O GRANDE DIA!!!!!



CAPÍTULO 11 CM

A série de amistosos disputados antes da Copa Mundial atraiu, além da já previsível multidão de torcedores, jornalistas de todo o mundo que acompanhavam atentamente os jogos das seleções consideradas favoritas.

Os Estados Unidos jogaram contra a Jamaica em Salém na presença de milhares de torcedores e dezenas e de olheiros dos países que disputariam a Copa. A Inglaterra derrotou a Irlanda num jogo sensacional de duas horas e meia. A partida foi transmitida para a maior parte do mundo, que a assistiu grudado nas imagens da TV Bruxa a eletrizante captura do pomo de Harry Potter quando a Irlanda ganhava o jogo por trinta pontos de diferença.

Embora todos tenham reconhecido a grande atuação de Jane O’Neal, era Harry Potter quem vinha despertando a atenção da mídia. Faltando um mês para o torneio dos Estados Unidos, ele estava de volta à posição de apanhador, posição na qual só atuava ultimamente na seleção da Inglaterra. No time dos Chudley Cannons foi considerado “apenas” o melhor artilheiro das duas últimas Copas Européias de Clubes.

Aos poucos o herói do mundo mágico ia provando que tinha todas as condições de jogar partidas inteiras em seqüência, acabando com os boatos sobre a sua saúde frágil, que explicava as contusões constantes. E, decididamente, desmentindo os que diziam que alguma maldição misteriosa o impedia de jogar pela seleção.

Os ingleses mal podiam esperar pela Copa Mundial. Finalmente tinham uma seleção que honraria as venerandas tradições do país no mais popular esporte do mundo mágico.

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Extraído “Profeta Esportivo”, edição especial de julho de 2.002:

Doddy Carlyle foi um dos maiores jogadores da história do quadribol australiano. Capitão durante treze anos do time dos Guerreiros de Thundelarra e do selecionado nacional do seu país, atualmente escreve para publicações bruxas da Austrália e Nova Zelândia e colabora freqüentemente nas edições norte-americana e britânica da Revista Wizzard Sport.

O Sr. Carlyle exerce ainda a função de consultor da Federação Internacional de Quadribol, e muitos garantem que o seu aval foi decisivo para as mudanças nas regras que o esporte sofreu nos últimos anos, que desagradaram os saudosistas e conservadores, mas inegavelmente agilizaram as partidas de quadribol e favoreceram as transmissões pela TV.

Em visita ao Reino Unido, ele tem acompanhado os treinos das seleções britânicas classificadas para a Copa Mundial, além dos amistosos preparatórios das equipes. E aproveita para colher subsídios para as matérias que elabora para a imprensa esportiva de três continentes. Após a partida entre Inglaterra e Irlanda, que acompanhou fazendo frenéticas anotações num bloco de pergaminhos (que não mostrou para ninguém), o australiano deu uma entrevista exclusiva para o nosso jornal.

PROFETA ESPORTIVO: O senhor vem afirmando que Harry Potter é o maior jogador de quadribol do mundo. Quais as bases concretas dessa afirmação?

DODDY CARLYLE: Vocês ingleses parecem não enxergar um palmo adiante do nariz... (ele diz mal-humorado. Aliás, o humor ranzinza é uma das suas marcas registradas)

PE: Por quê?

DC: É só conferir as estatísticas. As médias de pontos de Potter como artilheiro são as maiores dos últimos cento e cinqüenta anos. Na verdade devem ser as maiores da história. Apenas não existem estatísticas antigas confiáveis. Como apanhador, então... O sujeito apanhou o pomo nas últimas trinta e duas partidas em que atuou como apanhador e ninguém no seu país pareceu notar isso. Nem mesmo aquela Donovan, que parece ser uma das poucas pessoas que entende de quadribol nesse lado do Atlântico.

PE: Se o senhor fosse treinador da Inglaterra, Potter jogaria como apanhador ou artilheiro?

DC: Ele jogaria onde quisesse. Até no gol. Se bem que aquele Weasley é muito bom. Já estava na hora de aparecer um goleiro bom na Inglaterra...

PE: Na opinião do senhor, a Inglaterra tem chances de voltar a ser campeã?

DC: Bom, a Bulgária está aí para provar que não basta um apanhador genial para se ganhar um campeonato. Eles tinham Krum em 1.994 e mesmo assim a Irlanda ganhou. A Inglaterra tem também três artilheiras muito boas. O problema de vocês é a falta de dois batedores bons para proteger as artilheiras e o Potter. Wilson é razoável. Mas os outros que eu tenho visto... Bom, é melhor o Potter continuar pegando o pomo e vocês rezarem para o outro time não matar o garoto.
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Matéria da Revista “Seewitch”, julho de 2.002:

Jack Gambino sempre diz que foi sorte não ter sido um bom jogador de quadribol. Na opinião deste americano de trinta e seis anos, que se veste como um daqueles hippies trouxas dos anos setenta, só um distanciamento seguro pode tornar alguém um analista de quadribol. Isso Mesmo. Gambino não se declara um jornalista esportivo. Ele se diz um “analista de quadribol”. Poucos minutos de conversa, percebemos que essa realmente é a melhor definição para um dos mais renomados escritores do mundo do quadribol. E que ele é fanático por Harry Potter. “Pelo jogador Harry Potter”, enfatiza, “Não pelo salvador do mundo mágico”.

Colaborador da Wizzard Sports e de outras prestigiadas publicações em língua inglesa, O Sr. Gambino acaba de escrever um livro sobre a sua fonte de admiração. Não, não é mais uma das muitas biografias do “Garoto-que-sobreviveu” que relatam a sua vida de herói ou descrevem a sua luta e vitória contra “Aquele-que-ainda-não-é-nomeado”. Nada disso. Jack Gambino escreveu um livro sobre a carreira de Harry Potter no quadribol, no qual, para o desespero e revolta dos seus compatriotas e fãs de Max Brankovitch, afirma com todas as letras, e prova com levantamentos estatísticos, que o Eleito é o maior jogador de quadribol do mundo.

SEEWITCH: Por que o senhor afirma que Harry Potter é o maior jogador de quadribol do mundo?

JACK GAMBINO: Por que ele é, oras! E não digo isso apenas baseado em minha admiração pessoal pelo sujeito. Potter é dono de marcas fantásticas, tanto como apanhador quanto como artilheiro. Como apanhador ele pegou o pomo nas últimas trinta e quatro partidas em que jogou nessa posição. Eu pesquisei a respeito e descobri que isso supera todos os apanhadores dos últimos cento e cinqüenta anos. Apenas Wronski chegou perto disso com trinta apanhadas consecutivas. Como artilheiro ele tem as melhores médias dos últimos sessenta anos. E estamos falando de uma época em que as partidas podiam durar dias e não apenas quatro horas como atualmente.

S: O que seus conterrâneos acham de sua admiração por Harry Potter? Na opinião deles Max Brankovitch é o melhor jogador do mundo.

JG: Eles querem me matar, é claro! (risos) Desde que escrevi o livro sobre Potter, não tem um dia em que eu não receba berradores com insultos e ameaças! Veja bem, eu amo Brankovitch! Qualquer americano que ama o quadribol como eu, possui veneração pelo sujeito. Sem dúvida ele é um dos maiores apanhadores da história e já faz parte da história do quadribol. Além disso, ele sempre se esforçou para popularizar o quadribol no país. Eu amo o cara! Mas, o próprio Max admite que não era tão bom com dezoito anos de idade. Potter com dezoito anos já jogava como um veterano. E Max jamais jogou bem em outra posição. Atuou algumas vezes como artilheiro em situações de necessidade, mas jamais ficaria famoso jogando nessa posição. Aliás, mesmo Jane O’Neal, que atua bem em mais de uma posição, não possui números tão espetaculares como Harry Potter.

S: E as histórias a respeito de um suposto uso de magia ilegal, que favoreceria Potter?

JG: Tudo bobagem! Potter já foi investigado mais do que qualquer outro jogador. Eu fiquei sabendo que alguns times colocaram secretamente detectores de magia em volta do campo nos jogos dos Cannons e não conseguiram captar nenhuma magia irregular. Potter apenas tem um dom natural para o esporte e treina muito. Ele costuma treinar com uma vassoura mais lenta, para aumentar a sua velocidade e habilidade durante as partidas. Esse é o segredo dele. Muito talento aperfeiçoado por muito treinamento.

S: Então a Inglaterra já pode encomendar a faixa de campeã da próxima Copa Mundial?

JG: Não mesmo! Os Estados Unidos possuem um time mais equilibrado e o Peru, na minha opinião, o melhor conjunto. Mas Harry Potter, como dizem os fãs de quadribol na América, é o “cara que faz chover”. Ele pode fazer a Inglaterra chegar lá! Mas, sem dúvida, essa tem tudo para ser a melhor Copa Mundial da história.


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Extraído do “Profeta Esportivo”, edição de 05 de julho de 2.002:

Ontem, numa concorrida entrevista coletiva na sala de convenções da Vila Bruxa, Jerry White, treinador da Inglaterra, anunciou os quatorze jogadores convocados para Copa Mundial dos Estados Unidos. Na verdade não houve maiores surpresas, uma vez que a maioria dos atletas já vinha atuando pelo selecionado nos jogos das eliminatórias européias e nos três amistosos recentes, contra a Nova Zelândia, Irlanda e Uruguai.

Goleiros: Rony Weasley (Chudley Cannons) e Imelda Price (Tornados).

Batedores: Aldridge Wilson e Darius Thompson (União de Puddlemere), Mark Perkinson (Vespas de Wimborne), Bernie Wolf (Falcões).

Artilheiros: Gina Potter (Cannons), Angelina Johnson-Weasley e Rogério Davies (Tornados), Catia Bell (Grifos de Tenerife, Espanha), Mel Holden (Vagamundos de Wigtown), Miguel Corner (Batedores de Trento, Itália).

Apanhadores: Harry Potter (Cannons) e Cho Chang (Tornados).

Apenas Corner, que se transferiu recentemente do Canadá para a Itália e a jovem revelação Mel Holden foram as novidades, mas mesmo estes já constavam na lista de reservas sujeitos à convocações.

Como era esperado, Potter, considerado por muitos jornalistas especializados, o maior jogador de quadribol do mundo, foi convocado para a posição de apanhador, função que não vem exercendo na sua equipe, onde joga como artilheiro. Paul Benton Pye, jovem revelação na posição de apanhador, a quem os torcedores dos Pegas de Montrose chamam de “Harry Potter Loiro”, ficou realmente de fora da convocação. Apanhador e artilheiro habilidoso, seria a grande esperança de “liberar” Potter para jogar como artilheiro. Sua participação na Copa Mundial, entretanto, foi vetada pela Doutora Weasley, fato que rendeu muita polêmica e ameaças de processo por parte dos pais do rapaz e do seu clube, além de der detonado a “Crise dos Comensais do Esporte” (mais detalhes na página 9 desta edição).

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Hospital St. Mungus, 22 de junho de 2.002, Sala de Exames alugada para a Federação Inglesa de Quadribol. Hermione Weasley está examinando minuciosamente os jogadores pré-selecionados do selecionado inglês que deverão compor a lista final dosa convocados para a Copa Mundial. Paul Benton Pye é pouco mais do que um garoto e a Doutora Weasley tem vontade de arrancar o diploma, bem como as vísceras daqueles supostos curandeiros que quase destruíram o pulso direito do rapaz.

- Sinto muito, Sr. Pye – disse Hermione realmente sentindo muito – Seu pulso precisa ficar pelo menos um mês imobilizado.

O jogador dos Pegas de Montrose parecia prestes a chorar. Provavelmente ele se controlava para não parecer mais infantil do que já parecia sendo baixinho e tendo cara de criança. O garoto apenas abanou a cabeça e murmurou algo como “Tudo bem”, mas sua expressão era de que realmente não estava nada bem.

De repente um sujeito não muito maior do que o jogador entrou na sala de exames com uma expressão de absoluta fúria no rosto. Também era loiro, embora seu cabelo já começasse a rarear e frios brancos já se percebessem em meio à cabeleira calva cor de milho. A semelhança com o Pye mais jovem não deixava dúvidas sobre o parentesco de ambos.

- A senhora não pode dispensar meu filho da seleção! – vociferou o homenzinho com o dedo em riste.

- Pois eu acabei de fazer isso – retrucou friamente Hermione sem se abalar – E o senhor, como pai dele, deveria processar os carniceiros que o deixaram jogar nesse estado e concertaram de maneira tão inábil a sua fratura no pulso.

- Mais isso é um absurdo! – disse o sujeito – Aposto que ele não tem nada que não possa ser curado até o início da Copa Mundial!

- Desculpe-me, senhor, mas isso quem decide sou eu – respondeu a curandeira com firmeza.

- Ora, sua sangue-ruim nojenta! Você quer cortar meu filho porque ele é muito melhor do que seu amiguinho Potter!

- Pai! – exclamou o filho, parecendo sinceramente chocado com os termos ofensivos do homem mais velho.

Hermione não teve tempo de responder. Paul Benton Pye não teve tempo de calar o seu progenitor e nem esse conseguiu proferir mais insultos. No instante seguinte ele voou através da sala e um rapaz ruivo muito alto, ladeado por uma garota bonita igualmente ruiva e por um rapaz moreno de olhos verdes, preparava-se para desferir no sujeito desagradável um segundo soco tão bem dado como o primeiro.


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- Isso não era necessário, Ronald – dizia Hermione enquanto cuidava do inchaço na mão direita do esposo.

O ruivo, minutos antes, havia voltado do salão de chá do hospital na companhia da irmã e do cunhado. Eles ainda esperariam a vez para serem examinados por Hermione. A jovem curandeira, grávida de quase seis meses, não acompanharia Rony e os demais para os Estados Unidos. Um outro profissional indicado por ela trabalharia com o selecionado durante a Copa Mundial. A Doutora Weasley apenas realizaria as avaliações finais sobre as condições dos jogadores e depois passaria o relatório para o sucessor.

O esposo e os amigos sabiam que a curandeira naquele momento dava más notícias para Paul Benton Pye. Rony lamentava muito a não convocação do garoto dos Pegas, e embora não dissesse o que pensava em público, por razões éticas, não via muita qualidade em Cho Chang como apanhadora. Pye era bom e permitiria a Harry jogar como artilheiro, embora Cátia, Angelina e Gina...

De repente os gritos vindos da sala de exames tiraram o ruivo dos seus devaneios esportivos. Avançou até a sala e abriu a porta exatamente no momento em que um homem baixinho ofendia Hermione. Ah, ninguém, mas ninguém mesmo ofendia Hermione na sua frente! Rony nem pensou em magia. Desferiu um bom soco no sujeito, fazendo-o atravessar todo o aposento, e o presentearia com mais se a própria esposa, a irmã e o cunhado não o tivessem segurado.

- Não vou deixar um nanico idiota ofender você! – falou o ruivo com convicção.

- O garoto Pye pediu desculpas pelo comportamento do pai, Hermione – disse Harry, que entrava na sala da amiga naquele momento - Ele estava chateado por não poder jogar na Copa Mundial, mas entende que você não tem culpa.

- O idiota do pai dele deveria brigar com o curandeiro que destruiu o pulso do rapaz – afirmou Gina.

- São uns carniceiros! – exclamou Hermione exaltada – Esses curandeiros estão destruindo os jogadores. Eles ganham prêmio por vitória, por isso fazem qualquer tipo de feitiço para fazê-los montar numa vassoura. Mas isso não vai ficar assim, não vai mesmo!

E não ficou mesmo! Na semana subseqüente, motivado por uma denúncia formal apresentada por Hermione Weasley, o Departamento de Saúde Mágica do Ministério da Magia da Grã-Bretanha e a Ordem dos Medibruxos do Reino Unido realizaram uma auditoria nos clubes de quadribol, descobrindo que feitiços ilegais, poções anestésicas usadas de maneira irregular, que apenas disfarçavam contusões, sem realmente curá-las, além de acordos com dirigentes e com apostadores clandestinos, motivavam os curandeiros de algumas equipes a liberar para os jogos atletas sem as mínimas condições físicas.

“O Escândalo dos Comensais do Esporte” foi o nome que a mídia bruxa deu ao caso. A princípio xingada pelo bruxo comum, que achava que a curandeira dos Cannons era uma louca desvairada ou uma paranóica que não entendia nada de quadribol, Hermione passou da noite para o dia à condição de heroína. As pessoas não ficaram nada satisfeitas ao descobrir que os seus ídolos do mais popular esporte bruxo eram escalados para jogar partidas decisivas com membros mal remendados ou estimulados por substâncias ilegais. A jovem passou a ser solicitada nas ruas para dar autógrafos, o que a horrorizava (“Essas pessoas estão loucas se acham que eu vou me comportar como uma estrela de quadribol!”) e passou a ser chamada para dar conferências em outros países que estavam dispostos a estabelecer uma ética de conduta para os curandeiros das equipes de quadribol espalhadas pelo globo.

- Você não vai para a França, Mione! – disse Rony decidido – E não adianta discutir. Você precisa repousar.

- Não quero me meter, mas acho que o Rony tem razão – concordou Gina.

Dali a três dias o selecionado inglês tomaria uma chave de portal para os Estados Unidos. Os ianques ainda eram paranóicos com chaves de portais para o seu território, ainda mais depois que alguns trouxas malucos jogaram um avião num prédio famoso no ano anterior. “Como se houvesse terroristas entre os bruxos!” havia dito Draco Malfoy, que achava os americanos muito obcecados com normas segurança. Mas, depois, lembrou-se com alguma preocupação do recado enviado ao presidente da Confederação Internacional de Quadribol, ameaçando seu sócio.

Hermione suspirou. Às vezes os cuidados excessivos de Rony a irritavam, mas ainda assim ela os achava muito “fofos”. E a jovem realmente estava se sentindo cansada nesses dias. Sabia que se sentiria solitária sem o esposo e os amigos, mas concordaram que uma viagem de chave de portal não era adequado para uma mulher naquele estágio de gravidez. Helga, que também não viajaria para a América, prometeu que ficaria com ela o tempo todo.

- Eu não vou para a França, Rony – tranqüilizou-o a curandeira – Realmente preciso descansar mais nesse estágio da gravidez.

O ruivo massageava os seus pés estendidos sobre o seu colo no espaçoso sofá da sala de estar da Mansão Malfoy. Vitor Krum e Toledo conversavam sobre os adversários do Peru e da Bulgária na Copa dos Estados Unidos e vários outras pessoas estavam envolvidas em grupinhos que discutiam principalmente quadribol. Malfoy estava dando uma festa de despedida para os jogadores dos Cannons, afinal haveria sete deles defendendo cinco selecionados diferentes. Alguns poucos jornalistas acompanhavam no recinto a festa e uma multidão de jornalistas afastados por poderosos feitiços presentes na residência de Draco aguardava do lado de fora tentando captar uma imagem ou tirar alguma foto de um dos craques presentes no evento.

Era uma reunião descontraída e certamente muitos dos que estavam ali, que tinham desenvolvido uma grande amizade, como Andy Lopes e o Casal Potter, iriam se encontrar de novo nas próximas semanas apenas no intervalo entre um jogo e outro (se os confrontos ocorressem na mesma cidade) ou apenas no campo de jogo como adversários.

- E aí, Andy? – perguntou Lino Jordan fazendo troça – Você vai acertar um balaço no Harry se o Brasil jogar contra a Inglaterra?

- Eu mal consigo acertá-lo nos treinos dos Cannons – respondeu o brasileiro.

- Não seja modesto, Andy – disse Harry sem jeito.

E assim as conversas prosseguiram até tarde da noite. Agora a Copa Mundial estava tão perto que os jogadores quase podiam sentir o seu gosto.


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Não havia dúvidas que todos sentiriam falta de Hermione. Querida por todos os jogadores, não apenas os que atuavam pelos Cannons, a “sabe-tudo” mais amada da Inglaterra, como diria Jorge, em estado avançado de gravidez, deixaria o seu posto para Noel Patrick, outro veterano da guerra contra Voldemort, e pra a sua esposa Beth, enfermeira ótima em curativos rápidos, muito boa de se ter por perto em jogos que seriam realizados uns próximos dos outros e dos quais dificilmente os jogadores sairiam completamente ilesos.

Noel, embora de uma venerável família puro-sangue, com um parentesco remoto com os Weasleys, era um daqueles jovens que detestavam bruxos das trevas com mania de sangue-puro. Estava no último ano do curso de medicina mágica na Escócia quando estourou a guerra e ele não hesitou nem um segundo em ingressar, primeiro na Ordem da Fênix, depois na força aérea, e embora não fosse um exímio piloto como seus companheiros, seu conhecimento em medicina mágica mais de uma vez salvou a vida dos combatentes. Durante a guerra havia conhecido Beth, uma loirinha de família trouxa, que era recém formada em enfermagem e por quem cairia rapidamente de amores.

- Senhor Patrick, o senhor se julga a altura de substituir Hermione Weasley no cargo de curandeiro da seleção inglesa de quadribol? – perguntou uma repórter da Rádio Bruxa.

- Honestamente, em minha opinião ninguém está a altura da Dra. Weasley - respondeu de maneira modesta o Dr. Patrick – Mas eu acho que sou qualificado para a tarefa.

- O senhor cortaria um craque como PB Pye? - questionou Dan Carter de maneira provocativa Havia sido a voz isolada a atacar Hermione após as descobertas a respeito dos “Comensais do Esporte”.

- Como curandeiro eu tenho que ponderar o que é melhor para a equipe da Inglaterra e ao mesmo tempo preservar a integridade física dos jogadores – respondeu Patrick esforçando-se para não perder a paciência com aquele sujeito desprezível – Tenho certeza que essa também é a preocupação da Dra. Granger, que, aliás, é muito capacitada para tomar tais decisões.

- Mas, e PB Pye? – insistiu o jornalista.

- Creio já ter respondido sua pergunta, Carter – encerrou a discussão o curandeiro.


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Na “World City” de Massachussetts ficariam os integrantes dos Grupos B e D da Copa Mundial. A cidade, com dois hotéis, três campos de treinamento e a Super-Arena, local onde os Cannons haviam atuado no ano anterior, foi construída especialmente para o evento e só as lotações completas dos hotéis luxuosos (contando com cassinos, casas de shows e restaurantes), já seria suficiente para pagar todo o investimento realizado. Os grupos A e C ficariam sediados nas imediações de Salém, cidade mítica para os bruxos norte-americanos, e centro de quase toda a atividade bruxa do país, inclusive ali se localizando a sede do governo mágico. Na Flórida ficariam os demais. Em todas as sedes também foram construídas grandes arenas, hotéis de três níveis de luxo, centros de lazer, campos de treinamento, enfim, uma estrutura que só o país mais rico do mundo poderia conceber, mesmo que através de meios mágicos

As três sedes também contavam com centros de imprensa com toda a tecnologia bruxa e trouxa e ainda estações de transporte bruxo via chaves de portais, que os ianques acharam por bem liberar, mas com um aparato de segurança gigantesco, pois ainda estava na memória de toda a comunidade mágica o final da Copa Mundial da Inglaterra, oito anos atrás, quando os seguidores de Voldemort promoveram uma senhora confusão, com direito ao brilho da marca negra dos bruxos das trevas nos céus.

Não, os norte-americanos não correriam riscos, mesmo sabendo que “aquele-que-ainda-não-é-nomeado” não vive mais e que o responsável pela façanha é um dos maiores jogadores presentes na maior festa mundial do quadribol. Haveria segurança de sobra, enfim, para jogadores, torcedores e jornalistas.


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Felizmente os torcedores estavam bem animados. Brasileiros e portugueses puxavam as cantorias desafinadas, mas ingleses e canadenses não ficavam muito atrás. Tirando as músicas mal cantadas e uma ou outra provocação mais inocente, a interação entre os bruxos torcedores das seleções presentes na “World City” de Massachussetts era a melhor possível, não faltando flertes de parte a parte.

Embora o hotel que hospedava os jogadores ficasse um pouco mais afastado dos hotéis dos torcedores e esses tivessem tranqüilidade para se dirigir aos campos de treinamento, numa caminhada que não durava mais do que uns dez minutos, os encontros com a torcida eram inevitáveis, assim como os pedidos de autógrafos. Harry descobriu, surpreso, que os jogadores dos demais países também o idolatravam, notadamente aqueles originários de famílias trouxas.

Freqüentemente os jogadores de Portugal, Brasil, Inglaterra, Canadá, Rússia, Espanha e dos demais selecionados se encontravam num dos dois grandes restaurantes que serviam as refeições aos jogadores. Era interessante apreciar as diferenças dos hábitos alimentares dos bruxos. Russos e espanhóis tomavam cerveja trouxa e vinho durante as refeições. Brasileiros tomavam tanto café quanto ingleses, canadenses e japoneses tomavam chá. Portugueses e coreanos apreciavam verduras (a dos coreanos era bem apimentada, Harry achou depois de experimentar uma porção dada por uma sorridente artilheira).

Os jogadores, de uma forma geral, cumprimentavam-se educadamente, mas os brasileiros, mais extrovertidos, logo fizeram amizade com os jogadores da Inglaterra, afinal Andy Lopes jogava junto com Gina, Harry e Rony no time dos Cannons e era amigo dos jovens. Em poucos dias eles podiam ser vistos em rodinhas animadas no horário das refeições. E Bel Andrade, sem muita cerimônia, jogava o seu charme moreno para cima de Rony.

- Eu vou arrumar um incidente bruxo internacional, mas vou matar essa garota! – resmungou Gina, olhando contrariada Rony se fazer de desentendido após receber mais uma cantada da capitã do time do Brasil.

- O importante é que o Rony não está ligando para ela – ponderou Harry, sendo solidário com o amigo.

- Ele não é louco! – vociferou a ruiva – Estou aqui para defender os interesses da minha cunhada! – afirmou a jogadora, parecendo feliz com a missão auto atribuída.

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Um ônibus super confortável levava Rony, Gina, Harry, Angelina e Jerry White, treinador inglês, até a “Arena Mágica” de Salém. Como o “Nôitibus Andante” britânico, ele parecia expulsar objetos e árvores da calçada e do meio fio, mas, diferentemente do seu correspondente britânico, deslizava macio por ruas e avenidas e quando parecia saltar vários quilômetros de cada vez, ele o fazia com um leve sacolejo que mal agitava os sucos de maçã (bruxos americanos gostam tanto de suco de maçã quanto ingleses de suco de abóbora!) servidos como cortesia durante a viagem em copos promocionais com o logotipo da Copa Mundial.

Dali a algumas horas, os jogadores e o treinador seriam convidados de honra do jogo de abertura do campeonato entre Estados Unidos e Austrália. Harry não estava muito animado a comparecer. Estava exausto em razão dos treinos puxados, afinal a Inglaterra estrearia dentro de três dias. Preferia assistir ao jogo no moderno aparelho de TV que havia no hotel onde os jogadores ingleses estavam hospedados, mas como o convite partira do presidente da comunidade bruxa norte-americana, o craque achou que seria pouco educado recusar. Felizmente o homem tivera o bom senso de convidar a sua esposa, seu cunhado, a capitã inglesa e o treinador para acompanhá-lo.

E sem dúvida alguma aquela versão norte-americana do “Nôitibus” era bem mais confortável do que lareira ou chave de portal. A partida começaria às sete da noite e os hóspedes dormiriam em Salém e retornariam na manhã seguinte via chave de portal.

A essa altura muitos turistas da Inglaterra estavam nos Estados Unidos, conduzidos pela agência de viagens PM/Cannons, criada por Draco Malfoy. O próprio Draco mandara uma coruja para Harry comunicando o fato de já estar na cidade onde ocorreria a abertura da Copa Mundial. O que Harry, seu sócio, não sabia, é que Draco esteve pessoalmente cuidando do reforço da segurança dos ingleses, pois antes da Copa, Halfenus Armstrong III, presidente da Federação Internacional de Quadribol, havia recebido alguns bilhetes preocupantes.

Embora os seus informantes garantissem que os capangas do “Herdeiro” não planejavam nada para o torneio dos Estados Unidos, não poderia ser descartada a possibilidade de algum bruxo das trevas lunático tentar alguma coisa contra Harry por sua conta e risco. Arthur Weasley enviara alguns aurores muito competentes entre os torcedores ingleses com o objetivo de ficar atento a qualquer movimentação suspeita. Remo Lupin em pessoa, agente especial de segurança, devidamente disfarçado comandava a missão. Por precaução Draco ainda enviara alguns dos seus melhores agentes da firma particular que trabalhava para ele na Inglaterra. Sem falar nos norte-americanos, que estavam atentos para qualquer movimentação suspeita.


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Harry e Gina acharam realmente maçante o desfile interminável de seres mágicos dos países que participariam da Copa. Duendes irlandeses, veelas de vários países, sacis brasileiros, duendes peruanos (mais baixinhos e com cara de índios), pés-grandes americanos (que, diferentemente da lenda trouxa, eram afáveis e acenaram sorridentes para o público), maravilhosos hipogrifos africanos multicoloridos, dirigidos por nigerianos com ares destemidos e com brilhantes vestes verdes (as cores da bandeira do seu país). Rony, entretanto, aplaudia animado. O desfile de seres mágicos durou mais de uma hora.

Depois, dezenas de bruxas americanas deslumbrantes (e com pouquíssima roupa na opinião de Gina e de Angelina) fizeram mil malabarismos em vassouras de corrida e duas das moças mais bonitas içaram de uma altura de quinze metros uma gigantesca bandeira dos Estados Unidos, para o delírio do público.

Finalmente os selecionados dos Estados Unidos e da Austrália entraram em campo com suas vassouras velozes. A seleção da casa usando vestes de quadribol muito confortáveis e modernas, brancas com detalhes chamativos vermelhos e azuis. Pam Bernard, a alta e bonita goleira norte-americana, de preto. Todas as vestes tinham números às costas, abaixo do nome dos atletas. Os australiano estavam com vestes amarelas com nomes e números impressos na camisa na cor verde.

- A AUSTRÁLIA JOGA COM FALCONE, DOLSEN, MACARTHUR, VICENTE, PARISH, LINDSEY E PEARCE – anunciou solenemente o locutor oficial do estádio com seu inconfundível sotaque norte-americano da costa leste.

Havia boatos que os australianos estavam guardando e preparando um time de jovens para surpreender o mundo bruxo na próxima Copa, que seria disputado no país da Oceania. O time atual era apenas razoável. Harry, Rony e Gina já haviam visto alguns dos seus jogadores em ação. Havia dois que eram naturalizados: O argentino Nicolas Falcone, um bom goleiro, já um tanto veterano, e Gisele Vicente, uma jovem brasileira, muito habilidosa na função de artilheira responsável pela armação. Sobre a apanhadora, uma aborígene jovem, de pele escura e cabelos trançados, Lea Pearce, diziam que tinha futuro.

Os Estados Unidos eram quase o mesmo time que havia perdido dos Cannons no ano anterior. Lá estavam Max Brankovitch, o capitão do time, a goleira Bernard, o extraordinário artilheiro Aguirre e o grandalhão Brown como batedor. Juntamente com Aguirre e Virna Morrison, uma das artilheiras, entretanto, havia sido escalada uma morena alta que diziam ser muito boa. Seu nome era Julie Agostini. O parceiro de Brown não era mais o ítalo-americano Palermo e sim um outro jogador negro, tão grande e intimidador quanto seu companheiro, Jamal Owen.

- O TIME DOS ESTADOS UNIDOS: – anunciou cheio de entusiasmo o locutor – BERNARD, BROWN, OWEN, AGUIRRE, MORRISON, AGOSTINI EEEEEEEEEEEEEEEEE MAX BRANKOVITCH, “THE MAN”!

A platéia saudou entusiasmada. Os jogadores acenaram para os torcedores. Sessenta mil pessoas estavam presentes no estádio. Repórteres de emissoras, jornais e revistas bruxas de todo mundo estavam representados na Tribuna de Imprensa, à direita da tribuna onde os jogadores ingleses assistiriam à partida. Ali a agitação era frenética. Mal conseguiram manter-se em silêncio enquanto uma orquestra bruxa, vestida de maneira solene, tocava os hinos dos dois países. Um pequeno grupo de torcedores australianos fazia, ou tentava fazer algum barulho, para empurrar o seu selecionado. As milhares de vozes que gritavam freneticamente “U-S-A”, “U-S-A” de maneira constante e ritmada, contudo, abafaram com facilidade os visitantes.

A juíza brasileira Daiane Prado chamou os dois capitães. Brankovitch e MacArthur cumprimentaram-se e foi soado o apito. Iniciava-se a Copa Mundial.

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CERTO. ESSE CAPÍTULO DEMOROU! MUUUUITO! MAS JÁ ESTOU ESCREVENDO “LEMBRANÇAS DO VELHO MALFOY” E O PRÓXIMO, COM A AGUARDADA ESTRÉIA INGLESA SAI EM BREVE. MESMO. BEIJOS!





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