'A toca de bicuço'

'A toca de bicuço'



Ele nunca havia apreciado viagens de vôo. E começava a se arrepender por não ter proposto outra alternativa. Talvez do Noitebus tivesse sido uma alternativa melhor… “NÃO! Definitivamente NÃO!”. Pensou ele desesperado ao lembrar-se dos 10 dias que teve que passar tomando poção-ante-enjôo quando decidiu-se fazer uma visita ao beco diagonal utilizando o transporte bruxo.

Ele aproximou-se de Bicuço, fez uma profunda reverência até quase seu nariz encostar-se ao chão. O animal hesitou, e olhou-o com profunda desconfiança, como se dissesse: Não serei montado por esse morcego crescido! Hagrid percebendo a desconfiança do bicho, pegou um rato morto e deu para que Snape ofertasse ao animal. Snape pegou o rato e jogou-o à Bicuço, que pegou o suborno estraçalhado-o com bico possante, e só depois de comer a carne, ele retribuiu a reverência e indicando que cederia a montaria à Snape. Snape olhou para traz exasperado, Hafsa não o havia seguido, esperou.

Ouviu paços na escada e olhou para porta. Era ela. Estava magnífica, usando uma capa de viagem preta com um gorro que lhe caia nas costas, e por baixo um vestido longo de cor púrpura, bem rodado, que lhe cobriam os pés que estavam esfumaçados devido à viagem de lareira. Ele desconfiou que a escolha das roupas havia sido feita exatamente por causa disso.

Por ser descendente de gênios, Hafsa não podia desmaterializar seu corpo em viagens de lareira, aparatação, chaves de portais, e outros métodos bruxos bem comuns. Ela havia feito essa descoberta de modo bem trágico durante uma das tradicionais aulas de aparatação para o teste do ministério – lembrou-se Snape – Logo na primeira aula de aparatação, em sua segunda tentativa, ela conseguiu ir de um arco desenhado no chão ao outro, porém, o que se pode perceber, foi que ela ficou do tronco para cima quase translúcida como uma fumaça cor de carne, e da cintura para baixo suas pernas eram uma fumaça disforme. Suas roupas estavam no lugar original da aparatação, e foi sorte as pernas não terem forma e seus cabelos longos e esfumaçados estarem caídos cobrindo os seios.

Com este incidente ela passou muito tempo na enfermaria escondida por um biombo em decorrência de seu corpo volátil não ter consistência o suficiente para segurar a roupa ou lençóis sobre si. Ele sabia disso, pois, como o ‘caxias’ da casa dela (sim, ela também era Sonserina) ele foi escalado para passar as tardes do lado de fora do biombo dela transcrevendo trabalhos e explicando as matérias do dia. Nesta ocasião, uma vez ou outra depois que a medibruxa lhe informou da melhoria do estado da garota dizendo-lhe que as pernas da dela já tinham tomado forma novamente, ele a observou escondido enquanto ela dormia, e mesmo translúcida, suas formas aguçarão seu sentidos, rendendo-lhe imagens que ele utilizou em suas fantasias em longas visitas ao banheiro durante a madrugada.

Algo em seu sangue ameaçava-lhe a integridade quando ela se aventurava com esse tipo de viagem, provavelmente essa reação colateral deve-se ao seus ancestrais passarem a maior parte do tempo em forma de fumaça dentro de lâmpadas e garrafas - Pensou Snape – Talvez com uma poção solidificante a ajudasse com esse problema, ele poderia fazer uma espécie de versão contraria àquela de mandrágora que ele havia preparado à alguns anos para despetrificar a gata de Filch, a maldita sabe-tudo amiga de Potter, e outros estudantes remelentos que foram petrificados por um basilisco, mas é claro, com uma variação com pus-de-botuberas pois ela deveria solidificar-se em carne e não em pedra...

-Snape? – Grunhiu Hagrid.

-Ahnm? Sim, o que? – Snape retornou à realidade.

- Você estava ai, pasmadão feito um bocó, olhando para o chão. O que aconteceu? Você parece desligado. – Falou Hagrid.

- Hum, nada Hagrid, eu estava apenas exercitando meu poder de cognição, coisa que deve ser muito estranha à sua pessoa – Disse Snape muito ríspido.
Alheio, sem entender que Snape havia o agredido verbalmente, Hagrid voltou-se à Hafsa:

- Então ‘Haf’, lembra o Bicuçinhu?

- Hagrid, não pode ser. Esse é o mesmo hipogrifo que eu vi crescer nos meu anos em Hogwarts? É aquele potrogrifinhu que levou-me, juntamente com Lílian, tantas vezes da torre de astronomia à sua casa para um chá no fim da tarde? – Perguntou a bruxa, falando mais do que tinha dito durante toda a reunião, e pela primeira vez desde que chegou na ‘sede da Ordem’, mostrando interesse e entusiasmo por algo.

- Sim. Viu como ele cresceu? – Disse Hagrid orgulhoso.

- Hunm - Avaliou a mulher - Não parece ter crescido muito desde a ultima vez. Só me parece um pouco menos bagunceiro...E eu também tou vendo algumas penas branquinhas aqui. – Ela fez uma reverencia curta e foi rapidamente correspondida pelo animal, aproximou-se com um dedo esticado a baixo das asas de Bicuço e fez uma cócegazinha que o fez patear e dar uma grunhidinha de felicidade ao carinho recebido.

- É, ele nunca se esqueceu de vocês. – disse Hagrid num tom triste, claramente lembrando-se de Lílian e de Hafsa nos tempos de juventude.
- Então não é mérito apenas da turminha de Potter incursõeszinhas noturnas à sua casa Hagrid? – Perguntou Snape num tom desafiador.- Isso explica também o fato de ele ser tão ligado à você, já que não fugiu verdadeiramente quando foi condenado à ser executado pelo ministério. Você o tem à mais de 20 anos!

A bruxa bufou ao seu lado em desaprovação, e disse para o vento:

- Deveríamos sair logo daqui, e ir para Hogwarts.- E mudando completamente o humor disse em um tom afetuoso a Hagrid:

- Eu te encontro amanhã cedo em sua cabana para um chá. E pode deixar que eu preparo. Eu trouxe alguns chás orientais.

Hagrid aceitou, e retirou-se desejando boa viajem a ela. E percebendo a frieza da bruxa, Snape aproximou-se de Bicuço e guindou-se com dificuldade para o dorso do animal.

Alguns momentos após a saída de Hagrid, Sírius apareceu à porta e disse:
- Hora, hora, hora... Veja só. Pela primeira vez na minha vida eu vejo um animal montado noutro...

A piada arrancou uma risada disfarçada de suspiro de Hafsa. Ao ver que havia alegrado a mulher, Sirius levantou o tronco como um pavão, pegou em uma das mãos da bruxa e beijou em quanto dizia:

- Estou satisfeito que você tenha voltado, e subi até aqui, suportando a presença desagradável de ‘certas pessoas’, apenas para lhe desejar uma boa viajem, e muita paciência. Olhe para os lados e aprecie a bela paisagem e tente se distrair do óbvio estorvo que irá passar.

Snape, pela primeira vez, ficou sem palavras para retrucar. Ela aparentemente havia perdoado Sírius pela bobagem deste em trocar de lugar com Pedro, o rato Perebas, na obrigação de ser fiel do segredo da casa dos Potters. Então, desarmado, ele apenas conseguiu dizer rabugento à Hafsa:

- Vamos, logo! Não temos a noite toda. Suba logo ou eu vou desistir de acompanhá-la, ai você pode ir sozinha com Bicuço, ou tentar ir de lareira até Hogsmade!

- Como você é antipático Seboso! Acho melhor você tratar Hafsa melhor, ou vai se ver comigo! Você vai levá-la! Ela está debilitada, e você sabe disso! – Falou Sírius num quase ladrar.

Com um olhar de desdém Snape repondeu:

- Meu caro, eu sei muito bem que ela está debilitada, eu mesmo elucidei a questão à você. E outra coisa, não estou fazendo isso por ela, muito menos porque você está gentilmente me pedindo, e sim devido à exigência de Dumbledore, que me deu mais esta enfadonha tarefa, além das muitas que eu devo realizar diariamente!- Disse Snape Ríspido – Agora Hafsa, me dê sua mão que eu a ajudo montar.

- Não Hafsa, eu faço um pésinho com as mãos para que você possa subir em Bicuço sem ficar com a mão engordurada!

E numa retribuição à altura do olhar de desdém de Snape, ela olhou de um homem para o outro, aproximou-se de bicuço, tocou o seu bico e disse:

- Bicuço meu querido, acho que você é o único além de mim que não levou pancadas na cabeça quando era criança, por favor, será que você poderia me ajudar a montar?

Bicuço Abaixou o dorso até que os pés de Snape, que estava montado na parte da frente do animal, tocassem o chão, possibilitando que ela montasse em seu lombo sem a ajuda de nenhum dos bruxos. Ela subiu encaixando as pernas atrás das asas. Os dois bruxos ficaram aparvalhados. Sírius parecia um peixe com a boca aberta devido à surpresa do insulto, e quando ela disse:

- Vamos meu querido Bicuço

O animal bateu asas com força para sair pelo buraco no telhado, e Snape quase caiu da montaria.
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Essa fic já tá no 7° capítulo. Ela estava hospedada em uma comunidade própria, mas como muita gente de lá gostou, eu resolvi trazer pra floreios.


Esse capítulo era pra ser continuação do anterior, mar resolvi dividi-lo.
Então não liguem para o nome bobo.
^_~
Bjitos

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