estariam lá comigo e que eles sabiam que nada daquilo era verdade.



- Oh, Harry... – murmurou Hermione limpando as lágrimas.



- Você já passou por coisas muito piores que isso – lembrou Harry dando um sorriso sincero – enfrentou tantas coisas... nunca se deixou abater. Ora, não foi você mesma que disse no quarto ano: não ligue para o que o que aquela filha da mãe da Skeeter diz sobre você, Harry. Bem, talvez não tenha sito exatamente com essas palavras, mas o sentido foi esse.



Hermione começou a rir:



- Você tem razão, Harry. Mas é que tudo tem me parecido tão errado desde ontem. Maldito enjôo foi aquele.



- Tem hora que a vida arranja um jeito de acordar a gente. Pra ver o que realmente vale a pena.



- Pra ver o que realmente vale a pena... – repetiu Hermione sonhadoramente – obrigada por ter vindo até aqui, Harry, eu não sei o que faria sem você.



- Não foi nada – disse Harry ficando feliz por saber que ela estava mais animada – eu tinha que vir até aqui mesmo. Pedi uma folguinha hoje.



- Folga? – perguntou ela interessada – pra que?



- Bem, não estava pensando em contar nada agora – falou Harry embaraçado - mas a verdade é que... ah, vou dizer. Resolvi tomar um outro rumo na vida e dizer a...



- Rony!



- Não! – protestou Harry – eu vou pedir...



- Oi, Harry – cumprimentou o ruivo que acabara de entrar no Caldeirão Furado. Tinha acabado de voltar do Beco Diagonal – olá, Hermione.



Sentiu um desconforto ao vê-la ali, não sabia porque. Estava com uma cara péssima e provavelmente contava para Harry o que ele próprio lera no jornal pela manhã. Seus olhares se encontraram por um longo tempo.



- Hey, Rony! – disse Harry sorrindo ao ver o amigo – o que faz por aqui?



- Estou hospedado aqui desde ontem – respondeu o outro tentando evitar de olhar para Hermione novamente e agir com naturalidade – desde que voltei de Belfast.



- E como foi a temporada? – perguntou Harry animado – o time está progredindo, não?



- Está sim – concordou Rony.



A conversa era sobre quadribol e Hermione não entendia absolutamente, indubitavelmente, NADA sobre goles, balaços e pomos. Ficou observando Rony. Ele estava diferente. Fazia muito tempo que não o via. Sentiu algo estranho. Se vinha de dentro ou de fora ela não sabia dizer. Só sabia que era pelo fato de Rony estar perto dela. Depois de tanto tempo os três estavam reunidos. Hermione sentiu-se corar. Podia perceber que apesar de estar conversando com Harry, Rony tentava captar seus movimentos. Parecia a toda hora se certificar se ela realmente estava ali.



Por que tudo tivera de acontecer num tempo de guerra? “Largue de ser idiota Hermione Granger, foi só um beijo bobo...” Um beijo. Ela foi embora. Ele não foi atrás.



“Um único erro pode mudar toda uma vida”.



E por que não se viram depois? Primeiro foram os testes para os Cannons. Depois a entrada dela para o Ministério. Sempre tinha alguma coisa no caminho que acabava impedindo um encontro entre os dois. Aniversário de uma amiga, viagens, doença... “Talvez tudo isso tenha acontecido para que eu percebesse que minha vida não seria como eu queria se não estivesse com ele... talvez, por isso tudo tenha ruído. Para que eu pudesse encontra-lo de novo aqui no Caldeirão Furado...”



Mas que tipo de pensamento era aquele? Então, ela ainda amava Rony? “Não, isso seria ridículo... mas...” Sim, ela ainda amava Rony! Aquele jeito idiota de sorrir, o modo como arrepiava os cabelos de vez em quando e aquele maldito jeito de falar, que fala sempre besteira. Gostava do jeito como ele se confrontara com ela a vida toda. Era o único que a fazia se sentir superior e uma completa imbecil ao mesmo tempo. “Ele era o único que me atrapalhava... o único que me afetava... oh, pelos céus! Eu amo ainda Rony Weasley!”



Esse pensamento a encheu de uma inesperada alegria. Começou a rir sozinha. Como fora idiota durante todos esses anos! Agora, o que faria? Diria a ele? Marcaria um encontro casual? Falaria com Harry? Precisava tomar uma atitude. Mais do que nunca queria estar com ele. Precisava estar com ele. Mas antes que pudesse planejar algo Rony disse:



- Estou para mudar radicalmente o rumo da minha vida.



- O que vai fazer, Rony? – Hermione entrou animada na conversa – enfiar algum cérebro nessa cabeça oca?



- Não – respondeu o ruivo olhando no fundo dos olhos dela – eu vou me casar, Hermione.



* * *




N/a: não tenho muita coisa a de dizer mas que eu lamento muito pela demora na atualização do potterish, eu lamento. Meu tempo anda meio contadinho e eu estava só publicando na Ed e no ff.net mas agora vou tentar chegar em pé de igualdade por aqui. Inserir as tags de html por aqui ocupam muito do meu tempo mas eu estou tentando. Espero que estejam gostando! Mandem comentários!



Agradeço a todos que comentaram, me mandaram e-mail e a todos que leram e não deixaram sua opinião, façam isso agora! É importante para mim!
Um grande beijo!



NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO: CONVITE DE CASAMENTO!!!!


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