Descobertas



Nossos Laços Eternos Capítulo I

Descobertas


-Vocês só podem estar de brincadeira comigo, não é?

-Não, Sra. Malfoy, isso não é uma brincadeira.

-Mas...vocês têm certeza de que o que entrou aí não foi um caroço de laranja?

-Nós temos a mais absoluta certeza, Sra. Malfoy.

-Um caroço de melancia talvez, ou quem sabe metade de uma melancia mesmo.

-Não, Sra. Malfoy, não foi nenhum caroço de fruta que entrou aí.

-Mas o senhor não entende, tem que ter sido um caroço de fruta, simplesmente porque eu não posso estar grávida!

-Quando foi a última vez que teve relações, Sra. Malfoy?- ela pensou um pouco, fazendo contas mentais, lembrando-se que dois meses antes tinha tido uma recaída com Draco, na noite de seu aniversário.

-Há dois meses mais ou menos.- ela respondeu, parecendo receosa.

-Suas regras estão normais?- ela pensou mais uma vez e concluiu:

-Bem...não exatamente, mas...elas podem atrasar, não podem?- o médico riu.

-Em casos como gravidez e disfunção hormonal, sim. Levando em conta que a senhora não tem disfunção hormonal, resta-nos a segunda opção. A senhora está definitivamente grávida.

Gina não sabia que reação expressar. Não sabia se sorria, já que aquela era uma notícia boa, mesmo significando o que ela sabia que significava...ou se gritava ou se chorava...ao fim acabou por não expressar nada (anos de casamento com Draco tinham-lhe dado capacidade para não expressar ‘nada’ em determinadas situações). Ficou olhando para o médico à sua frente, Dr. David Swanson, como se tentasse descobrir que ele estava pregando-lhe uma peça. Mas o olhar dele era sério demais para ser brincadeira.

-Eu...eu preciso pensar sobre isso...- ela disse por fim, levantando-se da maca do consultório, vestindo-se e saindo.

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Gina foi direto para o parque em frente à sua casa. Talvez, naquele momento, não houvesse lugar melhor para ela ficar sozinha.

-Grávida...- ela sussurrou, ainda tentando absorver a notícia. Sem perceber, ela começou a chorar, silenciosamente, sentindo o seu coração apertar dentro do peito, doer.

Ela sentiu-se sendo invadida por milhares de pensamentos e lembranças, fatos passados, palavras...momentos...desejou que Draco estivesse ali com ela, para acalentá-la ou simplesmente estar ali, junto com ela, dando-lhe o prazer de sua companhia.

“-O quarto será concebido durante os desconexos de uma noite- ela sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto no momento em que Voldemort levava a mão à calça dela e desabotoava-lhe o botão- E a este, chamarei de meu filho.

Uma das mãos do bruxo acariciou a curva do pescoço de Gina. A mão dele era fria e cortante, passava-lhe uma sensação de angústia, desespero e dor. E então, como se a dor a consumisse, ela fechou os olhos, e não sentiu mais nada.”

Gina agora estava desesperada. Sentia-se sozinha e angustiada, um vazio enorme a consumia por dentro e mais lembranças continuavam a atormentá-la a cada instante.

Ela foi para casa atordoada, e apenas o que ela queria era ir para a sua cama, refugiar-se em seu quarto e chorar. Não queria dormir, já que há quase um mês que dormir era significado de martírio para ela. Pesadelos a atormentavam, com relação principalmente a Draco, que já não dava notícia há dois meses.

No entanto, as lágrimas foram dando lugar ao cansaço, e aos poucos ela foi adormecendo, mesmo contra a vontade, e novamente, como a cada noite, pesadelos a atingiram...

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Dois meses atrás, Paris – França

Draco girou a chave do apartamento e entrou, seguido de perto por Cho Chang. Ela tomou a frente dele e analisou o local, fazendo uma cara de certa repugnância.

O interior não era, deveras, luxuoso, mas podia ser chamado de decente e agradável, ao menos na concepção de Draco. E por um instante pensou achar aquele local ideal para passar férias com Gina e Peter, mas no momento seguinte estava sentindo o corpo de Cho grudado ao seu, e sua própria excitação crescendo cada vez mais.

-Não é o que eu achava que seria, mas vai servir por algum tempo.- ela sussurrou ao ouvido dele.

-Servir para quê?

-Para os meus propósitos.

-E quais seriam os seus propósitos?

-Se eu te contasse, Draquinho, eu teria que te matar.- e, antes que ele continuasse com o interrogatório, ela o beijou com violência, e foi retribuída da mesma forma, de um modo arrebatador e erótico.

Vários minutos mais tarde, assim que Cho e Draco se recompuseram, decidiram olhar o apartamento inteiro.

Havia quatro quartos, sala e cozinha. Um dos quartos, certamente, seria o deles. Outros dois para hóspedes e eventuais visitas, embora Cho desconsiderasse a existência tanto de um quanto de outro, e o último, aparentemente o mais sombrio de todos, fora taxado como:

-Quarto privativo.- ela disse.

-Como?

-Meu quarto. Ele ficará trancado e apenas eu terei acesso a ele.

-Você não pode fazer isso, eu moro nessa casa também, e ela é tão sua como minha, o que me dá acesso a qualquer aposento.

-Eu disse- ela continuou, dessa vez com a voz enfurecida- que o quarto é meu e ficará trancado com as minhas coisas. Não quero tentativas de arrombamento ou bisbilhotagem, ou você vai se ver comigo, Draquinho.

E Draco quis contestar, mas por mais que tentasse, não conseguia. Algo o impedia de continuar a brigar com Cho por aquela questão. E mais uma vez ele cedeu às ordens dela.

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Pelo que Draco percebera, Cho enchera o ‘Quarto Privativo’ com tralhas e tralhas que apenas ela sabia o que era. A cada instante ele sentia que a mulher escondia cada vez mais segredos dele.

E mesmo que às vezes ele ignorasse, na maioria das vezes, diga-se, ele sentia que algo estava errado com ele. Por vezes ele questionava-se se aquele Draco, submisso e idiota, que cedia a qualquer ordem, fosse mesmo o Draco Malfoy que ele pensava ser.

Nessas vezes ele chegava à conclusão que não, que aquele era um Draco camuflado e forjado por ela, Cho Chang. E era pensando nessas questões que ele era assaltado por lembranças do passado, flashes apenas, mas que a cada dia pareciam se encaixar mais no quebra cabeças.

E também tinha o ‘Quarto Privativo’, voltando à questão inicial. Algo naquele quarto o instigava e deixava sua curiosidade martelando. Várias e várias vezes ele parara à frente daquela porta e pensara se uma espiadinha não faria mal.

Draco levou a mão à maçaneta e, pela primeira vez desde que chegara ali, encontrou o ‘Quarto Privativo’ destrancado. Com certo receio ele abriu a porta e entrou.

A primeira coisa que viu foi um monte de frascos com líquido vermelho em prateleiras na parede. Em seguida sentiu um cheiro forte, característico do perfume de Cho, mas devido à intensidade, muito enjoativo.

Logo depois, sentiu sua cabeça rodar e, de um modo muito mais claro do que das outras vezes, lembranças o invadiram...

“Draco chegou cansado em casa. Está certo que sentar-se atrás de uma mesa imponente no Ministério da Magia e ficar o dia olhando para paredes sem graça não podia ser chamado de ‘cansativo’, mas ainda assim, ouvir pessoas reclamarem em seu ouvido o dia todo era cansativo.

-Bom dia, Sr. Malfoy.- o segurança da casa falou, seriamente.

-Bom dia, Estephen.- Draco acenou educadamente- Virgínia está em casa?

-Ela ainda não chegou, senhor, mas o senhor tem visitas.

-Visitas?- Draco estranhou- Eu não recebo visitas em casa.

-Elas disseram ser urgente, senhor.

-Elas?- Draco entregou a pasta ao segurança e entrou, curioso para descobrir quem tinha ido até a sua casa para vê-lo com urgência.

Ele entrou na sala e foi direto ao escritório, e qual não foi a sua surpresa ao vê-las ali, paradas uma ao lado da outra, olhando-o como se ele fosse uma presa prestes a ser atacada.

-Por favor, eu peço que se retirem da minha casa.- ele falou, friamente, não se sentindo intimidada pelo olhar delas- qualquer assunto que tenhamos a tratar, minha casa não é o local. Queiram, por favor, marcar um horário no escritório.

-Draquinho, Draquinho...

-Não toque em mim, Chang!

-Oh...o Draquinho está nos dispensando, Cho...

-Você não mudou nada, não é, Parkinson?

-Se você diz quanto ao meu amor por você, Draquinho, está certo.- Pansy aproximou-se de Draco e passou a mão no peito dele.

-Desencosta, Parkinson!

Cho aproximou-se por trás e abraçou Draco, dando um demorado e estalado beijo no pescoço dele. Antes que Draco pudesse se soltar, Pansy chegou pela frente e beijou-o com intensidade.

Draco sentiu um gosto doce assim que a boca de Pansy encostou na sua. Era um gosto enjoativo, forte e estranhamente elétrico. Num instante ele viu todas as suas concepções sobre fidelidade irem embora, e de repente ele sentiu uma extrema necessidade de aprofundar o beijo e continuar ali, com Pansy.

No instante seguinte era Cho quem o beijava. O mesmo gosto doce, a mesma eletricidade, o mesmo sentimento. Era estranho. E em momento algum, Virgínia Weasley interrompeu seus pensamentos. Apenas o que importava eram Cho e Pansy junto dele.

-Poção do amor, Draquinho...- ele ouviu um breve sussurro, mas sequer pensou em parar de beijar Pansy.

Cho ofereceu uma garrafa de whisky para Draco, que a aceitou prontamente, bebendo quase metade dela de uma só vez. Em seguida, Draco retirou o paletó e a camisa, ficando apenas de calça. Sentiu-se sendo tocado e a cada instante ele gostava mais daquela brincadeira com as duas.

Sem perceber, Draco levou-as para a cozinha. Apanhou o meio avental que sempre usava para cozinhar e também o chapéu de chef. Segurou Cho pela cintura e virou o rosto para beijar Pansy.

Cho passou a mão no peito de Draco e foi descendo, enquanto Pansy começou a beijar o pescoço dele, e foi descendo mais os lábios, e depois retornava à boca, deixando-o excitado e eufórico.

-Hei, hei, calma, garotas... Vão com calma, certo? Parkinson, não pegue... nesse lugaaaar...

-Ah, Draquinho... já te disseram que você é lindo?

-Hei, Chang... você está exagerando colocando a mão aí, eu posso não resistir... Parkinson... não, dentro da calça não...

-Ora, ora... olha quem está aqui, Draquinho...- Cho fitou os olhos de Gina e sua voz saiu fria, machucando a ruiva ainda mais.

-Querida...- Draco virou-se para ela e sorriu- por que não vem até aqui, meu amor? Junte-se a nós...”

-Virgínia...- Draco sussurrou, apanhando um dos vários frascos e analisando-o, vendo no rótulo, diversos coraçõezinhos- Me desculpe, meu amor...

Junto aos frascos, num dos cantos, havia alguns papéis, que explicavam muito mais coisas que vinham atormentando Draco há muito tempo.

“Em nome de T.S.R. e para atingir seus propósitos para com sua profecia. O encantamento realizar-se-á ao 29º aniversário dela, de acordo com previsões daquele que tudo sabe.

A separação estará feita assim que possível e só então os planos de retorno poderão ser completados.

Em troca da execução do plano, ele lhe será cedido, amor frustrado de adolescência, e os feitiços e poções básicos para fazê-lo submisso.”

Draco amassou o papel entre seus dedos e sentiu uma raiva crescente em seu peito. Como tinha sido tão burro a ponto de deixar as coisas atingirem aquele ponto? Como não pudera perceber que tudo não passava de uma armação?

Poções, feitiços...quantas coisas mais Cho e Pansy não teriam usado para mantê-lo separado de Gina e submisso a elas. E, depois da morte de Pansy, quantas artimanhas Cho não teria feita para que ele não descobrisse nada...

-Seu burro!- ele martirizou-se- Tapado e imbecil!

-Tsc, tsc, tsc...burrinho mesmo, não é, Draquinho?- Draco virou-se bem a tempo de ver um bastão indo em sua direção, mas não rápido o suficiente para se esquivar dele.

O pedaço de madeira atingiu-o em cheio e ele não teve forças suficiente para se manter de pé, ou mesmo acordado.

-A poção do amor não funciona duas vezes com uma mesma pessoa, Draquinho, ou seja, eu não posso mais te enfeitiçar, já que você descobriu o meu segredinho...uma pena...eu mandei que você ficasse longe desse quarto, Draquinho, mas você não obedeceu, foi burro suficiente para estragar tudo...mas eu darei um jeito em você...

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