Você Acha Que Tem Problemas?



Capítulo VIII – Você Acha Que Tem Problemas?


“Cause there are somethings that I'd like to say to you,
And I don't think that you know what you've been missing...”

(My Chemical Romance - Your Own Disaster)


A rapidez com que os dias se passavam aumentava cada vez mais, assim como a pilha de deveres que os alunos do sétimo ano tinham para fazer. Mas, outra coisa mais preocupante aumentava significativamente: o número de seqüestros, ataques e até mesmo assassinatos. Todos eles, sem exceção, ligados a Voldemort.

Era de manhã, e a maioria dos alunos já se encontrava no Salão Principal quando o Correio-Coruja irrompeu pelas janelas do castelo. Sirius pegou seu Profeta Diário com uma das corujas, desdobrando-o em seguida.

--- Mais um! --- ele exclamou, irritado, atirando o jornal longe e batendo com a mão fortemente na mesa.

--- O que foi, Sirius? --- Nat perguntou, assustada.

--- Mais um assassinato cometido por aqueles babacas seguidores desse tal Lord!

Lily suspirou, as coisas no mundo bruxo iam de mal a pior. O Ministério parecia incapaz de deter as investidas dos Comensais, eles estavam sempre um passo a frente. Os murmúrios tomaram conta do salão, como sempre que essas notícias chegavam. Era freqüente ver alunos saírem chorando, quando algum familiar era atacado.

Dumbledore levantou-se, fazendo um sinal com a mão para que os alunos se calassem – o que aconteceu quase instantaneamente, como sempre.

--- Um momento da atenção de vocês, por favor, meus jovens. --- ele disse, calmamente. --- Como acho que a maioria não tem mais estômago para ler os artigos inteiros que saem sobre Voldemort...

Muitos dos alunos estremeceram ao ouvir aquele nome. O bruxo já era temido por todos, e também conhecido como Aquele-Que-Não-Deve-Ser Nomeado, ou Você-Sabe-Quem. As pessoas temiam a simples menção do seu nome.

--- Acho que devo ressaltar para vocês que o Ministério da Magia colocou a Inglaterra sobre alerta de guerra.

Guerra. Aquela era a palavra mágica para criar tumulto. Os alunos possuíam expressões surpresas e assustadas, e desataram a falar como loucos. O medo estampado nas suas faces...

--- Acalmem-se. --- Dumbledore disse, elevando o tom de voz para que todos escutassem. --- Hogwarts ainda é segura. Quanto aos familiares que se encontram lá fora, tudo que nos resta a fazer é torcer para que eles estejam bem.

Tiago não achava que aquilo era realmente um consolo. De que adiantava estarem seguros ali, se o resto do mundo corria perigo, se seus pais ou parentes corriam perigo? De que lhe adiantaria estar vivo sem as pessoas que ele amava? Temia principalmente por seus pais que eram aurores, e estavam provavelmente agindo diretamente contra Voldemort. Hogwarts ainda era segura, mas com as coisas correndo no ritmo que estavam, ele realmente não sabia mais por quanto tempo. A própria Inglaterra estava sobre alerta de guerra...

--- Mas, para não dizer que as notícias só têm sido ruins, tenho uma boa para vocês: haverá visita ao povoado de Hogsmead neste fim de semana. Devo lembrá-los de que somente os alunos do terceiro ano para cima...

A partir daí os marotos não prestaram atenção no que mais o diretor havia dito. Aliás, a maioria dos alunos também não. A perspectiva de guerra agora era meio esquecida com a excitação da visita ao povoado. Idas a Hogsmead sempre eram divertidas.

Remo lançou um olhar tímido à Isa, que conversava animadamente com Lily e Nat sobre o que elas fariam lá. Como gostaria de poder convidá-la, de estar com ela... Mas não podia, ele sabia disso.

Os garotos tiveram que retornar aos dormitórios para pegar os materiais para a primeira aula do dia. Sorrisos marotos se formavam nos rostos de Tiago e Sirius quando eles se entreolharam, fazendo sinais positivos com a cabeça. Ao entrar no dormitório, Tiago bateu a porta às suas costas, sentando-se na cama em seguida.

--- Aluado, você tem que convidá-la! É a oportunidade perfeita! --- Sirius disse, sentando-se em sua cama.

--- Do que você está falando, Sirius? --- Remo respondeu, sem se virar para ele, fingindo-se de desentendido.

--- De você, Isa e Hogsmead. --- o outro respondeu, simplesmente.

--- Almofadinhas tem razão. --- Tiago comentou, sério. --- Se você não fizer nada, alguém vai fazer antes.

Remo suspirou, cansado. De novo aquela conversa.

--- Será que vocês nunca vão entender? --- ele disse, virando-se para encarar os dois amigos. --- Eu não posso me envolver com ninguém!

Tiago deu um soco na cama, irritado. Até quando ele viveria assim, se privando de sua felicidade? Aquilo era inaceitável!

--- E o que é dessa vez? De novo a desculpa de você ser um lobisomem? Pra mim isso é covardia, Aluado!

A face de Remo se contraiu de raiva, não acreditava no que estava ouvindo.

--- Covardia? Você nem sabe o que é coragem, Tiago! --- ele disse, começando a andar de um lado para o outro no quarto. --- Você acha que tem problemas?

Os outros, até mesmo Pedro que nem se manifestara, se assustaram com a reação de Remo. Ele nunca perdia o controle assim.

--- Você e a sua fixação com a Lílian... Você acha que isso é problema? --- ele continuou, parando de andar por um momento. --- Pois eu lhe digo: você não tem a mínima idéia do que é ter um problema de verdade, um que você não pode resolver.

--- Se você quer saber, eu acho que o seu problema não é essa maldição. --- Tiago disse, levantando-se também. --- O problema está na sua cabeça! Você acha que a Isabella se importaria com uma coisa banal dessas?

--- Coisa banal? Coisa banal, Tiago?! Achei que depois de todo esse tempo você saberia que isso se trata de muito mais do que uma coisa banal. E você sinceramente acha que ela, ou qualquer garota aceitaria ficar com um monstro? --- Remo disse, ainda alterado, embora sua voz demonstrasse um pouco de tristeza no final.

--- Por Merlin, Aluado! Você a conhece, sabe que ela não é assim! --- dessa vez foi Sirius quem se manifestou, levantando também. --- E você sabe que não é um monstro. Por tudo que é mais sagrado, acorde!

--- Você está jogando sua vida fora, meu amigo. --- Tiago disse, colocando a mão no ombro dele e tentando acalmá-lo. --- Está se privando, e privando Isa da felicidade. Ou você acha que aquela garota não sofre achando que você não dá a mínima para ela?

Remo olhou para Sirius, que fez um sinal afirmativo, mostrando que concordava com Tiago.

--- Você não pode continuar com isso, Aluado.

O garoto parou para pensar por um momento, talvez os amigos estivessem certos. Quer dizer, ele não estava sendo egoísta? Todos diziam que Isa gostava dele, embora ele achasse difícil de acreditar nisso... Ninguém gosta de um monstro. Mas se bem que Isa não sabia que ele era um monstro...

Ao mesmo tempo em que ele era egoísta vendo por esse lado, por outro ele estava apenas tentando protegê-la. Os amigos, inconseqüentes como eram, não podiam entender realmente o perigo que ele representava. Não eram eles que se transformavam numa fera nas noites de lua cheia e no outro dia acordavam machucados e sem se lembrar de nada.

Aquilo era tudo muito confuso, melhor deixar tudo como estava para evitar – mais – sofrimento.

--- Peguem suas coisas logo. --- ele disse, dirigindo-se à porta. --- Assim vamos chegar atrasados.

Saiu sem olhar para trás, deixando os outros três sozinhos no quarto.

--- Devemos considerá-lo um caso perdido? --- Sirius disse, ironicamente, porém seu tom de voz não era nada animado.

--- Ainda não... --- Tiago disse, um sorriso voltando a se formar em seu rosto. --- Acho que acabei de ter uma idéia.

--- E...? --- Sirius disse, vendo que ele não pretendia continuar a falar.

--- Mais tarde eu conto. Vamos precisar da ajuda das garotas...

Não dá para se dizer que aquele foi um dia interessante. As aulas passaram extremamente devagar, e Tiago não via a hora da noite chegar para compartilhar seu plano com os outros. Eles não podiam deixar que Remo continuasse jogando sua vida fora, não podiam!

Depois da última aula foram todos até a Sala Comunal, já que ainda faltava um certo tempo para o jantar. Tiago, que era o último a entrar, segurou o braço de Sirius.

--- Temos que dar um jeito de tirar o Aluado daqui. --- murmurou, tentando fazer com que os outros não escutassem, no que Sirius concordou. --- E a Isa também.

--- Alguma idéia? --- perguntou, no que Tiago fez um sinal negativo com a cabeça. --- Deixe o Remo comigo, tente fazer com que Isa suba, e de preferência que fique lá, se é que você me entende.

Deu uma piscadela marota para o amigo, e foi até Remo.

--- Aluado, preciso ir até o dormitório pegar umas coisas. Venha comigo! --- disse, tentado parecer o mais normal possível.

--- Pegar o que, a essa hora, Sirius?! --- Remo questionou, desconfiado.

--- Ah, deixa de ser chato. Vamos logo! --- o garoto disse, subindo para o dormitório e verificando se o outro fazia o mesmo.

Sirius adentrou o quarto, com Remo em seu encalce.

--- Certo, Almofadinhas. --- ele disse, cruzando os braços. --- O que você tanto quer pegar?

Sirius correu os olhos pelo quarto em busca de algo que pudesse usar como desculpa, pousando o olhar em alguns livros largados em cima da cama de Tiago.

--- Ah, pegue aqueles livros ali para mim. --- disse, indicando-os com a mão.

Remo olhou desconfiado para o local, mas não achando nada suspeito... Foi. Quando passou por Sirius, o mesmo recuou, indo até a porta do quarto, saindo e fechando-a. Trancou-a por fora, para que, mesmo com magia, Remo não conseguisse abri-la de jeito nenhum.

--- Lamento, Aluado, mas você vai ter que ficar aí! --- disse, tentando inutilmente conter o riso. Sua “armadilha” funcionara direitinho.

--- Sirius Black! --- Remo disse, batendo na porta repetidamente. --- O que você pensa que está fazendo, seu idiota?!

Não obteve resposta, Sirius apenas desceu as escadas de dois em dois degraus, com um sorriso maroto estampado no rosto. Chegando novamente na sala comunal, viu que Isa ainda se encontrava lá.

--- Pontas, seu incompetente! --- murmurou, indo até onde o amigo estava. --- Não era você que ia fazer a Isa subir?

--- Argh, Almofadinhas. Você quer o que, que eu a arraste lá para cima? Ia ficar meio suspeito, não? E além do mais você está esquecendo que garotos não podem subir aquela maldita escada! --- Tiago reclamou, indicando a escada com os olhos.

--- É, essa foi uma jogada bem esperta dos fundadores de Hogwarts... --- Sirius disse, rindo e relembrando as várias vezes que ele e os outros marotos tentaram subir inutilmente até o dormitório das garotas. --- Bem, é como diz o ditado: se você quer alguma coisa bem feita, faça você mesmo.

Caminhou até onde Nat estava, murmurando alguma coisa no ouvido dela, que conteve uma risada em seguida e fez um sinal afirmativo com a cabeça.

--- Isa? --- a loira disse, aproximando-se da amiga que conversava com Lily. --- Será que você pode me ajudar com uma coisa lá em cima?

--- Tudo bem, eu acho. --- ela disse, fazendo um sinal com a mão para que Lily esperasse e se dirigindo ao dormitório junto com a amiga.

As duas adentraram no quarto, no que Nat pediu para Isa que buscasse alguma coisa no banheiro. A morena seguiu inocentemente até lá, enquanto a outra recuava para a saída do quarto.

--- Me desculpe, Isa, mas você vai ver que ficar aí! --- disse, dando um sorriso consolador.

--- Mas o que... --- Isa disse, enquanto caminhava de volta para o quarto e Nat batia a porta, trancando-a. --- Natalie! Abra isso agora!

Nat apenas deu um sorriso maroto, descendo para a Sala Comunal para encontrar os outros amigos, que estavam todos sentados em um círculo no tapete próximo às poltronas. Ela sentou-se no lugar vago, e Sirius logo começou a falar.

--- Certo, temos que ser rápidos. Não duvido que o Aluado encontre logo um jeito de desfazer meu feitiço.

--- Alguém quer me explicar o que exatamente nós estamos fazendo?! --- Lily perguntou, ignorando o aviso de Sirius.

--- Um plano maroto, ruivinha. --- ele disse, despenteando os cabelos. --- Para juntar o Aluado e a Isa!

--- O que?! --- ela indagou, indignada. --- Vocês estão querendo bolar um plano para juntar os dois? Por Merlin, isso não está nada certo!

--- Lílian, pare de se preocupar tanto com o que é certo ou o que é errado. --- Sirius disse, sério. --- Os próximos que vão precisar de um plano pelo jeito são você e o Pontas!

--- Mas é claro que você pode tornar isso bem mais fácil, se aceitar sair comigo de uma vez. Que tal, ruivinha? --- Tiago disse, sorrindo.

--- Potter, quer fazer o favor de parar com isso? Eu nunca vou sair com você, já disse!

Lily estava precisando treinar suas respostas, elas já estavam começando a ficar repetitivas. Mas é claro que devia ser difícil, já que ele pedia para sair com ela milhares de vezes todo santo dia...

--- Chega vocês dois! --- Nat disse, interrompendo a discussão. --- Estamos aqui para falar sobre o Remo e a Isa, não para ver vocês discutindo.

--- Ainda acho que não é certo armar pros dois assim. ---- Lily comentou, cruzando os braços num gesto emburrado.

--- Lily! Você quer vê-los felizes ou não? --- Nat questionou, no que a ruiva acabou cedendo.

--- Certo. Todos nós sabemos que Remo e Isa se gostam, não é? --- Sirius questionou, no que todos afirmaram. --- Temos apenas que pensar em alguma coisa, Remo não vai tomar a iniciativa.

--- Hey, Almofadinhas, está esquecendo da mente brilhante aqui? --- Tiago disse, orgulhoso.

--- Mente brilhante? Ah tá! --- Lily disse, irônica. --- Se formos depender do Potter para bolar o plano, com certeza não dará certo!

--- E você por acaso tem alguma idéia, senhorita sabe-tudo? --- Tiago disse, encarando-a seriamente pela primeira vez na noite, no que a ruiva engoliu em seco.

Ela não estava acostumada a ser tratada daquele jeito, muito menos por ele. De certa forma ouvir aquelas palavras doeram um pouco... Mas ela preferiu não dar atenção, ele era simplesmente o idiota do Potter, não era?

--- Quem você conhece de outra casa que seja confiável, Nat? --- Tiago continuou, aparentemente ignorando completamente o olhar intrigado que a ruiva lhe lançava.

Ele gostava dela, mas também cansava de aturar todas aquelas patadas de vez em quando. Será que nem quando se tratava dos amigos ela podia ser pelo menos educada com ele? Mas um dia as coisas mudariam, ele sabia que sim. Alguma coisa lhe dizia para não desistir, que a ruiva acabaria cedendo aos seus encantos – que não eram poucos, como ele adorava ressaltar.

--- Você não está sugerindo o que eu estou imaginando, está? --- ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. --- Bem, tem a Amanda da Corvinal, acho que ela não se importaria de nos ajudar.

--- Certo, o que nós vamos fazer é o seguinte... --- Tiago começou, no que os outros se aproximaram mais para escutar.

[...]

--- Não acho que dará certo... --- Nat comentou, insegura, depois de ouvirem todo plano de Tiago.

--- Aí que está a parte boa, minha cara. --- Sirius disse, sorrindo e lhe lançando um olhar um pouco suspeito. --- Certeza de fracasso, pouca chance de sucesso... O que nós estamos esperando?!

--- Falou e disse, Sirius! --- Tiago concordou, rindo.

Continuaram a conversar por um tempo, até que se lembraram de uma coisa ao mesmo tempo em que outra acontecia...

--- SIRIUS BLACK!

--- NATALIE ANDREWS!

Remo e Isa irromperam na Sala Comunal juntos, um vindo de cada dormitório, e com expressões nada amigáveis estampadas em seus rostos. Sirius e Nat apenas se entreolharam apreensivos, enquanto os outros seguravam o riso...





N/A: capítulo meio dramático, Voldemort, brigas e tal; mas pelo menos termina com um plano bem... Maroto! Não vou comentar mais nada sobre isso, cenas dos próximos capítulos, hehehe! E para os que estavam curiosos sobre o plano com a prévia, sinto dizer que vou ter que deixá-los na curiosidade até o próximo capítulo... Sorry!

Traduzindo o trechinho lá de cima:
“Porque há algumas coisas que eu gostaria de dizer para você,
E eu não acho que você saiba o que anda perdendo...”


Achei que ele combinou bastante com a conversa dos marotos com o Remo sobre o fato de ele estar desperdiçando a chance de ser feliz e tal...

E o capítulo veio super rápido, né? Então tratem de comentar bastante, meus queridos! ;) e agora é pra valer, minha semana de provas começou – e aliás, eu já devia estar estudando. Então, o próximo talvez demore um pouquinho, mas se eu tiver um tempo tento escrever... Beijosss

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