TRIUNFOS E PROBLEMAS



CAPÍTULO 13


Extraído do “Wizard Sport”, suplemento especial da Copa Mundial de Quadribol. Coluna de Jack Gambino:


O bom e velho quadribol! Nada de táticas mirabolantes, estratégias ininteligíveis, esquemas insuportáveis. Não, nada disso! O que vimos até agora nas duas primeiras rodadas da Copa Mundial foi o bom e velho quadribol bem jogado, onde os jogadores e não os treinadores, como muitos temiam desde que os times passaram a ter um treinador, sendo os protagonistas do mais amado de todos os esportes bruxos.
E que jogadores! Goleiros de encher os olhos, como o inglês Weasley, a americana Bernard, o francês Sorel, o peruano Santamaria, o japonês Furukawa, que provou de uma vez por todas que se pode, sim, jogar quadribol de alto nível em qualquer lugar do mundo. Artilheiros como Aguirre, dos Estados Unidos, que certamente nos faz pensar em forças superiores. E as artilheiras, então? Mulheres lindas e habilidosas como Johnson-Weasley e Gina Potter da Inglaterra, Cris Toledo do Peru, Bel Andrade do Brasil! Graça Ramos, a maravilhosa revelação portuguesa, que a essa altura já deve ter recebido a minha coruja com um pedido de casamento (Por favor, diga sim!).


Seria injusto se não citasse os batedores, esses seres maléficos, que cavalgam destemidamente suas vassouras, carregando seus letais instrumentos, os bastões, aparentemente apenas para acertar os balaços nos nossos amados artilheiros e apanhadores. Minha homenagem a vocês, Brown, dos Estados Unidos, Guevara e Quiroga, do Peru, Brants, de Gales (as garotas estão em todas as posições!), Lopes, do Brasil (finalmente esse país promissor no quadribol tem um batedor de talento!)!


Claro que eu deixei para o final os apanhadores. Homens e mulheres sobre os ombros dos quais depositamos todas as nossas esperanças. Solitários e heróicos, vasculhando o campo em busca da bolinha dourada que pode decidir uma partida, um campeonato, uma vida. E, com exceção do espanhol Paredes, os melhores apanhadores do mundo e alguns dos melhores da história estão aqui nos Estados Unidos. O velho Brankovitch, “The Man”, jogando com a garra de um principiante, Reynoso, capitã do Peru, bela e serena com uma princesa inca, Makiba da Nigéria, insidiosa e veloz como uma felina. E Potter...


Harry Potter. Algum dia escreverão um poema épico sobre os feitos do garoto de ouro da Inglaterra. Potter é ciência e arte sobre uma vassoura. Talento e loucura. Para quem conhece arte trouxa: Potter é o Renascimento e o Surrealismo. Da Vince e Dali. As duas apanhadas que realizou até agora foram das mais espetaculares que eu já vi até hoje. Não é por acaso que terminado o jogo contra o Japão o público fez saudações a ele, curvando o corpo e abanando os braços, como se venerasse um deus pagão do quadribol. Ave, Potter! Nós meros espectadores do nobre esporte bruxo o saudamos como o deus da vassoura e do pomo dourado. Você é O CARA!


DOIS DIAS ATRÁS:


- EU NÃO ACREDITO NESSES JAPONESES! ELES NÃO CANSAM? – perguntava perplexo Lino Jordan, “A Voz”, depois de narrar contrariado o gol de empate da seleção asiática.


O placar assinalava empate em duzentos e cinqüenta pontos entre Inglaterra e Japão, e os asiáticos vinham impondo um ritmo frenético à partida. E pelo visto não se cansariam tão cedo. Os artilheiros Fujimoto, Oshiro e Furukawa pareciam borrões azuis (cor das vestes de quadribol do país). Furukawa marcava Gina implacavelmente, quase que abdicando da partida. E os batedores Tanaka e Mitsumoto eram implacáveis com Harry.


- A TÁTICA JAPONESA É APOSTAR NO JOGO RÁPIDO E IMPEDIR OS POTTER DE PENSAR – conjecturou Marla Donovan – REPARE COMO OS ARTILHEIROS MARCAM AS ARTILHEIRAS INGLESAS, PRINCIPALMENTE GINA POTTER.


No campo, Furukawa roubou a goles de Catia Bell e enganou Rony com uma finta de corpo, virando o jogo para o Japão, arrancando aplausos frenéticos e gritos dos torcedores do seu país.


Tomie Nakata, a apanhadora japonesa acompanhava Harry por todo o campo. Provavelmente essa era a estratégia traçada pelo seu treinador. Como Harry era rápido demais, a apanhadora adversária não o perderia de vista. E faria de tudo para impedir que apanhasse o pomo, esticando o jogo até o limite de quatro horas, apostando no excelente condicionamento físico de sua equipe.


- WHITE PEDIU TEMPO! – informou do campo a repórter Alicia Spinet.


- PROVAVELMENTE ELE QUER DAR UM DESCANSO AOS JOGADORES. JÁ TEMOS MAIS DE DUAS HORAS E MEIA DE JOGO! – falou Marla.


– Nós estamos entrando na correria deles de novo! – disse o técnico da Inglaterra, não pela primeira vez.


- Aquela garota só falta me seguir até o banheiro! – falou Gina, olhando contrariada para a outra área técnica, na qual Mieko Furukawa tomava água, parecendo finalmente cansada, a ruiva verificou com alguma satisfação.


- Eles querem cansar a nossa equipe – observou White.


- E estão fazendo um ótimo trabalho nesse sentido – opinou Angelina.


- Vamos usar mais os lançamentos do Rony – disse Harry, lembrando-se de algumas jogadas que treinaram.


- Boa idéia – concordou o treinador – Escutem... XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


- OUTRO LANÇAMENTO DE RONY WEASLEY PARA ANGELINA! – narrou Lino - É GOOOOOOOOOOOOOOOL DA INGLATERRA! VIRAMOS O JOGO DE NOVO!


Era o terceiro lançamento longo de Rony para as artilheiras inglesas. No primeiro, Massao Furukawa fez uma grande defesa num arremesso de Angelina. Nos outros dois, saíram dois gols. De Gina e de Cátia Bell. O placar agora marcava duzentos e setenta a duzentos e sessenta para os ingleses.


- AH, DROGA! – lamentou Lino – HARRY POTTER FOI ATINGIDO POR UM BALAÇO!


- A APANHADORA JAPONESA VIU O POMO! – gritou do campo Alicia Spinet em pânico.


- MERLIN PODEROSO! – exclamou Lino, também apavorado – NAKATA SAIU NA FRENTE DE POTTER!


O balaço de Mitsumoto desequilibrou Harry por alguns segundos, mas foram segundos preciosos, aproveitados pela veloz apanhadora adversária. Ingleses, norte-americanos, japoneses e torcedores de todos os países prenderam a respiração. O pomo estava próximo dos aros defendidos pelo goleiro japonês. Foi uma corrida quase em linha reta. O pomo, que pairava a cerca de quinze metros do chão começou a baixar rapidamente na direção do solo. Inesperadamente Harry, que praticamente havia emparelhado com a apanhadora adversária, desacelerou e deu um arranque veloz para baixo, cerca de dois metros abaixo de Tomie Nakata. Concentrada como estava na captura da bolinha dourada a apanhadora, dentes cerrados, quase deitada na vassoura veloz, iniciou uma descida consagradora em direção ao pomo e já esticava o braço direito para realizar a captura. Mas Harry se antecipou a ela. Como um fantasma, o apanhador inglês surgiu repentinamente à frente da adversária, erguendo a mão sobre a cabeça e apanhando o pomo, executando uma curva fechada para evitar o choque com a garota japonesa, rumou aparentemente descontrolado para a base do aro central defendido pelo goleiro do Japão, desviando na última hora, arrancando exclamações surpresas do público, desacelerando e descendo suavemente próximo ao local em que se concentrava a torcida inglesa


- POTTER!! POTTER!!! – veio o grito das arquibancadas, acompanhada por uma ovação ensurdecedora.


- POTTER APANHOU O POMO! – gritaram ao mesmo tempo Lino Jordan e a repórter Alicia Spinet emocionados.


- POTTER MAIS UMA VEZ APANHOU O POMO! - Repetiu Lino Jordan – QUE VÔO, SENHORES OUVINTES E TELESPECTADORES! UMA AULA DE CAPTURA DO POMO ESSA DO HARRY! APOSTO QUE NO JAPÃO ELES NUNCA VIRAM NADA PARECIDO COM ISSO!


- FOI ESPETACULAR! – disse Marla Donovan, normalmente mais contida do que seu parceiro Lino Jordan – APENAS EM CÂMERA LENTA FOI POSSÍVEL VER A JOGADA DE HARRY POTTER! ELE LITERALMENTE PASSOU EMBAIXO DA APANHADORA DO JAPÃO PARA APANHAR O POMO À FRENTER DELA! QUE ARROJO, QUE SANGUE FRIO! QUE REFLEXOS! XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Sob os flashes ofuscantes das centenas de câmeras bruxas Harry aterrissou segurando o pomo, para logo depois receber os abraços calorosos dos jogadores ingleses. Gina e Angelina se atiraram sobre ele antes dos demais. Rony ergueu seu braço direito, onde em sua mão, reluzia a bolinha dourada.


Foi a foto de Colin Creevey (ele e seu irmão Denis estavam nos Estados Unidos a serviço de “Pena Mágica”), entretanto, que ilustrou a primeira página dos principais jornais esportivos do mundo bruxo. Nela o apanhador inglês recebia na face um beijo da capitã Angelina e Gina, praticamente agarrada ao esposo, lhe dava um beijo na boca.


Quando Harry finalmente adentrou a sala onde se realizaria a entrevista coletiva os jornalistas britânicos (e alguns norte-americanos e japoneses) o receberam com aplausos. A sua manobra para capturar o pomo era comentada por todos.


- Você provou aos americanos que é melhor do que Brankovitch? – perguntou um jornalista da Rádio Bruxa em tom de provocação aos jornalistas locais, que rosnaram contrariados.


- Acho que Max ainda é o maior apanhador do mundo – respondeu Harry de maneira modesta, sendo aplaudido pelos norte-americanos – Eu apenas pretendo fazer um bom campeonato e ajudar a minha equipe.


- O “Prêmio Wronski” já está no papo? – perguntou um jornalista da Irlanda, fazendo menção ao prêmio dado nos torneios internacionais ao melhor jogador.


- Realmente não me preocupo com isso. E há jogadores na seleção inglesa que também possuem condições de disputar o prêmio.


- Gina Potter, por exemplo? – perguntou uma repórter com sotaque norte-americano, arrancando risos dos demais. Harry sorriu com orgulho.


- Sim, ela é uma grande artilheira. Assim como Angelina e Catia.


Após meia hora, os dirigentes ingleses acharam por bem suspender a coletiva e dar descanso aos jogadores. Os norte-americanos saíram fascinados com a modéstia de Harry Potter, que alguns detratores da imprensa bruxa inglesa apresentavam como arrogante.
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A Copa Mundial continuava empolgante. Muitos resultados contrariavam os prognósticos realizados antes do torneio, mas não parecia haver dúvidas de que se tratava da melhor Copa dos últimos cem anos.


Alguns se atreviam a dizer que aquela era a melhor Copa Mundial da história, pois nem uma outra reunira até então tantos bons jogadores. Harry Potter vinha sendo aclamado pela imprensa o melhor jogador do mundo, mas havia vozes dissonantes, uma vez que Marinita Reynoso, Max Brankovitch, Jimmy Aguirre, Bel Andrade, Graça Ramos e Jane O´Neal nos seus respectivos selecionados e nas suas respectivas posições, também estavam jogando muito bem. Na Inglaterra eram muito elogiados, além de Harry, Rony, Angelina, Gina e Catia.


Por outro lado, provavelmente nunca haviam sido feitos tantos prognósticos equivocados como no torneio dos Estados Unidos. O Japão surpreendia todo mundo. O Brasil havia estarrecido a imprensa esportiva bruxa ao aplicar uma goleada de quinhentos e dez a trinta na Rússia, um país com larga tradição no quadribol, num verdadeiro show das suas artilheiras e da sua torcida, que soltava faíscas verde-amarelas das varinhas, além de exibirem coreografias espetaculares na comemoração dos gols. Os torcedores locais apenas aplaudiam divertidos. A Bulgária, outro país que havia chegado à América como favorita, perdeu para Gales e para os Estados Unidos e não tinha mais chance alguma de passar à fase seguinte da competição


Na véspera do jogo entre Inglaterra e Espanha, que decidiria o destino dos espanhóis no certame, Vitor Krum passou pela “World City” para desejar sorte aos seus amigos ingleses, companheiros do time dos Cannons. O búlgaro não estava nada satisfeito com a sua equipe, que segundo ele estava jogando “como um monte de bosta de dragão”. O seu mau humor era visível e ele disparara imprecações em sua língua natal contra vários dos seus companheiros de selecionado.


Mais tarde, Toni M’Bea, sempre bem informado, disse a Harry qual era o problema da seleção búlgara: vaidade em excesso de uns garotos idiotas, que queriam de toda forma suplantar Vitor Krum e mostrar ao mundo que eram melhores do que ele. E dirigentes que nutriram uma nem tão discreta simpatia com “Aquele-que-ainda-não-é-nomeado” durante a guerra na Inglaterra, e que fariam o possível para desmoralizar Vitor, herói na luta contra as trevas em todo o mundo, menos para alguns bruxos do seu país.


O búlgaro enfrentava o mesmo problema de Toni em Uganda. Eram heróis na maior parte do mundo, mas não em alguns lugares que não presenciaram Voldemort em ação, e cujas pessoas simpatizavam com idéias extremistas a respeito da superioridade de sangues-puros sobre mestiços ou nascidos trouxas.


– Lamento por tudo isso, Vitor – disse-lhe Toni à guisa de consolo.


- Não lamente, meu amigo – respondeu o búlgaro com o semblante carrancudo de sempre – Eu já estou pensando na próxima Copa Européia de Clubes, jogando pelos Cannons. Vai ser bom jogar num time onde eu tenho amigos, para variar – acrescentou melancólico. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


A primeira fase da Copa Mundial terminou para a Inglaterra de maneira espetacular e para a Espanha de maneira humilhante. Precisando de uma vitória por muitos pontos sobre os ingleses e torcendo por um (improvável) tropeço do Japão contra o Canadá, os espanhóis, empurrados por pelo menos dois mil bruxos que cruzaram o Atlântico para incentivar a sua equipe, ficaram em campo durante apenas oito minutos em sua última partida na Copa Mundial. Para ser exato, sete minutos e cinqüenta e sete segundos.


- A ARTILHEIRA ROSITA MARTINEZ COM A GOLES! – narrou Lino Jordan – PASSA POR CATIAL BELL! ARREMESSA! SEEEEEEEEEEENSACIONAL A DEFESA DE RONY WEASLEY! DESVIOU COM A PONTA DOS DEDOS!


- POTTER VIU O POMO! – advertiu Alicia Spinet.


- VAI HARRY! – gritou Lino – DESVIOU-SE DE UM BALAÇO! ELE PEGOU O POMO!!! EU NÃO ACREDITO!!!! HARRY POTTER PEGOU O POMO COM MENOS DE OITO MINUTOS DE JOGO!!!! A INGLATERRA VENCE POR CENTO E CINQUENTA A ZERO!!!


- A MAIS RÁPIDA CAPTURA DO POMO DESDE JOSEPH WRONSKI EM 1.978! – anunciou a sempre bem informada Marla Donovan.


De novo os ingleses cantavam e dançavam nas arquibancadas, dando adeus aos torcedores espanhóis que saíam do estádio cabisbaixos. Alguns, mais sarcásticos, conjuraram com as respectivas varinhas grandes mãos que abanavam e faziam alguns gestos bastantes feios para a torcida do time derrotado. Seguranças tiveram que intervir para evitar conflitos.


Harry, Angelina e Rony cumprimentaram de maneira solidária e cavalheiresca os jogadores espanhóis que saíam de campo abatidos. Vários deles estavam com lágrimas nos olhos.


- HARRY POTTER ACABA DE BATER O RECORDE MUNDIAL DE PARTIDAS SEGUIDAS CAPTURANDO O POMO! – informou Marla Donovan.


- SÉRIO? – perguntou Lino Jordan surpreso.


- SÉRIO, LINO. É A SUA TRIGÉSIMA OITAVA APANHADA CONSECUTIVA. SEGUNDO OS REGISTROS OFICIAIS DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE QUADRIBOL XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Trechos do artigo de Doddy Carlyle para o suplemento especial da Copa Mundial de “Wizard Sport”:


(...) Bem, eu estou muito satisfeito de poder dizer “Eu não disse?” a todos aqueles que duvidavam do talento de Harry Potter. Potter quebrou o recorde de apanhadas consecutivas do pomo e registrou como artilheiro as mais altas médias de gols dos últimos cento e cinqüenta anos. Vocês acham pouco? Há mais! Não se tem notícia de ter havido numa Copa Mundial, pelo menos nos últimos cem anos uma captura do pomo tão rápida como a que ocorreu no jogo entre Inglaterra e Espanha. Menos de oito minutos! 


(...) Certo. Eu admito. No meu time Potter jogaria como artilheiro. Acho um desperdício um sujeito que consegue marcar quinhentos de dez pontos numa partida não se dedicar a marcar gols. Potter como artilheiro colocaria uma pressão imensa sobre o time adversário, que em desvantagem se veria obrigado a capturar o pomo de qualquer maneira. Mas eu espero que Jerry White, o treinador inglês, saiba o que está fazendo.
(...) Mas, o que dizer de alguém que realiza as capturas espetaculares com as que ele realizou até agora? Potter é um fenômeno, não resta dúvida alguma sobre esse fato.
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Era um sujeito grandalhão e certamente nada simpático. O tempo todo ele agia como se dirigir a palavra a Draco Malfoy fosse uma tarefa extremamente penosa e desagradável.


Draco também não estava feliz de ter sido acordado às nove horas da manhã tendo dormido tarde no dia anterior (na verdade naquele mesmo dia!), pois estivera comemorando com duas inglesas muito alegres a vitória da sua seleção sobre a Espanha e a façanha (mais uma!) do seu amigo Potter.


O auror norte-americano que o acompanhava fazia o possível para ser bastante desagradável e tratava o loiro como alguma coisa repulsiva a ser chutada ou pisada.


- Eu também estou muito feliz de estar na sua companhia a essa hora da manhã – caçoou Draco no banco de trás do automóvel mágico que se desviava de postes e colocava transeuntes e latas de lixo para correr.


No banco da frente o auror americano dirigia de maneira temerária o veículo, tendo a seu lado uma auror negra que não havia se manifestado. O sujeito era um loiro imenso, com cabelo cortado à escovinha e cujos dentes estavam constantemente cerrados de uma maneira que deixava claro que algo ali o incomodava muito.


Ambos apareceram no hotel em que o presidente dos Cannons estava hospedado e o intimaram a comparecer em certo lugar (não especificado) para encontrar com Halfenus III, presidente da Federação Internacional de Quadribol. Os dois aurores já estavam com cara de poucos amigos, que se acentuou quando viram as duas garotas inglesas desfilando pela suíte com uma quantidade de roupas que em alguns estados do país certamente lhes renderia uma temporada na prisão.


Draco poderia ter se recusado, mas as credenciais dos aurores pareciam legítimas, e Half, o antigo vice-presidente dos Estados Unidos e agora manda-chuva do quadribol, parecia ser um bom sujeito. Ele deveria ter se recusado a acompanhá-los? Deveria ter avisado alguém?


Assim que o automóvel parou num lugar totalmente desconhecido para o presidente dos Chudley Cannons, o americano que decididamente não gostava dele, praticamente rosnou:


- Pode sair. Ou você espera um convite?


- Ei! – reclamou o loiro quando o sujeito o empurrou na direção de uma construção.


- Posso saber quem é o senhor e por que está tratando o meu sócio dessa maneira? – perguntou uma voz grave cheia de autoridade.


- Harry Potter! – disseram os dois aurores, os olhos se detendo longamente na famosa cicatriz na testa do jogador. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Quando se dirigia ao campo de treinamento, Harry viu Draco sendo conduzido para o veículo mágico pelos americanos. Não precisava ouvi-los para notar a hostilidade de um dos acompanhantes do loiro. Deu uma rápida desculpa a Jerry White e avisou Gina que não demoraria. Subiu na vassoura de treino que carregava e realizou um feitiço de camuflagem que o deixou praticamente invisível, seguindo o automóvel uma rota que certamente seria impossível de ser seguida por via terrestre.


Quando viu o americano empurrando Draco sem nenhuma delicadeza, resolveu interferir.


- Eu o respeito, Sr. Potter, mas o que queremos com esse aqui – e apontou contrariado para o loiro – não é da sua conta.


- Vocês são aurores? – perguntou Harry, o que foi confirmado pela moça negra – Então é de se esperar que tratem as pessoas com educação, sobretudo estrangeiros.


- Ora essa... – ia dizendo o desafeto de Draco, mas Harry o interrompeu.


- E se os senhores não disserem imediatamente a razão de estarem raptando e tratando mal o meu sócio, ele não irá a parte alguma.


- Sr. Potter... – tentou explicar-se a auror.


- Olha aqui, salvador do mundo mágico ou não, isso não é da sua conta! – disse de maneira desagradável o americano.


- Ah, é sim! – retrucou Harry.


Draco apreciava a discussão, divertindo-se muito. Aquele americano metido não sabia com quem estava lidando. Harry, como o bruxo poderoso que era, poderia fazê-lo em pedaços antes que tivesse tempo de dizer “Estados Unidos da América”. Anos atrás, se alguém dissesse que Harry Potter um dia enfrentaria autoridades de um governo estrangeiro para defendê-lo, o loiro diria que essa pessoa estava com sérios problemas mentais.


- Muito bem – disse o auror, apontando a varinha para Harry – O senhor não me deixa outra opção. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


 

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Comentários (6)

  • Irmaos Marotos

    Bom dia Bernardo. Olha, acho que nunca comentei nas suas fics, mas já li cada uma delas pelos menos 5 vezes. A fic "QUADRIBOL" foi um grande achado nesse acervo, quando a li a muitos anos atrás. A forma como conseguiu manter fielmente as carcteristicas dos personagens da JK, e a introducao e o desenvolvimento dos PO's, além do universo da fic em si me prendem do começo ao fim. Não sei porque parou de escrever esta e a "Lembranças do velho Malfoy" (talvez esteja se dedicando a um livro de própria autoria; talento para isso você tem), mas espero que um dia retorne e termine essas duas fics. Ou pelo menos me passe por email os capitulos não postados, caso os tenha escritos rs. Bem, espero que um dia volte e pelo menos diga para todos que acompanham suas fics o que houve para não continuar essas duas fics maravilhosas.

    2018-09-20
  • Edwiges Potter

    Poxa, eu tambem a-m-o suas fics!!! Vc tem que votar a postar, essas fics sao perfeitas demais para serem abandonadas, sem contar que a gente fica muito triste!!

    2013-03-26
  • Ayala

    Não desista. O mundo delira com a sua escrita. As suas fics sao optimas. Continue, por favor. 

    2012-08-09
  • Vitória Leopoldina Gomes Mendes

    ja se passaram bem mais que vinte dias :@

    2011-12-18
  • pablo

    Fico feliz em ver que voltou a escrever, estava com saudade de suas atualizações, faz tempo que não se vÊ uma fic nesse nivel.

    2011-09-28
  • Vitória Leopoldina Gomes Mendes

    ah, mais que merda!!! eu amoo suas fics e ja li ou estou lendo todas mas seá que vc pode fazer o favor de terminar copa mundial e lembranças de um velho malfoy eu to lendo as duas... na verdade são as unicas que eu ainda não li inteiramente das suas fics por favor........ escreva.... escrevaaaaaaa e-mail:[email protected]

    2011-09-22
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