Nossos Laços Eternos




CAPÍTULO V

Nossos Laços Eternos


Draco observou atentamente o que se passava nos jardins da casa em Alderley Edge. Ficava maravilhado cada vez que observava com mais atenção os sorrisos de Virgínia e Peter quando estavam juntos.

No momento, sob a sombra fresca de uma das diversas árvores do jardim, os dois, mãe e filho, pareciam conversar alegremente, rindo ao menor esforço, demonstrando nítida cumplicidade.

Ele desceu até aos jardins e aproximou-se dos dois, sem ser notado. Os dois conversavam num balanço, baixo o suficiente de modo que Draco não conseguisse ouvir uma palavra sequer. Algum tempo depois Gina notou a presença do marido ali.

"Draco, junte-se a nós. Peter estava me contando sobre a última aula dele de críquete.- o homem sorriu, e já estava prestes a dar uma desculpa para sair dali, quando o garotinho desceu do colo da mãe e afastou-se um pouco."

"Desculpe...- ele disse baixinho- lembrei que tenho uma redação para fazer.- e saiu, rumo à casa."

Draco observou o filho se afastar e olhou para a mulher. Deu de ombros e mostrou um fino e triste sorriso para ela.

"Ele me odeia.- concluiu."

Gina fez um gesto para que ele se sentasse ao lado dela no balanço, e ele assim o fez, mantendo certa distância. O silêncio pairou entre eles durante algum tempo, e de modo algum parecia ser incômodo. Em partes, ambos gostavam de estar lado a lado em silêncio, por vezes apenas apreciando a beleza ao redor, ou sentindo a presença um do outro.

"Ele não te odeia, Draco.- ela falou quase num sussurro. Draco não falou nada, continuou a contemplar algo à sua frente."

Gina observou o olhar desfocado de Draco, mirando um nada mais à frente. Observou que o marido mostrava ainda o sorriso triste na face, fino e retraído. Ela piscou algumas vezes, e até mesmo tentou tocá-lo, mas retraía-se cada vez que sua mão aproximava-se do ombro dele.

Draco olhou para ela e sorriu-lhe, sinceramente. Ele levou uma das mãos à face dela, acariciando a maçã do rosto dela, passando por todo o rosto e parando nos lábios, fazendo-a fechar os olhos, para sentir melhor o toque carinhoso dele.

Quando abriu os olhos, percebeu que algumas lágrimas molhavam o rosto de Draco. Num impulso ela o abraçou, tentando reconfortá-lo.

Draco não lembrava-se quando fora a última vez que chorara como estava chorando naquele momento. Não parecia uma criança assustada, e sim, um homem assustado.

"Eu fiz tudo errado. Fui um imbecil inconseqüente que fez tudo errado e estragou a vida das pessoas que mais ama nessa vida.- Gina passou a mão nos cabelos do marido, assim que ele enterrou o rosto no ombro dela."

"Você não fez nada errado, meu amor.- ela ponderou- e se tiver feito, não foi porque quis. Agora tudo já passou e você está aqui conosco, com a sua família. Tenho certeza que Peter só está com uma raiva momentânea de você, coisa de criança. Vai ver que já já ele estará novamente eufórico com você em casa e não vai te deixar parado um só instante.- Draco olhou para a mulher, que levou a mão ao rosto dele e secou suas lágrimas."

"Eu espero que sim. Tenho medo de ter perdido meu filho. Tenho medo de perder vocês."

"Você não vai perdê-lo, meu amor. E não vai perder nenhum de nós três.- Draco sorriu quando Gina levou a mão dele ao ventre dela e falou, com um sorriso singelo nos lábios e um brilho cativante nos olhos- Eu estou grávida."

O homem aproximou seu rosto do dela e deu-lhe um delicado beijo na bochecha, não querendo de modo algum ultrapassar os limites impostos por ela. Assim que ele se afastou, Gina fez o que ele tinha feito há alguns segundos. Passou delicadamente a mão pelo rosto dele, parando nos lábios. Em seguida, juntou seus lábios com os dele.

Era o primeiro beijo desde que ela acordara no hospital. Mantiveram-se afastados durante algum tempo, apenas demonstrando carinho e amor com abraços, palavras e olhares, mas nunca passava disso. Gina não se sentia pronta para ser novamente dele, talvez por receio, ou simplesmente porque o queria no momento certo, não sabia exatamente.

Aquele era um beijo muito calmo, sem pressa ou mesmo malícia. Aproximava-se de um beijo inocente, por parte de Gina receoso, e Draco, com muito respeito pela mulher.

Algum tempo depois, Gina sentiu a necessidade de levar a mão ao pescoço do marido, e acariciar a nuca dele em movimentos circulares e lentos. Assim que a outra mão foi para o pescoço de Draco, ela se afastou, levando as duas mãos aos cabelos dele.

Gina sorriu para o marido e recebeu um belo e charmoso sorriso de volta. Um sorriso que ela não via há muito tempo e que tanto a encantava e a fazia derreter-se.

"Obrigado.- ele falou- Eu precisava disso."

"Eu também, meu amor. Eu também.- dizendo isso ela selou novamente seus lábios com os dele- E você não sabe o quanto."

Draco aconchegou a mulher em seus braços, com as costas dela apoiadas em seu peito.

"Virgínia, como vai ser daqui por diante?"

"Como assim, Draco?"

"Nosso bebê."

"Será como sempre foi. Nós passaremos por tudo como sempre, com amor.- ela deu ênfase à última palavra- e isso nós temos de sobra. A morte é mais forte que a vida, Draco, mas o amor, somente ele, é mais forte que a morte."

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Os ares na Mansão dos Weasley Malfoy pareciam limitadamente alegres. Draco por vezes encontrava-se cantarolando uma ou outra música, demonstrando a sua felicidade por estar novamente em casa. Porém, a lembrança da frieza do filho para com ele, o faziam esquecer de qualquer música e voltar a um estado silencioso de tristeza.

Virgínia por sua vez, poderia estar radiante em determinados momentos. Draco mostrava-se a cada dia mais carinhoso e cuidadoso, agradando-lhe com os mínimos gestos e por vezes sendo romântico ao extremo. Peter estava sempre querendo agradar a mãe, e deixava-a feliz com um simples sorriso de carinho. E o seu atual estado, grávida, a deixava ainda mais radiante. No entanto, doía nela ver a distância que pai e filho mantinham, e mais ainda era ver Draco tentar se aproximar do filho e Peter o repelir com tanta frieza.

Peter adorava ver a mãe feliz, e mais ainda quando ele era o responsável por cada belo sorriso que ela dava. Por vezes também pegava-se refletindo sobre como o pai a estava fazendo feliz quando levava uma rosa para ela ou fazia-lhe algum mimo. Porém, era horrível relembrar todo o ano em que o pai os abandonou, época esta que os fez sofrer tanto, principalmente a mãe, e isso ele não conseguia perdoar, ainda não.

"Quando você pretende contar para o Peter que ele vai ter um irmãozinho?- Draco sentou-se ao lado de Gina na cama e levou sua mão ao ventre dela."

"No fundo ele já sabe.- ela sussurrou- mas conhecendo-o como eu conheço, ele não vai aceitar muito bem. Se ele fosse mais novo talvez, mas Peter parece entender muito mais coisas do que uma criança de sete anos entenderia normalmente. Ele está tão acostumado a não me dividir com ninguém, a não ser com você, e mesmo assim, com tudo o que passou, com o tempo em que éramos apenas eu e ele. Acho que talvez por isso ele ainda não esteja te aceitando tão bem. Nós podemos falar com jeitinho e em algum momento ele terá que aceitar, afinal, não será porque ele terá um irmão que o amaremos menos."

Draco não disse nada. As palavras de Gina pareciam ser tão certas a respeito do assunto que ele decidiu apenas esperar com ela que o momento de contar a Peter chegasse. A reação do garoto, no entanto, ainda permanecia misteriosa, e Draco não poderia mesmo imaginar a forma como o filho reagiria diante da notícia de que teria que dividir os pais, e principalmente a mãe, que era a pessoa que ele mais amava, com mais alguém.

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Virgínia girou a maçaneta da porta e abriu. Draco entrou atrás dela, mas permaneceu encostado no batente da porta. Peter viu os pais entrarem em seu quarto e observou atenciosamente o olhar que a mãe lhe lançava.

"Aconteceu alguma coisa?- ele perguntou. Gina sentou na cama, ao lado do filho e sorriu para ele, recebendo um ingênuo sorriso de volta."

"Não aconteceu, mas vai acontecer."

"Alguma coisa boa ou ruim?"

"Seu pai e eu achamos boa, mas queremos que você dê a sua opinião."

"O que é?"

"Você lembra que certa vez, há muito tempo, você me pediu um irmãozinho, para você poder brincar com ele?- o garoto afirmou- Pois é, você vai ter um irmãozinho."

Peter olhou do pai para a mãe, mas não demonstrou reação nenhuma. A verdade era que ele não queria mais ninguém naquela casa. Não queria ter que dividir sua mãe com mais ninguém. E a simples idéia de que uma nova criança passaria a ocupar a atenção da mãe e, por causa disso, talvez ela passasse a amá-lo menos, era horrível.

"Eu...- ele começou."

Gina levantou-se e foi até Draco. Olhou para o filho e leu no olhar dele que Peter não queria um irmão. Aquilo doeu no coração dela, mas no fundo ela sabia que o filho ainda era uma criança e que acabaria aceitando tudo isso, era apenas uma questão de tempo.

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Draco abriu a porta do banheiro assim que ouviu o gracioso 'Entra!' de Gina e segurou o fôlego assim que a viu.

A mulher estava maravilhosa, usando um vestido longo e negro, com uma flor quase imperceptível na barra. Um decote arredondado no colo e um decote em V nas costas. Seus cabelos ruivos caíam lisos até a altura dos ombros, sem penteado algum, mas nem por isso menos elegante. Usava um par de brincos pequenos, com pequenas flores em brilhante. No pulso esquerdo, uma fina pulseira de ouro branco, quase imperceptível, se não fosse o pequeno pingente transparente de meu coração que ela ostentava. O pingente que carregava o nome de Peter e que nunca saia de perto de Gina. Ela sorriu lindamente para o marido, observando-o.

Draco em momento nenhum deixou de se vestir com discrição e elegância. Em momento algum deixou de transmitir charme e beleza. Gina reparou no smoking que o marido usava àquele dia. Parecia cair-lhe melhor do que qualquer outro traje que já vestira. Seus cabelos, loiros e muito brilhantes, caíam de um jeito diferente sobre os olhos. Pereciam meio rebeldes, meio bagunçados e muito charmosos.

"Está bem assim?- perguntou."

"Está maravilhosa, mas ainda falta uma coisa.- Gina ergueu uma sobrancelha, interrogativa."

"Do que você está falando?"

Draco mexeu no smoking e retirou de lá uma caixa preta de veludo, acompanhada por uma única flor branca. Gina sorriu ainda mais, recebendo das mãos do homem a caixa e abrindo-a.

Havia um belo colar de ouro branco, ostentando um simples, mas elegante, pingente de flor, muito parecida com as dos brincos. Era linda.

"Posso botar?- ele perguntou e ela estendeu o colar para ele."

Draco aproximou-se de Gina, por trás, e colocou o colar no pescoço dela, terminando por dar um leve beijo na nuca dela, mas que surtiu um arrepio que desceu por toda a espinha dela.

"Agora está perfeita.- ele falou, olhando para o reflexo deles no espelho."

Nada menos que um casal perfeito. Gina olhava fixamente para os olhos brilhantes e cinzas de Draco, e ele admirava o brilho castanhos dos olhos dela.

Gina virou-se para ele, arrancando o botão de rosa branca e colocando na lapela do smoking de Draco.

"Você também.- ela sorriu para ele e o abraçou."

A seguir, ela penetrou os olhos dele e sorriu, encostando o seu nariz ao dele, sentindo o coração dele bater tão forte quanto o seu, e a respiração dele misturar-se à sua num mínimo espaço entre suas bocas.

Ela juntou os lábios aos dele, num beijo mais ansiado, apaixonado e desejado. Gina sentiu a necessidade de segurar-se ao pescoço do marido, para não cair, visto suas pernas amolecerem a um certo instante, tamanha intensidade do beijo.

Parecia haver inspiração no beijo trocado entre eles, além de harmonia e amor. Aos poucos Gina deixou-se ser tocada e tocar, libertando-se de uma barreira invisível imposta por ela mesma.

Alguns minutos depois, no entanto, quem parou o beijo foi Draco. De um modo delicado e talvez sutil, mas não porque ele quisesse, porque o 'querer' dele ia muito mais além de um beijo apaixonado, e sim porque ele sabia que aquele não seria um bom momento.

"Nós precisamos ir...- ela murmurou, ainda mantendo os olhos fechados e o rosto bem próximo do rosto de Draco."

"Sim, nós devemos mesmo ir para o Museu.- ele deu um selinho rápido nela e se afastou, saindo do banheiro."

Gina olhou-se no reflexo do espelho e viu que seus olhos brilhavam intensamente, demonstrando sua atual felicidade. Ela sorriu para si mesma e acariciou o ventre, a barriga mostrando-se minimamente aos pouco mais de três meses.

Draco já a esperava no carro, e assim que ela chegou eles partiram rumo ao Museu Harry Potter de Arte e História da Magia, onde seria realizada a exposição de artes de Gina e mais dois artistas plásticos.

Assim que desceram do carro foram recepcionados por jornalistas e empresários de Arte, e Draco tentou, delicadamente, afastar todos e levar a mulher para dentro. Ele conseguiu seu intento logo depois de Gina responder algumas perguntas dos jornalistas, ignorando as de caráter pessoal.

O salão principal do Museu estava decorado principalmente por quadros de Virgínia Malfoy, como ela costumava assinar suas obras. Havia pinturas também do expressionista Leonard Swanson e da naturalista Kim Foster, mas prevaleciam as paisagens diversas e demonstrações de amor de Gina.

Bem no centro do salão estava um enorme quadro em especial, nele havia uma cascata ao fundo, árvores, morros, o pôr do sol e, debaixo da cascata, duas sombras, dois corpos abraçados, beijando-se. No rodapé do quadro, em letras pequenas e bem torneadas, em tinta preta, estendia-se a frase:

"...cum ad naturam eximiam et illustrem accesserit ratio quaedam conformatioque doctrinae, tum illud nescio quid praeclarum ac singulare solere exsistare."

"Eu acrescentei essa frase não faz muito tempo.- ela falou, assim que Draco espantou mais alguns jornalistas e a abraçou por trás- '...se a uma natureza excelente se reúne o estudo e a cultura, dessa...'"

"'...aliança algo de preclaro e singular costuma surgir.'- continuou uma voz que Gina reconheceu prontamente."

"Remo!- ela virou-se e abraçou o amigo longamente- Obrigada por vir. Narcisa...que bom vê-la.- Gina cumprimentou a sogra com alegria, assim que a viu."

"Que bom te ver tão feliz, querida.- a mulher falou, antes de abraçar o filho com carinho."

"E Bonnie, como está em Hogwarts?"

"Adorando.- Remo resumiu."

Remo e Narcisa se dispersaram pelo Museu, verificando atentamente cada obra que, em breve, seria leiloada. Draco e Gina continuaram no salão principal, esperando que mais alguém aparecesse e os cumprimentasse, ou mesmo conversando.

"Você acha que Peter ainda vai demorar muito para voltar ao normal?- Draco perguntou, acenando discretamente para alguém do outro lado do salão."

"Eu não sei. Ele se recusou a vir para a exposição, e era algo que ele queria muito participar. Ele está absorvendo aos poucos a história de ter um irmão.- ela falou, com um ar meio tristonho."

"E isso te magoa, porque de certa forma ele está um pouco distante de você.- Draco analisou."

"Você me conhece muito bem, Draco, e sabe que isso está me correndo por dentro.- ela abraçou-se ao marido e segurou as lágrimas que forçavam-se a rolar pelo seu rosto."

"Não chore, meu amor. Não chore em uma noite que é principalmente dedicada a você.- Draco passou o dedo pelo rosto dela, limpando algumas lágrimas."

"Papai está certo, mamãe.- falou uma vozinha doce e infantil atrás dela, fazendo seu coração falhar alguns batimentos e sua respiração acelerar."

"Peter...- ela sussurrou e, sem demoras, apanhou o filho nos braços, abraçando-o e beijando-o como se nunca o tivesse feito-...que bom que você veio, meu amor..."

"Você não mereceria isso, mamãe, e eu não poderia fazer isso com você. Eu fui egoísta ao pensar que vocês me amariam menos por causa de um bebê e agi como um idiota, por isso eu pensei bastante e decidi me acostumar com a idéia de ter um irmão, e o papai está tentando fazer as coisas certas dessa vez, e merece uma segunda chance.- o garotinho falou de um modo sério e maduro demais para a idade dele, fazendo os pais rirem. Peter olhou profundamente nos olhos da mãe e falou- Eu te amo e estarei sempre com você, mamãe...- então retirou de dentro da blusa um colar prateado, com um pingente de meio coração, e ergueu a mão da mãe para unir os dois pingentes."

"Eu também te amo, meu amor."

A seguir, Peter desceu do colo da mãe e deu um abraço no pai, o que aliviou tanto Gina como Draco. Depois Peter uniu as mãos dos pais e parou para observá-los juntos e sorridentes, ao fim felizes.

"Agora sim posso perceber nossos laços eternos."

Gina parou para olhar atentamente o filho. Ele transmitia uma maturidade estranha para um menino de sete anos, e falava com tanta precisão nas palavras que assustava qualquer um.

Naquele dia o garoto estava lindo, com um ar formal e charmoso, o que o deixava parecendo ser mais velho do que realmente era e reforçava a idéia de maturidade.

Ele usava uma calça social preta com uma blusa branca, meio aberta, e um terno, também preto. Seus cabelos, loiros, mas mais escuros que os do pai, estavam meio bagunçados, postos de lado. E apenas o sorriso ingênuo e infantil denunciava a pouca idade de Peter Weasley Malfoy.

"Você está lindo, Peter.- Gina falou, dando um beijo selinho no filho."

"Não mais que você, mamãe.- Peter sorriu- Eu vou ver se encontro a Kathy...e olho um pouco os quadros...depois eu volto...- e antes que os pais pudesse dizer algo, Peter saiu."

Gina não poderia estar mais feliz naquele momento. Finalmente tudo estava voltando ao normal e sua família estava novamente presa por laços eternos. Mas ela sabia que aquela história não terminaria por ali, estava bem longe de terminar.

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Harry e Luna pararam para cumprimentar Gina e Draco alguns minutos depois. A barriga de Luna, de pouco mais de quatro meses, estava já um pouco grande, e o casal Potter informou que o bebê seria um lindo menino. Harry também teve a oportunidade de agradecer a Gina pela assinatura dupla num dos quadros da exposição, onde constava, além do nome de Virgínia Malfoy como autora, também o de Harry Potter.

O quadro era não menos que o de balões, feito muitos meses atrás, e aparentemente não terminado, mas que rendera uma ótima figura abstrata, muito parecida com beija-flores à procura de rosas, ou se virado de cabeça para baixo, mostrava apenas diversos ramalhetes de rosas coloridas.

A família de Gina comparecera em peso à exposição. Os pais chegaram pouco antes da meia-noite, junto com Rony e Hermione e os gêmeos. Carlinhos e Gui tinham aparecido mais cedo e foram logo espreitar pelo museu.

À meia noite em ponto todos foram chamados a ocupar um outro salão do museu. Era um salão circular, rodeado pelos mais belos quadros de cada pintor presente, postos um do lado do outro nas paredes, e mesas, apenas circundando o lugar. No meio não havia nada, a não ser uma enorme pista de dança.

Ao fundo começou a tocar uma música leve e bonita, clássica, própria para a ocasião. Gina reconheceu-a por ser 'A Valsa das Flores', da peça O Quebra-Nozes de Tchaikovisk.

Não demorou para que Draco a tirasse para dançar, e ambos começassem a valsar pelo salão. Dançaram durante vários minutos, em passos lentos e ritmados, harmoniosos. Formavam um casal ainda mais belo àquela altura do que antes.

Pétalas de rosas começaram a cair do teto e amontoar-se no chão. O salão foi encoberto por uma meia luz, deixando os casais ainda mais à vontade para dançarem e curtirem o parceiro. A atmosfera estava leve e romântica.

A certo momento Draco e Gina pararam de dançar e ficaram se olhando fixamente. Foram momentos silenciosos, em que ambos tentavam saber o que cada um pensava, embora soubessem o que cada um queria. Um desejo mútuo e compartilhado pelos dois, sabe-se lá desde quando. Talvez algumas horas, dias, meses ou sempre.

"Vamos embora...- Gina pediu, sussurrando ao pé do ouvido de Draco, de uma forma casual, que provocou-lhe arrepios-...por favor."

Ninguém iria realmente perceber a ausência dos dois. Todos estavam por demais ocupados ou com a dança, ou com a própria exposição de quadros, que estava realmente bonita. Além do mais, Peter ficara de ir com Harry e Luna para a casa deles, e isso não seria um problema.

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Assim que Draco estacionou o carro, Gina puxou-o para dentro de casa, até o quarto do casal. Com um aceno de varinha, ela fez com que uma música começasse a tocar dentro do aposento. Tango.

"Dança comigo, Sr. Malfoy?- ela pediu, estendendo a mão, ao que ele puxou-a para mais próximo de seu corpo."

Tango não era apenas a dança mais sensual que existia. Mais do que isso, era a dança preferida de Draco e Gina. Não porque eles sabiam dançá-la com tanta perfeição, mas porque sempre a dançavam nos momentos certos, e através dela podiam se expressar sempre com tanta sensualidade e amor.

Ao fim da dança, Draco segurou-a um pouco inclinada para trás, inclinando seu corpo sobre o dela e beijando-a de uma forma ousada.

"Você quer...?- ele perguntou, num sussurro ao pé do ouvido dela."

"Como nunca.- ela respondeu, apanhando os lábios dele para um beijo ainda mais ousado que o anterior."

Draco, mais do que nunca, teve extremo respeito pela mulher. A um primeiro momento, deixou que ela avançasse um pouco mais, para que ela tivesse mesmo a certeza de queria.

Gina, lentamente, retirou o smoking de Draco e desabotoou a camisa dele, podendo enfim sentir o calor da pele dele. A seguir o homem baixou as alças do vestido dela, de um modo sutil e até casual.

Ela sorriu para ele, pedindo, com os olhos, que ele continuasse e que ele a amasse como há muito tempo não fazia. Draco beijou a curva do pescoço de Gina, sentindo-a amolecer em seus braços, entregar-se para ele.

Tocou-a sutilmente, bem como dava beijos casuais em locais estratégicos do corpo dela. Fez com que Gina gemesse baixinho no ouvido dele, incitando-o a prosseguir com carícias e palavras.

Deitou-a na cama, contemplando-a por vários e infindáveis segundos, antes de retirar lentamente o vestido dela, beijando cada parte nova descoberta, deixando uma leve marca avermelhada em seu pescoço e colo.

Ainda demorou algum tempo para que ambos estivessem totalmente entregues um ao outro. Mas durante esse tempo, cada um aproveitou ao máximo para 'reconhecer' o corpo um do outro, para 'redescobrir' cada parte que os excitava e os deixavam à mercê do parceiro.

Perceberam, depois de tanto tempo, quando já estavam unidos, que jamais encontrariam um alguém que os amasse como eles se amavam, que o tocassem como gostavam de ser tocados. Jamais haveria um outro alguém como Draco e Gina, que apenas com um olhar poderia ler todos os desejos e 'quereres', que saberiam o que fazer e como fazer, na hora certa e, principalmente, não haveria uma outra pessoa certa para Draco ou para Gina, porque apenas eles se completavam, e apenas eles seriam capazes de construir laços tão fortes e tão eternos que nada seria capaz de quebrar. Nem mesmo feitiços ou poções...nem mesmo a morte, talvez, pudesse ser capaz de destruir os laços de amor e cumplicidade que Draco e Gina mantinham.

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Gina aconchegou-se mais perto do corpo de Draco, sentindo a pele quente dele junto à sua, fazendo com que o braço dele passasse por cima de seu corpo, diminuindo ainda mais o espaço entre eles.

A sensação de estar novamente deitada ao lado de Draco era simplesmente maravilhosa. Nenhuma outra sensação pagaria a de ela poder sentir o contato do corpo do marido, a respiração quente, no momento calma, dele na sua nuca, provocando-lhe eventuais arrepios, as casuais palavras doces dele em seu ouvido, o entrelaçar de pernas por debaixo dos lençóis, o toque dos dedos dele em sua barriga, subindo sutilmente até o seu pescoço, o abraço caloroso...nada poderia ser considerado mais perfeito.

"Acordou, Vi?- ele perguntou, num sussurro, e com um carinho enorme, fazendo todo o corpo de Gina tremer. Fora o apelido carinhoso e manhoso pelo qual ele a chamara."

"Não...- ela falou, com uma voz dengosa-...ainda estou dormindo e tendo um sonho muito bom..."

Draco abraçou ainda mais o corpo de Gina e ficou passando os dedos pelos cabelos dela. Em poucos minutos ela voltou a dormir, mantendo um semblante sereno e feliz enquanto o marido velava seu sono.

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Quando Gina acordou, algumas horas depois, assustou-se ao não sentir o corpo de Draco ao seu lado. Não sentiu o calor dele, nem a sua proteção.

"Draco...?- chamou. Não houve resposta- Draco...?"

"Quer dizer que a bela adormecida resolveu acordar?- a porta do quarto se abriu e por ela Draco entrou, trazendo uma linda bandeja de café da manhã e trajando um roupão negro, com as palavras 'Sr. Malfoy' do lado esquerdo."

Ele aproximou-se, botando a bandeja na frente de Virgínia, dando um beijo no alto da testa dela e um selinho em seguida. Parou e observou-a analisando o que tinha na bandeja.

"Panquecas...- ela não evitou passar a língua sobre os lábios."

"Com mel, açúcar, calda de chocolate.- Draco acrescentou- Leite gelado, como eu sei que você gosta, suco de maracujá, morangos, pãezinhos com queijo branco e, como não podia faltar, uma margarida de 'Bom dia!'."

"Você é perfeito...- ela falou, servindo-se de suco e panquecas, enquanto Draco apanhava um morango."

Assim que terminaram de comer, Gina afastou a bandeja, quase vazia, e aproximou-se para dar um beijo no marido. Levantou-se em seguida, colocando o roupão negro escrito 'Sra. Malfoy' sobre o corpo, e apanhando a mão do marido, puxando-o para fora do quarto.

"Vem...lembrei de uma coisa...- ela puxou-o até a biblioteca."

Parou na frente da escrivaninha, proferiu um feitiço e a única gaveta trancada se abriu, mostrando, em seu interior, um medalhão prateado, duas alianças em conjuntos de três anéis cada e, bem ao fundo, uma caixinha azul marinho, de veludo, com alguns vestígios de poeira em cima dela.

"Achei que quisesse de volta.- Gina estendeu o medalhão para o marido, que abriu-o, verificando as fotos dele e de Peter."

"Eu disse que voltaria para apanhar isto."

"Na verdade você não disse..."

"Mas ficou entendido nas entrelinhas- ele falou com graça, apanhando, dentro da gaveta, as duas alianças."

Olhou atentamente cada conjunto de anéis, dois de ouro branco e um de ouro, entrelaçados um no outro. No meio havia uma pequena e singela imagem de uma rosa cruzada com uma espada.

"Nós tiramos as alianças e elas se juntaram...- ela falou, um tanto pensativo."

"Sim, elas foram feitas para ficarem juntas, e não separadas."

"Está na hora delas voltarem para o lugar de onde nunca deviam ter saído.- Draco apanhou a mão esquerda de Gina e botou a menor aliança no dedo dela. Em seguida ela fez o mesmo com ele."

Por fim, Gina apanhou a caixinha azul, assoprando a poeira acumulada em cima dela. Acariciou o veludo durante algum tempo e logo depois estendendo para Draco.

"O que é isso?"

"Presente de Natal.- ela resumiu."

Draco abriu a caixa e viu um belo e rico relógio. Parecia singular, único em seu desenho e em suas funções. Era dourado, sem ser chamativo, e na pulseira estava escrito o nome 'Draco Andrew Malfoy', em letras pequeninas e muito bem caligrafadas. O visor mostrava o que parecia um cronômetro, pequeno e na parte de baixo, indicando -7h, e Draco não entendeu muito bem o que o sinal de menos queria dizer.

Havia também duas camadas circulares, uma indicando os números das horas e a outra com nomes do tipo 'Casa', 'Escola', 'Toca' entre outros, que provavelmente indicariam onde os ponteiros transparentes de Virgínia e Peter estariam. Além desses dois ponteiros, havia mais três, estes em dourado e em tamanhos diferentes, sendo o de horas, minutos e segundos.

"O cronômetro indicava em quanto tempo estaríamos juntos novamente.- ela explicou, vendo que Draco ainda observava atentamente o relógio, com um certo fascínio."

"Mas nós estamos juntos há mais de um mês..."

"Eu quis dizer 'juntos', literalmente falando.- ela disse, com graça, apanhando o relógio das mãos dele e botando no pulso esquerdo de Draco."

Em seguida aproximou-se dele para um beijo, enquanto suas mãos se dirigiam intencionalmente para a corda do roupão, desatando-o.

Antes que Gina conseguisse livrá-lo totalmente do roupão, Draco pegou-a no colo, fazendo-a rir abertamente, e levou-a para o quarto.

"(...)"

Gina ficou passando lentamente a mão pelo peito nu de Draco, sentindo alguns vários pêlos eriçados entre seus dedos.

"Em que você está pensando?- ele perguntou, após vários minutos em silêncio."

"Que eu adoro fazer amor contigo.- ele riu, beijando o alto da cabeça dela."

"Eu nunca mais quero deixar de fazer amor com você, Virgínia."

Draco e Gina não souberam por quanto tempo ficaram ali, no quarto, apenas juntinhos, curtindo um tempo perdido sendo resgatado. Não souberam por quanto tempo fizeram amor, pois eles não se cansavam disso, e parecia que a cada vez eles descobriam novo pontos de carícias e, por isso, queriam continuar.

Não sabiam nem estavam interessados em qualquer outra coisa que não fosse eles, unicamente...

"(...)"

"O Peter..."

Draco parou de beijar a mulher e pareceu um tanto sobressaltado, na lembrança de que já estavam longe do filho há muito tempo. Virgínia riu, olhando para Draco de uma forma um tanto arisca, beijando-o e mordendo levemente o lábio inferior dele.

"Peter está bem.- ela afirmou, beijando-o mais demoradamente."

"Como você sabe..., Sra. Malfoy?- Draco puxou o ar que lhe faltava nos pulmões"

"Acredite, Draco querido, eu sei.- Gina fitou-o com os olhos estreitos e visivelmente perigosos. As mãos sutilmente postas debaixo dos lençóis..."

...Fim...

N/Rbc: continua em Laços de Vida.

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