Capitulo 6



Capitulo 6

Desta vez, não usaram a limusine, mas uma Mercedes conversível, que Hermione achou incrível. Passaram pelos portões, onde os policiais mostravam-se mais entediados do que esperançosos em sua tentativa de solucionar o caso. Já sabiam sobre o corpo encontrado na praia, sem dúvida.

-Identificaram o cadáver como sendo mesmo de DeVore – Harry comento, quando alcançaram a estrada. – Mas, como descrevi uma mulher que estava dentro de minha casa naquela noite, ainda não desistiram de investigar.

-Devem achar que ele tinha um comparsa.

-DeVore já havia usado explosivos antes?

-Talvez. E ele não teria ligado se estivéssemos atrás de algo simples. Etienne realizou grandes roubos, mas sempre os considerava banais.

-Vocês chegaram a ser... parceiros?

-Tanto no crime quanto na cama? No crime, não.

Harry sentiu o estômago se apertar, numa sensação de ciúme que era, ao mesmo tempo, inesperada e ridícula.

-Então, sinto muito mais uma vez.

-Não precisa. Não oi sua culpa. As pessoas vivem entrando e saindo de minha vida. Estou acostumada.

-Por que o cinismo?

-Não se trata disso. Tento ser boa no que faço, nada mais. Você está em minha vida agora. Bem, espero que Stoney saiba com quem Etienne estava envolvido. Se não souber, continuaremos na estaca zero.

Hermione ligou o rádio e ergueu as sobrancelhas quando o som de uma música de Mozart invadiu o carro.

-Contou ao moço inteligente aonde íamos, não?

-Confio nele e...

-Mas eu, não. Nunca se deve confiar numa pessoa que sabe o quanto valemos.

-Acontece que todo mundo sabe o quanto valho!

-Porém, nem todos têm o acesso que ele tem a você. Sua morte teria de ser muito valiosa para o advogado.

Harry olhou-a, sem acreditar no que ouvia. Rony Weasley era seu melhor amigo. Era ridículo pensar que ele poderia querer eliminá-lo.

-Pode trocar o cd, se preferir. – Harry decidira mudar de assunto.

Hermione abriu o porta-luvas e encontrou Beethoven e Haydn.

-Só tem gente morta nesta caixa de cds?

-Você gosta de antiguidades. Achei que apreciasse música clássica.

-Aprecio, mas não numa Mercedes conversível...

Sem vacilar, ela tirou o cd e procurou uma rádio qualquer, até encontrar um rock pesado. E voltou a se recostar, deixando que o vento levasse seus cabelos para trás.

Amava a Flórida. Gostava da Europa também, mas havia mais vida, mais sensações na América.

Ajeitou os óculos de sol, olhou para Harry, notando-o, mais uma vez, bonito demais para ser verdade, e dirigiu a atenção para o espelho lateral.

-Troque de faixa, Potter.

-Para quê?

-Para eu ver se o automóvel atrás de nós faz o mesmo.

-O sedã bege?

-Notou também?

-Vem nos acompanhando desde que entramos na auto-estrada. Mas não deve estar nos seguindo.

-Certo. Mas mude de faixa, mesmo assim, e vá em direção à próxima saída.

Harry obedeceu. E o carro mudou de faixa também. Contudo, ainda podia ser uma coincidência.

-Faz idéia de quem seja?

-Não.

-E não quer saber?

-Potter, a curiosidade matou o gato.

-Não sou um gato. – De repente, ele pisou nos freios superpotentes.

O veículo que vinha pouco mais atrás quase os atingiu, mas os ultrapassou. Tentou frear também, mas não conseguiu para de todo. Assim, saiu da pista, pouco adiante, e parou no acostamento.

Harry acelerou de novo, encostando a Mercedes no outro carro.

-Vejamos – murmurou entre os dentes.

De dentro do sedã, o detetive Malfoy apareceu, irritado. Mas Harry estava mais.

-Posso saber por que estava me seguindo?!

-Ele segue a mim, não a você – Hermione o corrigiu, abrindo um sorriso para o policial. – Não é mesmo, detetive? No entanto, o senhor deve ter espantado qualquer pessoa que estivesse, de fato, no encalço do sr. Potter

-Há algo que deseja em particular? – Harry tornou a falar com Malfoy, sem melhorar a expressão facial.

-Não. Mas lembre-se: se o senhor morrer, serei demitido. Não deveria estar na estrada.

-Tomarei cuidado.

Retomaram o caminho para o sul e, ainda olhando pelo retrovisor, Harry quis saber:

-Acha que desistirão?

-Talvez...

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Com uma imprecação, Malfoy viu a Mercedes acelerar e desaparecer na primeira saída da rodovia. Voltou para dentro do carro, onde seu colega James Kennedy, esperava.

-Seguimos adiante? – ele quis saber.

-Não.

-Posso ligar para a delegacia e pedir que os detenham por excesso de velocidade.

-Nada disso. É melhor voltar. Quero prosseguir com a investigação. Acho que há mais nessa história do que uma bomba e um roubo.

-Eu disse ao advogado que devia me contratar para a segurança pessoal desse milionário. Ele deve estar escondendo alguma coisa. Por que iria querer aquela boneca como guarda pessoal?

Malfoy enfiou um chiclete na boca e, com sarcasmo, comentou:

-Considerando quem tiramos do mar está manhã, meu caro, essa boneca pode ser a melhor gatuna do mundo. Portanto, mostre um pouco de respeito por ela.

Conforme os dois policiais faziam o próximo retorno, uma BMW preta, com vidros escuros, deixou o posto de gasolina pouco adiante e seguiu para o sul.

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Pararam no estacionamento lotado do aviário Chicken World, numa vaga bem discreta. Precisavam passar por turistas incidentais.

-Sabia que se tratava da polícia na estrada, não? – Harry perguntou, quando deixaram o veículo.

-Com um carro pesado daqueles, não podia ser um amigo seu, muito menos um inimigo. Isso nos dá duas opções: polícia ou imprensa. Fiquei contente por não se tratar de repórteres.

Com um sorriso, ele lhe ofereceu a mão, explicando:

-Podemos alegar que somos recém-casados em lua-de-mel, que tal?

-Acho que você está levando a situação muito a sério, Potter. – ela tentou puxar a mão, sem conseguir.

-Harry.

-Certo. Vamos entrar. As pessoas podem entrar até às dezesseis, e todos devem sair às dezessete.

-Então, ninguém entrará depois de nós.

-Exato. Essa é a idéia.

Harry vinha se familiarizando depressa demais, na avaliação de Hermione. Em breve, ela e Stoney teriam de trocar seus códigos e sinais, o que era muito cansativo, mas servia bem a sua segurança.

Compraram as entradas e, assim que adentraram o parque, Harry disse, com um sorriso:

-Notou que paguei em dinheiro, não? Para que não possam rastrear meu cartão de crédito.

-É, você aprende rápido, Potter.

Mais uma vez, ele tomou-lhe a mão, agora puxando-a para si e segredando em seu ouvido?

-Chame-me pelo nome.

-Pare com isso. Stoney nos espera.

-Diga, Mione.

-Você tem sempre de estar no controle, não? Deve ficar furioso por eu não fazer o que dese...

De repente, ele a tomou pela cintura, beijando-a com ardor. Não era um beijo como o outro, um simples roçar de lábios sem maiores intenções. Agora, Harry deixava claro o que queria. E afastou-se dela apenas alguns centímetros, para murmurar:

-Diga meu nome.

-Está bem: Harry.

Com certa dificuldade, ela se afastou, seguindo adiante, observando as gaiolas enormes com os diferentes pássaros. Sentia Harry bem próximo a si, porém.

-Esse beijo também foi por admiração? – Hermione o provocou.

-Não. Foi puro desejo.

-Sei. E tudo para disfarçar melhor, visto que somos recém-casados, não?

-Para você foi uma fachada? Devo estar satisfeito por não ter me atirado dentro de uma piscina?

-Se quisesse arremessá-lo a qualquer lugar, já o teria feito.

Mais alguns passos e Harry perguntou, cheio de dúvidas:

-Foi encenação, Hermione?

-Talvez...

Ele praticamente colou-se a seu corpo.

-Pare com isso, Potter! O que deu em você? Estava tão civilizado no carro!

-É que agora não estou dirigindo.

Muitas mulheres o observavam, e Hermione imaginava se estariam reconhecendo Harry ou apenas notando o quanto era sedutor, vibrante, atraente. Mas ele a queria, e elas todas podiam se contentar em olhar babando.

-Veja os pássaros, Harry. Foi pra isso que viemos.

Com um sorriso, Harry perguntou:

-Algum sinal de seu amigo?

-Não. Deve estar nos jardins, na parte de trás do aviário.

-Não vai me dizer como seu amigo é?

Por entre a folhagem, Hermione o viu sentado num banco, entre flores e arbustos. Assim que a avistou, Stoney levantou-se e seus olhos foram direto para Potter. Começou a seguir na direção contrária. Tinham um código para “tudo certo”, uma palavra, mas Hermione não ousava dizê-la ainda. Caminharam mais um pouco, até que perguntou:

-O que acha daqueles golfinhos?

Harry a encarou, perplexo.

-O quê?!

-Fique quieto e entre no jogo.

Com as sobrancelhas erguidas, ele se calou e continuou a seu lado. Uma voz melodiosa se fez ouvir:

-Gosta de golfinhos, então...

Hermione voltou-se e apontou Harry, apresentando-o a seu amigo. Stoney ofereceu a mão, embora parecesse contrariado.

-Ficou maluca, menina? Não podemos ser vistos juntos, nós três.

-Ouviu sobre Etienne?

-Sim. E temi que você fosse o próximo cadáver a ser encontrado.

Continuavam olhando para os pássaros, como se não estivessem falando um com o outro.

-Etienne ligou para mim segundos antes de os policiais entrarem em minha casa, e insinuou que eu estava encrencada. Sabe para quem estava trabalhando?

-Primeiro, quero algumas explicações.

Como se Stoney olhasse para Harry, foi ele quem explicou o acordo que fizera com Hermione.

-Entendo. Tem consciência de que ela salvou sua vida, não? – Stoney fez questão de frisar.

-Sim. E é por isso que estou aqui.

-Eu falei que arrastar você escada abaixo para salvá-lo não foi uma boa idéia, mas Mione não consegue nem esmagar uma aranha.

-Já chega de conversa fiada – ela interferiu. – Imagino que o cliente de Etienne o tenha matado. Imagina quem possa ser?

-Algum europeu. Etienne não devia ter um contato porque detestava ter de dividir seu pagamento com quem quer que fosse.

-E você faz alguma idéia de quem tenha nos contratado?

-Você não sabe?! – Harry se espantou.

-Quem fez a encomenda foi O’Hannon. Quando a bomba explodiu, liguei para ele, que bateu o telefone. E agora nem está atendendo.

-Mas que droga, Stoney! Aceitou um serviço de terceiros? Por que não disse logo?

-Porque era muito dinheiro, Mione. E você não teria aceitado se eu lhe tivesse contado. Conheço Sean O’Hannon há quinze anos.

-É, eu jamais trabalharia para ele. O sujeito é a escória, Stoney. Bem, tente descobrir para quem ele trabalhava, então.

-Certo. Como entramos em contado de novo?

-Ligue para meu celular. – Harry escreveu o número atrás do bilhete de entrada do parque. – Não está registrado.

Stoney olhou para Hermione, querendo saber se concordava.

-Não é o melhor, mas é o mais seguro a se fazer – ela afirmou. – Temos que descobrir a verdade o quanto antes.

Stoney a estudou por segundos.

-Podemos falar em particular, Mione?

-Ah, nada de segredos! – Harry protestou.

Hermione acariciou-lhe os cabelos, sorridente, e pediu:

-Não seja bobo... Espere aqui, sim, Harry?

Mesmo contrariado, ele se sentou, vendo os dois se afastarem até alguns arbustos.

-O que sta havendo? – Stoney estranhou.

-Ele? Ah, é necessário por enquanto.

-Para quê? Sua segurança? Dois homens já morreram, ambos ligados à tal pedra e à mansão, que são daquele sujeito! Olhe... não sei o que está tramando. Mas confio em você, menina.

-Que bom, Stoney!

-Sei que não devia ter aceitado o trabalho, mas agora não há mais jeito. Sabe que se ficar junto desse milionário irá arranjar encrenca, não?

-Stoney, o que está sabendo, de fato?

-O’Hannon ficou aterrorizado quando liguei. E nem imagino por que Etienne usou explosivos.

-É. Também acho isso tudo muito esquisito. Seja como for, a pedra deve estar com alguém agora. Se ouvir que está sendo vendida ou comprada, avise-me.

-E você? Ficará com Potter?

-Ainda não sei ao certo.

-Pois eu reparei no modo como ele a olha, ouviu? Cuidado!

-Está bem, vou me cuidar. E você, faça o que puder, certo? Mas cuide-se também, pois é a única família que tenho.

Stoney sorriu e se foi. Quando Hermione retornou para junto de Harry, convidou, alegre:

-Vamos terminar o passeio?

-Não gosto de segredos.

-Conheço Stoney há muito tempo e ele está preocupado comigo. Nada mais.

Harry concordou e tomou-lhe a mão, resmungando:

-O pior é que eu também começo a me preocupar com você.

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Paciência até poderia ser uma virtude, mas não era algo feito para Harry. Queria respostas! E a resposta de Hermione, na volta para casa, não lhe agradou:

-Se eu começar a lhe contar tudo o que quer saber, não será apenas minha liberdade e minha segurança que estarei colocando em suas mãos.

-E o que quer? Minha palavra de que nunca revelarei nada daquilo que vier a me dizer? Não posso prometer-lhe tal coisa. E não gosto de imaginar que tudo o que colecionei está ameaçado.

-Não aceitei ficar com você por causa de um roubo, mas pela bomba. Olhe, que tal isso: todas as informações que tem sobre Etienne e todas as que eu vier a lhe dar deverão ser usadas apenas para proteger seu patrimônio, não para ajudar a polícia.

-Nada disso.

-Então, pare o carro para eu descer.

-Não.

-Posso pular, você sabe.

-Bem, eu... vou pensar.

-É. Faça isso.

-O que prefere para o jantar? Ir comer em uma cantina napolitana? Posso pedir a meu cozinheiro que prepare alguma massa especial para nós.

-Você sempre dá escolhas às pessoas, não? Elas decidem, mas, na verdade, tudo está sob seu controle.

-Isso é uma crítica?

-Não. Prefiro comida irlandesa.

-Ótimo. Vamos ao Rooney’s Pub, que fica no caminho. É um lugar excelente. Por falar em irlandês, esse O’Hannon que vocês mencionaram, além de ser escória, é o que?

-Ele vive em Londres, não sai de lá porque tem medo de avião, de água e de lugares pequenos. Não gosto de trabalhar para O’Hannon porque sempre quer levar vantagem e tem o costume de apertar seus colaboradores.

-Como assim?

-O’Hannon diz que tem um comprador que pagará por uma peça cinqüenta ou cem mil a menos do que o preço de mercado, mas o serviço é fácil. O ladrão aceita o trabalho e depois descobre que o comprador aceitaria pagar cinqüenta ou cem mil acima do mercado.

-Ah, ele fica com quase tudo, então...

-Exato.

-Se esse sujeito tivesse um bom roubo em vista, mas que fosse chamar muito a atenção da imprensa, poderia escolher alguém para levar a culpa, com quem não costumasse trabalhar e que fosse fraco o suficiente para dizer-lhe que ele é escória...

Hermione o encarou. Seus belos olhos castanhos brilhavam.

-Acha que a bomba não era para você – observou.

-Ele poderia fazer isso, não?

Ela concordou, murmurando:

-Isso explicaria algumas coisas.

Ao ver que Hermione ficara por demais pensativa, Harry parou o carro no acostamento e deu-lhe toda a atenção.

A idéia de que ela poderia ser o alvo ocorreu-lhe na noite em que a viu entrando em seu escritório pela clarabóia.

-Por que ele armaria isso para você, Hermione?

-Por dinheiro. É a única coisa que o põe em movimento.

-Digamos que O’Hannon tenha mandado DeVore para roubar a pedra, e você também, para servir de bode expiatório. Se você morresse, a conclusão seria de que fora vítima de sua própria bomba. E, como é escória, O’Hannon mataria DeVore para não ter de dividir seus lucros.

-Pode ser, mas há dois pontos a serem observados: O’Hannon é um covarde e acho que ele não conseguiria matar alguém que...

Ela parou, notando a BMW preta que se aproximava, sinistra e preocupante. Harry inclinou-se e pegou a arma que sempre trazia no porta-luvas. Mas o veículo passou, sem maiores problemas.

-O segundo ponto... – Hermione continuou, sem deixar de olhar para o automóvel que se afastava. - ...é que, se eu tivesse morrido, a polícia esperaria encontrar a pedra comigo; como foi levada, alguém mais deveria estar envolvido no caso. E, se essa pessoa foi Etienne, quem tomou a pedra dele? O’Hannon não estaria aqui, teria de contratar alguém, o que lhe custaria seus preciosos lucros.

-Talvez achasse que a polícia admitiria a idéia de a pedra ter sido destruída na explosão.

-Pode ser, mas ainda não entendo por que ele teria contratado Etienne para depois matá-lo. Gente que mata seus intermediários assim não dura muito no ramo. Preciso pensar melhor os prós e os contras.

-Ótimo. Vamos fazer isso comendo um bom prato irlandês, está bem?

Quando voltaram à estrada, Harry havia tomado uma decisão: proteger Hermione.

Quando chegaram ao barulhento pub, ele se sentiu em casa. Aquilo era o mais próximo das ilhas britânicas que podia chegar, na Flórida. Pediu uma mesa nos fundos para a garçonete, que parecia conhecê-lo bem e se foi, prometendo trazer-lhe a melhor cerveja da casa.

Hermione continuava inquieta.

-Não consigo acreditar que Etienne fizesse algo assim. Não devia saber que eu estaria lá. Por isso pareceu-me zangado quando ligou.

-E eu duvido que O’Hannon pretendesse usar sua morte como mera conveniência.

-Deve haver algo além disso.

Harry tomou-lhe as mãos e sorriu.

-Isso muda tudo, sabia, Harry? Se você não está em perigo, não precisa mais me ajudar. Até seria tolice sua continuar envolvido no caso.

-Ainda não recuperei minha pedra troiana, lembra? E, como dormiu em minha casa, está sob minha proteção. Leis feudais. Foi você quem disse.

Ela achou graça.

-E quem é você? O grande conde de Palm Beach?

-Por que não? Fique tranqüila. Não deixarei que nada de ruim aconteça com você.

-Obrigada, milorde.

-Você salvou minha vida, Hermione. Retribuir o favor é mais do que justo.

Annie, a garçonete, trouxe a cerveja, e Hermione tomou um gole. Desesperara-se quando seu pais fora pego em meio a um roubo que achava fácil. Fizera tantos planos para soltá-lo, sair do país, nunca mais voltar, mas ele morrera. E, agora que a opinião de Harry começava se mostrar plausível, e ela se via como alvo, o pavor ameaçava fazer-lhe nova visita.

-Você disse que não seria problema para DeVore matar alguém, Mione, mas acha que ele não seria capaz de feri-la.

-De fato. E é ainda mais complicado quando penso que Etienne não sabia de quem estava atrás ou que alguém tivesse mentido para enganá-lo. Sempre achei que fazia mais sentido alguém querer matar você... Não sou tão interessante assim, afinal.

-Discordo.

Harry pedira duas tortas de carne de carneiro, que chegaram, com um delicioso aroma caseiro.

-Pode discordar, mas em questão de dinheiro, não valho nada. Nem mesmo se analisarmos sob o ponto de vista de quem queria a pedra. O ladrão leva, no máximo, dez por cento do valor da peça roubada. Etienne não faria um serviço assim para ganhar apenas cento e cinqüenta mil dólares.

-Então, O’Hannon, ou outra pessoa, lhe pagaria bem mais.

-No entanto, tem de haver lucro para todos num negócio assim. Eu mesma só aceitei o roubo porque vinha me sentindo entediada. Minha parte, se eu estivesse viva para recebê-la, seria dez por cento. Deve haver algo mais, se um assassinato fazia parte do plano.

-Pode ser algo pessoal.

-Contra mim?

-Talvez. Você ainda se dava bem, digamos assim, com DeVore?

-Não nos víamos fazia quase um ano. Tenho até andado meio quieta, ultimamente.

A torta era deliciosa. Não era de admirar que Harry gostasse de freqüentar aquele pub, ela avaliou, saboreando o prato.

-Como assim... quieta?

-Tenho trabalhado catalogando peças para o Museu Norton.

-Ah, um trabalho legalizado... Bem, aprecie sua torta, mas guarde espaço para o bolo de chocolate com creme, que é uma maravilha.

A luminosidade repentina de flashes a assustou.

-Calma, Mione. – Harry se virou para o fotógrafo. – Já que conseguiu o que queria, por que não desaparece?

-Essa sua nova amiga tem nome, sr. Potter? – o rapaz perguntou, com um sorriso simplório.

-Hermione Granger tem bons motivos para estar comigo.

Aquilo a paralisou de medo. Mas Harry a acalmou quando sussurrou em seu ouvido:

-Confie em mim. – Depois, de novo para o repórter: - Ela é minha namorada. E a estou contratando como consultora especial em assuntos de segurança. Agora, se tiver um cartão de apresentação, quem sabe eu não poderia, um dia, contratá-lo como fotógrafo também? O que acha?

O repórter abriu um sorriso largo dessa vez, e entregou um cartão a Harry.

-Muito bem, sr. Madeiro. Espero que seu jornal publique essa notícia de forma respeitosa e elegante. Boa noite.

-Boa noite, senhor!

Assim que o sujeito se foi, Hermione se dirigiu a Harry, furiosa:

-Nunca mais faça isso!

-Quis apenas manter seu envolvimento na investigação em segredo. Quem pagou a DeVore para colocar aquela bomba pode saber apenas que a ladra que escapou era mulher. Agora você aparecerá como minha namorada e segurança, o que é ótimo despiste.

Ela respirou fundo, mais calma, mas não de todo convencida.

-Teremos de tomar mais cuidado de agora em diante – ele afirmou. – Não se preocupe. Entendo que toda aquela encenação no aviário não passou mesmo disso: encenação.

Mesmo não sendo verdade, Hermione preferiu nada dizer, terminando sua cerveja.

-Ora, já que teremos de continuar com nossa ajuda mútua, posso aceitar sua oferta e pedir que me leve até meu carro para guardá-lo na garagem do moço inteligente?

-Claro.

Só quando chegaram ao local indicado por Hermione, onde estava o Honda, que Harry desconfiou:

-Não vai fugir com seu carro, vai?

-Não. Você ainda é minha melhor saída.

Foram até a garagem com o maior cuidado, sem se separar.

-Posso deixar meu equipamento no porta-malas da Mercedes, Harry?

-Lógico. – e a ajudou a guardar a mochila.

Sem demora, deixaram o Honda e seguiram para a mansão.

-Tenho uma pergunta – disse Harry, ao para num semáforo.

-Qual?

-Costuma roubar do museu onde trabalha?

-Você teria se divorciado de sua ex-mulher se não a tivesse pego com aquele sir qualquer?

-Eric Emerson Wallis. Mas que tipo de resposta é esta?

-Quando responder a minha pergunta eu responderei a sua.

-De acordo. E minha resposta é “sim”, provavelmente.

-Por quê?

-Primeiro, a resposta ao que perguntei, querida.

-Não. Não roubo do museu. Sua vez.

-Imagino que teria levado pouco mais de três anos, mas... Samantha não gostava de meu estilo de vida.

-Ciúme em excesso porque milhares de mulheres adorariam conquistá-lo?

-Isso e eu me manter ocupado demais com negócios. E você: por que não rouba do museu?

-Na verdade, não roubo de museu algum. Tudo o que se encontra neles está no exato lugar onde deveria, e ponto final. Não se pode ser dono da História.

Fora por não concordar com essa linha de pensamento que Gerard Granger fora preso. Uma coisa era aborrecer um colecionador de arte, outra bem diferente era aborrecer todo um povo que tem uma peça histórica roubada, um tesouro nacional.

-Você e esse sir Eric eram amigos antes... do que aconteceu?

-Sim. Fizemos faculdade juntos, em Cambridge. Fomos até colegas de quarto. Mas Eric era competitivo demais. E esnobe. Na verdade, fiquei mais aborrecido por perder o amigo do que perder a mulher.

-Se ficou assim tão zangado, por que lhes deu uma de suas casa em Londres?

Harry sorriu.

-Sabe muito a meu respeito, não?

-Você está em muitos sites da Internet...

-Certo. Permiti que ficassem com a casa porque isso apressaria o divórcio, e também porque achei justo. Samantha não era feliz comigo, e nada fiz para contornar a situação. Creio que essa foi a maneira que encontrei para dar a última palavra no assunto.

Quando cruzaram os portões da mansão, os dois policiais de plantão nem sequer os olharam.

-Estão ficando complacentes. – Hermione meneou a cabeça. – Sua segurança, que já era ruim, vem ficando ainda pior.

Diante da porta, Harry deixou a Mercedes para ser estacionada por Ben, e seguiu com Hermione para a entrada principal. Ao pararem ali, sem uma palavra, ele se inclinou e a beijou. Uma onda de calor intensa percorreu o corpo de Hermione, ameaçando tirá-la do chão. E, também sem aviso, Harry afastou-se e sussurrou, junto de seus lábios:

-Você ainda me deve uma resposta.


Obs: Ta aí pessoal o capitulo!!!Espero que gostem!!!O próximo eu posto assim que estiver pronto, mas para deixar vocês mais ansiosos ai vai um pedacinho dele....

“Uma vez lá, Harry a encarou.

-Por que mentiu para mim?

-Não menti!

-Eu devia entregá-la a Malfoy agora mesmo!

-Não sei que está havendo. Não fui eu que pus a pedra em minha mochila!


Gostaram???O resto só na próxima atualização!!!!!hehehehe....Muitos bjux!!!!!

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