A Despedida de Hogwarts.

Capitulo -1-

A Despedida de Hogwarts.


A trágica e recente morte de Dumbledore ainda estava vívida na mente de todos. A atmosfera em Hogwarts era estranha, a tristeza inundava e anestesiava estudantes e professores. Até os fantasmas das casas pareciam sem brilho.
Os estudantes não acreditavam ainda como era possível que o único bruxo que Você-Sabe-Quem sempre temeu agora estava morto e pior, pelas mãos de um professor que, como o próprio insistia em afirmar, era de sua “inteira confiança”.
O Expresso de Hogwarts já esperava na estação de Hogsmeade. As carruagens levadas pelos Testrálios percorriam o caminho lentamente e até o entardecer parecia demonstrar a sua forma de luto.
Harry Potter mais uma vez se sentia péssimo. A culpa o corroia por dentro. Os que ainda estavam em Hogwarts se apressavam para não perder o expresso, mas o garoto não tinha a menor vontade de sair às pressas como os outros estudantes. Era como se precisasse de tempo para se despedir de tudo em Hogwarts. Não voltaria a freqüentar o próximo ano escolar, pensava ser pouco provável que a escola continuasse a funcionar. Ronald Weasley, o único que ainda estava no dormitório junto com Harry, também parecia não ter pressa, pelo contrario; vigiava de perto os passos do amigo. A tristeza de Rony era, em parte, diferente da tristeza do moreno. Tinha a ver com suas apreensões sobre o futuro, o que aconteceria com ele e seus amigos, sua família. Ambos lembravam de Alvo Dumbledore imponente em sua cadeira de Diretor, com aqueles olhos azuis e os oclinhos de meia-lua amparado por aquele nariz torto. De longe era uma das pessoas mais singulares e excêntricas que os dois conheciam, exceto talvez por Luna Lovegood.
- Então é isso – Disse Rony para Harry mais por não ter o que dizer do que por vontade.
- É... – respondeu Harry, também só por dizer.
Eles pegaram as bagagens e desceram para a sala comunal, que estava quase deserta, exceto por Hermione Granger que estava muito quieta sentada perto da lareira. Seus olhos tentavam conter as lágrimas que não paravam de correr. Ao perceber que os meninos desciam pelas escadas, ela se virou e enxugou o rosto rapidamente, tomando fôlego para prosseguir. Com um sorriso muito amarelo, ela se levantou e com um aceno de varinha, disse:
- Locomotor!
O malão de Rony se movimentou e ele por pouco não deixou que o malão caísse em seu pé. Harry sentia a cabeça girar, absorto em mil pensamentos. Deu-se conta de que Hermione estava à espera deles e imitou o gesto da amiga para facilitar o transporte da sua bagagem. Assim, os três saíram silenciosos pelo Retrato da Mulher Gorda, que lhes disse um adeus com uma expressão de “Se cuidem ai fora”. Caminharam para a ala Hospitalar, onde o senhor e a senhora Weasley esperavam por eles. Hagrid, que estava lastimável, além de não ser bom com despedidas, foi o primeiro:
- Adeus Arthur, Molly... Dê tchau aos garotos, não posso deixar o Grope sozinho.
O amigo meio-gigante rapidamente saiu, e os outros professores, sem saber o que dizer, faziam algum tipo de comentário uma vez ou outra só para quebrar o silencio, em quanto esperavam Harry, Rony e Hermione.
Os três continuaram a caminhar em silêncio. Pichitinho, Edwiges e Bichento pareciam confortáveis carregados por seus donos e só acordaram com o ranger da porta da Ala Hospitalar.
Harry sentiu o estômago encolher em uma sensação desagradável, quando reconheceu os olhares piedosos. Era uma catástrofe: Harry Potter, pela terceira vez, órfão.
Para alívio do garoto a senhora Weasley aparentava pressa.
- Está na hora de ir. O ministro autorizou a viagem pela rede de Flu de Hogwarts até a toca. - E você Harry, vai ser escoltado do Caldeirão Furado até a estação. Não sabemos quem vai escoltar você. A única coisa que o ministro exigiu foi que você não fizesse o caminho para casa sem proteção mágica!
- O próprio ministro chamou os dois bruxos que vão te levar para a estação! – Disse a senhora Weasley.
- Deve ser gente bem importante... A Ninfadora e o Remo já foram... E duvido que seja alguém que você conheça, porque o Ministro não quis partilhar a informação com ninguém -disse o senhor Weasley complementando a informação.
- Espere Harry! Se tiver algum problema, não vá sozinho para casa. - acrescentou o senhor Weasley.
- Ah! Querida você já avisou os seus pais? – perguntou a senhora Weasley para Hermione, demonstrando nervosismo.
- Sim! Eles irão me buscar no Beco Diagonal – A senhora Weasley fez sinal com a cabeça em tom afirmativo.
– Vou dar um jeito nessas bagagens – Falou o senhor Weasley e com uma sacudida de varinha, concluiu a tarefa. – Podemos nos despedir direito.–
Os malões de Harry, Rony, Hermione desapareceram. Percebendo a contrariedade dos meninos, acrescentou:
- A bagagem de vocês já foi despachada, não se preocupem. Pichitinho, Bichento e Edwiges também estão seguros em suas casas.
- Adeus – disse o senhor Weasley.
- Adeus – responderam todos em uníssono.
- Se cuidem! Logo esperamos vocês para o casamento de Gui e Fleur! Não se esqueçam.
Harry assentiu notando a falta de Gina. Não foi o único; quando o senhor Weasley entrou nas chamas verde esmeralda e disse: “ A TOCA” , Rony pareceu despertar.
- Cadê a Gina, mamãe ?
- Ah querido, eu achei que a sua irmã estava muito abalada depois do enterro, então ela foi embora com Fred, Jorge, Gui, Carlinhos e Fleur. Nós só ficamos para levar você e nos despedir do pessoal.
Convencido da resposta, Rony virou e se despediu dos professores meio sem graça. Hermione contemplava seus sapatos com muito interesse tentando disfarçar duas teimosas lágrimas. O ruivo se despediu de Harry primeiro.
- Se cuida, cara! Logo você vai sair da casa dos trouxas...e...viver como bruxo de verdade...sabe...é uma boa noticia não é?
Harry tentou parecer consolado. Com um aperto na garganta deu um sorriso forçado, deu um abraço no amigo.
- Vamos, Rony. Seu pai vai ficar preocupado - falou a senhora Weasley apressada.
Hermione continuava a verificar os sapatos, que agora estavam com vários pingos de lágrimas. O ruivo, sem jeito, chegou perto da garota puxando a amiga para um forte abraço. Ficaram abraçados alguns segundos, Rony cochichou alguma coisa no ouvido da garota, os dois se soltaram e Hermione agora com o rosto carmim lhe deu um sorriso e murmurou:
– Sim - A senhora Weasley pigarreou com um leve sorriso no rosto e depois observou o seu filho ir em direção a lareira sem tirar o olhar de Hermione.
- A TOCA - com um farfalhar o ruivo sumiu nas chamas.
Harry desejava ter ido primeiro. Não agüentaria por muito tempo o olhar de pena de todos, mas acabou mudando de idéia, percebendo que cada segundo em Hogwarts era precioso e, com carinho, guardara todos em suas lembranças.
Chegara à vez da senhora Weasley e, como já era de costume, deixou Harry por ultimo.
- Querido se cuida! Não faça besteiras. Logo você atinge a maioridade e... Cuidado com os... Ah, deixa pra lá! Só se cuide, nos veremos logo! E não se preocupe com seus tios, já mandei uma coruja para eles avisando para te buscarem na estação. Já que eles odiariam se vc chegasse pela lareira. O menino agradeceu, mesmo sabendo que tio Valter provavelmente daria uma festa se o enterro fosse dele e não de Dumbledore.
Molly beijou o garoto carinhosamente no rosto deu uma boa olhada de cima a baixo como quem o fotografava para uma comparação de antes e depois. Tentando ser discreta ao entrar na lareira, deu uma piscadela bem sutil para Hermione que de carmim passou a vermelho grená, retribuindo a piscadela com um sorriso.
- Querida não esqueça de levar os seus pais para o casamento do Gui! Eu e Arthur ficaremos encantados.
Hermione agradeceu e todos acenaram um tchau a senhora Weasley.
- A TOCA – e assim Molly também se fora.
Chegara a vez de Harry e Hermione darem adeus aos professores. Cada qual com seu tom, foram se despedindo com tapinhas carinhosos nas costas e sorrisos amargos. Todos saíram da Ala Hospitalar; até Madame Pomfrey deixou Harry e Hermione próximos à lareira e se recolheu para a sua sala.
- Harry ?
- Sim.
- Você promete que vai ao casamento?
Beng! Hermione pegou Harry de jeito, o garoto não teve escolha se não tentar contornar a situação.
- Hermione! Eu sei que você não concorda mais seria melhor eu me af.....
- Ah, não me venha com essa! Não vai se isolar e fugir para nos poupar de alguma coisa! Não vamos te deixar, entendeu Harry Thiago Potter?
Harry não sabia se abraçava Hermione ou se lhe mandava uma bela azaração nas fuças. Deu um sorriso sincero de agradecimento pela preocupação da amiga e como sempre, a garota parecia adivinhar os seus pensamentos, porque logo o pegou com um golpe mais baixo ainda.
- Eu não gostaria de pensar que um dos motivos de você não ir no casamento é a Gina...
Harry arriscou sua melhor interpretação de indignado. Hermione novamente levou a melhor.
- Olha ela gosta de você e você gosta dela, poxa! O que quer que Você-Sabe-Quem faça...
Revirando os olhos Harry fez aquela cara de: PELO AMOR DE DEUS É VOLDEMORT! Resignada a garota prosseguiu:
– O que quer QUE ELE TENTE, não vai apagar o que Gina sente por você e o que você sente por ela! Estamos todos em perigo, lembra-se?
O garoto fez um aceno positivo com a cabeça. Hermione percebeu estar indo rápido de mais e mudou de assunto.
- Adeus, mas é por pouco tempo! TENHO CERTEZA QUE NOS VEREMOS no casamento do Gui, e depois aonde você decidir ir eu e Ron vamos com você! Entendeu?
- Muito obrigado, Hermione.
Os dois se abraçaram, Hermione entrou na lareira e também sumiu nas chamas. Então foi a vez de Harry.
Melancolicamente deu um giro de 360º graus no mesmo lugar para visualizar o aposento, lembrou da dor de seus ossos crescendo, a visita de Dobby, Hermione com cauda e cara felina vomitando bolas de pelo, sua Nimbus 2000 em pedacinhos, Rony descansando depois de quase morrer envenenado.
Lembrou-se de cada noite ali e de todas as vezes que viu e que não viu Madame Pomfrey vir correndo ao seu auxílio. Uma lágrima mais teimosa do que deveria ser queimou os olhos do menino que mais uma vez sobreviveu, e antes de dar adeus, viu nítido em seus pensamentos e lembranças o rosto de Alvo Dumbledore sorrindo para ele. Logo entrou na lareira e também desapareceu nas chamas.

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