Os planos de Snape





Oitavo capítulo – Os planos de Snape.









Harry estremeceu ao ouvir aquela voz sibilante, aguda e fria. Foi tomado por uma sensação de pânico enorme. Olhava em todas as direções, mas não conseguia ver onde estava o conhecido dono daquela voz. Parecia que a luminosidade vacilante das velas não conseguia penetrar a escuridão sufocante pela qual a mesa estava envolta. De repente uma dor horrível tomou conta de sua cabeça. Os olhos vermelhos de Voldemort lampejaram no escuro enquanto este caminhava lentamente até a cadeira que estava do outro lado da mesa. Sentou-se e encarou Harry por alguns instantes.

- O que você quer Tom? - “Isto não pode estar acontecendo... É só um sonho...”
- Ora Harry! Para que toda esta... hostilidade? Estou querendo apenas conversar um pouco com o aluno favorito de Dumbledore.
- Você ousa falar o nome de Dumbledore de sua boca assassina e imunda – Sua voz estava tremida. A dor na cabeça era muito violenta.
- Oh... Desculpe-me. Acho que toquei em um ponto sensível, não é mesmo? – Disse sorrindo cinicamente.
- Diga o que você quer.
- Gostaria de fazer um convite, Harry. - O sarcasmo e o desprezo eram evidentes quando Voldemort pronunciava o nome de Harry.
- Convite, Tom? Você acha realmente que eu aceitaria algum convite seu? Diziam que o Professor Dumbledore estava ficando senil, mas pelo visto é você que está ficando. Você acha realmente que eu aceitaria qualquer tipo de convite seu, Tom? – “Que droga... Por que não acordo logo?”
- Quem sabe, Harry.. Quem sabe... Não custa nada tentar, não é mesmo? Junte-se a mim. Venha ser meu braço direito. Juntos, iremos dominar o mundo bruxo, você e eu, e quem sabe... até o mundo dos trouxas? Junte-se a mim. Seja meu aliado, Harry Potter.
- Aliado, Tom? Desde quando o Lord das trevas precisa de aliados? Será que o grande Lord Negro está sentindo... medo? Pra quem sempre foi independente de tudo e de todos, um convite desses só mostra que esta sentindo medo não é mesmo?

Voldemort levantou ignorando as ultimas palavras e se aproximou de Harry, colocou as mãos brancas na mesa e encarou-o. Harry sentiu a dor piorar.

- De certa forma, só estava propondo uma união que seria melhor para nós dois. É sua única chance de sobrevivência, Potter. Ou você acha que conseguirá escapar de minha ira? Nem você, nem seus amigos apreciadores de sangue-ruins terão muito tempo se...
- Isto é bobagem, Tom! – Interrompeu com sarcasmo. - Uma suposta união entre nós só beneficiaria você, pois seria sua única chance de continuar vivo. Aliado? Você não tem aliados, amigos ou coisa parecida. Você tem lacaios que só estão do seu lado por medo ou porque o nível de insanidade deles impede que eles vejam realmente quem você é.

Harry se esforçava ao máximo para suportar a dor sem gritar. Quanto mais Voldemort aproximava, mais parecia que sua cabeça iria explodir de dor. Não conseguia entender como podia estar acontecendo aquilo. Tentou se concentrar. Fechou os olhos e tentou controlar a dor que queimava sua cicatriz. Tinha que expulsar Voldemort de sua mente antes que ele tentasse penetrar mais a fundo.

- Então Harry, o que me diz? Junte-se a mim. Posso fazer de você um bruxo poderoso, posso te levar aos extremos da magia, eu Lorde Voldemort, um dos maiores bruxos de todos os tempos!

Harry começou a respirar mais devagar. As últimas palavras proferidas por Voldemort soaram abafadas em seus ouvidos. Quanto mais compassada ficava sua respiração, menor era a sensação de dor.

- Ora, ora, ora... Parece que seu amado Dumbledore não lhe deu um pingo de educação mesmo. Bem, acho que terei que fazer isto por ele. Quando alguém lhe perguntar alguma coisa você deve responder, Harry. – Voldemort levantou sua mão branca e estava prestes a encostar um dedo na cicatriz de Harry, mas não conseguiu tocá-lo. A expressão de surpresa em seu rosto foi substituída por um esgar de dor. Ele tentava se movimentar, mas tudo que fazia era em vão.

- Você quer uma resposta, Tom? Então esta é minha resposta. – Harry abriu os olhos e encarou Voldemort, que ficou impressionado com o brilho que emanava deles. – Nunca me juntarei a você. Não descansarei enquanto você estiver vivo, Tom. Você morrerá! Nem que eu tenha que morrer para que isto aconteça.
- Você é um tolo, Potter. Nunca conseguirá me matar. NUNCA!
- Isto nós veremos, Tom. Isto nós veremos. – Harry fechou os olhos. – É hora de nos despedirmos. Não tente penetrar minha mente novamente. Isto é apenas um aviso. – As velas do castiçal se apagaram e tudo ficou escuro.



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- Milorde? – Rabicho batia na porta da sala do trono com sua mão prateada. – Milorde, posso entrar?

Nenhuma resposta veio de dentro do aposento. Rabicho sabia que o Lorde das Trevas não havia saído de lá e também ninguém tinha entrado. “O que estará acontecendo?” Abriu a porta vagarosamente e entrou. A sala estava muito escura. “ Lumus”. A luz da varinha iluminou uma parte da sala do trono, que aparentemente estava vazia. Direcionou o facho de luz para o trono. “Milorde...”

Voldemort estava sentado de forma estranha. Parecia que havia sido jogado no trono de pedra. Rabicho se aproximou lentamente, temeroso do que havia acontecido. “Milorde?”

Voldemort se mexeu lentamente. Seu corpo parecia estar pesando muito, devido o esforço que estava sendo necessário para mudar a posição em que estava.

- Milorde... Algum problema? – Perguntou Rabicho ao se aproximar.
- AFASTE-SE!
- Mas Milorde...
- SAIA! A não ser que você queira uma morte lenta e dolorosa.

Rabicho virou-se e andou apressado até a porta. Ia sair quando...

- E Rabicho! Procure por Severo e traga-o aqui imediatamente. – Sibilou – Não demore, ou pagará pelo atraso com a própria vida. O que você está esperando? VÁ LOGO, RABICHO!




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Harry girava pelo vácuo escuro pelo qual caíra no início do sonho. “O que está acontecendo? Voldemort... Como aconteceu aquilo?” De repente acordou. Estava deitado na cama que dormia no quarto de Rony. Levantou de uma vez, ficando apoiado na cama pelos braços. O pijama estava colado ao corpo devido ao suor e sua respiração estava entrecortada.

- HARRY! – Gina pulou na cama e abraçou o namorado. Harry pode sentir que o rosto dela estava molhado com as lágrimas. – Ah Harry... o que aconteceu? Tive tanto medo... – Disse soluçando.
- Calma Gina, calma. Está tudo bem. Não precisa ter medo, estou aqui. Me deixe respirar um pouco.
- Afaste-se um pouco, Gina querida. Isto mesmo. – Molly puxava a filha.

Todo o quarto estava desfocado, mas Harry pode notar diversos borrões vermelhos ao redor da cama. Procurou pelos óculos. Rony vendo que o amigo estava procurando, pegou os óculos e colocou-os na mão dele. Harry piscou e rapidamente o quarto entrou em foco. Todos os Weasley que estavam em casa e Hermione olhavam para ele com expressões aflitas.
- Harry... O que aconteceu? – Arthur Weasley sentou-se na cama.
- Voldemort resolveu me visitar hoje, Sr. Weasley. Aconteceu alguma coisa aqui?
- Rony acordou a casa inteira gritando que estava acontecendo algo com você.
- Levantei para beber um copo d’água e quando olhei, você estava se contorcendo. – Explicou Rony. – Chamei por todos, pois tentei acordá-lo e não consegui...
- Quando chegamos você estava tremendo muito. Sua cicatriz começou a ficar avermelhada. – Hermione falava com a voz fraca. – Quando tentamos nos aproximar... Uma aura dourada envolveu seu corpo. A partir deste momento não conseguimos chegar perto. Parecia um escudo protetor, ou coisa assim.
- Depois que isto aconteceu, quer dizer, que esta aura apareceu, você parou de se contorcer. Alguns instantes depois você acordou. Mas o que Você-Sabe-Quem queria, Harry? – Perguntou Arthur.
- Fazer um convite.
- Convite?
- Ele me convidou para ficar ao lado dele.
- Como é que é?
- Isto mesmo, Fred, Tom quer que eu me alie a ele. No primeiro ano ele também fez isto, mas era porque ele queria a Pedra Filosofal. Mas não entendo como isso tudo aconteceu... Parece que consegui ferir ele... Mas era apenas um sonho... E o Professor Dumbledore me disse uma vez que Voldemort estava usando Oclumência para evitar que eu invadisse sua mente.
- Mesmo que fosse um sonho, você e Voldemort estavam ligados um ao outro. Acho que quando seu poder se manifestou você conseguiu feri-lo mentalmente. Onde vocês estavam? – Perguntou Hermione.

Harry contou todo o sonho, sem deixar escapar nenhum detalhe. Só parou para beber um pouco de água que Molly oferecia. Gina continuava abalada. Rony já tinha visto o amigo passar por este tipo de experiência, mas ela nunca.

- Hei... vem cá. – Harry estendeu a mão para Gina. – Não precisa ficar com medo. Está tudo bem agora.
- Fiquei com tanto medo... Você se contorcendo daquela maneira... Por que isto tem que acontecer, Harry? Por quê?
- Infelizmente, Gina, enquanto Voldemort estiver vivo, terei que me esforçar para bloqueá-lo. Não posso me dar ao luxo de fazer outra besteira e acreditar nas imagens que ele pode tentar plantar na minha mente. Perdi Sirius porque fui tolo o bastante para acreditar num sonho que Voldemort criou. Não quero perder mais ninguém que amo. – Terminou beijando a testa de Gina.

Já estava quase amanhecendo quando Harry sofreu o ataque de Voldemort. Ninguém quis voltar para cama, apesar da Sra. Weasley insistir para que Harry permanecesse deitado. Após um delicioso desjejum preparado pela matriarca Weasley, eles voltaram para o quarto de Rony. Quando entraram, Harry e Gina sentaram na cama que ele estava dormindo enquanto Rony e Hermione sentaram na outra. Ninguém deles parecia disposto a começar uma conversa. Hermione resolveu começar.

- Bem, Harry... O que você pensa em fazer agora?
- Não sei, Mione. Acho que já demorei demais, não devia ter ficado parado tanto tempo assim. Tenho que ir atrás das Horcruxes.
- “Tenho”? Acho que a palavra correta é “temos”, não? – Hermione fuzilou com o olhar.

Gina olhava para o namorado e para Hermione. Rony levantou e foi até a janela, ficando de costas para os três.

- Escute aqui, Mione...
- Escute aqui você, Harry. Não pense você que nós vamos ficar para trás. Nós não...
- Parem com isto vocês dois! – Rony olhava para os dois muito sério. – Esta discussão não leva a lugar algum.
- Mas, Rony...
- Espere, Mione. Tenho algo a dizer também. Primeiro: você tem praticado oclumência, Harry?

Harry ficou espantado com o modo que Rony falou. O que estava acontecendo com ele? Nunca havia visto o amigo falar desta forma. Vendo a seriedade de Rony, resolveu ser sincero:

- Pra ser sincero, Rony, não. Desde que Dumbledore disse que Voldemort... Bem, você sabe. Por quê?
- Olha Harry... Não quero pegar no seu pé, ou coisa do tipo, mas acho que você deveria levar a sério a oclumência.
- Não estou entendendo, Rony! A Mione falar isto é uma coisa, mas você?
- Vou explicar o porquê, então. Você pediu pra ser o fiel do segredo da Toca. Sei que você fez este pedido na melhor das intenções, mas já que você pediu, espero que você feche sua mente para que não sofra invasões que possam revelar a localização da casa.
- Mas, Rony...
- Não, Harry. Não precisa dizer nada. É um pedido que estou fazendo.
- Você está certo, Rony. Eu vou me esforçar ao máximo. Não vou te decepcionar.
- Por que nós todos não aprendemos a usar oclumência? – Perguntou Gina. – E Legilimência?
- Seria uma boa. Você não disse que Snape conseguia prever todos os seus ataques, Harry? – Perguntou Rony mais animado agora.
- Mas quem ensinaria pra gente?

Hermione escutava tudo calada. Sabia que o assunto que os amigos estavam conversando era interessante e importante, mas não era isto que ela estava pensando.

- Desculpe atrapalhar o assunto de vocês, mas quero saber o que faremos com relação aos horcruxes. Se você pensa que irá atrás deles sozinho Harry, pode esquecer. Eu e Rony vamos também.
- Hei! Eu também vou!
- NÃO! – Gritaram Harry e Rony juntos. – Gina... É perigoso. Você viu o que aconteceu com Dumbledore.
- Não ouse me deixar pra trás, Harry. – Harry ia dizer algo, mas ela continuou. – Sei que você só quer me proteger, mas não vou ficar sofrendo por vocês estarem longe e eu trancada aqui. Posso ajudar e vou ajudar.
- Escute Gina, será perigoso. Quanto a Rony e Mione... Eles já são maiores de idade... Não há nada que os impeça de me seguir. Mas você... Seus pais não irão deixar Gina!
- Mas eu vou! Nem que seja escondida.
- Rá! Quero até ver, Gininha. A mamãe e o papai deixar você ir com agente.
- Darei um jeito, Bilius. Não precisa se preocupar.
- Já pedi pra você não me chamar de Bilius!
- Não enche, Bilius.
- Parem vocês dois! Temos muito que conversar. – Hermione estava com a cara amarrada. – Então Harry, o que faremos?

Eles ficaram, o resto do dia, trancados no quarto discutindo possibilidades como locais que poderiam estar os pedaços de alma de Voldemort, sobre R.A.B... Harry disse que iria separar algumas lembranças para que eles vissem juntos.

Foram dormir tarde da noite e com as cabeças cheias de idéias. Harry se esforçou ao máximo para esvaziar a mente para evitar outro ataque de Tom Riddle.



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Severo Snape andava pelos corredores do castelo com suas vestes negras enfunadas devido à corrente de ar cheirando a mofo que estava circulando. Quem olhasse de longe poderia pensar que um morcego gigante estava vindo pelo corredor. Parou em frente à porta da sala do trono. Estava curioso e temeroso ao mesmo tempo. Rabicho estava muito assustado quando foi chamá-lo. Bateu na porta e entrou.

- Milorde mandou me chamar? – Disse fazendo a costumeira meia reverência. Observou discretamente o Lorde das Trevas. Decididamente ele não parecia nada bem.
- Quero saber, Severo, como eram as aulas de oclumência de Potter.
- Se me permite dizer, Milorde, ridículas. Potter não demonstrou o mínimo de aptidão para este tipo de técnica.
- Você me informou que deixou a mente dele mais... susceptível a ataques. Isto aconteceu mesmo, Severo? – O tom de voz de Voldemort era frio e letal, mas não conseguia esconder que o Lorde das Trevas não estava bem. Snape notou que precisaria ser bem convincente. Aquela não era uma boa hora para morrer.
- Com toda certeza, Milorde. Duelei com Potter quando estávamos fugindo de Hogwarts, aliás, aquilo não poderia ser chamado de duelo. Potter é medíocre. Consegui prever todos os movimentos dele com pouco esforço. Não teria a menor chance contra um bruxo como Milorde.
- É impressão minha ou você está tentando... desviar o assunto, Snape?
- Por que faria isto, Milorde? Só não matei o Potter naquele dia porque sei que o senhor é quem fará isto. – Respondeu sem emoção.

Voldemort olhou demoradamente nos olhos de Snape. Não conseguia enxergar nada que pudesse revelar alguma mentira dele.

- Você sabe o que aconteceu aqui, Severo?
- Não consigo imaginar, mestre.
- Pois vou lhe contar, Severo. Vou lhe contar. Não detalhadamente, mas o cerne de todo acontecimento.
- Obrigado por confiar em mim, Milorde. – Snape fez uma reverência.
- Não é uma questão de confiança, Severo, mas sim para saber se você teria alguma teoria. Invadi a mente de Harry Potter hoje. Estava acontecendo tudo como eu havia planejado. Porém, num momento em que nossa conversa estava ficando... tensa, o garoto conseguiu me bloquear. O que você acha disto? Alguma teoria, Severo?
- Só uma, Milorde, a que no meu modo de ver as coisas é a mais plausível: alguém está ensinando oclumência para o Pott...
- AQUILO NÃO ERA OCLUMÊNCIA, SNAPE! – Os olhos de Voldemort lampejaram. – OU VOCÊ ESTÁ INSINUANDO QUE NÃO SEI QUANDO ME CONFRONTO COM UM OCLUMENTE COMO VOCÊ?
- Perdão Milorde, não quis ofende-lo... – Snape sentia o cerco se fechando. – Mas... o que poderia ser?
- Esta é a questão Snape! Eu não sei. EU NÃO SEI! – Depois do grito, Voldemort sibilou. - Não gosto de sentir dor, Snape. Não me permito a sentir dor. E foi isto que aquele moleque desgraçado fez. Senti meu corpo explodir em dor. Como ele fez isto?
- Não consigo imaginar o que poderia ser se não foi oclumência, Milorde. – respondeu – A não ser...
- A não ser o que, Severo?
- A não ser que Potter conseguiu usar magia para atacá-lo em sonho. Mas ele teria poder para tanto? – Snape fez a pergunta mais para si mesmo do que para o bruxo na sua frente.
- Você descobrirá isto para mim, Severo. Logo depois que libertarmos nossos amigos de Azkaban, você dará um jeito de descobrir. Faltam apenas alguns dias.
- Como desejar. Trarei a verdade para Milorde.
- Espero que sim, Severo. Não me decepcione.



Snape saiu da sala e voltou rapidamente para a ala do castelo em que ficavam seus aposentos. Era um dos maiores quartos do castelo, uma cortesia por ter assassinado Dumbledore, mas não havia luxo nele. A iluminação provinha de um velho lustre de ferro com diversas velas. O piso de lajotas já demonstrava sinais de desgaste em diversos pontos e os cantos das paredes tinham grandes manchas de mofo. Havia apenas uma cama com uma escrivaninha abarrotada de velhos pergaminhos e as poucas janelas que existiam eram altas e estreitas, sendo que a única visão que propiciavam era da densa floresta que cobria toda área ao redor do castelo.

Ao entrar, Snape selou a porta com um feitiço e com mais um aceno da varinha fechou as janelas. Caminhou rapidamente até a parede no fundo do quarto e, ao chegar perto da parede, ajoelhou-se tirando uma pequena faca de dentro das vestes. Fez um pequeno corte na palma da mão esquerda e começou a abrir e fechar os dedos, até que uma pequena poça de sangue se formou na mão. Tocou em uma das pedras com mão espalmada e instantaneamente um contorno prateado e brilhante apareceu. Um fio também prateado começou a percorrer as ranhuras do chão e subir pela parede de pedra parando um pouco acima da cabeça de Snape. Um quadrado se formou. Dentro dele, dois S’s entrelaçados também apareceram. Colocou a mão ensangüentada por alguns instantes sobre eles e tirou. O quadrado de pedra desapareceu, revelando um compartimento secreto. Snape começou a retirar algumas coisas, entre eles uma varinha e três frascos de vidro. Um dos frascos estava cheio de um líquido transparente como água, outro com um líquido escuro e no outro uma substância prateada que se movia lentamente em espirais. Uma lembrança. Pegou os vidros com as substâncias transparente e escura e guardou nas vestes.

Precisava agir rapidamente, pois o tempo urgia. Tinha que fugir dali com Draco, e ainda precisava coletar algumas informações. Sabia que iria precisar de muita sorte para conseguir estas informações, mas precisava tentar. Desde que tivera uma pista dela havia ficado muito curioso. Retirou mais um objeto longo envolto em veludo negro que estava no fundo do compartimento e passou a mão ensangüentada na frente dele. O compartimento se lacrou e as linhas prateadas desapareceram. Fechou o ferimento da mão com um feitiço e limpou o sangue do chão. Conjurou uma bolsa de couro escuro para guardar todos os objetos. Depois de devidamente acondicionados fez um movimento com a varinha e a bolsa sumiu.

Saiu andando pelo castelo a procura do momento e do local apropriado para colocar seu plano em ação. Passou por uma sala pequena onde havia uma mesa com dois bancos laterais. Na mesa havia alguns livros encapados em couro negro. “Acho que vai servir, ela sempre vem aqui”. - Pensou Snape. Entrou e sentou-se no banco que possibilitava visualizar a porta. Conjurou uma garrafa de vinho e uma taça. Retirou os dois frascos que estavam guardados no bolso. Colocou metade do Veritasserum na garrafa e algumas gotas do líquido escuro na taça. “Isto será suficiente”. – Disse para si mesmo enchendo a taça e pegando um dos livros.

Esperou por quase uma hora, mas não se daria ao luxo de sair dali. Algumas pessoas passaram pela porta, mas a que ele queria não aparecia. Quando estava prestes a desistir e tentar outro tipo de abordagem, ela apareceu.

Bellatriz vinha andando imponente pelo corredor. Os olhos com pálpebras caídas semicerrados como se estivesse querendo enxergar algo mais além do que estava em seu campo de visão. Passou pela porta e apenas deu uma olhada dentro da sala sem parar de andar. Mas quando viu quem estava sentado lá dentro, parou e voltou.

- Ora, ora, ora! Mas o que estamos lendo aí, Snape? – Perguntou desdenhosa.

Snape olhou-a com uma expressão que demonstrava estar aborrecido com a interrupção de sua leitura.

- Nada que lhe interesse, Lestrange. – Disse voltando a atenção para o livro. Tinha que fazê-la entrar, e a melhor forma era dar a oportunidade para ela criticá-lo. E foi o que ela fez.
- O que é isso, Snape? Onde estão os bons modos? Se não me interessasse não estaria perguntando, não é mesmo?

Snape voltou a olhar para ela e fechou o livro lentamente. Pegou a taça de vinho e a agitou levemente olhando para o movimento da bebida.

- Muito bem Bellatriz, o que você quer?
- Nada Snape. Apenas vi você quando ia passando e resolvi parar para... conversarmos um pouco. – Disse sarcástica enquanto Snape bebeu de uma vez só o vinho da taça e serviu mais um pouco. – Você me parece um pouco abatido Severo. Será que o motivo disto foi o Lorde das Trevas ter gritado com o morceguinho de Dumbledore?
- Vejo que Rabicho continua escutando conversas atrás da porta e ainda mantém o péssimo hábito de espalhá-las para todos que ele encontra em seu caminho. – Bella apenas ergueu os ombros. - Aceita uma taça de vinho, Bellatriz? – Perguntou conjurando mais uma taça. Bella olhou desconfiada para a garrafa. – Para você não dizer que não tenho... bons modos.
- Severo Snape me oferecendo vinho? Definitivamente você não está bem, Snape.
- Me parece que você é que não anda bem, Bellatriz. Acho que você está tendo problemas de memória, ou não se lembra que bebeu comigo em minha casa junto com... Narcisa?

O rosto de Bellatriz endureceu, pois por mais que tentasse barrar suas emoções, a morte da irmã a deixava transtornada.

- Como poderia esquecer, Snape? – Disse fixando um olhar duro nele. – Se Draco não tivesse... Se aquele inútil não tivesse falhado em sua missão, minha irmão ainda estaria aqui. – Bella pegou a taça que Snape conjurara e a encheu de vinho. Snape ergueu a taça para brindar. A isca tinha sido mordida.
- A Narcisa!
- A Narcisa! – Respondeu Bellatriz bebendo todo o vinho de uma vez e servindo outra taça. Enquanto isto, Snape esperava que a poção fizesse efeito, o que não demorou muito. Quando Bella levantou a taça novamente seus olhos ficaram desfocados.
- Você está escutando Bella?
- Sim.
- Ótimo! Quando foi à casa da rua da Fiação, você disse que o Lorde das Trevas havia confiado a você seu maior segredo. Você poderia me contar que segredo é este?
- Não. – Respondeu. Snape sentiu seu estomago contrair. “Se ela sabe, por que não pode me contar?”
- Por que não pode contar?
- Porque o Lorde das Trevas me enfeitiçou para que ninguém mais soubesse dos segredos dele.
- De que forma ele a enfeitiçou?
- Caso eu tentasse passar adiante seu segredo verbalmente ou por escrito, uma maldição seria acionada causando minha morte.

Snape continuava apreensivo. Tinha que conseguir aquela informação de forma que ela não morresse, pois isto só pioraria as coisas. Uma idéia surgiu em sua cabeça.

- Seria possível conseguir esta informação por Legilimência? – Perguntou.
- Talvez.
- Por que talvez?
- Porque o próprio Lorde das Trevas testou minha perícia em Oclumência.
- Você conseguiu resistir a ele?
- Durante algum tempo sim. Depois deste teste ele me revelou o segredo. Considerou que era seguro me contar. – Ele ficou calado por alguns instantes pensando no que poderia fazer. Bela continuava com o olhar desfocado. Resolveu então dar sua última cartada. “Império.

O corpo de Bellatriz pareceu afrouxar um pouco. Ela sentia uma sensação de leveza muito grande. De repente começou a ouvir a voz de Snape em sua cabeça. – Abra sua mente Bella... Libere tudo o que sua mente guarda... Não use Oclumência. Legilimens.

Snape sabia que agora ele deveria ser rápido, pois ela poderia resistir à maldição. Começou a vasculhar a memória dela. Viu diversas cenas que demonstravam a loucura de Bellatriz. A satisfação em torturar e matar. Viu também lembranças que quando ela estava em Azkaban, seu casamento com Lestrange...

Até que finalmente ele conseguiu encontrar.




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Mais um Cap. Vamos aos agradecimentos:

Novamente agradeço a Rafa. A sutileza das dicas e modificações dela são impressionantes e colaborarão muito para o resultado final do cap. Obrigado Alfa 2.

Obrigado também ao Ruggero que finalmente conseguiu betar um cap. Brigadão Ruggero.

Igor Garutti: Você não imagina como fiquei satisfeito pelo comentário que você deixou. Muito bom saber que alguém considera a fic da forma como você considera. Saiba que existe um esforço mútuo muito grande para que a estória fique legal. Tanto da minha parte, como da Rafa "Alfa 2" e do Ruggero na betagem. Muito obrigado e continue lendo e comentand. OK?

Priscila Bananinha (gosto deste nome Hehehe): Fico satisfeito que tenha considerado o cap 7 como um presente de aniversário. Espero que goste deste. Não deixe de comentar. Belê?

J.M. Flamel: Cara... Estou em dívida com você. Mas é uma promessa: Vou ler todas as suas fics. A um tempo atrás enviei um e-mail pedindo pra você me mandar a fic "Olho de Shiva". Depois se der, manda a estória pra mim que fica mais fácil de ler. Obrigado por ler e comentar a fic. Continue lendo e comentando.

Agradeço também a Expert2001, Amy Aine, Gabriel Rocha e a todos que leram e comentaram. Muito obrigado mesmo. Não deixem de ler e comentar. Hehehe.

Não deixem de ler também "Piratas". Uma fic de Amy Aine que tá muito boa.

Leiam também "O passado de Dumbledore". Fic da minha Alfa 2, Rafaela Porto. É uma fic magnífica que de vez em quando dou uma xeretada. Hehehe.

No mais é isso galera. Obrigado e espero que tenham gostado.


Abraços


Rubeo.

[email protected]

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