Beco Diagonal



Heloísa não o encontrava mais nos lugares de antes. Mesmo durante as aulas em conjunto, Severus fazia questão de ficar completamente afastado dela. Nunca mais o viu olhá-la, nem mesmo de relance como às vezes ele fazia. Estava completamente indiferente à ela. Não só aparentemente, como também por dentro, ela podia “sentir”. O que “percebia” era um vazio gelado vindo dele, um frio e enervante desprezo. Tentou lhe falar algumas vezes, mas ele nem sequer se dignava a parar para escutar.

As férias chegaram, e todos partiram. Heloísa ficou só em Hogwarts, com o diretor e alguns professores. Havia Hagrid, o enorme guarda-caças do castelo, e seus bichos diferentes. De vez em quando ia vê-lo. Ele era divertido e bom, e a tratava com consideração, indiferente às suas pouquíssimas qualidades de bruxa. Conversava com os elfos na cozinha e até os convenceu a lhe ensinar a fazer algumas comidas gostosas. Sabia, é claro, que faziam isso com o consentimento de Dumbledore. Ele também deve ter percebido que sua hora de encarar o mundo estava chegando.

Foi algumas vezes à Hogsmeade só para olhar, sair, pois não tinha dinheiro, apesar das ofertas do diretor para custeá-la até que completasse maioridade. Ela não aceitou, já se sentia bastante constrangida de ter suas necessidades básicas mantidas pelos fundos da escola.

Esteve uma vez no Beco Diagonal com Dumbledore. Ele foi resolver assuntos dele e de Hogwarts, e ela aproveitou para olhar as lojas. Parou diante da vitrine de uma escura e pequena livraria, onde havia prateleiras com livros expostos do lado de fora. Olhava distraída, quando viu pelo vidro um par de olhos negros que a observava do lado de dentro. Seu coração deu um salto. A um canto mais afastado dentro da loja, Severus Snape estava em companhia de outras pessoas, todas próximas umas das outras, como se conversassem algo muito particular. Havia dois homens de meia-idade, uma mulher de aparência dura e um rapaz de ar arrogante com cabelos longos e platinados. Apesar do calor do verão, usavam capas escuras que encobriam seus corpos.

Depois de olhá-la por instantes, meio surpreso por vê-la ali, Severus lhe virou as costas e continuou a prestar atenção no grupo.

- Heloísa! Ah, criança... você está aí! Venha! – Dumbledore a chamou.

Ela olhou novamente para o interior da livraria, mas o grupo já não estava mais à vista. Seguiu com o diretor até o banco bruxo Gringotts, onde o viu conversar algo com um grupo de duendes, entrar no interior do lugar e depois sair, sorridente, vindo ao seu encontro.

- Pronto, criança! Podemos ir embora. Tem certeza que não quer ver mais nada? Comprar algo? Visitar alguém? Seu material escolar já foi todo providenciado.

- Obrigada, professor – disse sorrindo, agradecida por ter encontrado alguém tão gentil e que a fazia se sentir realmente protegida.

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