Caindo a máscara



Passaram-se cinco maravilhosos anos, e Hermione, Harry e os amigos já tinham terminado a escola.

Ambos seguiram caminhos diferentes, e poucos continuaram se falando...

Rony seguiu com a tão sonhada carreira de auror, e continuava lutando contra tempos difíceis, tendo conseguido um cargo no alto escalão do Ministério, agora liderado por ninguém mais, ninguém menos, que seu pai, Arthur Weasley, o novo Ministro da Magia. Gina, casou-se com Draco Malfoy e seu primeiro filho tinha sete anos. Seu nome era Tom, era igualzinho ao pai, tendo o cabelo ruivinho dos Weasley, e o gênio de ambos os pais. Draco cuidava dos negócios da família, tendo grande influência no ministério. Trabalhava no departamento de mistérios, nos casos mais assombrosos e embaraçados, que em último recurso vinham parar em sua mão, e Gina, vivia para cuidar de Tom e do marido, tendo uma vez tentado trabalhar na loja de logros dos irmãos, mas não dando muito certo: A cada passo que dava as coisas caíam da prateleira, mas ainda assim era feliz com a vida que tinha.

Ainda era grande amiga de Hermione e Victorya, o trio inseparável. Hermione e Victorya moravam na mesma mansão, tendo Victorya ajudado a criar a filha de Mione e Harry, que não sabia da existência da menina, tendo sumido pelo mundo, viajando e jogando quadribol. Realmente, o melhor apanhador do século, “mas só apanhador” , como dizia Vicky, quando estava com raiva.

As duas ao saírem da escola, abriram concorrência com o Profeta Diário, tendo conseguido emplacar, inicialmente com o jornal e logo se expandindo em um grande grupo, tendo várias revistas espalhadas pelo mundo afora. Eram empresárias e investidoras de sucesso, tendo como seu único segredo, Amelia, sua fonte de inspiração e a alegria da casa.

Mya era sem sombra de dúvida, Harry em forma de menina. Tinha apenas quatro anos, fruto do amor “extinto”, de Harry e Hermione, que ao receberem a notícia de que Harry conseguira entrar em um grande time como titular, Hermione inventara uma história de que tinha o traído, acabando com o relacionamento e começando uma nova vida, ao lado de sua aventureira amiga Victorya, que namorava Thomas, outrora “babá” dela, uma vez que sua mãe tinha o contratado para cuidar de sua filha “que não batia muito bem da cabeça”. Thomas era formado em Relações Trouxas, e trabalhava em ambos os mundos. Trabalhava como detetive entre os trouxas, e como auror, no mundo bruxo, tentando relacionar assassinatos e casos interligados.

Hermione nunca deixara ninguém cuidar de sua filha, a não ser ela mesma e Victorya. Nunca contratara uma babá e desde que a criança nascera, decidiu montar o escritório em casa, para cuidar da filha vinte e quatro horas por dia.

Thomas tinha um certo receio em realizar um grande desejo: Casar com Victorya. Ele não sabia como tentar fazer o pedido, e Hermione dizia a ele que se demorasse muito, ela ia acabar fazendo o pedido a ele. Ninguém resistia ao sorriso de Thomas, até mesmo, as melhores amigas de Victorya.

Hermione estava sentada em uma poltrona. Era final de semana, e eram raras às vezes que tinha tempo livre, e ainda mais naquele dia, que Mya tinha ido passear na casa da avó, mãe de Hermione. Nem mesmo Rony, sabia que Mya era filha de Harry. Apenas Vicky e Gina, que juraram que nunca iriam contar. O amigo desconfiava de que fosse do suposto outro, mas nunca tocara no assunto. Ele vivia pra cima e pra baixo com modelos louras e altas, estampado em várias revistas, ao lado dos belos monumentos.

Ao escutar um barulho, a mulher levantou do estofado de couro, pausou o DVD e foi ver o que estava acontecendo...

Quando Victorya entrou na sala, Hermione espiava pela janela, com uma expressão assustada e ao mesmo tempo ansiosa.

“Que fila é essa aí fora?”

“É impressionante como ‘a massa’ quer trabalhar com a gente! Você não acha? Temos um público muito diverso.”

“Ou eu sou muito burra ou então a sua forma de explicar foi muito complexa pra minha mente fechada.”

“Deixa que eu explico a você: Vejamos... Sabe aquele escritório no terceiro andar? Aquele escritório luxuoso e todo decorado, cheio de estofados e pinturas de autores tanto quanto exóticos, ao final do corredor?”

“O meu escritório.”

“Ahan. Era o seu escritório.” - disse em tom conclusivo e prático.

“Como?” - Hermione realmente não estava entendendo. O que aquele povo todo, que Victorya insistia em chamar de “massa”, tinha a ver com seu escritório?

“Você vai trabalhar fora a partir de agora e vai cuidar mais de você. Eu já comprei um novo escritório, fora, pra nós duas. Aliás, ele está lindo! Perfeito. Pesquisei sobre a numerologia do prédio e o número da sala e mandei pintar com cores vibrantes, pra dar tudo certo!”

“Mas e a Mya?” - Hermione fazia cara de descrente.

“Exatamente. A Mya já deve estar cansada de tanto olhar pra sua cara depois que sai de um dia ‘exaustivo’ da escolinha.”

“Vicky! Você está louca? Você tem que entender! A Mya precisa de mim! Ela só tem a mim e apenas tem cinco anos!...”

“Obrigada pela parte que me toca, e aliás, ela JÁ tem cinco anos.” - brincou, mas mesmo assim, um pouco chateada.

“Você sabe que eu não disse isso. Ela não conhece o pai...”

“O que não faz a menor diferença e não faz falta alguma, se tratando do traste do Harry.” - Vicky sabia que se Harry estivesse ali, seria o melhor pai do mundo, mas mesmo assim, adorava continuar o chamando de “traste.”

“Você sabe que o Harry não é culpado por ela não o conhecer.”

“Sei.”

“Então tire essa idéia maluca da cabeça.” - continuava em pé, de braços cruzados.

“Não, não vou tirar. Você vai trabalhar fora, vai ter mais disposição pra cuidar da sua filha, vai deixá-la com uma babá, que foi pra isso que eu mandei publicar no nosso jornal na seção de classificados, que estávamos precisando de uma babá.”

“Não vou deixar minha filha nas mãos de um estranho!”

“Que daqui há uma semana não será mais estranho.”

“Você não tem filho e não sabe com é se preocupar com uma, toda cheia de problemas, que não conhece o pai, e que tem pesadelos à noite com ele. Que apenas sabe que ele foi muito importante na vida da mãe dela e que é um astro de quadribol internacional! Você não sabe o que é ver seu filho doente, morrendo de febre, ou seu filho vir e pedir um abraço porque está com medo! E ainda mais: Ela não pode nem contar pra ninguém que sabe da existência do pai! Você sabe como a cabecinha dela deve ser confusa!?” - Hermione respondeu ríspida, seca e grossa.

Victorya cambaleou, e caiu no sofá de couro branco, logo atrás.

“Hermione, eu sei mais do que você imagina.” - disse em meio aos soluços.

Hermione depois de algum tempo se mancou e foi abraçar a amiga...

“Vicky! Desculpe, eu juro que não queria te fazer lembrar... Eu sei que foi uma barra, e te peço perdão. Eu não queria mesmo, é sério.” - tentou reparar. Ela não gostava de fazer Victorya chorar. V nunca era vista chorando, e quando era, isso era sinal de que estava realmente mal.

As duas ficaram por ali durante um bom tempo. A sala branca, coberta de plumas estava silenciosa, apenas cortado pelo choro estridente de Vicky. Era tão triste vê-la naquele estado, quando se lembrava de sua gravidez relâmpago...

A campainha começou a tocar incessantemente.

“YUUUUUAAAAAAAAAAAAAANNNNNNNNNNNN! ATENDA A PORTA!” - Hermione gritou para o mordomo.

“Sim madame.” - o mordomo careca e japinha espiou pela janela.

“Já abriu Yuan?” - Hermione continuava ao lado de Vicky. Estava sem paciência.

“Há um arrastão lá fora madame. Os bárbaros irão arrasar sua casa.”

“Faremos assim...” - Victorya levantou tomando uma decisão. - “Você abre a porta lateral, mande-as preencherem o formulário que eu deixei no hall, e manda a Marry e a Georgina encaminharem as moças ao escritório no terceiro andar. Nós vamos estar lá, ok?”

“Certamente madame, com toda certeza. Claro. Obviamente...”

“Vá logo Yuan!” - gritou Hermione. - “Eu adoro o Yuan, mas de vez em quando, viu? Enche!”

“É, eu sei. Vamos subir.”

***

No escritório...

“Toc, toc, toc!” - bateram na porta.

“Pode entrar.” - disse Hermione, sentada na cadeira. Observava Victorya, no momento, debruçada em pé, sobre a mesa.

“Bom dia.” - uma senhora de cabelos grisalhos, de salto alto e terninho cinza adentrou a sala.

“Olá. Sente-se por favor.” - Hermione indicou a cadeira.

“Pode entregar o formulário a mim.” - sorriu Victorya, com o rosto inchado.

“Bom, Sra.??” - Hermione apertou os olhos para a ficha. Não estava entendendo palavra alguma.

“Por favor, me chame de você. Meu nome é Rose Trottle.”

“E vejo aqui... Há uma grande lista de casas em que a senhora trabalhou.”

“Sim. Adoro crianças e todas elas me amam.” - disse quase sem flexionar a boca. Victorya prendeu o riso...

“Imagino que sim!” - disse Hermione, tentando ser simpática.

“Temos certeza disso.” - ironizou Vicky. - “A Senhora deixou telefone de contato?”

“Antes de tudo,...” - Hermione atropelou - “O que ‘você’ costuma fazer com as crianças no período em que cuida delas?”

A pergunta pegou a velha de surpresa.

“Bom, costumo dar aulas de francês, etiqueta e comportamento.”

Victorya ficou de boca aberta e com os olhos apertados.

“À crianças de cinco anos?”

“Nunca é cedo demais para aprender a como se comportar.”

“Ok. Ligaremos pra Senhora, caso seja necessário. Obrigada.” - Hermione sorriu bondosa.

As duas esperaram a velha sair para caírem na risada.

“O que uma criança faz com aulas de etiqueta?” - Hermione afundou-se na poltrona.

“Esse povo não tem mais o que fazer...”

Bateram novamente na porta, que estava semiaberta.

“Olá. Sente-se por favor.”

Uma mulher de cabelos cor de palha, até a cintura, de fios caprichosamente enrolados entrou na sala. Usava uma bolsa de couro de dragão, tingida de vermelho, que já estava descascando, uma blusa branca, que parecia ter sido cortada por ela mesma, deixando um grande decote, mostrando todo o colo, e uma saia de pele de cobra preta, curta e com uma pequena fenda de cada lado. A bota até o joelho também era vermelha...

Ela parecia maravilhada. Não conseguia nem falar...

“Eu não acredito! São vocês mesmo? Uau!” - ela deixou a bolsa cair no chão e quase tropeçou no salto.

Vicky deu um pequeno sorriso e acenou como miss.

“Eu sempre invejei o seu cabelo. Teve uma vez que cortei igualsinho, e minha irmã igual o da Senhora.” - dirigiu-se a Vicky e a Hermione, respectivamente.

“Que honra. O seu nome é?” - Hermione estendeu a mão.

“Ruth Thompson.” - os olhos verdes ofuscantes pareciam idolatrar a algum Deus.

“Tem alguma experiência Ruth?”

“Sinceramente?” - disse um pouco desanimada - “Não, mas eu juro que cuidarei da sua filha como se fosse minha. Sabe? Eu vim de muito longe pra fazer essa entrevista porque sempre gostei de vocês. Toda semana leio as colunas que você escreve nas revistas de moda! Suas dicas me ajudaram a arrumar um namorado.” - olhou agradecia a Victorya, que ficou encantada com o elogio. - “E entrei pra uma ONG para ajudar na proteção aos elfos desamparados! Tadinhos. Dá pena você encontra-los na rua pedindo emprego ‘sem remuneração’.”

Hermione não conseguiu esconder o orgulho.

“É muito bom ouvir isso.”

“Você disse que veio de muito longe?” - tomou Victorya.

“Sim. Sou americana.”

“Notei.” - Victorya a olhou de cima a baixo. - “Adorava morar na América por isso. Tinha calor humano, se é que me entende.”

“Tem onde ficar?” - Hermione perguntou sem jeito.

“Por enquanto estou com uma tia minha, mas está quase impossível ficar na casa dela. Ela tem seis filhas e dez netos e tem que cuidar deles durante o dia, e à noite trabalha como enfermeira no St. Mungus.”

“E se... Bem. Não digo que a vaga será sua, mas podemos arranjar um lugar pra você ficar, pelo menos até Hermione decidir quem contratar. Se não for você, do mesmo jeito vai ter um outro emprego. Eu prometo te ajudar, está bem?”

Hermione observava Victorya com certa admiração.

“Seria... Maravilhoso!” - a moça levantou. - “Não sei nem como agradecer!”

“Não precisa. Ficarei feliz em ajuda-la.”

Depois da choradeira, agradecimentos e reverências, a moça saiu, deixando as duas sozinhas novamente.

“Vicky...?”

“Sabe, Hermione. Eu aprendi essa lição na minha irmandade, e puxa vida! Sempre as pessoas nos elogiam, mas essa foi diferente! Ela é especial.”

“É. Ela é diferente... Acho que Mya ia gostar dela. Yuaaaaaannnnnnnnn!” - gritou.

Depois de alguns segundos.

“Sim madame.”

“Quantas faltam?”

“Cento e vinte e três senhora.”

“O QUÊ?”

“Quer que chame os seguranças, senhora?”

“Não é necessário Yuan. Pode ir, e chame a próxima.” - Vicky decidiu.

“Srta. Hutingdon, o Sr. Barker acabou de ligar e disse que está a caminho.”

“Obrigada Yuan.”

A porta da sala bateu novamente.

“Graças a Merlin, mais um para nos ajudar.” - Hermione estendeu os braços.

“Se ele quiser sair comigo, ou passar o resto do dia comigo, vai ter que nos ajudar muito!”

E a próxima entrou, só que era muito nova, tinha apenas treze anos.

E a próxima....

E a próxima...

E a próxima...

E a próxima...

E a próxima...

Muitos próximos depois...

A porta da sala se abriu, e por ela passou uma moça. Aparentava ser da mesma idade de Mione e Vicky, tinha os olhos azuis e os cantos da boca cortados. Estava com os olhos inchados e cheirava a perfume vulgar. O cabelo mal cuidado escorria pelas costas. Fios negros desciam à sua face, grudados ao suor da testa.

Tinha uma expressão triste e vaga, que lembrava muito bem uma pessoa...

“Lindsay???” - exclamaram Victorya e Hermione juntas.

“Posso me sentar?” - uma voz embargada saiu de sua boca.

Victorya levantou e fechou a porta.

“O que faz aqui? Como ousa pisar na minha casa?” - Victorya ficou de frente à moça.

“Eu fiquei sabendo de uma vaga que tinha aqui, como babá.” - Lindsay a ignorou.

Hermione não dizia nada.

“Porque está assim? Vestida desse jeito?”

“Suponho que a filha seja de Hermione, já que você Victorya, é estéril.”

“Sua vagab...”

“Victorya, CHEGA!” - Hermione a impediu de bater na cara de Lindsay. - “E você Lindsay? Veio aqui azucrinar minha vida e a vida da Vicky? O que você quer?”

“Eu quero um emprego.”

“Não. Você não quer um emprego. Você quer ver de perto tudo o que perdeu. Você jogou fora a sua chance e tem inveja de nós duas, que tivemos e temos tudo o que você não teve. Nós tivemos amor, temos dinheiro, temos amigos, somos bonitas e aparentamos ter a idade que temos, enquanto você está parecendo uma prostituta de esquina e com o corpo mutilado.”

“Eu tenho o corpo mutilado por SUA causa Victorya. Eu vim aqui pra tentar uma nova chance. Eu tive que casar com o Sean! Sabe aquele cara inútil que você jogou fora? Eu fiquei com aquele lixo e ele me jogou na rua! Eu era estuprada na minha própria casa e depois, meu pai não quis mais olhar na minha cara!”

“Por que o Sirius fez isso?” - Hermione perguntou.

“Porque eu sou um lixo. Porque eu estraguei minha vida. Porque deixei tudo pra trás, até mesmo os meus dois filhos que eu tive com o Sean, pra tentar recomeçar.”

“E você acha, que eu daria a minha filha pra você criar, sendo que nem dos próprios filhos você tem competência pra faze-lo?”

“Mas o Sean não me deixa vê-los.”

“Lutasse por eles!”

“Mas não tem como! Meu pai não quer me ajudar, e minha mãe está muito magoada comigo, e eu não tenho dinheiro pra nada!”

“É dinheiro que você quer?” - Victorya abriu a gaveta e pegou um talão de cheques.

“Não! Droga! Eu não quero que vocês se mostrem pra mim querendo dizer que venceram! Eu sei que sim. Eu errei demais nessa vida e não sou qualquer uma pra aceitar dinheiro de estranhos!”

“Não é qualquer uma?” - Victorya riu. - “Pra quem prefere ficar dando por aí ao invés de tomar vergonha na cara, e depois vir pedir ajuda pra gente que deu as costas há um bom tempo atrás, gente que era sua amiga! Melhor amiga! Eu era sua melhor amiga! E ainda diz que não é qualquer uma?”

“Não estou pedindo esmola! Estou pedindo um emprego!”

“Se é emprego que você quer, você vai ter.” - Hermione respondeu.

“O quê? Hermione! Você está louca? Perdeu o juízo?”

“Lindsay, pegue suas coisas e peça pro Yuan te mostrar os aposentos da casa. Você vai morar aqui com a gente e começa na segunda. Boa sorte e pode sair.”

“Obrigada.” - falou agradecida. - “Você não vai se arrepender.”

“Espero que não. Mas não se precipite. Falei que terá trabalho, mas não cuidando de minha filha.” - Hermione a observou sair.

“O QUE DEU NA SUA CABEÇA? ELA TE ODEIA! ELA ME ODEIA!”

“Ela precisa de ajuda! Ela mudou! Está tentando recomeçar direito. Além do que eu posso ajuda-la a resolver o caso das crianças. Eu e você.”

“Eu? Nunca vou ajudar essa mulher.”

“Você não, mas o Thomas, sim.”

A porta bateu novamente.

“Posso entrar?” - Thomas escancarou a porta e entrou com um sorriso sedutor nos lábios, que Hermione tanto delirava.

“Olá Thomas.” - ela retribuiu.

“O que houve meu amor? Que fila era essa aí fora?” - ele colocou sua pasta em cima da poltrona e foi logo beijar Vicky.

Ela desviou o rosto.

“Hermione?”

“É sobre isso que quero falar com você”.

“Eu fiz alguma coisa?”

“Não, mas vai fazer. Bom, é o seguinte: Você trabalha com advogados e trabalha como detetive e auror, então acho que pode me ajudar a encontrar Sean... Como é mesmo o sobrenome dele?”

“Fermon.” - Vicky respondeu desanimada.

“Tem relação com Mark Fermon?” - Thomas perguntou, tirando o paletó preto. Tinha acabado de chegar do escritório trouxa. A camisa branca marcava seus músculos definidos. Hermione tinha até vergonha da inveja que sentia da amiga.

“Tem! Como sabe?” - Victorya perguntou estranhamente interessada.

“Ele está sendo perseguido pelo Ministério. Não é caso de auror, mas arranjou uma grande confusão com os duendes do Gringotes. Tentou dar um desfalque nos baixinhos.”

“Quem é Mark, Vicky?”

“O irmão mais velho dele. O pai dele morreu há uns dois anos, pelo que tive notícias.”

“Mas o que desejam com esse homem?” - ele tomou pose profissional e sentou à frente de Hermione, passando a mão no queixo.

“Preciso que levante informações sobre falcatruas, desvios de dinheiro, conta bancária, qualquer passo em falso. Quero que me passe essas informações. Eu já tenho um jeito de ajudar uma amiga minha em uma ação contra esse canalha. Além do mais, posso mover montanhas e a imprensa cola nele.”

“Amiga?” - Victorya parecia não ter escutado bem.

“Vingança?”

“Talvez. Mas é por uma causa nobre.” - ela desviou o olhar. - “Ok. Vou os deixar a sós. Cuide bem de Vicky, ela está precisando. Vou ver se Yuan precisa de ajuda e vou ligar para a nova babá de Mya. Vicky, você venceu...”

A porta se fechou...

“Me conte. O que aconteceu meu amor?” - Thomas levantou e passou pelas costas de Vicky. Começou a mexer em seu cabelo e a soprar em sua nuca. - “Você precisa de uma massagem.” - sussurrou em seu ouvido.

“Vem aqui.” - ela o puxou devagar, para ficarem frente a frente.

“Fale.” - disse, passando a mão pelo rosto pálido e arredondado da namorada.

“Por que está comigo? Você é tão lindo e tão inteligente! Não acha que é desperdício ficar com uma pessoa como eu? Chata, irritante, mimada, cheia de crises!”

Ele apenas a mirou.

“O que está fazendo?”

“Tentando desenhar seu rosto na minha mente. Você faz uma carinha tão bonitinha quando me pergunta essas coisas.” - ele riu - “Eu respondo pra você: Você é a chata e a mimada que eu amo. Eu já tinha te dito isso? Eu te amo.”

Lágrimas correram por seu rosto...

“Por que está chorando? Não precisa dizer que me ama também. Se for preciso eu espero a vida toda.”

“Todas as vezes que alguém me disse isso, eu nunca consegui responder à altura. Eu tenho medo de magoar quem eu gosto, mas eu tenho mais certeza do que nunca, depois de cinco anos de namoro, que eu também te amo mais que tudo nesse mundo e nunca quero ficar longe de você. Você é muito especial pra mim e eu preciso de você. EU TE AMO!” - Vicky riu muito alto, somente se calando quando Thomas pousou seus lábios em cima dos dela. No que era inicialmente um beijo brando e cheio de amor, tornou-se um beijo apaixonado e línguas difusas em que queixos roçavam e fazia os corações baterem mais rápido. O calor da sala, tudo se confundia em profusão de cores vivas e alegres...

“Ela conseguiu!” - Hermione desceu as escadas gritando, e ao encontrar seu mordomo japonês, o abraçou feliz da vida.

Ela sabia que era feio escutar atrás da porta, mas sabia que um dia ou outro, Vicky iria entregar seu amor a alguém. Ninguém merecia ser mais feliz que sua melhor amiga, também, uma segunda mãe para Mya.

“Srta.?!” - Yuan assustou-se. - “Posso mandar Marry limpar seu escritório agora?”

“Não Yuan!” - respondeu sorridente - “Escute...” - ficaram em silêncio - coisas caíam no andar de cima. Os barulhos vinham do escritório de Hermione. - “Você já amou alguém Yuan?”

“Não madame. Minha vida eu dediquei aos patrões, e me agrada muito viver para a Senhora.” - completou rapidamente.

“Sabe que você é bonito Yuan?!”

“O que é isso madame?”

“É! Você devia sair mais! Viver. Azarar!”

“Não tenho tempo para isso madame.” - sorriu sem graça.

“Hummm... Quando eu te dei as últimas férias Yuan?”

“No meio do ano passado madame.”

“Ahh! Lembrei. Mas mesmo assim você trabalhou. Mya ficou doente e Victorya estava viajando para resolver nossos negócios.”

“Não reclamo madame.”

“Eu sei Yuan. Vou te dar um aumento Yuan. Aliás, vou contratar um ajudante pra você Yuan, assim pode ter seus fins de semana livres! O que acha?”

“Acho que não gosto da idéia madame.”

“Não Yuan?” - caminhou pelo corredor, o braço estendido nos ombros de Yuan.

“Gosto de cuidar da Srta. Mya, da Srta. Hutingdon e da Sra.”

“Notei que gosta de exclusividade. Hehe.”

“Srta., a moça que disse ser contratada por você está esperando na sala.” - Yuan aproximou-se mais de Hermione. - “A Srta. tem certeza de foi uma boa escolha?”

“Ela não será a babá Yuan. Será a governanta da casa, ou esqueceu-se que a D. Rose pediu dispensa para cuidar de sua filha, internada no St.Mungus?”

“Mas madame, se não se importa: A moça não tem uma postura hummm ‘decente’ para uma governanta.”

“Por isso mesmo preciso esperar até amanhã para conversar com Vicky.”

“Certo Srta., sem mais perguntas. Com licença.”

“Tchau Yuan.”

Hermione desceu até a sala de visitas.

“Lindsay?”

A moça levantou do sofá.

“Onde estão suas coisas?”

“Não tenho nada.” - lamentou-se. - “Providenciaremos. Venha comigo.”

Hermione subiu de elevador, junto a Lindsay, rumo ao terceiro andar.

“Vou te dar alguma roupa e amanhã sairemos com uma modista para mandar fazer roupas pra você. Roupas que combinem com seu cargo.”

“E qual será meu cargo?”

“Será a governanta da casa, uma espécie de secretária pra mim também, mas só trabalhará aqui. O Yuan irá te supervisionar. Sobre o salário conversaremos depois. Temos que conversar com Victorya, afinal, ela também sustenta essa casa.”

“Não tem problema algum...”

“Não se preocupe Lindsay. Eu tenho certeza de que conseguiremos. Acho que você viu um homem bonitão de terno passando pela sala?”

Lindsay riu.

“O homem mais bonito que já vi na minha vida. Bonito e educado.”

“É. Ele é namorado da Vicky e é auror e detetive também. Ele me prometeu ajudar no caso. Você vai conseguir seus filhos de volta e reconquistar seu pai.”

“A Victorya sempre conseguiu os mais bonitos. E sinceramente espero que dessa vez ela consiga...”

“Ela disse. Ela disse ‘Eu te amo’ hoje.”

Lindsay sorriu, o que pareceu, sinceramente.

“Apesar de ter dito aquelas coisas, eu sei que eu errei com ela. Fui horrível. Nós éramos amigas, ela era minha amiga e eu acabei tudo. O dia mais trágico da minha vida foi o último dia da escola. Não quero nem lembrar.”

Hermione ia saindo para abrir o closet.

“Lindsay. Eu acho que te devo desculpas. Seu nariz...”

“Não se preocupe. Esqueci as mágoas... Eu só queria fazer mais uma pergunta.”

“Faça.”

“A menina... Ela é filha do Harry?”

“Lindsay, acho que prefiro não falar sobre esse assunto. Por favor.”

“Tudo bem. Eu entendo...”

As duas permaneceram em silêncio. Hermione abriu o closet repleto de peças, do chão ao teto.

“Escolha a roupa que quiser.” - Hermione pegou um banco e sentou cruzando as pernas, desanimada.

“Como?”

“Pegue o suficiente para sobreviver até amanhã.” - Hermione brincou. - “Yuan vai te mostrar o que fazer durante o dia. Tenha paciência com ele. Não gosta de sangue novo na casa. Quer exclusividade.”

“Tudo bem.” - disse Lindsay sem jeito. - “Hermione, agradeço muito que está fazendo por mim.”

“Não é por você. É pelos seus filhos.” - ela olhou no relógio - “E por falar em filhos, a minha já deve estar chegando. Rony ficou de buscar minha filha na casa de meus pais.”

“Rony?” - perguntou interessada - “Ele e Norah ainda estão juntos?”

“Não. Norah voltou para os Estados Unidos. Ela é nossa sócia e dirige uma das revistas de moda.”

“Ahh.”

“Tome banho, vou pedir para Georgina arrumar seu quarto. Depois desça. Quero que conheça todo o pessoal que trabalha na casa e que conheça minha filha. Escolha também uma roupa social. Vamos receber alguns amigos para o jantar, eu e Vicky. Nada muito chique. Nada formal. Não se preocupe. Quero que esteja sentada à mesa conosco. Quero que se sinta à vontade.”

“Estarei lá.” - e assim, Hermione deixou Lindsay escolhendo a roupa. Tinha que organizar a festinha da noite.

***

Dando sete horas...

“Mooooooooooommyyyyyyy!” - Mya tinha acabado de chegar com Rony.

Hermione tinha sido chamada por Yuan, tinha acabado de tomar banho e mal terminara de secar o cabelo. Mais cedo, mandara uma coruja para o endereço de contato da babá americana. Ela já estava lá. Hermione arranjara roupas para ela e mandara preparar outro quarto, o ao lado do de sua filha.

“Linda! Mamãe estava morrendo de saudades, sabia?” - Hermione abaixou-se e ergueu a filha no ar. - “Eu amo você! Oi Ron!”

“Olá Hermione. Você está maravilhosa.” - Rony a elogiou e abraçou a amiga como pode, porque Mya também estava agarrando o pescoço da mãe.

“Mãe, hoje a vovó me deu esse jogo. Ela disse que era seu.”

“Nossa! Quanto tempo que eu não o via. Vai lá com o tio Thomas e a Mama Vicky, eles vão adorar o jogo.” - Victorya era a madrinha de Mya. - “Uau, Rony! Quem é essa moça tão linda?” - perguntou, referindo-se à loura ao lado do amigo.

“Obrigada pelo elogio. São seus olhos. Você é que é maravilhosa. Prazer, meu nome é Amanda. Mas se quiser pode me chamar de Mandy.”

“Prazer é o meu Amanda. Sintam-se à vontade.”

“Pode deixar, você e Victorya sabem que eu nunca me esqueço disso.”

“Sabemos Rony. Espero que Mya não tenha dado trabalho, Amanda.”

“Claro que não. Ela só nos fez cantar o caminho todo. Ela é uma graça.”

“Ela sempre faz isso. Bom, querem beber alguma coisa?”

“Um Martini.” - disse Amanda.

“Um Martini duplo.” - disse Rony.

“Uau! A noite nem começou Rony!” - Hermione riu. - “Yuan! Um Martini duplo e um simples!”

Os três seguiram à sala.

“Uau! Que gata enh Thomas! Tudo bem Vicky? Deslumbrante como sempre.”

“Galanteador como sempre, até mesmo acompanhado!” - Vicky levantou para cumprimentar Amanda.

“Esse não leva jeito mesmo. Eu desisto!” - brincou Amanda.

Victorya apresentou Thomas à Amanda e mandou-os sentar.

“Tia V, olha aqui o meu vestido novo.” - Mya sentou ao lado da madrinha.

“Que lindo, quem te deu? A mamãe?”

“Não, o tio Thomas.”

“Thomas, foi você?”

“Foi. Eu adoro crianças, você sabe disso.”

“Nunca pensaram em ter filhos?” - Amanda perguntou, deixando Vicky constrangida. - “Pelo visto, Thomas daria um ótimo pai.”

“Achamos muito cedo para isso.” - Thomas respondeu, tentando amenizar a situação.

Victorya ainda não tinha amadurecido a idéia.

“Olá!” - Hermione voltou à sala, trazendo os drinques.

“Mamãe, eu vi uma moça passar ali na copa.”

“Vamos conversar sobre essa moça. Yuan, chame Ruth e fale para ela vir aqui se possível agora.”

“Mãe, quem é Ruth?” - perguntou Mya, bagunçando os cabelos ruivos e lisos, e espichando os olhos verde-esmeralda.

Rony observava a menina. Não era por nada, mas o pai de Mya era ruivo desse jeito?

“Ruth é essa moça, que será sua nova amiga.”

“Olá Mya. Tudo bem?” - Ruth abaixou-se um pouco nervosa.

“Oi Ruth. Que cachinhos bonitos você tem.”

“Obrigada.” - agradeceu, olhando constrangida para os lados. Parecia nervosa só de estar ao lado de gente famosa e conhecida, e além de tudo, era um novo emprego e seu primeiro dia nele.

“Amiga mãe?”

“Sim. A mamãe, tem que trabalhar durante a semana, então, pra ter mais tempo livre pra Mya, a mamãe teve que chamar uma amiga, pra cuidar de você. Na verdade ela só vai brincar com você o dia todo. Mas também tem umas coisinhas chatas que eu explico direito pra você depois Ruth. Por exemplo: tem gente nessa casa que odeia escovar os dentinhos depois das refeições e antes de dormir, que faz chilique pra tomar banho, essas coisas...”

“É mãe. Eu falei pra Tia V pra ela escovar direitinho. Hehehehehe.”

Todos riram da cara de sapeca da garota.

“Tia V, né sua danadinha.” - Victorya fez cócegas na barriga da menina.

“Pode deixar que eu brigo com a tia V depois ta Mya?” - Thomas riu, abraçando a namorada.

“Tia Ruth, faz cachinho em mim?” - Mya agarrou Ruth pelas pernas.

“Não sei se sua mãe vai...”

“Pode ir Ruth. Quero que se conheçam e se entendam. Acho que já sabe onde fica o quarto dela. Eu as chamo para o jantar e aviso quando o Tom chegar, Mya.”

“Aquele chato vem?” - Mya reclamou.

“Você não gosta do Tom, Mya?” - Rony perguntou.

“Ele gosta de quebrar minhas varinhas que a mamãe compra pra mim, e come os doces que a Mama me trás.” - disse apontando pra Vicky.

“Essas crianças...” - Rony riu. - “Aliás Hermione, a Gina não comentou se vinha ou não...”

“É, mas ela me enviou uma coruja hoje de manhã. Vai vir umas oito horas. Ela, Draco e Tom.”

“Que bom que o Draco vai vir. Preciso tirar uma dúvida com ele.” - Thomas falou.

“Falar de trabalho em pleno sábado à noite? Me poupe Thomas.” - disse Vicky sem paciência.

“É importante, é sério.”

“Não liga não Thomas. Hoje ela está chateada e estressada com todos e principalmente comigo.” - Hermione disse entre goles em um copo de Vodca.

“O que houve para uma moça tão encantadora ficar tão chateada?” - Rony brincou, começando a deixar Amanda enciumada.

“Amanda, não se zangue. O Rony adora brincar, logo você se acostuma.” - Victorya disse à loura.

“Estou percebendo.” - se descontraiu. - “Sua casa é muito bonita. Parabéns.”

“Venha comigo, Rony me disse que você trabalha mais em campanhas publicitárias, do que na passarela?”

“Ahh, sim. Além de ser uma maior remuneração, não me exponho tanto. Mas agora estou fazendo um curso preparatório. Vou fazer uns testes... Quero ser paramédica.”

“Tenho umas novidades pra você. Venha comigo ao meu escritório. Com licença rapazes.” - Victorya deu um selinho em Thomas, e o deixou conversando com Rony e Hermione.

“Yuannnn!” - Hermione chamou o mordomo.

“Sim madame.”

“Chame Lindsay aqui por favor.”

“Sim, madame.” - disse a contragosto.

“Lindsay?” - Rony achou estranho. - “Que Lindsay?”

“Essa mesma que você está imaginando.” - Hermione disse significativamente ao amigo.

“A FILHA de Sirius?” - assustou-se.

“E sua hummm, amiguinha.” - Hermione respondeu, um pouco ríspida.

“Ciúmes Mione?”

“Ha.Ha.Ha. Faz-me rir.” - fez cara de nojo.

“Bem, eu não sou tão horrível assim.”

Thomas apenas ria das caras que Hermione fazia.

“Cale a boca Rony e tenta baixar esse nível de testosterona. Garanto que Amanda não está gostando nada, nada desta história, e pra falar a verdade, está ficando até chato. O Thomas sabe, eu sei, todo mundo que te conhece sabe que você brinca, mas quem não te conhece não faz idéia. Ainda mais agora que você parece estar começando realmente um relacionamento, o que é muito sensato da sua parte.”

“Mas eu tenho tanto amor pra dar! Você não faz idéia.” - piscou.

“E nem quero fazer.”

Enquanto os dois discutiam, como sempre, Lindsay entrou na sala de boca fechada. Parecia contida, e até mesmo envergonhada...

“Madame.” - Yuan torceu o nariz. - “Aqui está.” - e saiu andando rápido, como se estivesse se afastando de algo imundo.

“Ahh, olá Lindsay. Acho que conhece já o Thomas, e o Rony também.” - Hermione sorriu.

“É claro que sim.” - ela também sorriu para Rony, que ficou sentado, embasbacado, e afundando mais um pouco no sofá fofo.

“Mas que prazer em revê-la. Quanto tempo...” - finalmente se levantou e beijou a mão da moça.

“Pois é Rony, e acho melhor vocês conversarem depois, porque Amanda e Victorya já estão voltando, e garanto que não quero mais uma vez, presenciar uma crise de ciúmes na minha casa, como aconteceu com a tal da Sophia.” - Hermione tentou falar baixo, pois passos das outras duas, se aproximavam da sala. - “Sente-se aqui Lindsay. Será minha convidada hoje.” - Hermione indicou um lugar ao seu lado.

“Obrigada.” - ela sentou e cruzou as pernas, deixando parte da coxa à mostra.

Quando Victorya e Amanda entraram na sala, somente Vicky reparou que Thomas e Rony olham para um ponto incomum.

Ela ficou quieta, até sentar-se novamente ao lado do namorado.

“Não vai me dizer que nunca viu pernas de mulher na sua vida? Achava que tinha bom gosto.” - ela cruzou os braços, beliscando-o por trás, em seu braço.

“Está falando comigo? Auuu! Isso doeu.”

“Se a carapuça servir.”

“Venha comigo.” - ele levantou e a puxou consigo. - “Com licença, nós já voltamos.”

Eles seguiram pelo corredor e entraram na biblioteca. Thomas parecia sério e a guiava segurando seu braço com delicadeza.

“O que foi?” - Vicky perguntou.

“Pra que crise de ciúmes agora? Eu sou humano, sou homem e não estou morto. Eu estava olhando sim pras pernas daquela moça, mas e daí? Eu não estou com você? Eu te amo, droga, e não quero ver você triste pelos cantos. Eu não sei o porquê, mas sei que está assim por causa daquela mulher. Queria que você me explicasse e que confiasse em mim!”

Ela continuou de cara fechada.

“Você não me entende e ninguém me entende.”

“Você não é mais uma garota de dezesseis anos. Você é uma mulher feita, linda, cheia de vida, com uma carreira brilhante almejada por muitas garotas que sonham em ser como você.”

“Ela era minha melhor amiga e eu tenho raiva dela pelo o que ela fez com Hermione. Não gosto dela e achei uma traição enorme, Hermione a trazer para dentro de casa.”

“Hermione, pelo o que ela me explicou tem seus motivos. Não acho que ela esteja errada em aceitar ajudar aquela coitada.”

“É por aquela coitada que você e Rony estavam babando.”

“Ela não significa nada, Vicky.” - ele chegou mais próximo. - “Tira essa carinha triste do rosto. Não gosto de ver você assim.” - e mais perto. - “Senão eu acho que vou ter que fazer uma loucura pra deixar você mais feliz.” - ele a pegou pela cintura e a segurou pelas coxas, beijando seu pescoço de cima pra baixo.

“Pára Thomas. Temos que voltar.” - relutou - “Ta fazendo cócegas. Pára!” - agora gargalhava.

Ele a colocou no chão.

“Melhorou?” - ele também riu.

“Não. Vai melhorar mais tarde.” - ela sussurrou em seu ouvido, e saiu da sala escura, arrumando o cabelo.

Quando voltou à sala, Gina tinha acabado de chegar.

“Vicky! Que bom te ver! Tava com saudades.” - Gina quase pulou de alegria e foi abraçar a amiga. - “Você mudou seu cabelo! Assim está ótimo.”

“Você gostou?” - disse, jogando a cabeleira vermelha, lisa e repicada pro lado.

“Adorei. E o trabalho? Como está?”

“A gente ta agitando umas coisas novas por aí. Tomara que dê certo.”

“Tomara, Tom! Vem dar oi pra tia, anda!” - ela chamou o ruivo clone de Draco.

“Maninha! Tava com saudades. Nunca mais apareceu lá em casa.”

Era Draco. Ele estava diferente. Deixara o cabelo crescer e adotara um estilo mais rebelde.

“Eu também, mas prometo que a partir de agora eu escrevo pra você.” - riu, dando um beijo estalado em sua bochecha.

“Assim eu fico com ciúme!” - brincou Thomas.

“Não é necessário Thomas!" - disse Hermione, que vinha, puxada por Tom. - “Sempre foram como irmãos.”

Tom abraçou Vicky e depois pediu para a madrinha, Hermione, que o levasse pra brincar com Amelia.

“A irmã que eu nunca tive.” - piscou Draco.

“Garanto que sim.”

“Por que não nos sentamos?” - Vicky perguntou.

“Tenho uma idéia!” - Rony gritou do sofá. De longe era o mais animado.

“Qual?” - perguntou Vicky.

“Coloque uma música bem animada. Vamos dançar!”

“É pra isso que estamos aqui, pra nos divertir!” - apoiou Gina.

“Ok.” - Victorya seguiu até o som.

Uma música agitada tomou o ambiente.

Hermione, que vinha descendo, baixou a luz, pro clima ficar mais descontraído, e começou a dançar, puxando Gina por trás.

“E aí? Você e o Draco, como vão?”

“Tudo perfeito, só não uma coisa...” - disse desanimada.

“O que?” - as duas se afastaram um pouco.

“Muito trabalho. Ele tem que sair de madrugada, quase todas as noites pra resolver algumas coisas. É um saco! É sério.”

“Imagino.”

“E anda com ciúme de mim agora.”

“Ahn?”

“Sabe o Paul? Aquele rapaz que estudava comigo, e tal...”

“Sei! O médico do St.Mungus. O que tem ele?”

“Ele anda me escrevendo. Me chamou pra sair e tudo! Eu disse pro Draco que ele só queria me ver novamente, mas ele insiste em falar que o cara ta apaixonado por mim.”

“Hummm, eu sinceramente não achava que o seu casamento ia durar durar tanto, mas o Draco te ama! Eu não imaginava quanto.”

“E você? Namorando muito?” - a ruiva perguntou, mexendo no cabelo, agora ondulado.

“Não...”

“Hermione! Você não acha que está na hora de esquecer um pouco o Harry, não?” - perguntou, baixando o tom da voz.

“Bom... na verdade, tem um cara. O Nicky, ele trabalha comigo. A gente marcou de sair semana que vêm.”

“Uau! Hermione tirando o cinto de castidade! Huahuahauahauhauahau.”

“Engraçadinha. Não vou sair dando por aí!” - as duas riram, só sendo interrompidas por Lindsay.

Gina parecia ter visto um fantasma.

“Lindsay?” - disse, arregalando os olhos.

“Olá Gina. Tudo bem?”

Gina parecia ter tomado a mesma postura de Victorya.

“Tudo. Com licença Hermione, vou ali falar com a V.” - e saiu andando, arrastando o vestido longo de cetim negro no chão.

“Ela parece não ter gostado muito de me ver também.”

“É Lindsay. Vai demorar um pouco, mas as duas entendem. O que queria?” - perguntou penalizada.

“Eu estou com dor de cabeça. Gostaria de ir para o quarto... Acho que também, ninguém me quer aqui, e é uma festa para amigos. Eu não me incluo nesse círculo, se é que me entende...” - o fez sensata.

“Entendo. Por mim tudo bem. Amanhã conversaremos. Boa noite! E se quiser comer qualquer coisa durante a noite, não se contenha e desça.”

“Obrigada Hermione.”

Ela saiu da sala e subiu as escadas, solitária.

Hermione se voltou ao grupo dançando freneticamente. De repente fez-se um estalo e a luza apagou. Não se escutava mais o som da música, e sim, gritos do quarto onde estavam as crianças.

“MÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAEEEEEEEEEEEEEEEEE!” - Mya e Tom começaram a gritar no andar de cima.

Hermione apalpou a roupa, tentando sentir onde tinha colocado sua varinha. Draco foi mais rápido e a acendeu rapidamente.

“Mas o que foi que houve?” - ouviu-se uma voz mais ao fundo. Era de Amanda.

“Ai Rony! Você pisou no meu pé.” - era a voz de Gina. Parecia irritada. - “Black-out, Hermione?” - perguntou Gina, num tom estranho de voz.

“Desculpe.” - Rony parecia alterado demais pra falar alguma coisa.

“Não, acho que foi local.” - disse com medo aparente.

“Que saco! Odeio quando acontecem essas coisas! Nessas horas, as velas de Hogwarts seriam tão bem vindas.” - disse Victorya, irritadiça.

Somente Thomas não dissera nada.

De repente, a luz foi começando a voltar. Uma luz diferente, morna, rosada. E uma música lenta tocando ao fundo. Era uma coisa mágica, e a música parecia fazer flutuar, de forma a parecer entrar e passar pelo corpo todo. Era estranho. Ninguém parecia ter reagido à escuridão, somente as crianças. Aliás, agora todos pareciam sorrir e olhar para os lados, encantados.

Hermione abraçou a si mesma, esfregando as mãos nos braços pálidos. Ela sorria radiante a Victorya, que parecia ser a única confusa.

A luz vinha da varinha de Thomas, que seguia lentamente em direção à namorada.

“O que está aconte...?” - ela parou no meio da pergunta. Thomas ajoelhou á sua frente, fazendo-a rir, e ao mesmo tempo, uma lágrima correr pelo canto de sua bochecha.

“Vicky, por tudo o que é mais puro na nossa relação. Pelo céu, a Terra. Pelos nossos amigos e por nós. Você sabe que eu te amo, e sem dúvida nenhuma sei que você também me ama. Há cinco anos que nós estamos namorando sério, e eu no começo achava que não fosse dar certo, por sermos tão diferentes em tudo. Na idade, no jeito de ser, por você ser tão estouradinha de vez em quando... Você me provou que tudo o que eu achava era uma grande bobagem e me mostrou que eu podia e posso ser feliz ao seu lado. Me mostrou o quanto você é linda também por dentro, por mais que não queira parecer ser, e que não é uma rocha, como todo mundo acha, sendo tão frágil e tão vulnerável, que a única vontade que dá, é pegar você e dar carinho, cuidar. Eu quero acordar todos os dias e ter você, te amar, te fazer feliz pela vida toda. E é por isso tudo, e muito mais, que eu te peço, por favor,” - Vicky agora chorava mais do que nunca. Gina agarrara Draco, que abraçava a mulher pela cintura; e Amanda, Rony. Hermione apenas observava vagamente os casais, sentindo um vazio enorme no peito. - “aceita casar comigo?” - Thomas parecia tenso e nervoso. Ela hoje, teria que dizer sim, de qualquer jeito.

Ela já tinha tentado de vários modos, mas nunca conseguira tanto impacto.

“Eu lembro que no dia em que eu te conheci, eu estava muito mal. Eu até falei pra Gina, que quando eu tropecei em você, eu escutei uma música dentro de mim, e eu sabia que era você, por mais que fosse impossível, encontra-lo de novo, em meio àquela multidão.” - Victorya ia falando e as lágrimas rolando, deixando Thomas mais nervoso.- “Eu lembro que levei um susto enorme, quando você sentou ao meu lado, e estava chovendo, e você me olhou com seus lindos olhos azuis e falou pra mim que era do Ministério. Eu fiquei tão nervosa que tava a ponto de bater em você, mas pela primeira vez na vida eu fiquei nervosa daquele jeito e envergonhada na frente de um homem. Eu disse que estava com frio e que ia voltar à escola, mas você fez questão de perguntar meu nome. Não sei se pra disfarçar, ou se já estava rolando alguma coisa. Eu voltei pra dentro do castelo com uma vontade enorme de chorar, pelo que tinha feito, e quando você me viu, na manhã seguinte eu achava que de alguma forma você estava mexendo comigo, talvez eu achasse que você me incomodava. Eu enfrentei você e quando eu atravessei aquela barreira, eu sabia que ia começar uma vida nova.” - Gina ria silenciosamente lembrando de alguns momentos das duas juntas, andando pelos corredores de Hogwarts. - “Foi engraçado quando você foi lá em casa, pegar o resto do pagamento com meu pai. Ele nem estava lá, somente eu e a empregada, então, eu fiz questão de descer as escadas, de toalha, somente de toalha, e você ficou envergonhado! A partir daquele dia eu decidi que você seria o mais difícil e mais gostoso desafio da minha vida, e eu ia me deixar levar, não colocando o braço entre meu corpo tentando amortecer a queda, pra não me machucar.” - Ela passou os dedos delicadamente pelo rosto de Thomas. - “É por isso que é claro que eu aceito me casar com você.” - enfim, Thomas soltou o ar que estava prendendo dentro de seus pulmões, levantou e a beijou longamente.

O pessoal aplaudiu e começou a zoar, até a luz voltar completamente e as crianças, Ruth, as duas empregadas e Lindsay, chegarem á sala, para ver se tinha acontecido alguma coisa.

Thomas tirou um anel de brilhantes de dentro de uma caixinha aveludada.

“Espere um pouco!” - Draco interrompeu. - “Primeiro você peça a mão dele a mim, que sou o ‘guardião’ dela, depois você aproveita.” - brincou.

Todos riram.

“Tio Thomas, você vai casar com, a Tia V?” - Amelia puxou a calça de Thomas.

“Se seu tio Draco conceder a mão dela, sim.” - disse sorrindo.

“Então Draco? Dá ou não?” - Gina olhou em seus olhos.

“Pode ser. Eu deixo sim.” - Victorya ficou ao seu lado e deu um beijo em sua bochecha.

“Obrigada, maninho.”

Thomas pegou o anel, e colocou no dedo de Vicky, que já estava com a mão esticada. Logo, ela também pegou o dele, e também colocou em seu dedo.

Mya foi abraçar a mãe, que estava aos prantos.

“Porque está chorando, mãe?”

“Não posso ver essas coisas, que começo a chorar.” - disse soluçando.

“O Tio Thomas vem morar com a gente?” - perguntou fazendo festa.

“Não. O Tio Thomas e a Tia Vicky vão morar em outra casa.” - respondeu Thomas.

“É? Eu não sabia.” - Victorya parecia feliz, mas chocada. - “E aonde vamos?”

“Já estou vendo isso. Mas garanto que você vai gostar.” - piscou, deixando o mistério no ar.

“Eu não quero que vão embora. Quero que fiquem!” - Hermione levantou, também assustada. Nunca se vira morando somente com a filha, e sim, com Vicky, que sempre a apoiara.

“Depois conversaremos, eu sei que sou linda, e tudo mais, mas tem Victorya pra todo mundo.”

“Madame!” - Yuan chamou Hermione. - “Quer que eu traga champagne?”

“É claro Yuan! Vamos comemorar!”

“Eba! Champagne!” - comemoraram Mya e Tom.

“Negativo! Sr. Tom Malfoy Weasley, você é novo demais e pirralhinho demais pra tomar champagne. Isso é pra adulto.” - Gina abaixou-se e deu um beijo no filho. A cada dia, seu jeito com Tom era mais parecido com o de sua mãe.

“Papai? Vamos negociar.” - o ruivinho falou, piscando os olhos acinzentados e metendo as mãos nos bolsos procurando alguma coisa.

Draco o ergueu do chão.

“Hoje não tem negociação. Sua mãe está certa. Vocês dois são pequenos demais.”

Tom começou a fazer chilique e a dar soquinhos no pai.

“Tom, isso é feio.” - Gina disse séria, e o tirando do colo do pai. - “Peça desculpas.”

“Desculpa.” - ele baixou os olhos e foi sentar no sofá, de cara emburrada.

“Mamãe. To com fome.” - Mya também sentou no sofá, mas não estava de cara emburrada. Parecia até feliz, por ver Tom daquele jeito.

“Você mima demais ele Draco. Nisso ele puxou a você.” - Gina disse ao marido.

“E quem é a cabeça dura da casa? Você.” - começaram a discutir, como de praxe.

Logo o mordomo serviu a bebida e todos brindaram.

A noite continuou, mas quase sem surpresas. Rony mais uma vez exagerara na bebida. Parecia estar seguindo o caminho de Mundungo, e mais uma vez Gina discutira com Draco, persistindo no mesmo assunto torturante: Mark.

“Você parece que não cresce! Não vê que isso é uma besteira Draco!” - Gina já tinha chegado em casa, e colocado Tom pra dormir.

“Não quero falar mais nisso. Você não vai sair com amigo nenhum e não adiante insistir.” - disse em tom conclusivo.

“A é? Vamos ver! Você não manda em mim! E você tem medo do que? Que eu me separe de você? Não vai ser a primeira, mas a última vez que tocamos no assunto. E você sabe disso.”

“Não Gina. Não faça isso, por favor, não quero que vá embora, eu só quero que continuemos bem, poxa! Nós nos amamos, se esqueceu?” - parecia o filho, cruzando os braços, de pirraça, mais cedo.

“Não.” - respondeu quase cedendo. Já não tinham mais o que falar, de tanto que tinham brigado na casa das amigas.

Um continuava não olhando pra cara do outro. A casa estava estranhamente vazia e silenciosa. Narcisa parecia ter saído depois deles.

Narcisa continuava parecendo uma perua, mas muito mais simpática do que antigamente. Era uma boa sogra e sempre ajudara Gina, principalmente em quando se tratava do neto, que ela realmente amava muito. Vivia a cada semana com um novo namorado. O dessa semana, não era diferente dos outros: um rapaz de mais ou menos uns vinte e dois anos, musculoso, moreno e muito simpático, que fazia todas as suas vontades.

“Vou dormir.” - ela falou, e seguia decidida para a escada de carpete vermelho.

“Que bom que tomou uma atitude sensata. Vou com você.” - ia subindo as escadas.

“Quem te disse isso?” - parou no meio da escada com um sorriso vingativo nos lábios.

“Como?”

“EU vou dormir na MINHA cama e no MEU quarto. Você, eu não sei.” - disse com desprezo fingido.

“Eu também vou dormir no meu quarto.”

“Não vai não. Vai dormir na sala ou com os elfos. Tem também, outros quartos na casa. Não sei nem pra que casa tão grande.” - e seguiu decidida para o quarto.

“Mas, Gina!” - relutou cansado, não conseguindo nada, a não ser escutar o batido da porta do quarto próximo à escada.

Draco, desanimado, ficou lá embaixo mesmo. Foi para a biblioteca ler alguma coisa, e tentar trabalhar um pouco, mas... nada. Odiava brigar com a mulher. Ao olhar dos outros, seu casamento era um mar de rosas... Talvez tivesse sido melhor, esperar mais um tempo. Talvez tivesse sido uma decisão prematura.

A leitura foi cansando seus olhos... Definitivamente não conseguia se concentrar. Noites difíceis passava naquela biblioteca, quando Gina resolvia o expulsar do quarto. Mas brigar sempre tinha suas recompensas... O dia seguinte era sempre muito bom.

******************************************************************

Estava em Nova York, viera descansar para a próxima temporada de quadribol. Descansar em Nova York? Que piada! Um barulho infernal, vizinhos tão chatos quanto, além de ter que conter seus hábitos mágicos. Tivera até que adquirir um celular, para não precisar usar magia o tempo todo.

Descansava na poltrona do quarto de hotel, no centro da cidade. Entre os trouxas enfim, não era conhecido, pelo menos assim não teria que ficar respondendo a perguntas angustiantes e cansativas.

O contrato já estava acabando, faltavam apenas poucos meses para parar de jogar quadribol. Não sabia o que iria fazer da vida. Tantos anos longe de tudo e de todos que o amavam o fazia se sentir sufocado entre a fumaça daquela cidade catastrófica. Nunca mais vira seu padrinho, nem seus amigos... Hermione, por que fizera aquilo com ele? Traí-lo na maior cara dura?

Tudo estava dando tão certo, e tudo o que queria no fim da adolescência era casar, ter filhos e construir um futuro com ela! Mas não, ela não queria. Tanto não quisera, que o apunhalou e engravidou de outro.

A única coisa que admitia ter pela mulher que o dispensara era nojo. Repugnava cada notícia de jornal que lia em que citavam o nome de Hermione Granger.

Rony também nunca mais tinha visto. Sabia vagamente que seu pai, Arthur era Ministro da Magia.

No dia seguinte finalmente estaria voltando para a Inglaterra, o que não significava voltar para sua antiga vida. Nada de ser chamado novamente por "O menino que sobreviveu". Não era mais menino, e sim um homem formado.

O celular tocou, o fazendo acordar de seus pensamentos depressivos.

Levou um susto ao olhar no relógio e ver que já era uma hora da manhã. Quem seria àquela hora?

"Alo?"

"Harry?" - soou uma voz conhecida.

"Não pode ser..." - pensou - "Fala. Conseguiu?"

"Digamos que sim." - soou vaga - "Não enviei uma coruja nem apareci na lareira pois poderia ser perigoso, e além de tudo, não sei se aí tem lareira e a coruja ia demorar muito."

"Que bom que aprendeu a usar um telefone." - disse sarcástico.

A voz do outro lado da linha transpunha nervosismo.

"Estou te ajudando pois você está me pagando, não é minha obrigação ficar escutando desaforo seu."

"E nós sabemos que eu nem precisaria estar pagando a você. Eu posso ajudar em tudo o que precisar. Tudo mesmo..."

"Ok, ok Sr. Todo poderoso. Quando vai voltar?"

"Já com saudades de mim?"

"Não estou de brincadeira. Estou num orelhão, a rua está deserta, morrendo de frio. Ainda tenho que trabalhar hoje, esqueceu?"

Harry riu. - "Ok. Volto amanhã. Entro em contato com você quando chegar."

"Certo, estou esperando. Tchau."

"Me aguarde, vou te enviar também uma surpresinha bem de madrugada. Não te deram educação não? Você teve sorte de que não estava dormindo."

"É o meu único horário."

"Quando não está humm... digamos, trabalhando, como você diz. Acha que isso é emprego?"

"Olha aqui, não sou obrigada a ceder a esse tipo de humilhação."

"Humilhação? Isso o que você faz é humilhação. É se rebaixar." - Harry o fez sem compaixão.

"E vamos, me diga? Quem você acha um exemplo de caráter e boa conduta? Hermione Granger? Vamos lá Harry Potter! Diga! Garanto que sua adorada Hermione adorou àquela noite especial em que você foi chifrado."

"Olha aqui s... Eu já disse também, que se não me ajudar a descobrir o que eu quero, você não será reconhecida nem por um cachorro, entendeu bem?"

"Você não era assim..."

"Não te perguntei, boa noite e bom TRABALHO!" - desligou o telefone na cara da outra pessoa.

Não gostava quando tocavam no assunto Hermione e em qualquer outro assunto ligado ao seu passado. A vida era dele, só dele e de mais ninguém.

******************************************************************

Se não fosse pela ressaca, Hermione diria que a noite tinha sido perfeita. Não era à toa que estava com dor de cabeça... Quando acordara, uma coruja bicava sua testa, marcando-a com uma curva. Já estava bem dolorida, e a coruja das torres, não parava de chiar...

“O que foi corujinha?” - Hermione ainda arrumava paciência, de onde? Ninguém sabia.

A coruja trazia no bico, um envelope negro. Letras prateadas diziam ser da Profª McGonagall.

“McGonagall?” - estranhou Hermione. Há anos que não falava com a professora. Talvez a última vez tenha sido em sua formatura.

Hermione, porém, riu quando abriu o envelope. Era tudo o que precisava, uma festa de Halloween. Era um convite muito casual, mas a festa tinha certeza de que ia bombar.

Saiu do quarto para falar com Victorya. Bateu várias vezes na porta do quarto, nada. Conseguiu abri-la com a varinha, mas constatou de que a amiga não estava lá.

Correu para o escritório, provavelmente estaria lá trabalhando. Trabalhar era sua vida. Hermione tentava imaginar quando a amiga arranjaria tempo pra pensar em casamento. Ao entrar no escritório, uma Victorya com olheiras profundas sorriu levemente aérea para Hermione.

“Eu não acredito, você trabalhou a noite toda? Está com olheiras enormes!”.

Victorya conjurou um espelho.

“É. Estou vendo.”

“Veja!” - Hermione estendeu o convite. - “Uma festa daqui há duas semanas! Não é demais?”

“É na semana do meu aniversário. É. Acho que vai ser legal sim, mas acho que...”

“Acha que...?”

“Acho que não vou.”

“Como não vai? É claro que vai. Eu te arrasto. Você precisa sair! Você nunca sai! Não sei como não surta!”

“Olha quem fala.”

Ao longe, Hermione viu, de sua poltrona, uma coruja vindo em direção à janela do escritório.

“O Profeta Dominical?” - exclamou estranhando.

As duas não assinavam o Profeta.

A coruja entrou pela janela e não esperou, como de costume, os dois nuques.

A ave pousou o jornal no colo de Hermione, enquanto Victorya suspirava desesperada olhando para os relatórios à sua mesa.

Hermione abriu o jornal e viu uma manchete da festa de Halloween, que ia ser dada em Hogwarts e aberta aos jornalistas. Imaginou o que Dumbledore queria com aquilo. A manchete anunciava uma grande surpresa para a festa. O que seria, até Hermione ficou curiosa. Logo, em outra página, uma manchete se intitulada: “Hermione Granger: Uma mulher bem sucedida ou uma verdadeira destruidora de lares?”, tinha como subtítulo: “Greg Lavigne abre o jogo para o Profeta, e desmascara Hermione Granger, ele afirma: ‘A menina não é minha filha e Hermione é uma grande farsante.’”

Hermione riu ao ler, e sua boca ia ficando mais escancarada a cada letra que assimilava.

“O que você encontrou nesse lixo? Agora há seção de piadas? A Rita não sabe mesmo o que fazer para chamar atenção.”

“Não! Huahuahuahaua, não é uma seção de piadas.” - ria deliberadamente. - “Escute só: ‘Há cinco anos, Hermione Granger, viúva Greg Lavigne, suposto pai de sua filha, abandonara seu grande caso e nosso saudoso herói Harry Potter fora apunhalado pelas costas. A notícia de que fora traído pela empresária do século, fez com que Harry seguisse com sua carreira internacional, como jogador de quadribol, e abandonasse sua pacata e curta carreira de auror, no Ministério da Magia britânico. [...] Greg afirma que Hermione o obrigou e o chantageou para assumir sua filha, e a mesma seria a única herdeira de seus milhões depositados em um dos cofres de Gringotes. A criança até hoje não sabe quem é seu verdadeiro pai, o que nos leva a chegar em uma seguinte conclusão: Será que a pequena menina, vítima da ambição da mãe, seria filha de Harry Potter?” - tomou fôlego. - “Agora me fale: Quem é Greg Lavigne?”

“Hermione, isso que a Rita fez é crime! É especulação! Calúnia e difamação! será que você não percebe que com isso nós vamos perder a credibilidade?”

“Não! Isso só prova o quanto ela é vulgar e precisa se rebaixar pra vender jornal.”

“Também, mas quem será esse Greg?”

“deve ser mais uma armação da Rita.”

“Não sei não, não sei não. Isso não ta me cheirando bem.”

“Não esquenta, a gente ainda ferra a Rita. Ela que nos aguarde.” - levantou e foi abraçar a amiga. - “Enquanto isso, vamos nos arrumar e ir ao Beco Diagonal.”

“Pra quê?”

“Vou retirar dinheiro.”

“Não precisa, é só enviar uma coruja com sua assinatura e eles te mandam a quantia. Pra que você quer?”

“Quero trocar para dinheiro trouxa. Vamos ao shopping e passar o dia todo fazendo compras. Seu aniversário está chegando e temos que comprar o enxoval do seu casamento e roupas para ir à festa.”

“Você tem uma reunião com o Conselho às cinco.”

“Tudo bem, eu desmarco.”

“Mas é importante.”

“Você é mais importante. Estou notando que está com problemas, e nada como bater perna e fazer umas comprinhas pra esquecer isso.”

“Não estou com problemas, mas estou com uma coisa na cabeça.”

“O quê?”

“Lindsay.”

“Ela mal chegou! Por favor, não comece a implicar.”

“Não é nada, eu só achei estranho vê-la despachar duas cartas de madrugada, sendo que ela 'não tem amigos' e 'todos a odeiam e a acham repugnante pela vida que levava.'”. - fez uma voz enjoada e imitou Lindsay falando.

“Você está insinuando que...?!”

“Isso mesmo. Ela tem a essa reportagem mal escrita e suja.”

“Como ela teria a ver Victorya, você às vezes fantasia demais!”

“E você é boazinha demais. Se fosse eu, averiguava.”

As duas foram interrompidas por Amelia, que adentrou a sala correndo, com um bicho de pelúcia nas mãos.

“Não é questão de ser boazinha... Oi amor. Dormiu bem?” - pegou a filha no colo.

“Sim mamãe. Bom dia tia V.” - jogou um beijo no ar. - “Mamãe, ela está doente?” - perguntou observando a tia tomar uma poção em um frasco de bolso.

“Não, não estou não fofinha. Só com dor de cabeça.”

“Amelia, o que você acha da gente sair e escolher um presente pra tia V? Enh? Só nós três?”

“Eba! Eu adoro ir ao Beco.”

“Mas hoje não vai ser no Beco. A gente vai ao shopping trouxa mesmo.”

“Eu vou pedir pra Ruth me ajudar a escolher uma roupa, ta?” - escorregou pela mesa e pulou ao chão. Saiu correndo, espevitada. Os passos corridos pelo corredor.

Hermione voltou-se à amiga.

“Anime-se! O dia só está começando!”

***

Duas semanas se passaram. À noite, seria a festa de Halloween, Hermione contemplava-se no espelho. O corpo escultural escondido por um escudo relutante que não permitia usa-lo para mais nada. Olhava-se no espelho, marcando cada ponto com as mãos e os olhos. Deparou-se com a esquecida tatuagem. Um H, não de Hermione, mas sim, de Harry, da época em que namoravam, quando fez dezessete anos e terminara a escola, ainda namorando Harry, ambos jurando amor eterno, cada um marcou uma parte do corpo com uma tatuagem. Nunca mais tinha pensado naquilo, muito menos lembrado. Nunca mais tivera tempo para pensar em si mesma.

A porta fora aberta, e Victorya entrou, trazendo dois vestidos. Resolvera de última hora que iria à festa para se distrair um pouco. Precisava disso.

“Esse ou esse?” - perguntou incerta.

Hermione continuou observando, como veio ao mundo, o tornozelo tatuado. Um H ainda reluzente, brilhava em prateado. A marca funcionava de forma que se o amor se acabasse, viraria apenas um esboço do que fora outrora. Agora estava prateada, nada comparada ao dourado do início, o que significava um amor adormecido e inacabado.

“Hermione!” - insistiu Victorya.

“Ahn?” - falou entorpecida e aérea.

“Esse ou esse?” - mostrou os dois vestidos. O preto era lascado até a coxa, marcava os pontos sexys do corpo, não era tão decotado e era de um tecido leve e liso, porém, tinha um certo brilho que se notava com a disponibilidade da luz. Já o outro era roxo, um decote lascado, de saia cumprida, todavia picotada: Um passo em falso e todos veriam até sua alma, dando um ar até mesmo bruxuleante.

“Oh! Desculpe. Ahnnn... O roxo.”

“Eu pensei a mesma coisa, sento um baile de Halloween e tudo mais, só que não tenho certeza se devo... Quero dizer, ele é muito chamativo. O Thomas...”

“Eu não acredito nisso! Victorya Hutingdon ligando para o que pensam dela e seu jeito de se vestir? Humm... Acho que vai chover canivete, é melhor levarmos escudos pra colocar na cabeça.” - riu, cobrindo-se com a toalha e indo fechar a porta, molhando todo o chão lustrado.

“Não é isso! É que ele vai estar lá...” - relutou com pesar.

“Você fica linda com esse vestido. Esse outro fechado não tem a ver com você. Eu sinceramente não sei o porquê disso. Você sabe que o Thomas não liga, e se ligasse eu seria a primeira a apóia-la a terminar o namoro.”

Victorya ainda parecia desanimada

“Você não está triste por isto, está?” - perguntou perspicaz.

“Eu não estou triste, apenas com a fada mordente atrás da orelha, se é que me entende.”

“Olha, não quero voltar a discutir com você sobre Lindsay...”

“Não tem nada a ver com Lindsay se quer saber.”

“Então...”

“Não estou segura. Me prender a alguém justamente agora que estou indo tão bem no meu trabalho? Isso é estranho, pois nunca me imaginei casando e com certeza vai ser a cena mais bizarra de toda a minha existência.”

“Olha Vicky, eu costumo pensar que a vida não é um filme, e sim é uma história que pode vir a ser um, mas eu acho que querendo, ou não você está escrevendo uma história, e agora vai uni-la à outra.” - ela pegou na mão de Vicky e as duas sentaram-se uma em frente à outra. - “O que estou querendo dizer é que você teve sorte de encontrar um homem tão perfeito. Ele é inteligente, bonito, desculpe-me mas é extremamente gostoso e todas queriam ter a sorte que você teve, e além de que é bem de vida financeiramente falando. Eu queria ter com quem dividir minhas dores, ter com quem compartilhar meus prazeres, se é que me entende.” - piscou.

“Nossa, ainda bem que você lembra que ele é meu namorado.” - riu. - “É, nisso você tem razão, ele é muuuiito gostoso mesmo, mas eu ainda fico imaginando se ele é tão perfeito mesmo, sabe? Se nunca teve um deslize. Qualquer que fosse.”

“Eu boto minha mão no fogo por ele.”

“Cuidado para não se queimar. Bom,...” - olhou no relógio - “está na hora.” - pegou a varinha e bateu de leve no próprio corpo. O vestido ficara perfeito. - “Gostou?” - dirigiu-se ao espelho, observando as curvas.

“É bom o Thomas ter cuidado e não você. Está um arraso.”

“E você, o que vai usar?” - perguntou curiosa.

“O segredo da festa não será o único da noite.” - uma capa preta cobria a sua roupa de festa.

“Nem pra mim? Deixa-me ver!”

“Não. Esta noite guarda muitas surpresas. Tantas quanto Hogwarts possa agüentar.” - disse, com um ar de mistério.

“Acho melhor se preparar Hermione. Você sabe quem estará lá.”

“Quem?”

“Rita!! Aquela mulher vai tentar fazer da nossa noite um inferno.”

“Vem quente que eu to fervendo.” - disse rindo.

Victorya a observava atentamente.

“Vou descer. Te espero lá embaixo.”

“Gina já chegou?”

“Vou ver.” - e saiu do quarto com uma expressão mista de compreensão, com um certo medo do que poderia acontecer naquela noite. Não sabia se poderia apontar àquilo para a amiga, mas mesmo assim resistiu. Talvez reagisse mal se levantasse uma hipótese...

A campainha tocou. Victorya cutucava os cantos dos dedos, ainda pensando pressurosa pra que sua intuição falhasse pela primeira vez.

Gina adentrou a sala com Draco. O casal não parecia muito feliz...

“Ahh, olá!” - Victorya sorriu vagamente. - “Por que não usaram a lareira?”

“Gina fica tonta se usar muito pó de flú, e como vamos usar a lareira daqui a pouco, decidimos vir aparatando.”

Gina sentou-se, também sua mente vagando por algum canto do mundo, menos ali.

Victorya puxou Draco a um canto.

“Brigaram de novo?”

“Eu não sei mais o que fazer. Pensei em usar poção, mas...” - pausou ao perceber o olhar furioso que caía sobre si, vindo de Victorya - “Eu enfim... Não sei o que faço.”

“Já tentaram conversar?”

“É impossível.”

“Quem errou dessa vez?”

“Ele.”

“Ela.”

Gina, que estava escutando a conversa, não tardou em jogar a culpa no marido, e ele, o mesmo. Pareciam duas crianças bobas.

Victorya simplesmente riu, se segurando em Draco.

Hermione descia as escadas, quanto praticamente fora atropelada por Lindsay.

“O que houve Lindsay?” - Hermione observou a moça, que trajava, sem dúvida um de seus esplendorosos vestidos. - “O que está fazendo com meu vestido?”

“Você disse que poderia pegar emprestado, esqueceu?”

“Eu...? Eu não disse nada disso, mas em todo caso... Bem, eu estou atrasada.” - continuou descendo as escadas, absorta. - “Espere! Você foi convidada pra festa?”

“Você me convidou.” - respondeu com a voz um pouco estranha. Talvez algum ruído tivesse saído de sua boca na mesma hora.

Hermione sentiu uma breve tontura, logo procurando o corrimão como apoio. Sentira-se como se estivesse sendo desiludida, mas não ficara semitransparente.

Lindsay desceu correndo, preocupada com a patroa.

“Está se sentindo bem?”

Um minuto depois, Victorya e Gina caminhavam ao quarto de Hermione, quando dera de cara com a mulher, passando mal na escadaria.

“Mione!”

“O que houve?”

“Você está bem?”

“O que você faz com ela?!” - Victorya afastou Lindsay de Hermione, empurrando-a no chão e rasgando seu vestido. Tamanha era sua raiva, que o vaso mais próximo dela, estilhaçou-se em mil cacos de vidro.

“Calma Victorya!” - Hermione disse zonza - “Ela só estava me ajudando. Só isso.”

A amiga ignorou.

“Fala o que você fez com ela! Você sabe que há um jeito de rastrear feitiços, não sabe?” - cada vez mais forte, apertava o pulso da “oponente” - “Você acha que eu não sei o que você quer? Você quer acabar com a nossa vida...!”

“Me larga! Ta me machucando!”

“Victorya largue-a! perdeu o juízo?” - Draco, que escutara a gritaria, correu para ver o ocorrido.

Victorya olhou enojada para suas mãos.

“Você me paga.” - ameaçou séria. Draco guiou-a para os jardins, enquanto Gina e Hermione observavam a cena.

Lindsay apenas levantou e seguiu para o quarto, mantendo uma expressão tão serena quanto antes.

“Hermione, o que houve? Você está mesmo bem?”

“Acho que sim. Foi só uma tontura.”

“Mione, você não acha que a Vicky está certa? Quero dizer, ela foi muito amiga dessa “Lindsgóia”, e conheceu-a bem. Muito melhor que você. Você não acha que deve realmente desconfiar?

“Eu não sei, não sei mesmo. A Victorya me assusta as vezes. Tem atitudes que me levam a acreditar que nem, nela as vezes posso confiar.”

“O que quer dizer com isso?”

“Ela parece ter dupla personalidade. Nunca age assim, não parecia ela.”

Gina riu.

“O que foi?”

“É que a Victorya sempre foi estressada desde o momento em que nos conhecemos.”

“Eu sei, mas agora é diferente.”

“Pra mim continua a mesma coisa. Bom, se não se importa, não quero chegar atrasada na festa.”

“Com quem o Tom ficou?”

“Com a Narcisa.”

Agora foi a vez de Hermione rir.

“A Narcisa?”

“Sim. Ela adora o Tom. Vamos, levanta.”

“Ok.”

“Pra que essa capa?”

“Surpresa.” - piscou.

“Deixe-me ver! Por favor, eu juro que não conto pra ninguém!”

“Não.”

“Vaiii!”

“Não, eu já disse. Se não se importa, vamos à sala. Acho que já podemos partir.”

“A Lindsay não vai? Ela estava de vestido, e...”

Hermione fez como se tivesse outra tontura, mas apenas cambaleou.

“O que foi agora?” - Gina perguntou preocupada. - “Será que não é bom chamarmos um médico? Você está mal Hermione.”

“Não, esqueça. Acho que foi o salto.” - mentiu.

Lindsay apareceu logo atrás delas. O vestido novinho em folha.

“Vamos Lindsay. Entre na lareira.” - estendeu o saquinho dourado, com flú, para a governanta.

Gina observou pela janela, que Draco e Victorya estavam voltando dos jardins.

“Hermione, ela foi convidada?”

Lindsay levantou a cabeça apreensiva.

Hermione pareceu ter pensado um pouco para responder.

“Sim, é claro. Eu a convidei.” - sorriu.

Gina franziu a testa.

Draco e Victorya entraram abraçados na sala. A maquiagem um pouco borrada, Victorya olhou atenta para Hermione. Aquele olhar significava que queria conversar com ela o mais rápido possível.

“Pode ir Lindsay.”

A lareira do Salão Principal, havia sido liberada para somente os convidados.

Uma chama verde esmeralda encobriu a moça, que logo já não estava presente.

Victorya foi a próxima, pousando com a ponta da varinha no rosto, para retocar a maquiagem. E logo sumindo também pelas chamas. Logo foram Draco e Gina, e por fim, dando uma última olhada na casa vazia, Hermione.

O Salão estava esplêndido. A cada lado da lareira, um duende estava posicionado com máscaras deslumbrantes, distribuindo a quem chegasse.

Mulheres e homens mascarados. Aquilo seria divertido.

Hermione andou pelo salão, já com sua máscara preta com brilho e plumas. A decoração do castelo era compostas por morcegos teias, se pudesse falar, os fantasmas. A cada passo que hermione dava, sentia mais saudade do tempo em que vivera naquela escola. Procurou por alguém conhecido, mas não dava para identificar ninguém com as máscaras.

Decidiu que era a hora de tirar a capa.

Chegando à porta de carvalho, virou-se e bateu com a varinha no veludo preto.

Era a transparência em pessoa. Seu vestido era leve, quase como o de Victoria, só que mais curto. Era preto e tinha um decote indiscreto em V.

Victorya mal acreditou no que viu. Os homens observavam àquela mulher arrebatadora.

Sorria, como se tudo o que quisesse tivesse sido realizado.

“O que foi isso Mione?”

“Insisti pra que viesse como eu pra me fazer companhia.”

“garanto que não sabe como se comportar com um vestido desse. Você nunca ousou colocar uma saia acima do joelho, desde que Mya nasceu...”

“Vamos Vicky, relaxa. Resolvi viver minha vida, não era isso que sempre dizia? Pra eu viver minha vida? Então. Essa é a hora.”

Victorya sorriu e seguiu com Gina até Dumbledore.

Cumprimentou-o q perguntou se Thomas havia chegado. Nada. Dumbledore não sabia responder.

Estava animado com a festa, bebendo ponche, ao lado de McGonagall.

Era o único sem máscara.

Observava hermione de longe, que agora, estava a procura de uma mesa.

Olhou de um ponto á outro, a expressão levemente intrigante.

***

Hermione sequer tirou a máscara, até que percebeu que estava sendo notada. Não por qualquer um, mas por um rapaz forte, com roupa de gala preta.

Sentiu como se algo a tivesse levando. Sentiu-se como nunca antes.

Por um ímpeto de segundo, não tirou a máscara.

Tinha uma dúvida de quem era o rapaz que mexera tanto com ela.

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Ele estava isolado, também espantado com tanta beleza. Queria aproximar-se da dama dona daquele corpo. Sentiu-se entorpecido.

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Levantou e seguiu em direção ao rapaz. O que estava dando nela? Ela não era disso...

Ao ficarem frente a frente, sua vontade era provar o gosto do dono daquela boca avermelhada e convidativa.

Ele deu por conta de que achava que conhecia a moça por baixo da máscara. Não podia ser...

Hermione finalmente tivera coragem e tirara o que escondia os olhos de tal homem.

Houve um baque no chão. Um corpo caíra desmaiado...

Era ele, Harry.

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Essa é a continuação de Amor em Doses Múltiplas!!! Espero q estejam gostando^^ Reviews jáaaaaaaaaaaaaaa!!!

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