As Confusões do Chapéu Seletor

As Confusões do Chapéu Seletor



Sombras do Passado
escrito por: BastetAzazis


Sumário: Os novos alunos são selecionados para suas Casas, mas parece que o chapéu seletor anda fazendo confusões...

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem à J. K. Rowling, abaixo são apenas especulações do que pode ter acontecido com alguns de nossos personagens favoritos!

BETA-READERS: Ferporcel e Suviana – muito, muito, muitíssimo obrigada!




Capítulo 4: As Confusões do Chapéu Seletor



– Vamos, venham comigo! Mais alguém do primeiro ano?

Severo ouvia a voz de Rúbeo Hagrid, o Guarda-Caça de Hogwarts, chamando os alunos do primeiro ano para seguirem-no. Ele e Roberto estavam entre os últimos do grupo. Seguiam por um caminho estreito e escuro que, logo após uma curva, mostrou que os conduzia até a margem de um lago.

– Lá está, Hogwarts! – Hagrid disse, apontando para o castelo na margem oposta.

Os alunos pararam para admirar o castelo que se erguia no alto de um penhasco do outro lado do lago. Severo estava se perguntando como chegariam até lá, quando ouviu a voz de Hagrid novamente:

– Apenas quatro em cada barco.

Aos poucos os alunos foram se organizando nos barquinhos que os esperavam à margem do lago. Severo seguiu com Roberto e mais dois meninos que ainda não conhecia. Viu os quatro garotos que encontrara no trem subirem juntos no mesmo barco, e Lílian e Carlos em outro, mais à frente. Quando todos já estavam acomodados, os barcos seguiram o comando de Hagrid e atravessaram o lago. Severo observava admirado a grandiosidade do castelo, com suas imensas torres e luzinhas cintilando à luz do luar. Foi pego de surpresa quando atravessaram uma cortina de hera e entraram num túnel que parecia os conduzir até o subterrâneo do castelo.

Hagrid guiou os alunos novos até uma enorme porta de carvalho, que parecia ser a entrada principal do castelo, e bateu nela três vezes. Uma bruxa alta, de rosto severo, abriu a porta para recebê-los.

– Bem-vindos à Hogwarts, crianças – ela cumprimentou o grupo de alunos admirados e nervosos que a observavam. – Obrigada, Hagrid – acrescentou. – Eu cuido deles a partir daqui. Venham crianças – disse voltando-se novamente para o grupo de alunos. – Eu sou a Profa. Minerva McGonagall e vou conduzi-los até o Salão Principal para o Banquete de Abertura. Sigam-me – ordenou.

Eles acompanharam a professora, seguindo pelo Saguão de Entrada. Não apenas Severo, mas todos os demais alunos admiravam as enormes paredes de pedra que se erguiam até o teto, tão alto que mal podiam ver. Passaram por uma porta onde se podia ouvir o burburinho dos demais alunos, mas a Profa. McGonagall passou reto por ela e os conduziu até uma sala ao lado, vazia.

– O Banquete de Abertura do Ano Letivo começará em breve – ela explicou, depois que todos os alunos entraram na sala. – Mas antes disso, vocês serão selecionados para uma das quatro diferentes casas: Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal ou Sonserina. – A profa. McGonagall seguiu sua explicação sobre a estrutura da escola, a competição entre as Casas pela Taça da Casa no final do ano e a importância da Cerimônia de Seleção. – Voltarei para chamá-los quando puderem entrar. Por favor, aguardem em silêncio.

Mal a professora saiu da sala, e Severo ouviu a voz de uma menina logo atrás dele:

– Não sei o porquê desta enrolação. Eles podiam poupar nosso tempo e selecionar apenas os que não são sangue-puro. Por exemplo, é óbvio que eu sou da Sonserina.

– Ora, ora – dessa vez era a voz de Sirius que Severo ouvia novamente. – Se não é a Isabelle Malfoy. Estava mesmo estranhando não ter ouvido nenhum comentário sobre a pureza dos Malfoy ainda. Estava com a esperança que você tivesse perdido o trem!

Ela deu um sorriso falso para Sirius e continuou:

– Isso é pura perda de tempo para você também. Você também vai ficar na Sonserina.

Sirius deu de ombros, fazendo uma careta.

– Não sei o que vai ser pior: agüentar o seu irmão como Monitor-Chefe, me vigiando o tempo todo; ou você me perseguindo em todas as aulas.

Sirius foi longe demais. Isabelle, furiosa, foi de encontro a ele com o dedo indicador apontado para o seu rosto. Os alunos em volta afastaram-se, esperando uma briga.

– Escute aqui, Sirius Black – sua voz tremia de fúria e indignação. – Se você acha que...

– Mas o que está acontecendo aqui? – A Profa. McGonagall havia voltado para chamá-los para a Cerimônia. – Srta. Malfoy? Sr. Black? Será que vocês não podem ficar cinco minutos em silêncio?

Isabelle e Sirius baixaram a cabeça. A Profa. McGonagall parecia ser do tipo que não gostava de ser contrariada. Os demais alunos permaneceram em silêncio enquanto a professora os observava, um a um, com um olhar de reprovação.

– Vamos andando – disse, após um longo intervalo em silêncio. – A Cerimônia de Seleção já vai começar. Façam uma fila e me sigam. – E, voltando-se para Sirius e Isabelle, acrescentou: – Espero não ser obrigada a distribuir detenções tão cedo este ano!

O grupo de alunos seguiu em fila a Profa. Minerva num silêncio sepulcral. Passaram novamente pelo Saguão, dirigindo-se às portas duplas do Salão Principal. Assim que as portas se abriram, os alunos entraram em fila e seguiram até o outro extremo do Salão, passando pelas quatro mesas compridas onde os alunos mais velhos já ocupavam seus lugares, separados de acordo com suas Casas. A fila de alunos parou em frente à mesa dos professores. Voltando-se para o outro lado, podiam enxergar a platéia de estudantes que os observava, e a esplendida decoração do Salão.

Minutos depois, a Profa. Minerva apareceu com um banquinho, que colocou à frente deles e, depois disso, depositou um chapéu velho e rasgado em cima do banco. Severo precisou se beliscar para ter certeza que não estava sonhando quando ouviu o chapéu cantar. Os alunos observavam o chapéu se mexendo e prestavam atenção à sua música. Falava alguma coisa sobre uma turma que por muito tempo ainda seria lembrada e que se dividiria em quatro Casas. Severo refletiu na descrição que o chapéu dava para cada Casa e concluiu que realmente deveria pertencer a Sonserina. Foi desperto de seus pensamentos com os aplausos para o chapéu, que voltara a ficar imóvel.

Em seguida, a Profa. Minerva se aproximou dos alunos do primeiro ano com um pergaminho nas mãos.

– Quando eu chamar os seus nomes – explicou –, vocês vão até o banquinho, sentem-se e coloquem o chapéu. – Afastou-se um pouco dos alunos e chamou o primeiro nome: – Avery, Roberto!

Estavam chamando os alunos por ordem alfabética. Severo pensou, desanimado, que provavelmente seria um dos últimos a sair dali. Observou Roberto sair do seu lado e dirigir-se para o banquinho. Assim que colocou o chapéu na cabeça, este anunciou:

– SONSERINA!

A segunda mesa da direita começou a aplaudir, enquanto Roberto tirava o chapéu e seguia em direção aos seus futuros colegas. A Profa. McGonagall continuou, chamando o próximo nome:

– Black, Sirius!

Sirius saiu desanimado do seu lugar e seguiu em direção ao chapéu. Não estava nem um pouco animado com a idéia de se tornar mais um sonserino da família. A mesa da Sonserina, por outro lado, já começava a comemorar a chegada de mais um colega.

Colocou o chapéu na cabeça assim que se sentou no banco. Entretanto, ao invés de proclamar rapidamente o nome da Sonserina, o chapéu ficou quieto por um bom tempo, como se estivesse refletindo. Chapéu estúpido – Sirius pensou. – Anda logo!

Como se ouvisse os pensamentos de Sirius, o chapéu finalmente se decidiu e anunciou:

– GRIFINÓRIA!

Na mesa da Sonserina, diversos alunos olhavam espantados para Sirius, sem entenderem o que estava acontecendo. Na mesa da Grifinória, logo à frente, alunos surpresos pela decisão do chapéu cumprimentavam Sirius assim que ele se aproximava.

Na fila de alunos do primeiro ano, Isabelle observava Sirius com preocupação. O que acontecera com aquele chapéu maluco? Desde quando um Black pertencia a outra Casa que não fosse a Sonserina? E desde quando Sirius parecia um grifinório? Alguma coisa não estava certa. Ela esperava que nada disso acontecesse com ela também. Recusar-se-ia a permanecer em Hogwarts se não ficasse na Sonserina. Na verdade, achava que dificilmente ficaria viva se seu pai descobrisse que não fora selecionada para a mesma Casa em que a família sempre pertencera.

Enquanto ficava imaginado o que estava acontecendo com o chapéu naquele ano, Isabelle nem percebeu que mais duas meninas haviam sido chamadas e selecionadas para Corvinal e Lufa-lufa.

Chegara a vez de Carlos Diggory: Lufa-lufa. Carlos levantou e foi recebido alegremente pela segunda mesa à esquerda. A profa. McGonagall chamou mais um nome:

– Evans, Lílian.

Lílian imitou os alunos que já haviam sido selecionados. Não estava nervosa. Ao contrário do que acontecia com muitos jovens de famílias bruxas conhecidas, seus pais não esperavam que ela entrasse para nenhuma Casa específica, embora ela já imaginava que não iria para a tão mal-falada Sonserina. Mal colocou o chapéu na cabeça e ouviu sua decisão:

– GRIFINÓRIA!

Levantou-se e foi correndo para a mesa da Grifinória. Vários alunos que estavam na mesa vieram cumprimentá-la, como também fizeram com Sirius.

Vários nomes foram chamados, e aos poucos, os nervosos alunos do primeiro ano eram selecionados entre as quatro Casas de Hogwarts. Isabelle aguardava ansiosamente o seu nome, quando percebeu que já estavam no final da letra L.

–Lupin, Remo!

Pronto – ela pensou. – Eu devo ser a próxima!

Observou o chapéu selecionar mais um aluno para a Grifinória, e enquanto Remo seguia para a sua mesa, ficou esperando seu nome ser chamado:

– Malfoy, Isabelle!

Com o canto do olho, viu seu irmão, Lucio Malfoy, o Monitor-Chefe, levantar-se, e todos os seus amigos começaram a aplaudir. Que vergonha – pensou. – E se eu não for para a Sonserina?

Sentou-se nervosamente no banco e, com as mãos já trêmulas, colocou o chapéu. Teve a impressão que horas já haviam se passado e ela continuava ali, sentada, sem receber uma resposta do chapéu. Lembrando-se do que aconteceu com Sirius, fechou os olhos e começou a murmurar para si mesma: Sonserina, Sonserina, Sonserina...

Sonserina? – ouviu uma voz no fundo da sua mente. – Mas eu estava quase certo que era Lufa-lufa...

– Não!!!

Abriu os olhos e olhou ao seu redor. Todos os alunos, de todas as mesas, e até mesmo os professores a olhavam curiosos. Levou as mãos à boca quando percebeu que tinha gritado para uma multidão que não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Pelo menos, o chapéu ainda não tinha anunciado a sua sentença.

Chapéu idiota! – pensou. – Não está vendo que sou uma sonserina? O nome Malfoy não lhe diz nada?

Está bem – o chapéu respondeu. – Se você tem certeza...

– SONSERINA! – anunciou para todo o salão.

A mesa da Sonserina, já toda de pé, aplaudia felizmente a chegada de mais uma aluna. Na verdade - Severo refletiu enquanto a observava caminhar até a mesa -, parece que fora a aluna mais aplaudida durante toda a noite. Talvez porque seu irmão fosse o Monitor-Chefe, ou talvez porque o chapéu tivesse demorado tanto para se decidir, que todo mundo já estava ansioso. Severo continuou observando Isabelle com curiosidade. Era muito parecida com o irmão, cabelos louro-claros e compridos e olhos acinzentados. Quando sentou-se na mesa, foi cumprimentada pessoalmente por todos os sonserinos, o que explicava sua atitude arrogante anteriormente, enquanto esperavam ser chamados para a Cerimônia. Severo deu uma risadinha ao lembrar-se do seu grito antes do chapéu anunciar sua decisão. O que será que tinha acontecido?

Já acomodada na sua mesa, Isabelle pensava a mesma coisa. Observando a mesa à esquerda, da Lufa-lufa, ficou pensando o que fizera aquele chapéu considerar a idéia de colocá-la lá. Ainda bem que tinha reclamado, não ia conseguir olhar na cara do seu irmão se isso acontecesse. Pensou em como seus pais reagiriam com a notícia; sua mãe certamente não agüentaria a decepção.

Ao lembrar-se da mãe, Isabelle baixou a cabeça, isolando-se do burburinho do Salão. A cada vez que mais um aluno era selecionado, ouvia-se uma salva de palmas de algum canto do Salão, mas Isabelle não estava mais interessada.

– Parabéns, querida – ouviu uma voz já bem conhecida atrás de si. – Seja bem- vinda a Sonserina!

– Obrigada Narcissa – respondeu, virando-se para trás. – Embora isso não tenha sido uma surpresa – disse, fingindo um sorriso. – Só não entendi como o seu primo foi parar na Grifinória.

– Ah, Sirius? – Narcissa respondeu, olhando para a mesa da frente. – Ele sempre foi o rebelde da família. Não duvido que tenha implorado para o chapéu lhe colocar em outra Casa, só para irritar os meus tios.

– É – Isabelle concordou. – Isso é bem a cara dele, mesmo.

As duas riram, e Narcissa voltou a sentar-se em seu lugar, ao lado de Lúcio.

Enquanto isso, a Profa. McGonagall já estava chamando Pedro Pettigrew. Severo o reconheceu como um dos quatro meninos que estavam conversando naquela cabine, durante a viagem de trem. Observou-o ser selecionado para a Grifinória, assim como os outros dois que estavam com ele. Agora só faltava o menino de óculos.

– Potter, Tiago! – a Profa. Minerva chamou.

Severo bufou quando o viu seguir em direção ao banco. Parecia, pelo menos para Severo, que estava desfilando para toda a escola. Com um sorriso maroto, colocou o chapéu na cabeça que rapidamente anunciou:

– GRIFINÓRIA!

Uma salva de palmas rugiu da mesa da Grifinória, ainda maior e mais animada que quando Isabelle Malfoy foi selecionada para a Sonserina. Parecia que todos o adoravam, até mesmo a Profa McGonagall parecia ter ficado feliz com a escolha do chapéu.

Severo sentiu uma pontada de inveja ao ver a alegria com que Tiago era recepcionado por seus colegas. Agora tinha certeza que, se não fosse selecionado para a Sonserina, também não queria entrar para a Grifinória. Não com aqueles quatro garotos lá também. Observou que faltavam apenas quatro alunos para serem selecionados e pensou, com um frio na barriga, que logo seria sua vez.

Mais um nome foi chamado: Evan Rosier, que foi selecionado para a Sonserina. Finamente, Severo ouviu seu nome:

– Snape, Severo!

Severo foi até o banco e sentou-se, ainda meio inseguro. Queria muito agradar ao seu avô, mas estava com medo que isso não fosse possível. Colocou o chapéu na cabeça e esperou.

– SONSERINA! – o chapéu anunciou de repente.

Severo nem acreditou quando ouviu aquilo. Tinha entrado para a mesma casa da sua mãe e do seu avô. Mesmo depois do que disseram sobre apenas sangue-puros entrarem para a Sonserina, ele estava lá. Pelo menos nisso o seu pai não havia atrapalhado a sua vida. Seguiu em direção a mesa, onde foi recebido pelos futuros colegas, e observou os dois últimos alunos serem selecionados.

– LUFA-LUFA! – o chapéu anunciou para Melissa Trelawney.

E, finalmente, o último aluno foi chamado:

– Wilkes, Paulo!

E logo depois, todo o salão ouviu o chapéu anunciar:

– SONSERINA!

A Profa. Minerva esperou Paulo se sentar e a comemoração na mesa da Sonserina acabar. Enrolou o pergaminho e recolheu o banquinho e o Chapéu Seletor. Agora era a vez de Alvo Dumbledore, Diretor de Hogwarts, pronunciar seu discurso de boas-vindas. O Salão Principal ficou em silêncio assim que um bruxo de barba e cabelos brancos e compridos levantou-se ao centro da mesa dos professores.

– Sejam bem-vindos! – ele exclamou e, depois de uma pausa, continuou seu discurso: – Foi uma Cerimônia interessante hoje, não? Deixou-me faminto! Bom apetite! – E sem dizer mais nada, sentou-se novamente.

Pegos de surpresa, a platéia levou alguns segundos para aplaudir, alguns ainda sem entender o que estava acontecendo. Na mesa da Sonserina, Isabelle perguntou para o irmão, do outro lado da mesa:

– O que foi isso? Essas são as únicas palavras do famoso Alvo Dumbledore? – acrescentando um tom irônico ao pronunciar o nome do Diretor.

– Ano passado foi a mesma palhaçada – Lúcio respondeu. – Estamos todos sentindo falta do velho Dippet.

Muitos na mesa concordaram com Lúcio. Severo, por outro lado, estava mais preocupado em descobrir de onde saiu toda a comida que agora enchia a mesa. Nunca teve uma refeição como aquela, com diversos tipos de carnes e acompanhamentos. Experimentou um pouco de cada e, depois de satisfeito, começou a conversar animadamente com Roberto, que estava sentado à sua frente. Em pouco tempo já tinham feito amizade com os meninos do lado: Evan Rosier e Paulo Wilkes, que também foram selecionados para a Sonserina naquela noite.

Após o jantar, os restos de comida desapareceram magicamente, dando lugar às sobremesas. Estavam discutindo sobre quadribol enquanto Severo se servia de um pedaço de torta de maçã, e Isabelle Malfoy entrou na conversa:

– Ano que vem vou me candidatar para batedora. Nada melhor que poder jogar uns balaços em grifinórios e corvinais na frente de toda a escola e com a permissão dos professores! Sem falar naqueles babacas da Lufa-lufa! – E depois de morder uma bomba de chocolate, notando a presença de Severo, perguntou: – Eu não conheço você – apontando para ele.

– Meu nome é Severo – respondeu, mas percebendo o olhar curioso ainda estampado no rosto dela, acrescentou baixinho: – Snape.

– Snape? – ela repetiu. – Não lembro de ninguém chamado Snape. Quem é o seu pai?

Pronto. A hora que ele mais temia depois que sentou-se à mesa da Sonserina havia chegado:

– Meu pai era trouxa – respondeu, ficando aliviado ao perceber que mais ninguém, além dos seus novos amigos, estava ouvindo a conversa. Acrescentou urgentemente: – Mas eu nem conheci ele. – De certa forma, não estava mentindo. – Fui criado pela minha mãe, Eileen Prince. Meu avô chama-se Edward Prince.

– Ah! – a menina exclamou, os olhos fixos em Severo. – Meu pai me falou de você! O Príncipe que virou sapo!

– O que você disse? – Severo perguntou furioso, levantando a voz e quase se levantando da mesa.

Com o barulho, Lúcio olhou na direção deles para ver o que estava acontecendo. Isabelle simplesmente acenou para o irmão, indicando que não havia problemas, e ele voltou-se para a namorada, Narcissa. Severo entendeu o recado e ajeitou-se novamente no seu lugar, olhando furioso para a menina.

– Calma – ela respondeu com um olhar vitorioso. – Se você vai ficar na Sonserina, é bom aprender a só ameaçar os idiotas das outras Casas. Foi só uma brincadeira com o nome do seu avô. – E depois, acrescentou num tom pacificador: – Você não tem culpa de ser um mestiço, mas nós vamos ajudá-lo a se tornar um bruxo de verdade e não um amante de trouxas e sangue-ruins. Não é verdade, meninos?

Os outros três meninos assentiram prontamente, e a conversa voltou para assuntos mais tranqüilos. Nas outras mesas, os novos alunos da Corvinal e Lufa-lufa também começavam a fazer amizade, conversando animadamente sobre os mais variados assuntos. Na mesa da Grifinória, Tiago, Sirius, Pedro e Remo comemoravam alegremente por estarem juntos na mesma Casa. Embora tivessem se conhecido apenas no trem que os trouxe a Hogwarts, parecia que aquilo seria o início de uma grande amizade. Lílian também conversava com suas novas amigas e lançava um olhar reprovador para os quatro amigos toda vez que os ouvia fazendo planos para pregarem peças nos colegas das outras Casas.

Do alto da mesa dos professores, Alvo Dumbledore observava com atenção a alegria nas mesas dos alunos. Este ano prometia ser comprido. Primeiro foi o pedido para a aceitação de um jovem bruxo mordido por um lobisomem, e portanto, providências foram necessárias para as noites de lua cheia. Alvo acreditava que, se outro professor fosse o Diretor da escola, Remo Lupin jamais teria a chance de estudar em Hogwarts. Agora, as palavras do Chapéu Seletor também enchiam a sua mente de preocupações. Era apenas o seu segundo ano como Diretor, mas já lecionava em Hogwarts há muito tempo. Já tinha perdido a conta de quantas vezes ouvira o Chapéu. Mas este ano foi a primeira vez em que teve a sensação que o Chapéu anunciava a vinda de tempos difíceis. Nem quando a Câmara Secreta foi aberta e uma aluna assassinada, o acontecimento mais grave que Dumbledore presenciara na escola até então, o Chapéu havia sido tão direto. Uma turma a ser lembrada por muito tempo... Normalmente, qualquer pessoa teria interpretado o recado como a presença de jovens brilhantes e com um futuro promissor. Mas, a morte da já idosa Profa. Galatéia Merrythought, às vésperas do início das aulas, e a visita de Tom Riddle no início do ano, pedindo pelo cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, coincidentemente a matéria há muito lecionada por Galatéia, indicavam que o mundo bruxo podia estar prestes a enfrentar perigos até então inimagináveis. Talvez os jovens bruxos e bruxas que agora festejavam alegremente à sua frente fossem obrigados, no futuro, a enfrentar perigos grandes demais para a sua pouca idade.

Dumbledore examinou cada mesa, uma a uma. Nada de estranho na Corvinal e Lufa-lufa. Voltando-se para a Grifinória, sua própria Casa, observou Sirius Black conversando com seus novos amigos. Com certeza, amanhã estaria recebendo o Sr. e Sra. Black pedindo-lhe explicações pela escolha do Chapéu. Não foi de se estranhar a surpresa na mesa da Sonserina quando Sirius foi escolhido para outra Casa. Os Black eram famosos por serem, tradicionalmente, sonserinos. Observou também Tiago Potter e Remo Lupin. O Sr. Potter já era popular antes mesmo de entrar para a escola, pois suas traquinagens, sempre protegidas pelo afeto excessivo dos pais superprotetores, eram famosas em todas as escolas bruxas. Parecia estranho ele estar fazendo amizade com o tímido Sr. Lupin, atacado por um lobisomem quando ainda era um bebê e que, portanto, foi educado pelos próprios pais em casa. Com um suspiro, Dumbledore imaginava se as providências que ele e Hagrid tomaram para conter o lobisomem a cada lua cheia seriam suficientes.

Caminhando com os olhos até a mesa de trás, Dumbledore observou Isabelle Malfoy. Pela reação dela enquanto o Chapéu ainda estava na sua cabeça, ele diria que a Sonserina não foi a primeira opção oferecida para a Srta. Malfoy. Mais uma aluna de uma família tradicionalmente sonserina que o Chapéu cogitou em selecionar para uma Casa diferente. Com uma risadinha, Dumbledore imaginou qual teria sido a primeira opção para ela, e o que se passou na cabecinha da Srta. Malfoy para fazer o Chapéu mudar de idéia. E ainda tinha Severo Snape. Não era a primeira vez que um aluno mestiço era selecionado para a Sonserina, mas ainda assim, não era comum. Em tempos como estes, em que ele sabia que algumas famílias auto-denominadas de sangue-puro estavam se unindo em torno de um mestre que acreditava na supremacia dos bruxos, esta poderia ser uma posição complicada para o jovem Severo. Dumbledore sorriu aliviado quando o viu conversando com a Srta. Malfoy. Realmente, embora suas escolhas parecessem estranhas às vezes, o Chapéu Seletor sabia o que estava fazendo.

A Profa. McGonagall o tirou de suas reflexões, avisando-o que estava na hora de dispensar os alunos. Levantou-se novamente, pedindo silêncio a todos no Salão:

– Agora que já estamos devidamente alimentados – começou –, tenho mais algumas palavras para dizer-lhes. Apenas alguns avisos de início de ano letivo. – E continuou, enquanto os alunos o olhavam atenciosamente: – Os alunos do primeiro ano devem observar que é proibido andar na Floresta Proibida. Como alguns dos estudantes mais antigos insistem em ignorar esta regra, este ano o Sr. Hagrid contará com mais um ajudante para espantá-los da Floresta: um Salgueiro Lutador. Portanto, devo ressaltar que a Floresta Proibida tem este nome justamente por ser um lugar perigoso para pessoas destreinadas. Ninguém, em hipótese alguma, tem a permissão de entrar lá sem a companhia do nosso Guarda-Caça, o Sr. Rúbeo Hagrid, que todos já devem conhecer.

Dumbledore apontou para Hagrid, que apenas assentiu com a cabeça para os alunos. Na mesa da Sonserina, Lúcio Malfoy comentara indignado:

– Esse velho é louco! Onde já se viu plantar um Salgueiro Lutador numa escola!

Ignorando os comentários dos alunos, o Diretor prosseguiu:

– O Sr. Filch, o zelador – disse, apontando para um rapaz no canto da mesa –, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante o intervalo das aulas. E nem sair das suas Salas Comunais após o toque de recolher.

Alguns alunos deram risadinhas e se entreolhavam, enquanto o Diretor apresentava o zelador da escola. Tiago e Sirius trocaram um olhar maroto, observados de perto por Lílian.

Em seguida, o Diretor explicou sobre a Copa de Quadribol e os testes para a montagem dos times. Os alunos ficaram muito animados, e logo seus comentários encheram a sala. O Prof. Dumbledore pediu silêncio novamente:

– E, por último – acrescentou com a voz pesarosa –, acredito que todos já devem estar sabendo que a Profa. Galatéia Merrythought nos deixou há algumas semanas. Seus familiares estão gratos pelas famílias que mandaram suas condolências. A Profa. Merrythought dedicou toda sua longa vida a esta escola, e todos desejamos que descanse em paz. – O Diretor baixou a cabeça, imitado pelos alunos que fizeram um minuto de silêncio.

– Este ano, Defesa Contra as Artes das Trevas será lecionada pelo Prof. Oldridge. – E apontando para o professor, que se levantou de onde estava, continuou: – Que gentilmente interrompeu suas pesquisas com o cavalo-do-lago residente no Lago Ness, enquanto um professor definitivo será contratado para o próximo ano.

Ao ouvirem sobre o novo professor, muitos alunos soltaram exclamações de admiração. O Diretor continuou:

– E agora, hora de todos irem para a cama! Os alunos novos devem seguir os monitores das suas Casas; os demais já sabem o que fazer.

Os alunos foram se levantando das mesas, enquanto os monitores organizavam todos em fila e seguiam para as suas salas comunais. Severo seguiu seus novos amigos a caminho da sala comunal da Sonserina. Muitos se admiraram quando viram que seguiam em direção as masmorras.

– Uau! – exclamou Roberto. – Nossa sala comunal é nas masmorras!

– Na verdade – Lúcio explicou –, fica em baixo do lago. Vamos passar por um túnel que passa por baixo de toda a escola até chegarmos lá.

Severo observava de boca aberta os corredores escuros das masmorras. Ficou imaginando se conseguiria sair de lá sozinho, pois os corredores formavam enormes labirintos, escuros e frios. Depois de muito tempo caminhando por aqueles corredores, Lúcio parou em frente à uma parede lisa e disse:

– Agora prestem atenção. A senha deste ano é “Trasgo Vesgo”.

Dizendo isso, uma porta de pedra escondida na parede deslizou dando passagem para a sala comunal da Sonserina.

A sala era um aposento comprido com paredes de pedra rústica. No teto, correntes com luzes redondas e esverdeadas eram a única iluminação do ambiente. Perto da lareira, havia várias poltronas confortáveis, onde alguns alunos mais velhos já estavam sentados, conversando. Severo adorou o clima medieval da sala e sentia-se cada vez mais adaptado à escola.

Lúcio indicou as entradas separadas para os dormitórios das meninas e meninos. Severo seguia Evan, Paulo e Roberto para o seu dormitório quando viu, pelo canto do olho, Lúcio agarrar sua irmã pelo braço e cochichar:

– Cuidado com esse mestiço. No estado que a nossa mãe está, você vai matá-la de desgosto!




N.A.: Segundo “Animais Fantásticos & Onde Habitam”, o maior cavalo-do-lago (ou Kelpie) do mundo encontra-se no Lago Ness, na Escócia, e já foi observado por trouxas várias vezes.

Boa parte do discurso de boas-vindas de Alvo Dumbledore foi descaradamente copiado de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, afinal, alguns avisos devem ser repetidos ano após ano. A descrição da sala comunal da Sonserina segue o que está escrito em “Harry Potter e a Câmara Secreta”. Obrigada a claurabelo por me passar os livros!

Não esqueçam de deixar comentários para saber o que estão achando da história. Vocês podem acompanhar as atualizações no meu LiveJournal:
http://bastetazazis.livejournal.com

A seguir: Tem início mais um ano letivo em Hogwarts!


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