As visitas






2º Capítulo – As Visitas





Rua dos Alfeneiros, Surrey. Uma típica rua de subúrbio do Reino Unido. Os jardins bem cuidados, os carros limpos nas garagens..., tudo transpirava à tranqüilidade. Porém, em um quarto do número 4, na cabeça de certo bruxo nada era tranqüilo. Harry Potter estava deitado em sua cama com um turbilhão de pensamentos em sua cabeça. Ainda tinha dificuldade para controlar todo tipo de emoção depois dos acontecimentos mais recentes. O fim de seu namoro com Gina. A busca pelos Horcruxes. RAB. O assassinato de Dumbledore. A traição de Snape. Snape... Como Dumbledore pode ter confiado tanto nele? Dumbledore sendo o bruxo e gênio que era se deixou enganar por um maldito bruxo que voltou com histórias de arrependimento. Será que Alvo nunca se questionou se Snape estava-lhe enganando?

Estes eram os pensamentos que mais torturavam Harry. Desde que voltou para casa dos Dursley após o funeral de Dumbledore, não teve um segundo de sossego. Quando estava dormindo seu sono era povoado de cenas de Alvo implorando a Snape. O rosto todo machucado de Gui Weasley. O uivo de tristeza de Hagrid. Acordava tremendo e molhado de suor. Seus tios pelo menos o deixaram em paz devido a uma longa conversa que tiveram quando ele voltou de Hogwarts. Logo que chegou em casa, Tio Valter virou-se para ele e disse:
- Vamos logo moleque. Guarde suas coisas e vá ajudar sua tia a preparar o jantar.
- Por favor, Tio Valter, não posso tomar um banho?
- Se você conseguir fazer isto em três minutos, tudo bem. – Disse Valter dando um sorriso de desprezo.
Harry mal acabara de chegar e já estava a ponto de estourar com seu maldito tio. Duda, que estava sentado na sala e ouvia tudo que seu pai e seu primo conversavam deu uma gargalhada sonora. Aquilo para Harry foi a gota d’água. Uma corrente de ar frio passou pela sala dos Dursley. Valter notou que havia alguma coisa de errado. Quando olhou para seu sobrinho começou a gaguejar:
- O q-que você está fazendo? O que está acontecendo com você?
Duda havia parado de rir. Estava horrorizado. Os olhos de Harry escureceram. Quando falou sua voz saiu fria:
- Escute bem o que vou dizer, pois será somente uma vez. Não sou obrigado a suportar este seu tratamento desprezível. Aconselho o Senhor a parar. Só vocês têm a perder. – Harry parou de falar fazendo um pequeno gesto de cabeça em direção a Duda que se encolheu o máximo que podia na poltrona.
Valter olhava horrorizado para o sobrinho quando Petúnia entrou na sala vindo da cozinha. Ao ver a cena que se passava, parou de andar como se algo a tivesse segurado. Com a voz trêmula perguntou ao marido:
- Valter, o que está acontecendo?
Valter parecia atemorizado demais pra falar alguma coisa. Apenas apontou para Harry, que continuava com o olhar muito frio.
- O que você fez com eles seu moleque infernal?
- Não fiz nada. Apenas disse que não vou tolerar este tratamento medíocre que vocês dispensam a mim.
- Você é muito mal agradecido, isto é o que você é. Depois de todo este tempo que lhe demos um teto onde morar, você reclama. Por que você não vai ficar junto daquele Alvo Dumbledore?
Ao ouvir as palavras finais de Tia Petúnia, uma grande transformação se passou em Harry Potter. Os olhos que até poucos instantes atrás estavam escuros e frios voltaram a ficar verdes, porém não havia brilho algum neles. Só tristeza.
- Isto seria ótimo se pudesse mesmo acontecer. Só que existem alguns...como posso dizer? Poréns?!?
- O que você quer dizer com isto moleque? – Perguntou Tio Valter que já havia se recuperado um pouco e estava atento à conversa.
- Era da vontade do diretor que eu ficasse aqui até o meu aniversário de 17 anos devido à...
- O que você quer dizer com “era”?
Harry lançou um olhar mortiço para Tio Valter.
- Vou pedir para o senhor não interromper.
- Ora seu moleque!!! – cuspiu Valter ficando vermelho, mas Harry não deu atenção e continuou a falar:
- Devido à proteção que esta casa me oferece até que eu chegue à maioridade, bem, isto vocês já sabem pois o próprio Dumbledore conversou com vocês ano passado. Mas o outro “porém” é que Dumbledore está morto.
Harry abaixou a cabeça fazendo força para não derrubar uma única lágrima na frente dos tios e do primo. Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Por alguns segundos só se ouvia a respiração de seus ocupantes. Foi Valter quem quebrou o silêncio:
- Você quer dizer que aquele velho maluco morreu?
- NÃO FALE ASSIM DE DUMBLEDORE!!! – gritou Harry – VOCÊ NÃO SABE O QUE ELE REPRESENTA PARA O MUNDO MÁGICO E A FALTA QUE FARÁ TAMBÉM!
- COMO VOCÊ OUSA FALAR ASSIM COMIGO SUA ABERRAÇÃO? – Valter avançou em direção a Harry, mas Harry já estava com a varinha em mãos.
- Me dê um motivo Tio Valter. Apenas um para que eu não azare o senhor.
Ao ver a varinha apontada diretamente pro rosto, Valter parou. Duda que já estava encolhido na poltrona encolheu um pouco mais.
- Pare Harry. – Petúnia ficou entre os dois. - Você ainda não pode usar magia fora da escola. Pode se complicar com o Ministério da Magia. Acalme-se Valter e sente-se. Você também Harry, sente-se.
Tanto Harry quanto Valter olharam surpresos para Petúnia. Ela nunca havia usado o tom de voz que usou desta vez. Sendo assim os dois obedeceram.
- Você está dizendo que Alvo Dumbledore está morto?
- Sim.
- Por favor Harry, nos conte o que aconteceu.
- Petúnia, querida, o que há com você?
- Por favor Valter, vamos ouvir o que Harry tem a dizer.
Tio Valter calou-se instantaneamente. Petúnia sentou-se de frente para Harry e ficou esperando.
- Dumbledore foi assassinado.
- Assassinado? – assustou-se Petúnia. – Mas como.
- Severo Snape, professor de Hogwarts o matou.
- Ah! Eu sabia que naquele lugar só tinha louco. – resmungou Valter.
- Por favor Valter, não interrompa. O assunto é mais sério do que você possa imaginar.
- E o que a morte deste velh..., quero dizer, deste homem afeta nossa vida Petúnia, querida? – perguntou Valter de olho na varinha de Harry.
- Em parte por que nossa segurança dependia de Dumbledore.
- Não estou entendendo.
- O encantamento que Dumbledore lançou sobre esta casa só funcionou porque nós recebemos Harry quando ele era pequeno. Aliás, eu recebi. Só desta forma ele estaria a salvo do assassino de Lílian e seus seguidores.
- Disto eu já sabia, mas ainda não consegui compreender.
Harry olhava para o tio com uma cara descrente. Será que ele não era capaz de somar dois mais dois?
- A questão Valter, é que se Harry não tivesse esta proteção, talvez ele já estivesse morto, e como nós acolhemos ele, provavelmente estes bandidos nos perseguiriam.
- Agora entendo. – Valter falou tão baixo que os outros tiveram que se esforçar para ouvir. – Fora moleque. Você sempre foi um estorvo e agora descubro que um bando de assassinos lunáticos podem entrar aqui e nos matar. FORA!!!
Harry olhou assustado para Tia Petúnia que, por incrível que pareça não ficou nem um pouco abalada com o ataque do marido. De onde ela estava tirando toda aquela calma? Pensando bem, ela nunca tinha agido desta maneira.
- Valter, fique calmo. O que está feito, está feito. Nós aceitamos esta situação e teremos de conviver com isto.
- Mas Petúnia, como você pode dizer isto com toda esta calma?
- Porque eu Valter, acredito que mesmo morto, Dumbledore nunca nos deixaria sem qualquer plano de segurança. Agora deixe que Harry nos conte o que aconteceu. Harry, continue.
- Como estava dizendo, Snape matou Dumbledore. Nós...
- E como você sabe que foi esse tal Snape? – Rosnou o tio.
- Porque eu estava com Dumbledore quando Snape lançou a maldição da morte.
- Você estava com ele quando ele morreu? – perguntou Petúnia.
- Sim, estava.
- E por que não fez alguma coisa? Você não poderia ter feito algo? – rosnou novamente Tio Valter. Sua visão sobre Dumbledore mudou sensivelmente depois que descobriu que sua segurança também dependia dele.
- Até poderia, se Dumbledore não tivesse lançado um feitiço paralisante.
Então Harry narrou todos os acontecimentos até o funeral. Tia Petúnia escutava atentamente e Tio Valter não interrompeu mais. Para Harry foi um alívio falar tudo para eles de uma só vez. Parecia até estranho que os trouxas mais trouxas do mundo estivessem tão interessados na morte de um bruxo.
Quando terminou sua narrativa Harry estava com a voz embargada pela emoção. Petúnia olhava para ele com uma expressão estranha.
- Muito bem Harry, vejo que você passou por muitas provações. Você não poderá sair de casa. Isto é para sua própria segurança.
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Neste momento Harry estava pensando no que faria no dia 31 de julho, dia em que completaria dezessete anos e a proteção da casa de seus tios acabaria. Seu amigo Rony já havia mandado várias cartas dizendo que era para Harry sair da casa dos trouxas e ir para Toca. Escrevia isto sempre lembrando também que o casamento de Gui com Fleur seria realizado lá e que seu “não comparecimento à cerimônia” era inaceitável. Porém ele estava relutante em ir para Toca. Primeiro porque achava que se fosse para lá estaria colocando a família que mais amava no mundo, os Weasleys, em perigo. Ainda mais agora que Dumbledore estava morto. Provavelmente o cara de cobra iria ficar mais ativo. Em segundo porque já queria sair em busca das Horcruxes. Ele achava que não deveria perder muito tempo. E o terceiro era o que ele tentava enganar a si próprio dizendo que não tinha nada a ver. Gina Weasley.
Harry estava sentindo muita falta dela. Mas sabia que isto tudo era para a própria proteção de Gina. Quando Voldemort descobrisse a ligação de Harry e Gina, não pouparia esforços para atingi-lo através dela e por tabela tentaria atingir a família Weasley. A sua “família”.
Na última carta que Harry recebeu de Hermione (via correio trouxa. Quero ver eles interceptarem minhas cartas) dizia que Gina havia escrito para ela. Dizia que estava muito triste pelo fim do namoro. Que entendia e não entendia toda esta atitude de Harry. Por um lado sabia que ele só queria protegê-la, mas por outro, como poderia estar mais protegida se não do lado dele?
Quando Harry leu esta parte da carta duas cenas encheram sua cabeça:
O primeiro beijo em Gina depois da conquista do campeonato de quadribol. A segunda cena era quando ele e Dumbledore saíram da caverna do horcrux. Dumbledore muito mal devido o efeito da poção.

“ – Vai dar tudo certo, senhor – Harry repetia sem parar, mais preocupado com o silêncio de Dumbledore do que estivera com a fraqueza de sua voz. – Estamos quase chegando... Posso aparatar com o senhor para voltarmos... não se preocupe...
- Não estou preocupado, Harry – disse Dumbledore, sua voz um pouco mais forte apesar da frieza da água. – Estou com você.”



Mione ainda dizia na carta que estava indo para casa de Rony e que encontraria com Harry lá. Que em hipótese alguma deveria sair em busca dos pedaços de alma de Voldemort e deixar ela e Rony para trás. Se ele fizesse isto teria que arcar com as conseqüências, pois seria perseguido não só por Voldemort, mas também por um jovem casal de bruxos que amam e se preocupam muito com ele.
No fim da carta Mione ainda deixou um PS.: “Por favor, repense a sua decisão com relação à Gina. Vocês merecem ficar juntos. Já que demorou tanto, por que jogar fora a oportunidade que estão tendo?”
- Ah Mione... do jeito que você fala parece que é tudo muito fácil. – pensava Harry sempre que relia a carta.



Harry havia acordado muito cedo. Acabara de sonhar com Dumbledore suplicando a Snape e logo depois o brilho verde da maldição da morte, um leve rumorejo e Dumbledore sendo atirado da torre.
Ficou um tempo deitado mas continuou acordado. A gaiola de Edwiges vazia em cima da escrivaninha estava limpa. Harry havia mandado ela ficar na casa de Rony depois que levou a última carta.
- Eu me encontro com você lá. – disse Harry quando levou a coruja branca até a janela de seu quarto. Ele não queria levá-la em sua busca pois poderia chamar muita atenção. Teria que conseguir outro modo de comunicação.
Quando cansou de ficar deitado, trocou de roupa e desceu para tomar o café da manhã.
Na cozinha já estava toda família Dursley. Tio Valter lia um jornal enquanto bebia uma xícara de chá. Duda estava se empanturrando enquanto não tirava os olhinhos de porco da TV. Tia Petúnia estava na pia lavando a xícara que havia usado.
- Bom dia. – Disse Harry.
- Uhnf... – Tio Valter grunhiu de trás do jornal.
Duda não disse nada. Tia Petúnia virou-se e disse:
- Bom dia Harry. Tome seu café.
Não estava sorrindo,mas também não estava com aquela cara de nojo que sempre usara para falar com o sobrinho. Quando ouviu a forma que Petúnia usou para falar com Harry, Valter abaixou o jornal para olhar para esposa. Quando olhou para Petúnia como se estivesse questionando o seu comportamento, ela sustentou seu olhar. Valter apenas deu de ombros e voltou a ler seu jornal.
Depois de alguns minutos a campainha tocou. Harry assustou e ao levantar derrubou a cadeira. Tio Valter enfureceu-se na hora.
- O que é isso moleque? Tudo por causa de uma campainha tocando? – gritou cuspindo no jornal.
- Harry tem razão em se assustar Valter. – retrucou Petúnia.
Valter lançou um olhar de desentendimento para ela. – Afinal, o que estava acontecendo com ela – pensou ele.
- Duda, vá olhar quem é. Mas não abra a porta. Olhe pelo visor. Duda levantou rapidamente. Estava muito assustado tanto com a reação do pai como com a atitude da mãe. Em poucos segundos voltou ofegante, a tripla papada balançando sobre o pescoço.
- São dois homens. Um mais jovem com cabelos ruivos e várias cicatrizes no rosto e outro mais velho e com cabelos grisalhos.
Ao ouvir a descrição que Duda fez Harry ficou espantado. Não podia ser. Será que Duda estava certo. Saiu da cozinha com a varinha na mão. Quando tirou a varinha Tio Valter afastou-se dele rapidamente, mas Harry nem viu a reação do tio. Quando chegou a porta os Durleys já estavam atrás dele muito apreensivos. Harry olhou pelo visor e confirmou suas suspeitas. Do lado de fora estavam Gui Weasley e Remo Lupin. Os ferimentos que Greyback fez em Gui durante o ataque a Hogwarts já estavam cicatrizados. Porém ele já não era tão bonito como antes. Lupin continuava do mesmo jeito, apenas um pouco mais grisalho. Mas será que eram eles mesmos? Seria uma tremenda mancada deixar comensais entrarem disfarçados na casa. Harry resolveu perguntar:
- Quem está aí?
- Somos nós Harry. – respondeu uma voz cansada que ele reconheceu como sendo a de Lupin. – Lupin e Gui.
- Sei... será que são vocês mesmo?
- Entendo sua preocupação Harry. – falou Gui – nos faça alguma pergunta.
- Qual a forma de meu patrono?
- Um cervo, mas você não acha que esta foi muito fácil Harry? – perguntou Lupin sorrindo.
- Tudo bem. Esperem um pouco. Estou pensando em outra.
Harry continuava olhando pelo visor. Os Dursley continuavam atrás dele apreensivos. O que ele poderia perguntar que só eles, ou pelo menos um deles soubessem. Começou a procurar em sua memória. Era comum nestes últimos dias que, sempre que estava raciocinando com afinco sobre alguma coisa, a imagem de Dumbledore viesse a sua cabeça. Desta vez não foi diferente. Dumbledore... Como não havia pensado nele antes. Com certeza, se Dumbledore disse isso à Harry, também deve ter dito a um dos dois.
- Qual o sabor de geléia preferido de Alvo Dumbledore?
Remo Lupin deu uma risada. Dumbledore. Sempre a genialidade de Dumbledore. Quem iria se preocupar com a geléia favorita de Dumbledore? Bem, talvez os elfos domésticos de Hogwarts.
- É amora Harry. Agora, deixe-nos entrar.
- São eles mesmos. – disse Harry para Tia Petúnia.
- O que ele quer dizer com “são eles mesmo”? – perguntou Tio Valter para a esposa.
- Vamos ver.
Harry abriu a porta de entrada. Lupin se adiantou com a mão estendida e um grande sorriso no rosto. Gui vinha logo atrás sorrindo também.
- Como vai indo meu amigo? Espero que esteja bem. – disse Lupin afastando-se para que Gui cumprimentasse Harry.
- Como vai Harry? Tudo em cima?
Harry observou que mesmo com tantas cicatrizes Gui não perdera a vaidade. O brinco que a Sra. Weasley tanto implicava ainda continuava na orelha.
- Oi Gui, oi prof. Lupin,...
- Por favor Harry, me chame de Remo.
Para Lupin, Harry sempre fora um garoto especial. Além da humildade que transbordava de Harry Potter, ele era sua ligação mais forte com um passado muito feliz.
- É... claro Remo.
- Senhor e Sra. Dursley. – cumprimentou Lupin com um aceno de cabeça.
- Olá!! Como vão? – disse jovialmente Gui. Talvez estivesse falando desta forma para tirar a má impressão que suas cicatrizes causavam.
- Podemos entrar? – Perguntou Lupin.
- Pelo que estou vendo, já entraram. – retorquiu Valter.
- Valter, por favor. – disse Petúnia para ele. – é claro que podem. Entrem.
Lupin, Gui, Harry e os Dursley foram para a sala de estar.
Quando todos sentaram, Lupin virou-se para Tio Valter e Tia Petúnia e disse:
- Desculpe-nos por aparecer sem avisar, mas não viemos à toa.
- Sei... – grunhiu Valter.
- Deixe-nos apresentar. – continuou Remo. – Sou Remo Lupin, e este é...
- Remo Lupin? – Perguntou depressa Tia Petúnia. Todos olharam para ela, que corou um pouco. Valter e Duda estavam encarando ela com olhares incrédulos.
- Ah... desculpem-me pela intromissão. É que seu nome não é estranho para mim. Na verdade estou tentando lembrar de onde ouvi seu nome.
- Talvez a senhora tenha escutado Lílian dizer. Nós éramos grandes amigos. Tiago também era um ótimo amigo. Estudamos juntos em Hogwarts.
- Ah sim!!! Claro. Agora me lembro perfeitamente de Lílian comentando com mamãe sobre um garoto chamado Remo.
- Espero que tenha falado bem. – brincou Lupin. – Bem, continuando as apresentações, este aqui é Guilherme Weasley, ou apenas Gui Weasley.
- Espere um momento! – disse Tio Valter – Você não é parente daquele senhor que esteve aqui para levar Harry pra uma copa de quadri não sei o que? Se não me engano ele também era um Weasley.
Gui sorriu para Tio Valter.
- Sim. Foi meu pai quem veio aquele dia.
- Pois é. Ele arruinou esta sala e...
- Peço desculpas em nome de meu pai Sr. Dursley. Ele é fascinado por tudo que é relacionado aos trouxas. Acredito que tenha ficado mais excitado em vir até aqui do que Harry ter ido para Toca.
- Toca?
- É como chamamos a casa dos Weasleys. – disse Lupin. – Mas então Harry, como tem passado?
Ao ouvir a pergunta de Lupin, Valter agradeceu silenciosamente que não tivesse atormentado Harry nestas férias.
- Bem professor, não posso afirmar que estão sendo boas. Não posso sair de casa. Edwiges me faz companhia, mas ficar conversando com uma coruja o tempo todo não me parece muito sensato. Até mandei que ela ficasse com Rony e Mione. Eles têm enviado cartas, mas tenho medo que alguma possa ser interceptada. Bem pelo menos a de Rony. A Mione está usando o serviço postal trouxa.
Lupin deu um pequeno sorriso.
- Então Hermione está usando o correio trouxa? Brilhante! Realmente brilhante. Hermione me impressiona cada vez mais.
- O que há de tão brilhante em usar o correio? – Duda saiu de seu mutismo para desdenhar um pouco.
- Você é o Duda não é? – desta vez foi Gui quem falou. Duda imediatamente colocou uma mão no traseiro e outra na boca. A lembrança daquele caramelo ainda estava muito viva em sua cabeça.
- Bem Duda, achamos e o Lord das Trevas e seus asseclas dificilmente pensariam que algum bruxo ou bruxa estaria usando o correio trouxa.
- Lord o quê? – interrompeu Valter. – E qual problema com nosso correio?
Harry estava começando a ficar preocupado com o que poderia acontecer. Tio Valter não estava deixando que as coisas corressem normalmente.
- Lord Voldemort. – respondeu Lupin. Ao ouvir o nome Gui estremeceu. – E não existe qualquer problema com seu correio, aliás, é um sistema muito eficiente de entrega de correspondências. Achamos que Voldemort não preocuparia com seu correio pois ele despreza qualquer coisa que não seja mágica. Este é o grande problema dele. Acha que todos os trouxas são pessoas dispensáveis no funcionamento do mundo, inclusive os bruxos que nasceram em famílias trouxas, como a sua irmã, Senhora Petúnia. – concluiu com seu ar tranqüilo.
Petúnia apenas escutava. Por dentro sentiu muito a morte de sua irmã. Não deixava transparecer nada para Valter, pois tinha medo que toda a repulsa do marido por tudo que era “anormal” acabasse com um casamento bem sucedido. E além do mais, a possibilidade que o mesmo louco homicida que matou sua irmã batesse em sua porta a deixava em pânico.
- Gui, professor Lupin, o que está acontecendo no mundo mágico? Como estão todos? Por que Rony, Mione e... Gina não vieram também? – perguntou Harry.
- Por favor Harry, me chame de Remo.
- Ah... claro prof... Remo.
- Bem Harry, - falou Gui – com a morte de Dumbledore o mundo mágico está um caos. Ele era para muita gente como um porto seguro, entende? O Beco Diagonal está vazio. Quase ninguém fica se aventurando fora de casa. Os gêmeos disseram que vão ter que fechar a loja pois não têm fregueses. O Ministério está meio perdido. Scrimgeour apesar de ter o pulso firme, não está conseguindo parar as ações dos Comensais. Os aurores estão batendo cabeça. Papai está esgotado. Mesmo com todas as pessoas que estão trabalhando com ele, está sendo uma tarefa estafante dar conta de todos os artefatos suspeitos que estão aparecendo por aí.
- E Hogwarts? Vai continuar?
- Ainda não sabemos Harry. – respondeu Lupin – Minerva Mcgonagall tem tido diversas reuniões com Rufo, mas ainda não tem nada decidido.
- A Ordem da Fênix continua ativa. Estamos esperando você completar a maioridade para fazermos nossa primeira reunião pós-Dumbledore.
Ao ouvir esta informação de Lupin, Harry ficou meio assustado. Por que queriam esperar por ele? Resolveu não levar este assunto adiante. Então perguntou:
- Mas todos ainda estão firmes não estão?
- Claro que estão. Não estamos fazendo nada mais efetivo pois sem Dumbledore perdemos praticamente metade da força. Queremos conversar com você sobre algumas coisas. Mas isso fica pra depois.
- O ministério já conseguiu localizar Snape e Malfoy? – Ao perguntar isto, uma brisa fria passou pela sala. Lupin e Gui olharam assustados para ele mas não disseram nada. Após alguns segundos Gui falou:
- Nada Harry. Parece que eles evaporaram. Quanto a Rony, Mione e Gina, eles estão na Toca e não sabem que estamos aqui, senão já estaríamos mortos por não ter trazido eles. Mas agora quero te perguntar uma coisa que Rony me falou. Aliás, duas coisas. Primeiro: que história é essa de você não ir ao meu casamento?
- Bem Gui, é que tenho medo que haja um ataque durante o seu casamento por minha causa. E...
- Ora Harry! Não seja tolo. A casa estará muito bem protegida. Dumbledore também nos protegia. Fleur está contando com sua presença. Mamãe não vai gostar nem um pouco se você não aparecer, sem contar uma certa ruivinha que não vê a hora de reencontrar você.
Harry corou furiosamente. Ficou olhando para o carpete da sala por um tempo. Quando olhou para Gui viu que ele estava sorrindo.
- Eh... você... você disse que tinha duas perguntas...
- Mas já fiz as duas Sr. Potter. Gina. Que história é essa hein?
Harry estava com um pouco de receio. Não imaginava qual seria a reação dos Weasley em relação ao seu namoro com Gina.
- Não é nada disso que você está pensando Gui. Eu... eu... não...
Neste momento Gui e Lupin começaram a rir.
- Deixe de ser bobo Harry. Você achou que eu ficaria bravo por você ter namorado minha irmã? Só gostaria de saber por que vocês acabaram tudo. Aliás, até onde estou sabendo, foi você que terminou.
- É pro bem dela Gui. Não suportaria ver Voldemort tentar me atingir através de Gina. Só quero protegê-la.
- Ora Harry, você não deve se afastar das pessoas por causa de Voldemort. – disse Lupin – você sabe que só o amor pode derrotar as trevas. – completou enigmaticamente.
- Bem Harry, não vamos falar mais disso agora. Mas quanto ao casamento gostaria que você fosse. Consideramos você um membro da família Weasley. Se você não for como meu cunhado, condição que confesso, estava gostando muito, gostaria que você fosse como meu irmão. Não falo por Percy, o imbecil. Mas quanto aos outros e a mim, é assim que te consideramos.
Harry ficou tocado com o que Gui falou. Apenas acenou com a cabeça e sorriu para os dois amigos. Os Durleys estavam estupefatos com o que ouviram. Não imaginavam que Harry era tão querido assim.
Harry olhou para Lupin, pensou um pouco de disse:
- Falando em casamentos, como vai a Tonks Remo?
Lupin corou como nunca Harry havia visto.
- Você é igual ao seu pai, Harry. Só ele conseguia me deixar tão encabulado. Mas respondendo à sua pergunta, vai muito bem. E antes que você pergunte, sim. Estamos namorando. – completou com um sorriso radiante.
- Mas essa notícia é ótima! Fico muito feliz por vocês.
- Obrigado Harry. É bom saber que você gostou. – disse Lupin. – Bem senhor e senhora Dursley, esta não é apenas uma visita para ver como Harry está. Na realidade o motivo é bem mais sério. Creio que os senhores já sabem o que acontecerá no aniversário de Harry.
- É sobre a proteção que Dumbledore lançou sobre esta casa? – perguntou Petúnia.
- Sim. Não temos muita noção de como Dumbledore invocou esta proteção. Só sabemos que é uma magia muito antiga que não conhecemos.
- Como assim, não conhecem o que aquele tal de Dumbledore fez? – interrompeu Valter. – Afinal, vocês são ou não são bruxos?
- Acontece Sr. Dursley – disse Gui – que apesar de sermos bruxos, é praticamente impossível de se conhecer todo tipo de magia que exista. Mesmo Dumbledore sendo o gênio que era, afirmo tranquilamente que até ele não conhecia todo tipo de magia.
- Gênio? – desdenhou Valter – Um gênio que se deixou assassinar por um funcionário e impediu que este moleque o ajudasse?
No mesmo momento Harry e Gui levantaram das poltronas com as varinhas na mão.
- EU TE AVISEI – GRITOU HARRY – NUNCA FALE DE DUMBLEDORE DESTA FORMA.
O clima ficou pesado. A mesma brisa fria voltou a penetrar na sala. Gui que havia levantado para lançar um feitiço em Valter olhou assustado para Harry e depois para Lupin. Valter ficou totalmente pálido ao notar a expressão fria no rosto do sobrinho. Lupin se adiantou até Harry e tocou seu ombro. Ao olhar quem estava do seu lado, Harry foi aos poucos voltando ao normal.
- Desculpe-me. Não sei o que está acontecendo comigo.
- Não se preocupe. Mas tente controlar seus poderes. Você não quer que nada de ruim aconteça.
- Não, claro que não. Mas não suporto ouvir ele falar assim de Dumbledore. – disse Harry fazendo um meneio de cabeça em direção a seu tio.
- Seu tio vai parar com isto. Acho apenas que ele não tem ciência da falta que Alvo está fazendo. Vamos nos sentar. Como estava dizendo antes, o objetivo desta visita diz respeito ao fim da proteção. Gostaríamos de pedir permissão para que fiquemos aqui até o aniversário de Harry.
- O QUE? – gritou Valter.
- Por favor, Valter, pare com os escândalos! – Petúnia falou de sua poltrona. – Por que vocês querem ficar aqui?
- Por medida de segurança Sra. Dursley. Não sabemos se Aquele-que-não-deve-ser-nomeados vai tentar atacar de imediato, pois não sabemos se ele está a par de que a proteção cessa quando Harry chegar a maioridade.
- Mas por que duas semanas antes? Não bastava que vocês viessem na véspera? – perguntou Valter já pensando em como seria ter dois bruxos adultos em casa.
- Para podermos vigiar se os comensais não estão rondando a casa. – disse Lupin. – Mas não precisa se preocupar conosco. Faremos o máximo para não incomodar vocês.
- Bem, se é para a segurança de Harry tudo bem.
- Petúnia! O que você está fazendo?
- Acalme-se Valter. Depois nós conversamos.
Lupin levantou-se.
- Mais uma coisa. Gostaria que os senhores nos dessem permissão para aparatar aqui dentro de sua casa.
- Aparatar? – perguntou Valter. – Que diabos é isto?
- É uma maneira de bruxos se locomoverem. Como posso dizer... bem, a gente simplesmente aparece e desaparece. – disse Gui.
- Nós estamos pedindo isto por uma questão de educação Sr. Dursley.
- Educação? Aparecer e desaparecer dentro de minha casa quando quiserem e ainda falam que é por educação?
- Sim. – quem falou agora foi Harry – pois aparatar dentro de uma residência sem ser convidado seria o mesmo que abrir a porta de entrada na base de pontapés.
- E além do mais, nós vamos aparatar e desaparatar com ou sem a sua permissão. – finalizou Lupin com um pequeno sorriso.
- É o cúmulo! Não tenho autoridade nem em minha própria casa.
- Muito bem Harry, mostre-nos o seu quarto. Iremos aparatar lá dentro.
Os três deixaram os Dursley na sala e foram para o quarto de Harry. Ao fechar a porta virou-se para os amigos e disse:
- Nem acredito que vocês ficarão aqui durante estes dias. Será muito bom.
- Bem Harry, confesso que estou muito feliz também. Mas na realidade estaremos revezando. Temos outras coisas a fazer. – disse Lupin.
- Tudo bem Remo. Fico muito feliz que vocês fiquem aqui comigo.
- Remo, acho que devemos ir. Amanhã eu volto Harry. Vá pensando em alguma coisa para fazermos, OK? - disse Gui dando um tapinha no braço de Harry.
- Isto mesmo. Amanhã Gui estará aqui, depois eu venho. Acompanhe-nos até a porta Harry. Vamos nos despedir de seus tios.
- Mas por que vocês não desaparatam?
- Por que se tiver alguém vigiando a casa, vai ver que saímos sem usar magia, portanto não estamos fazendo nada escondido, entendeu? – disse Gui dando uma piscadela.
Ao chegarem na sala, os Dursley ainda estavam sentados.
- Bom, até mais então. – disse Lupin – espero que não tenhamos causado nenhum transtorno. Tenham um bom dia.
Gui deu apenas um aceno de cabeça e acompanhou Lupin. Ao chegarem do lado de fora se despediram de Harry e desaparataram. Harry fechou a porta e subiu para o quarto. Se eles fossem ficar ali era melhor dar uma arrumada em tudo. Pegou todo seu material escolar e colocou no malão. Tirou a gaiola de Edwiges de cima da escrivaninha para dar uma limpada. Depois ficou pensando: Será que eles vão dormir aqui? - pois só havia uma cama no quarto. Pensando bem, isto não seria problema para Gui ou Lupin. Eles dariam um jeito. Depois que arrumou tudo desceu para almoçar. Nem Tio Valter, nem Tia Petúnia disseram nada a respeito da visita inesperada. O que Harry não sabia, era que os Dursley já haviam conversado quando eles subiram para o quarto.


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E aí galera!!! Está meio sem ação, más é que está só começando. Prometo que no próximo vai ter alguns duelos. Por favor comentem, nem que seja pra falar que eu estou no lugar errado. RSRSRS

Abração e até mais

Rúbeo

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