SETE DIAS [primeira parte]



CAPÍTULO 16


SETE DIAS [primeira parte]


“Certo. O que vou contar é o típico exemplo de quando todas aquelas coisas que você espera que aconteçam durante um ano inteiro... Acontecem em poucas horas”. Belzinha "O Segredo de Corvinal"



A verdade sobre aqueles sete dias não chegou a ser conhecida na época. Mesmo muito tempo depois, depois do fim da guerra, e com tudo o que aconteceu em seguida, as pessoas acabavam confundindo fatos e datas, e muita coisa ficou sem ser esclarecida. Afinal, os principais personagens envolvidos nos acontecimentos em questão estavam mortos, presos, foragidos ou derrotados. Ou, simplesmente, em silêncio.
Com o tempo, as pessoas foram compondo uma realidade diferente daquilo que realmente aconteceu, associando alguns poucos fatos conhecidos ao que veio depois, e completando os espaços com suas próprias deduções, suas interpretações e certa dose de imaginação. No final, o que contaram para as novas gerações, muito tempo depois, foi uma invenção: uma luz fictícia sobre alguns fatos e outras suposições, dando significado às cicatrizes que sobraram depois de tudo.
Ainda hoje é difícil reconstituir completamente esse período, porque aqueles foram tempos difíceis para todo mundo. E aconteceu muita coisa em pouco tempo, e tudo foi importante para gerar o que veio depois. Pouco tempo, poucos dias. Sete, para ser exata.
Mas chega de filosofar e vamos à história. Sete dias... e de todos os sete, o primeiro dia foi o mais decisivo. Porque foi o dia do Feitiço Fidelius.. O dia do Feitiço Fidelius.


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[25 de outubro de 1981 – 2h10min]


Horror. Bartô Crouch não conseguia pensar numa palavra melhor para descrever a cena à sua frente. O cadáver de um bruxo na sala de visitas, seu sangue manchando o tapete branco. Sinais evidentes de luta, várias marcas de azarações e de tortura no dorso nu do homem, um pouco de pele chamuscada à mostra. Ele ainda mantinha sua varinha agarrada à mão já fria. Logo ao lado, caída sobre o sofá, uma bruxa, numa posição que parecia à primeira vista que estava recostada para um cochilo. Mas o rosto acinzentado, seus lábios arroxeados, o olhar fixo de espanto provavam outra coisa. Aos pés dela, o cadáver congelado de um pastor alemão, provavelmente morto enquanto defendia seus donos. Pelo que se podia perceber do conjunto, os assassinos tinham sido mais piedosos com o animal do que com seus donos, dando a ele uma morte rápida e sem sofrimento.

- Senhor, nós encontramos o corpo de um elfo-doméstico na cozinha.

- Mande para o Departamento de Controle de Criaturas Mágicas para identificação e investigação. - o chefe respondeu sem olhar.

O cheiro no interior da casa era insuportável, deixando difícil respirar ali. Impossível raciocinar. Ao invés de dar o mau exemplo e fazer um Feitiço Cabeça-de-Bolha (ele não aprovava que os aurores fizessem, porque bloqueava o olfato, podendo comprometer a investigação), Crouch optou por sair e respirar um pouco de ar fresco. O brilho esverdeado que cercava a casa toda ainda era visível e, olhando para cima, ele viu a imagem tão conhecida, mas não menos ameaçadora, da caveira com a serpente na boca, flutuando de maneira macabra sobre a casa. A Marca Negra.

- Dawlish!

- Sim, senhor?

- Por que essa maldita marca não foi removida ainda? Será possível que todo mundo no meu Departamento é tão incompetente que nenhum auror se deu ao trabalho de remover essa... essa... monstruosidade? - Ele gritou cheio de fúria para o auror nervoso ao seu lado.

- Estamos com pouco contingente, chefe, com as ocorrências da noite, e...

- Posso citar isso textualmente, senhor? - uma voz esganiçada de mulher se sobressaiu no tumulto.

- Quem é você e o que diabos está fazendo aqui?

Uma loira com maneiras, roupas e maquiagem muito exageradas saiu da penumbra caminhando decidida e rapidamente na sua direção, oferecendo, sorridente, a mão para um cumprimento afetado.

- Rita Skeeter, do Profeta Diário. Eu...

Malditos jornalistas, pensou Crouch, rangendo os dentes.

- Queira me desculpar, Senhorita Skeeter, mas essa é uma área interditada pela justiça, cena de investigação de um crime. Não é permitida a presença de repórteres. Dawlish, por favor, acompanhe a moça em direção à saída... Cadê o Scrimgeour, hein?

Rita esquivou-se com agilidade do auror, sem interromper seu caminho na direção de Crouch.

- Senhor Crouch? Será que o senhor poderia, pelo menos, fornecer uma declaração oficial do seu Departamento sobre os massacres recentes? O mundo bruxo precisa saber...

- Massacres? - Crouch interrompeu, ficando vermelho - Eu acho que a senhorita está exagerando na sua colocação. Agora, com sua licença, nós precisamos trabalhar... Dawlish!

- Senhor Crouch, três famílias conhecidas de bruxos foram assassinadas só na noite de ontem. Os corpos de Edward Boardman, sua esposa Elizabeth e seus filhos adolescentes foram encontrados em casa com marcas de tortura há pouco mais de uma hora atrás. Edgar Carmichael, sua esposa trouxa Elise e sua mãe Hester, encontrados em sua casa em Kent há menos de meia hora... E aqui na nossa frente, no interior da casa, se eu não estou enganada, vocês e a Marca Negra no alto indicam que provavelmente todos os Thomas foram encontrados assassinados aqui também... Isso sem contar o ataque de vampiros na Romênia na noite anterior, e os 16 trouxas assassinados numa explosão, causada pelos gigantes, de uma estação de trem na Alemanha, com claros sinais de magia das Trevas... - a mulher falava sem tomar fôlego.

Sentindo-se subitamente acalorado, Crouch alisou de leve o bigodinho, tomou fôlego e respondeu, interrompendo-a, com um tom de voz que ele julgou o máximo de controlado possível.

- Senhorita Skeeter, nós estamos nesse exato momento dando início à investigação desses crimes e, com todo o respeito, a senhorita está impedindo o nosso trabalho. Tenho certeza de que a senhorita poderá obter todas as suas respostas na entrevista coletiva da Ministra Millicent Bagnold pela manhã. Agora com sua licença...

A mulher respondeu com um sorrisinho forçado, e rapidamente prosseguiu num tom de voz mais agressivo:

- Diga-me senhor... Três famílias, dois parentes próximos de bruxos condecorados com a Ordem de Merlin, foram brutalmente assassinadas. Em sua opinião, seria isso um reflexo da incompetência, nas suas próprias palavras agora a pouco, de todo o seu Departamento na capacidade de proteger a Comunidade Bruxa?

- Eu garanto que nenhum desses crimes ficará impune.

- Assim como as dezenas de mortes de nascidos trouxas e trouxas?
Ele era um homem extremamente controlado. Só mesmo isso o impediu de azarar aquela impertinente.

- Meu Departamento vai usar todos os meios necessários para assegurar que a justiça seja feita. Não descansaremos enquanto isso não for feito. Para todos. E pode citar isso textualmente. - respirou fundo e virou-se para entrar na casa. Nem todo o horror de lá de dentro superava a companhia daquela mulher. Depois de uma distância segura dos ouvidos da jornalista, gritou para um auror mais próximo:

- Marque uma reunião de emergência com todo mundo do Departamento em meia hora. E mande chamar Dumbledore!

Em voz sussurrante, com um sorriso maldoso nos lábios, Rita Skeeter ditava para sua pena de repetição rápida. "Apesar da explosão emocional diante do que ele mesmo classificou como incompetência de todos os membros do seu Departamento, o Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia do Ministério, Sr. Bartô Crouch, promete tomar novas medidas de emergência e garantiu que vai usar de todo e qualquer método para fazer justiça..."


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[25 de outubro de 1981 - 9 h 30 min]

Severo já havia se incorporado à rotina de Hogwarts. A tranqüila solidão das masmorras tinha um efeito quase calmante sobre ele, assim como a organização dos ingredientes das Poções. Ele achava quase estimulante catalogar todas aquelas substâncias variadas, controlar o estoque, pensar nas diferentes misturas possíveis. Na verdade, descobriu que quase tudo que envolvesse o preparo de poções o fascinava.

Às vezes, ele até achava que seria capaz de gostar de ensinar Poções. Talvez, se pelo menos os seus alunos demonstrassem um mínimo de aptidão ou, pelo menos, um pouco mais de interesse no assunto. Se fossem crianças com um pouco mais de disciplina. Se não fossem todos um bando de crianças agitadas e imaturas, incapazes de valorizar o aprendizado de algo tão importante quanto o preparo de Poções. Conversavam durante as explicações, não prestavam atenção nas instruções, esqueciam ou trocavam ingredientes sem o menor cuidado. Era muito raro que alguém no meio de toda uma turma conseguisse se destacar ou, pelo menos, demonstrar um mínimo de dedicação à sua matéria. E ele sempre se irritava com a incompetência. Mas, pior do que isso tudo, era ter que se defrontar com os seus fantasmas.

Naquela turma de primeiro-anistas estava um deles, um dos piores. Um menino alto, de cabelos vermelhos brilhantes, comprido e magro. Gui Weasley, era esse o nome. Severo descobriu logo na primeira noite da Seleção das Casas. E, como era de se esperar, o Chapéu Seletor o colocou na Grifinória. Uma escolha totalmente lógica, tudo o que Severo podia imaginar. Porque ele era a imagem e semelhança de Fabian Prewett. Sua surpresa ao vê-lo pela primeira vez não durou muito, só o suficiente para se lembrar que Fabian tinha uma irmã mais velha, provavelmente a mãe do menino.

Mas a semelhança não deixava de ser incrível. Provavelmente seria um bruxo tão brilhante quanto o tio. Mas, vê-lo todos os dias fazia todas aquelas imagens voltarem à sua mente. E Severo o odiava por isso. Imagens horríveis, que Severo imaginava ter conseguido apagar da lembrança. Uma luta sangrenta. Dois irmãos demonstrando coragem, habilidade e força sobre-humanas, contra cinco Comensais. Os dois mantiveram o mesmo jeito decidido e orgulhoso e nada revelaram sobre a Ordem da Fênix, mesmo sob tortura. Dolohov era um verdadeiro sádico, mas não conseguira extrair nada de nenhum dos dois. Poucos bruxos saberiam, mais tarde, a identidade dos cinco Comensais envolvidos naquele assassinato. Mas Severo sabia. Porque ele era um deles.

Ver Gui Weasley na sua sala de aula causava um desconforto físico em Severo. Cada olhar brilhante do menino dirigido a ele parecia uma acusação muda, cada brincadeira, um desacato. Depois de uma das primeiras noites povoadas de pesadelos, Severo tinha racionalizado a questão e concluído que o menino nada sabia, que era a sua própria culpa que o assombrava. Mas, bem acordado, como agora, diante de Gui, ele o odiava.

- Weasley!

- Sim, professor!

- Quais são os ingredientes de uma poção para curar furúnculos, em ordem?

- Hã... Urtigas secas... hmm... presas de cobras... hmm - o menino fez uma pausa, franzindo a testa na tentativa de lembrar do resto. - Lesmas?

- Menino idiota! - cortou Severo, com rispidez. - Você é incapaz de lembrar do que aprendeu na aula passada? Um ponto a menos para a Grifinória!

Ouviu-se um zunzum de protesto na turma inconformada com a injustiça.

- Ora, silêncio, todos vocês! Vocês não passam de uma cambada de babuínos cabeça-oca! E agora, ao trabalho! Em seus lugares! Abram seus livros e dividam-se em duplas para a aula de hoje...

Enquanto a turma alvoroçada se organizava, ele voltou seus pensamentos sombrios para outros assuntos. Dumbledore saíra na madrugada para uma reunião de emergência no Ministério. Voltara muitas horas depois, com um ar sombrio e determinado. Conversara longamente com a Ministra da Magia e com o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia. Tinha havido vários ataques na madrugada, somando-se ao caos do mês todo, com a expansão dos seguidores de Lorde Voldemort em outros países. Disse a Severo que fosse à sua sala mais tarde, teriam muito que discutir. Mas só depois que retornasse da outra reunião. A Ordem da Fênix. Se, pelo menos, ele pudesse ir também, ao invés de ficar ali, aturando aquele bando de indisciplinados sem nada na cabeça... Talvez não sentisse mais tanta culpa ameaçando afogá-lo.

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[25 de outubro de 1981 – 11h 20 min]

Sirius desaparatou a poucas quadras de distância sede da Ordem, para poder caminhar um pouquinho e, com isso, aliviar a frustração. Ele tinha acabado de chegar ao vilarejo vizinho de Godric's Hollow, mal controlando a ansiedade por rever os amigos, quando recebeu o recado do patrono de Dumbledore, chamando para a reunião da Ordem. Assuntos urgentes... Por Merlin, parecia que tudo era urgente esses dias... Alguém mais tinha morrido, mas não era uma morte só, do contrário não teria havido a convocação. Vencendo o impulso inicial de rebeldia, ele retornou, para cumprir seu dever e para saber das notícias.

As pessoas ainda estavam começando a chegar, acomodando-se discretamente, quando ele entrou. A reunião era só ao meio-dia, mas Dumbledore, estranhamente, já havia chegado. De longe, Sirius conseguiu avistar a figura imponente do diretor de Hogwarts, conversando com Alastor Moody. Reconheceu logo o brilho cortante no olhar do Diretor, sinal de coisa grave. A curiosidade o fez se aproximar.

- Bom dia, professor Dumbledore... Moody... - cumprimentou os dois com um aceno de cabeça.

O auror apenas rosnou alguma coisa em resposta e se afastou. Dumbledore virou-se para encará-lo, com uma fisionomia preocupada.

- Como vai, Sirius?

- Bem. O que foi que aconteceu dessa vez, professor?

- Você soube das mortes de ontem?

- Não tive tempo... Eu tinha dado uma saída...

- Foram mais 3 ataques essa noite. Edward e Elizabeth Boardman... Edgar Carmichael e a esposa… e os Thomas… Discuti longamente com a Ministra mudanças na nossa estratégia de ação... – Dumbledore parecia cansado, mas mantinha uma firmeza de aço. – Temos que aumentar a proteção das famílias importantes, enquanto esperamos que nossos espiões infiltrados nos tragam mais informações sobre os planos de Voldemort. E quem sabe planejar um ataque... – deu um suspiro e voltou a encarar Sirius, agora com uma sombra de sorriso no olhar: - Por falar em famílias importantes... Já se encontrou com nossos amigos, Sirius? Eu recebi uma coruja hoje cedo, contando que chegaram bem.

- É, eu também recebi. Eu estava até a caminho, quando recebi o seu chamado para a reunião.

- Ah, como eu imaginei... – novamente sério, Dumbledore encarou Sirius. - Talvez tenha sido melhor que você não tenha conseguido ir ainda, Sirius... Talvez vocês todos devessem repensar essa questão...

- Qual questão? - Sirius sentiu o sangue começando a esquentar com o rumo da conversa. - Repensar o quê?

Dumbledore sabia reconhecer um ataque de raiva de Sirius quando via o início de um, por isso respirou fundo antes de continuar, com uma voz tranqüila, quase didática.

- Sirius... Eu sugeri a Thiago que fizessem um Feitiço Fidelius no esconderijo, e me ofereci para ser o fiel do segredo. Mas Thiago escolheu você, desde o início. Mas o que eu gostaria que você compreendesse... talvez essa não seja uma boa idéia.

Sirius puxou o ar com força antes de responder.

- Professor Dumbledore, com todo o respeito, mas... o senhor NÃO PODE estar tentando insinuar que desconfia de mim, não é?

- Sirius, meu filho... Thiago e Lílian confiam em você a ponto de colocarem suas vidas em suas mãos. Isso me parece o suficiente. A questão não é essa... Veja bem... Você é o melhor amigo de Thiago, sempre foi. Vocês dois sempre estiveram juntos, desde que entraram em Hogwarts. Fizeram todas as coisas juntos, eram muito populares... Você é a escolha óbvia. Todo bruxo saberia disso, ainda mais um bruxo inteligente e bem informado com Voldemort. Os Comensais estão agitados, criando um caos cada vez maior... Provavelmente não vai demorar para que Voldemort fique sabendo que os Potter já estão em seu esconderijo definitivo. Ele é inteligente, deve imaginar que faríamos um Feitiço Fidelius para proteger o local. E irá atrás de você, Sirius... Nós já estamos com pouca gente, divididos em várias missões...

- Eu sei me cuidar. - Sirius respondeu, contrariado.

- Eu imagino que saiba. Mas você deve saber que a segurança dos Potter é uma questão acima de qualquer outra para todos nós. Não podemos correr o risco...

- Professor, mesmo que eu fosse capturado, eu morreria antes de revelar qualquer coisa.

Sirius respondeu ríspido e se virou para procurar um lugar para sentar, deixando Dumbledore sem chance de retrucar alguma coisa, apenas observando-o através dos oclinhos em meia-lua.

A maioria já estava acomodada, a reunião não demoraria a começar. Viu Remo, sentado num canto perto da parede. A palidez extrema, assim como seu abatimento, demonstrava que a lua cheia estava próxima. Não pôde evitar um aperto no peito. Já não tinha tanta certeza sobre a traição do amigo, afinal.

Depois de alguns passos, ele viu Pedro, sentado perto da entrada. E a aparência do amigo o chocou. Abatido, bem mais magro, com olheiras. Ele parecia ter ganhado umas linhas de expressão na testa, como rugas precoces. E parecia estar perdendo cabelo. Sentiu um pouco de pena dele, e um pouco de culpa. Pobre Rabicho! Ele era mais fraco, tinha menos talento, menos forças para lidar com todo aquele horror. Durante todo esse tempo, Sirius tinha se dividido entre as missões da Ordem, as investigações por conta própria a respeito de Remo, remoendo a sua preocupação com a segurança de Thiago e Lílian, e esquecera de Pedro. E ele parecia solitário e infeliz ali sentado.

- Rabicho?

- Hã? Ah... Oi, Sirius...

- E aí, cara? Sabe o motivo dessa reunião?

- Hmmm... Sei de algumas coisas... acho que foram as mortes de ontem à noite. Os Boardman... Edgar Carmichael... e os Thomas. Parece que foi feia a coisa, sangrenta, eles tinham marcas de tortura... Escutei o Shackelbolt contando pra alguém. E o gigantes, parece que atacaram uma estação de metrô de trouxas na Alemanha... ou foram os vampiros... não sei mais. Mas sei que saiu um artigo no Profeta Diário desancando o ministério, o Crouch ficou louco da vida... Acho que devem ter aprovado o uso das Maldições Imperdoáveis pelos aurores. Dumbledore parece muito preocupado...

Pedro estava parecendo estranho, meio aéreo. Cada vez com mais pena do amigo, Sirius cedeu ao impulso.

- Ah, levanta daí, Rabicho, vamos sair.

- Como é? Mas a reunião já vai começar!

- Deixa. Depois a gente fala com Dumbledore e se desculpa. Vamos dar um pulo na minha casa e tomar um chocolate.

Como Pedro continuasse indeciso, sem se mexer, Sirius completou com firmeza.

- Vai, levanta, homem! A gente está precisando arejar as idéia um pouco.
Nenhum deles chegou a perceber o olhar intrigado com que Remo os seguia de longe.


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[25 de outubro de 1981 – 12h 10 min ]


A reunião começou quase na hora. Todos os bruxos convocados pela Ordem compareceram, e estavam ali, quietos, aguardando notícias e ordens. Todos menos Sirius e Pedro, Dumbledore não pôde deixar de notar.

Como sempre, Alastor Moody fez um breve resumo dos últimos acontecimentos antes de passar a palavra. Dumbledore, então, se levantou como sempre fazia, sua figura imponente se destacando no meio da confusão, e pediu silêncio para falar ao grupo. Era um grupo cada vez menor, pensou o velho bruxo, com uma pontada de pesar. Mas um grupo admirável. Aqueles eram bruxos de valor sem igual, pensou logo em seguida, com orgulho. E então, sorriu rapidamente para a platéia abatida e começou a falar com voz firme:

- Bom dia a todos. As notícias, como vocês viram não são boas. Foram vários ataques, só na madrugada de ontem, indicando uma escalada na violência e no terror. Os Boardman... Edgar Carmichael... e os Thomas. Isso indica um planejamento, a coordenação de horários, na ação dos Comensais. Além deles, vários outros bruxos, muitos descendentes de famílias conhecidas, foram assassinados em toda a Inglaterra, e ao longo de toda a Europa, na noite de ontem. Vários bruxos nascidos trouxas, e várias famílias trouxas têm sido eliminadas ao longo dos últimos dias pelos seguidores de Voldemort. Muitos foram encontrados assassinados dentro de casa, pela polícia trouxa. Mas a Marca Negra estava sobre a casa...

Bartô Crouch, na qualidade de Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia do Ministério, em conjunto com a própria Ministra da Magia, solicitou uma reunião de urgência, da qual acabo de sair.

A Força Tarefa criada pelo Ministério pede oficialmente a nossa ajuda. Uma grande preocupação do Ministério é saber o que Voldemort está planejando. Parece que ele quer provocar uma guerra entre os trouxas também, ou pelo menos, levar à instabilidade política mundial. Assim, no início deste mês, usando Feitiço Imperius, eles conseguiram que o presidente trouxa do Egito, Anwar Sadat, fosse assassinado. Esse homem estava negociando a paz na região do Oriente Médio. Não sabemos ainda quais podem ser as conseqüências desse assassinato.

Eu espero que nossa estratégia de defesa esteja concluída ainda hoje, depois de entrar em contato com nossos espiões. Muito em breve, concluída a primeira fase, vocês receberão as instruções para as próximas missões. Ninguém deve se deslocar sozinho. Não deve haver nenhuma comunicação através de coruja ou lareira. Só devemos manter a comunicação através dos nossos patronos. E todos devem dar notícias diariamente.

Já fiz contato com os sereianos, que parecem dispostos a colaborar conosco. Os centauros, que geralmente preferem se manter neutros nos conflitos, agora se demonstram finalmente decididos a colaborar conosco. Hagrid seguiu a 2 dias em viagem para negociar com os gigantes. Depois do ataque deles na Alemanha, ficou ainda mais importante convencê-los a mudar de lado nessa guerra.

Dumbledore fez uma pequena pausa, para que todos absorvessem as informações, respirou fundo, e continuou agora num tom mais inflamado:

- Eu sei que este é um momento muito difícil para todos nós da Comunidade Bruxa. Eu acredito que estejamos enfrentando um dos momentos mais difíceis e sombrios da nossa história. Mas estamos em ação, em vários pontos do Reino Unido, em vários pontos da Europa e junto às comunidades bruxas aliadas em todo o mundo. A guerra continua, e agora é necessária muita preparação.

Nesse momento de crise, é ainda mais importante a estratégia bem planejada, e a união de todos. Porque eu digo a vocês agora o que disse à Ministra hoje cedo: eu não posso prever nada além de sangue, sofrimento, suor e lágrimas no futuro próximo. Nós temos diante de nós uma prova difícil, do tipo mais doloroso possível. Nós temos diante de nós a expectativa ainda de muitos meses de luta e sofrimento. Estamos em menor número. Qual é o objetivo de tudo isso, então? A vitória. A vitória apesar de todo o terror. Vitória, mesmo que tenhamos um caminho longo e difícil até lá. Porque sem a vitória não podemos sobreviver. Para nós é muito claro que não há condições de sobreviver sem tudo aquilo de mais precioso e sublime que o ser humano busca e tem conquistado ao longo das eras, e que Lorde Voldemort e seus seguidores tentam destruir. A arma dele é o terror, a insegurança, a desunião. Nossa arma será a coragem, a convicção, a nossa união. A união contra uma tirania monstruosa, como nunca antes havia surgido no sombrio e lamentável catálogo de criminosos do mundo bruxo.
Eu aceito a minha missão pessoal de chefiar a luta contra Voldemort com esperança. Eu estou convencido de que a nossa causa não será derrotada. Por isso, eu me sinto no dever de conclamar todos vocês, agora e dizer: Vamos lá, vamos lutar juntos, unidos com todas as nossas forças.... pode demorar, mas vamos vencer!

O pequeno grupo aplaudiu, animado. Cada um começou imediatamente a abrir o seu pergaminho com detalhes de sua missão, com ânimo renovado. Remo se levantou, e se aproximou de Dumbledore, aproveitando o que parecia a movimentação de final de reunião.

- Bom dia, professor...

- Remo, como vai? - Dumbledore cumprimentou-o carinhoso. Em seguida, com uma voz cheia de autoridade, complementou. – Remo, você sabe... Daqui a dois dias...

- Eu sei, professor... A lua cheia.

- Então você já sabe o que eu devo pedir que você faça. Assim que você estiver pronto... quando estiver preparado...

- Eu só tenho uma coisa para fazer antes de ir... Mas pode contar comigo.

Ele não falava com entusiasmo, ardor, ou vivacidade. Havia um tom de reconhecimento do inevitável, de aceitação fria. Mas, apesar da sua extrema palidez e abatimento, do seu ar de cansaço, levemente tristonho, seus olhos brilhavam como aço em determinação. Fez um aceno discreto com a cabeça para Dumbledore e foi saindo, ainda murmurando para si mesmo.

- ... Só uma coisa antes...


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[25 de outubro de 1981 – 12h 32 min]


A casa de Sirius era bem perto da sede da Ordem. Os dois chegaram rápido e foram direto para a cozinha. Pedro puxou uma cadeira, enquanto Sirius preparava duas canecas enormes de chocolate quente. Fechou os olhos, quase dominado pelo cansaço.

- Olha, o seu chocolate, Rabicho...

Abriu os olhos com o chamado, e viu Sirius sentado à sua frente, segurando duas canecas fumegantes. Ele apenas pegou a bebida e deu um longo gole, acenando em agradecimento.

- Você está bem, cara?

É claro que não.

- Sim, tudo bem... tudo na mesma... e você?

- Cansado... Tem falado com o Remo?

- Não. Nada. Ele anda meio sumido ultimamente, meio difícil de se achar... – Pedro sabia que não tinha nada a perder em alimentar a suspeita de um contra o outro.

Mas dessa vez, estranhamente, Sirius nada disse, mantendo as sobrancelhas unidas numa prega de preocupação, enquanto olhava fixamente para sua caneca. Pedro achou que era mais garantido continuar em silêncio e esperar.

A verdade é que Sirius estava confuso. Sentia saudades do amigo, e não conseguia deixar de pensar na imagem dele ali, sentado perto da parede, pálido e solitário. Faltavam só dois dias para a lua cheia. Tentando espantar esses pensamentos, olhou ao seu redor. A pequena cozinha não tinha muita coisa, mas estava razoavelmente arrumada. E foi nesse momento que ele notou. Uma marca na parede. Uma mancha, pequena, bem discreta. Poderia ter passado batida, se ele não tivesse certeza de ter limpado a cozinha na noite anterior, como forma de lidar com o stress. Levantou-se, sem dizer nada, resolvido a conferir de perto. Sim, não havia a menor dúvida, estava lá, uma pequena mancha que poderia ser um esbarrão. Olhou de novo ao seu redor, tentando perceber alguma coisa diferente. Copos, canecas... Abriu as gavetas. Era uma impressão sutil, mas seu instinto lhe dizia que alguém tinha estado ali na sua ausência, mexido nas suas coisas de cozinha.

Sirius entrou feito um tufão para olhar o resto da casa. Sim, estava tudo aparentemente arrumado. Mas a arrumação era diferente de antes. Papéis empilhados numa ordem diferente da que ele tinha deixado...

Primeiro, veio a incredulidade. O que...? Invadiram a casa, não restavam dúvidas! Quem...? Ele se lembrou das palavras de Dumbledore logo antes.
“... Você é a escolha óbvia. Todo bruxo saberia disso, ainda mais um bruxo inteligente e bem informado com Voldemort. Os Comensais estão agitados, criando um caos cada vez maior... Provavelmente não vai demorar para que Voldemort fique sabendo que os Potter já estão em seu esconderijo definitivo. Ele é inteligente, deve imaginar que faríamos um Feitiço Fidelius para proteger o local. E irá atrás de você, Sirius...” ...Ele era um alvo agora...

Dumbledore talvez tivesse razão. Mas... quem poderia ter entrado ali sem disparar os feitiços de alarme? Toda a segurança mágica sofisticada que ele tinha instalado... Com a cabeça funcionando a toda a velocidade, centenas, milhares de pensamentos meio desconexos... Tinha que ser alguém que conhecesse a casa, alguém que conhecesse a segurança de casa. E só 3 pessoas sabiam como desarmar seus feitiços de alarme, além dele mesmo: Thiago, Pedro e Remo. Remo. Remo Lupin. O amigo, o parceiro, o maroto, o confidente… o lobisomem.

É claro, como ele podia ser tão estúpido? Remo certamente tinha recebido, como ele mesmo, Dumbledore e Pedro, uma mensagem de Thiago. Sem o endereço. Viera revistar a casa de Sirius, a escolha óbvia como fiel do segredo, tentando encontrar o segredo e entregar em primeira mão ao seu novo Mestre das Trevas...

Ah, como ele era estúpido, coração mole... Justo agora,e pensar que ele estava quase voltando a acreditar na inocência de Remo... Tinha até mesmo ficado com pena dele, abatido, pálido, solitário, lá na sede da Ordem! Devia estar desse jeito por não ter conseguido encontrar nada na casa de Sirius... Ele não era tão idiota a ponto de esquecer de destruir o endereço, assim que o decorara.

O grande ingrato! Eles tinham se tornado animagos por ele. Tinham compartilhado aventuras, tinham se mantido unidos, mesmo sabendo o quanto podia ser perigoso ficar perto de um lobisomem durante a lua cheia. Ele era tão solitário... Ele precisava de nós.

Talvez não precisasse mais de nós, afinal. Talvez a missão de permanecer junto aos lobisomens não tivesse sido tão desagradável assim, no fim das contas...

Quanto será que estavam lhe pagando?

Sirius sentia uma dor física que o fez se dobrar por um instante.

- Sirius? O que foi? Você está bem?

- Tudo bem, Rabicho… Um mal estar, não foi nada…

- Tem certeza? Aconteceu alguma coisa? Quer que te leve pro St. Mungus pra alguém dar uma olhada em você?

- Não! – Sirius quase gritou, recuperando-se. Virou-se para o outro bruxo – O que aconteceu, Pedro, é que entraram na minha casa! Arrombaram a @$##% da minha casa!!

Pedro gelou. Tinha a certeza de ter deixado tudo no mesmo lugar, exatamente como antes de entrar, de ter limpado tudo. Se o amigo desconfiasse dele, estava perdido.

- Tem certeza? – perguntou num fio de voz. – Pra mim parece que está tudo perfeito... Tudo tão arrumado... E você tem toda aquela segurança sofisticada... Ninguém ia conseguir ultrapassar sem disparar algum alarme.

- Eu SEI! Eu tenho CERTEZA DISSO! Algum bruxo filho da mãe entrou aqui apesar da @$#% de alarme e do monte de feitiços que eu coloquei pra proteger a casa!!

- E... E… quem pode ter sido, Sirius? Quem você acha ... – Pedro sentiu que começava a suar frio. Mas que diabos. Tinha ido lá em busca do conforto, da presença forte do amigo. Ele não estava. Isso pareceu um sinal do além para que ele espionasse, em busca de alguma informação para entregar ao Lorde das Trevas. E tivera tanto cuidado antes de sair...

- E QUEM VOCÊ ACHA? QUEM VOCÊ ACHA QUE PODE TER SIDO, RABICHO??? –Sirius praticamente urrava agora, vermelho de fúria.
Pedro não disse nada, paralisado de medo, esperando pelo pior. Mas Sirius interpretou o silêncio do amigo do mesmo jeito que sempre fazia: lerdeza de raciocínio.

- REMO, PEDRO!! REMO #$%¨@& LUPIN!!

- Ah… - quase sem conseguir disfarçar seu alívio, foi a única coisa que Rabicho conseguiu responder. Mas recuperou-se depressa, e uma idéia muito maligna lhe ocorreu. Aprofundar ainda mais as suspeitas. – Bem que eu achei que ele estava meio... estranho quando chegou na sede da Ordem! Assim, meio... ofegante, sabe? E preocupado, não sei.. Frustrado… - ele descrevia aquilo tudo que ele mesmo tinha sentido ao sair.

- Ah, é? – o brilho do olhar de Sirius seria capaz de matar alguém.

- Bem... acho melhor eu ir indo... Você vai ter que fazer um inventário do que está faltando, do que foi mexido... depois, denunciar o Remo pro Dumbledore... – levantou-se e foi se dirigindo para a porta.
Sirius chutou uma cadeira e imediatamente se arrependeu quando sentiu a dor da pancada. A essa altura do campeonato, a reunião da Ordem já devia ter terminado. Talvez devesse ir conversar com Dumbledore. Ele era um alvo. Se Remo era o espião, já devia saber que Thiago e a família estavam no esconderijo, que o endereço estava com Sirius, que o Feitiço Fidelius seria feito ainda hoje... Passou as mãos pelos cabelos, nervoso, pensando, tentando pensar numa solução. Dumbledore tinha dito “a segurança dos Potter está acima de tudo”... Não dava tempo de esperar, denunciar, tentar convencer... Ele era mesmo a escolha óbvia de Thiago... A não ser que...

Claro!! Ele parou, espantado com a genialidade da idéia. É claro! Ninguém nunca suspeitaria de Pedro. Ninguém nunca esperaria que ele soubesse de alguma coisa importante! Aquele gordinho apagado e lerdo... Era perfeito!
Saiu correndo porta a fora, gritando:

- Rabicho! Pedro! PEDRO!

Pedro não tinha ido muito longe, mas, em sua ansiedade, Sirius nem notou, gritando como se ele estivesse a quilômetros dali.

- Fala! O que houve?

- Pedro, eu preciso que você faça uma coisa... Eu preciso que você vá comigo para Godric’s Hollow.

- Ah, ta... eu espero você lá em casa, mais tarde...

- Não, você não está entendendo. Eu preciso que você vá AGORA comigo pra lá.
Puxando o amigo espantado pela manga, continuou a falar.
- Vamos pegar a minha moto. A gente vai voando de moto, assim no caminho eu posso te explicar direito o meu plano...


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[25 de outubro de 1981 – 13 h]


Lílian resolveu fazer sua primeira visita à vila de Godric’s Hollow logo pela manhã. A casa deles era um pouco afastada do centro da vila, mas ela queria muito conhecer as pessoas que moravam ali, na terra dos seus antepassados.

E não era à toa que suas notas em Transfiguração sempre tinham sido tão boas. Tinha conseguido modificar sua aparência de tal maneira (rosto, cabelo, altura...) que alguém poderia mesmo suspeitar que ela fosse uma metamorfomaga. Thiago não ficava atrás, lógico. Assim, o casal podia passear sem medo, porque trouxas eram bem sensíveis à Transfiguração. Nunca reconheceriam seus verdadeiros rostos.

Tinha sido uma ótima idéia. E tinha valido a pena. Não que a vila tivesse muita coisa de diferente. Uma minúscula comunidade onde todas as pessoas se conhecem, ajudam umas às outras e sabem (e falam) da vida de todo mundo. Pareciam ser gente boa, e todos tinham sido muito simpáticos e solícitos com a família recém-chegada. Tinham, até mesmo, contado a ela, prevenindo-a, sobre o pequeno grupo de habitantes esquisitos que os outros gostam de apontar como excêntricos. Lílian tinha procurado mais detalhes, só para garantir que nenhum dos três “esquisitos” fosse, na verdade, um bruxo das Trevas, ou algum tipo de simpatizante de Lorde Voldemort. Mas não havia nenhuma razão para temer.

Mirabella Rochester era uma senhora maluca que mora na saída da cidade junto com 19 cachorros e que jura ser uma condessa, a quem a rica família virou as costas quando ela decidiu fugir para casar com seu grande amor. Dêmocles Artog, um solteirão mal-humorado e inimigo número um das casamenteiras, viúvas e solteiras (especialmente as passadas da idade) da região. E Almerinda Pogg, que não chegava a ser uma pessoa de hábitos estranhos, mas, como a mulher mais rica do lugar, atraia comentários maldosos do mesmo jeito. Nenhum dos três era bruxo.

Não que a vida de um bruxo fosse difícil ali. A vila tinha convivido desde sempre com a magia sem problemas. Havia descendentes de celtas ali. Contavam histórias de duendes, príncipes das fadas, brumas encantadas, príncipes transformados em sapos. Poções de amor, de cura, de coragem... todo galês que se preza conhecia alguma coisa sobre o assunto.
Mas os Potter estavam lá para se esconder, mudar de identidade, integrar-se ao vilarejo como trouxas. E aparentemente tinham começado bem, depois de seu primeiro passeio na vila. Nenhum morador de Godric’s Hollow pensaria em incluir na lista de esquisitices gente como o adorável casal Potter. O jovem Sr. Potter tinha se mostrado muito simpático e falante, e todos o consideraram um rapaz realmente gentil e educado. Outros tantos elogios eram feitos a Sra. Potter, tão bonita e sorridente. Os Potter, junto com o filho Harry, tinham deixado em todos da vila a mesma impressão: formavam uma família encantadora.

Depois do passeio de reconhecimento inicial, com umas comprinhas no mercado local, os três voltaram para casa. Nem Lílian nem Thiago tinham coragem de tocar no assunto, mas a verdade é que os dois estavam ansiosos pela visita de Sirius.

A casa já parecia um lar de verdade. Talvez fosse pelo cheiro que vinha da cozinha, uma mistura de cheiros de comidas gostosas, as favoritas de Thiago. Mas também havia algo mais, difícil de explicar, único, muito bom. Talvez amor tivesse cheiro, Thiago pensou, sorrindo enquanto entrava, depois de ter tirado Harry do cercadinho, para almoçar. Dentro da cozinha ele avistou um jarro de louça branca que deramava a massa das panquecas sobre a chapa do fogão, enquanto uma espátula as virava diligentemente quando ficavam coradas e depois as jogava sobre uma enorme travessa. Lílian tinha acabado de arrumar a mesa e estava agora sentada, esperando pelos dois.

- Panquecas? – estranhou Thiago

- Estou fazendo um bolo de carne com batatas para o jantar, mas achei que panquecas seriam práticas e rápidas para o almoço, já que a gente demorou muito na vila...

- Perfeito! A mulher tem olhos de deusa, pernas espetaculares... e cozinha bem! Eu tirei a sorte grande! Quer uma mãozinha aí?

- Não, não, não precisa... – ela sorriu, meio corada com o elogio. – Vão os dois lavar as mãos para o almoço.

Depois de menos de um minuto, os dois estavam de volta à cozinha, sorridentes, deixando Lílian cheia de suspeitas quanto à higiene da dupla. Antes de colocar Harry no cadeirão, Thiago esfregou o nariz no pescoço do bebê, dando beijinhos nas suas bochechas.

- Ai! E’peta, papa! Harry reclamou, fazendo uma imitação de careta risonha.
Levando a brincadeira adiante, Thiago esfregou os dedos nas bochechas do bebê e então puxou a mão para trás depressa, reclamando:

- Ai! A sua cara também espeta!!

- Na, na, nã! Papa!

- Não, senhor... a sua também espeta, sim! – e puxou o filho para perto dele, cobrindo seu rostinho de beijos estalados, fazendo o menino se retorcer de cócegas, enquanto o colocava sentado no cadeirão. – Viu, Ruiva? Por isso eu gosto de deixar a barba por fazer... muito mais diversão! Não é, cópia do papai?

Por um momento, Lílian se deixou ficar ali só observando. O homem relaxado, brincando e rindo para o bebê sentado no cadeirão ao seu lado. O menino pequeno, a cara do pai, cabelos escuros em desalinho, rindo alto. Seu coração se comoveu. Ah, o homem que eu amo e o seu bebê precioso... Ela sorriu, seus olhos verdes de sereia transmitindo calor, junto com as sardas claras que se insinuavam em suas bochechas.

- O cheiro está ótimo! - Thiago comentou, ficando sem-graça ao perceber o seu olhar. – Que foi? É sério... e eu estou morrendo de fome!

Eles se serviram e começaram a comer, voltando a conversar sobre o pessoal de vila. Tinham acabado o almoço, e o cheiro de café fresquinho começava a se espalhar pelo ar, quando avistaram a motocicleta voadora inconfundível de Sirius, aterrissando suave na frente do jardim.

Thiago sentiu seu estômago se contorcer de empolgação. Correu para a entrada de casa, levando um Harry sorridente batendo palminhas no colo. Só aí percebeu que Pedro estava com Sirius. Nem lhe ocorreu questionar a presença do outro.

– Pontas!

Thiago nem conseguiu falar diante da emoção de rever os dois, depois de tanto tempo. Tinha medo de ferir o Código dos Marotos e ser meloso e dramático. Os dois recém chegados fizeram a maior festa quando Thiago se aproximou. Abraçaram-se na maior gritaria, deram cascudos falsos uns nos outros, fizeram uma rápida imitação de luta, despentearam o bebê, fizeram cócegas na sua barriguinha, fazendo uma algazarra tão grande que Lílian acabou achando melhor se intrometer.

- Ei! Ninguém me viu aqui, é? Será que fui parar debaixo da capa de invisibilidade sem saber, por acaso?

- Ahh, Lil não seja má – o padrinho de Harry fez cara de cachorro pidão – sentimos a maior falta do Harry. Deixa a gente tirar o atraso um pouco, com categoria...

- Deixem o bebê respirar um pouco, pelo menos. Vamos entrar e tomar um café, aí vocês contam pra gente todas as novidades da civilização... E quem sabe, alguém se lembra de me dar um beijinho também... de dizer que sentiu minha falta... – ela respondeu, com um beicinho fingido.

- Querida, nós morremos de saudades de você! A gente só não fala muito pra o Thiago não torcer nosso pescoço antes da gente poder apreciar o seu café inigualável... – Sirius se aproximou dela todo galante, abraçando-a e dando um beijo na curva do seu pescoço, com tanto entusiasmo que Thiago não pôde deixar de levantar a sobrancelha.

- Ei, Almofadinhas, larga a Lílian, sim? Deixa um pouco pra mim também... e a gente não vai querer que o Pontas seja obrigado a matar você antes mesmo da gente conseguir entrar na casa...

- Gente! O Rabicho fez uma piada? Eu estou até emocionado! Thiago retrucou imediatamente, provocando a gargalhada geral. – Vamos lá, caras, eu estou morrendo de saudades! Vamos entrar, a Lil fez panquecas!

- Ah, nada como estar em casa... – Sirius suspirou.


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[25 de outubro de 1981 - 17 horas]

- Como vai, Severo? Dumbledore lançou o cumprimento sem olhar assim que Severo tocou na maçaneta da porta de sua sala.

- Professor. - Severo curvou-se discretamente, no seu cumprimento elegante habitual.
Dumbledore parecia muito concentrado em servir duas xícaras fumegantes de chá, colocando uma imediatamente à frente de onde o jovem bruxo se sentou.

- Imaginei que você fosse obviamente aceitar uma xícara de chá...
Severo já estava acostumado a sempre ser servido de uma bebida nas reuniões com o diretor, mesmo que não tivesse aceitado. Sendo assim, nem perdeu tempo dizendo alguma coisa. Segurou com cuidado a xícara quente, murmurando um agradecimento, e sorveu um pequeno gole.

- Se preferir, eu posso adicionar um pouco de uísque de fogo em sua xícara. Eu, particularmente, considero essa a única maneira civilizada de tomar um chá... - enquanto dizia isso, observou com atenção o rapaz silencioso à sua frente. – Você certamente soube do que aconteceu ontem à noite, não é, Severo?

- Sim, senhor.

- E recebeu algum chamado deles? Algum contato dele, ou mudança na marca?

- Nada, professor... Eu confesso que estou um pouco intrigado... Ser colocado à margem dos acontecimentos por... pelos dois lados da guerra... é um pouco inesperado para mim, a essa altura... – Os olhos muito escuros de Severo brilhavam de ironia ao responder.

Dumbledore o encarou por um momento antes de dizer alguma coisa. O rapaz parecia ter amadurecido, envelhecido até. Estava muito pálido, com olheiras maiores do que o habitual, seus longos cabelos negros sendo ao único contraste em seu rosto. Provavelmente voltara a ter os pesadelos terríveis do começo.

- Eu já disse inúmeras vezes a você, Severo... Não posso permitir sua presença nas reuniões da Ordem da Fênix. Não por enquanto. Você é um espião precioso, poucos bruxos sabem que confio tanto em você. Esse é nosso grande trunfo.

- Ah, eu sei... Aquela velha história de permanecer em segredo, não é mesmo? De ser desprezado por aqueles a quem estou tentando ajudar... enquanto agüento pré-adolescentes agitados e incompetentes nas minhas aulas... O trunfo... O fato de eu parecer pouco confiável... - Severo falava cheio de sarcasmo e amargura.

- Sim. Exatamente isso.

Dumbledore respirou fundo, numa pequena pausa, antes de continuar. Seu coração ficava apertado em compaixão pelo rapaz. Imaginava o quanto era difícil para ele. Mas sabia também que não era da sua compaixão que Severo necessitava. O garoto era orgulhoso, não aceitaria nunca ser objeto de pena.

- Foram vários ataques ao mesmo tempo, ontem... A coisa toda parecia ... coordenada, de alguma forma. Eu só gostaria de entender o por quê.

- Terror.

- Como?

- Terror. Terrorismo aleatório. Os ataques podem simplesmente visar a propagação do medo geral na população, quem sabe, cansar a retaguarda, vencer por um sentimento geral de instabilidade. O Lorde das Trevas com certeza apreciaria isso.

- Não sei... Não sei... – Dumbledore parecia pensativo, as mãos unidas sobre a mesa. – Gostaria de ter essa certeza. Às vezes tenho a impressão de que pode haver alguma coisa a mais que me escapa...

- Que eu saiba, professor, os únicos alvos específicos do Lorde das Trevas são o senhor e o bebê dos Potter. Os demais são ganhos ou perdas colaterais...

- Pode ser... Pode ser... – Dumbledore deu um suspiro e voltou a encarar Severo com seus olhos penetrantes. – Eu contei a você que recebi notícias hoje?

- Não. – Severo não movia um músculo, impassível, seu rosto mantendo-se uma máscara indecifrável.

- Pois é! Recebi uma coruja de Thiago, contando que chegaram bem ao esconderijo. Fizeram uma viagem ótima, sem perturbações... Lílian e o bebê estão muito bem, adorando a casa nova...

- Uma coruja? Mas... Mas... Ele é um... irresponsável! – Sem conseguir manter seu disfarce, Severo sentiu o rosto queimar de indignação. – E se a coruja fosse capturada? E se alguém... se essa coruja caísse nas mãos de alguém próximo ao Lorde das Trevas?

- Calma, Severo... Afinal, nem havia nada muito secreto no que ele escreveu. Não mandou nada que o identificasse claramente, muito menos endereço.

Severo não disse nada, encarando Dumbledore com uma sobrancelha erguida.

- Eles ainda vão fazer o Feitiço Fidelius ali. Provavelmente o fiel do segredo venha me trazer o endereço pessoalmente...

- E não será o senhor? O fiel do segredo deles não será o senhor? - Severo deixou escapar a pergunta cheio de espanto.

- Não. A lealdade de Thiago aos amigos é maior do que qualquer pressão nesse sentido, Severo.

- Mas então, quem? Sirius Black? Aquele maluco descontrolado, irmão do Régulo? Dado a ataques de fúria e metido a valentão? - O rancor na voz de Severo era cada vez maior.

- Provavelmente... Eu só espero, para o bem de Thiago, Lílian, Harry ... e de todos nós, que a lealdade dos seus amigos seja tão grande quanto a dele próprio, Severo...

Severo ficou olhando fixo para os seus joelhos, desconfortável, sem responder.


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[25 de outubro de 1981 – 19h 55 min]


Feitiço Fidelius “... um feitiço extremamente complexo, que implica esconder o segredo, por meio de magia, em uma única pessoa viva. A informação é guardada no íntimo da pessoa escolhida, ou o fiel do segredo, e torna-se impossível encontrá-la, a não ser, é claro, que o fiel do segredo resolva contar a alguém.” PA



Eles tinham rido e brincado feito crianças. Comido, elogiando mil vezes os dotes culinários de Lílian. Depois, falaram sério, contando aos Potter todos os últimos e terríveis acontecimentos. Ataques, assassinatos, desaparecimentos. A adesão dos gigantes, dos vampiros. As explosões em estações trouxa. E os misteriosos ataques a líderes politicos trouxas: o tiro no presidente dos Estados Unidos em março, no papa em maio e o assassinato a tiros do presidente trouxa do Egito, um pacifista, Anwar Sadat, no início do mês. No final do relatório, todos eles estavam se sentiam mais velhos, sombrios e preocupados.

E só depois Sirius começou a explicar sua idéia, seu plano, aos Potter.

- ... e depois da invasão da minha casa, eu tive a certeza de que Dumbledore estava certo!

Lílian olhava insegura de Pedro para Thiago, de Thiago a Sirius, antes de finalmente fixar o olhar em Harry.

- Ah, eu não sei, gente...

- Qual é a dúvida, Lil?

- Em primeiro lugar, essa história da invasão da sua casa, Sirius... Sem ofensa, eu acredito em você, mas... São tempos difíceis, você estava cansado e irritado, baseou sua teoria numas ... evidências, como você mesmo disse... muito sutis!

- Lil, eu...

- Eu sei, eu entendo. Nem precisa argumentar comigo. E sei que está todo mundo super preocupado com a nossa segurança... mas...
- Bem, eu tenho os meus receios também, na verdade... é um feitiço complexo, sabe como é...

- Exatamente! – disse Sirius, na maior animação. – Pensa um pouco, é perfeito! Ninguém nesse mundo jamais suspeitaria que você usou o Pedro! Sem ofensa, Pedro...

Pedro estava prestes a explodir de irritação. Era assim que eles o viam, não era? Um zero à esquerda, um bobo alegre, um pobre coitado incapaz... chamando de burro na cara-dura...

- Nenhuma ofensa... – ele respondeu num sorriso forçado.

- Escuta, Thiago, eu não estou desistindo de nada, não estou querendo dar pra trás ou coisa parecida. Você sabe disso. É só que todo mundo com certeza viria... virá atrás de mim, e se eles me encontrarem... Eles teriam que me matar antes que eu falasse. Mas eu não sei como eu reagiria a um Veritaserum... será que funciona pra extrair segredos desse tipo à revelia? Ou a uma Maldição Imperius, sei lá...

- Tudo bem, Sirirus…

- Não, ‘peraí… Eu p´reciso, antes de qualquer outra coisa, que você saiba, que você tenha a CERTEZA ABSOLUTA de que eu faria qualquer coisa por vocês! Eu faria isso, eu seria o fiel do segredo num instante se tivesse a certeza de que é essa a melhor opção. Eu só acho que concordo com Dumbledore quanto ao fato de eu ser muito visado.

Thiago esfregou o rosto, pensativo. Voltou-se para Lílian perguntando:
- E aí, Ruiva, o que você acha?

- Você quer fazer isso, Pedro? É isso o que você acredita também?

Ninguém vai pensar nada de mal de você por você não querer se expor a esse risco.

- Eu ficaria feliz em fazer isso, Lil... – Pedro respondeu, com um sorrisinho tímido. Háhá... como se fosse possível vocês me terem em pior conta do que já tem... me considerar menos do que vocês já me consideram....

- Bom… na verdade… Eu acho que pode ser uma boa idéia…- Thiago falou devagar.

- Eu acho que de qualquer maneira deveríamos pedir a opinião de Dumbledore. Saber o que ele acha disso. – Lílian retrucou.

- Não há tempo. Mas podemos dizer que foi ele mesmo quem deu a idéia... praticamente. Foi ele quem disse a história de eu ser a escolha óbvia e tudo o mais. E depois, ele disse que o julgamento do Thiago bastava pra ele, não foi?

- Bom, isso é... OK, então, se é da vontade de Pedro, eu acho que devemos fazer isso. Vamos fazer logo de uma vez, porque estou louca para receber visitas...

Os outros se entreolharam. Sabiam de quem ela estava falando. Mas seria uma maneira de apaziguar suspeitas e diferenças fazer logo o Feitiço Fidelius. Mesmo que Remo fosse o espião, ele poderia vir, mas não poderia contar a ninguém a localização.

- Tudo certo, então? Você tem certeza mesmo, Rabicho?

- Tenho certeza absoluta. Nunca tive uma missão importante na Ordem, nem nada realmente perigoso ou difícil pra fazer por mim mesmo. É a minha chance de demonstrar um pouco de coragem também... não é? – Pedro respondeu encarando Thiago.

Os demais encararam a resposta dele como uma prova definitiva de lealdade.

- Bom, façam agora mesmo. Eu vou sair daqui. Vou ficar lá fora com o Harry, um pouquinho… Vamos lá, amigão. – pegou o bebê sonolento dando um beijo e uma fungada em seu pescoço. – Não querem a gente aqui, campeão. Moçada... eu volto já. Boa sorte!

Lílian correu para buscar sua varinha. O Senhor Olivaras dissera há muitos anos que era uma ótima varinha para Feitiços. Esperava que ela provasse isso agora.

[25 de outubro de 1981 – 20h 40 min]

Quando Lílian foi chamar Sirius e Harry para entrar, os dois estavam cochilando. O homem muito alto, longilíneo, longos cabelos pretos esvoaçando despenteados, com um bebê abraçado ao pescoço. Ressonavam tranqüilos. Era uma tentação deixar os dois ali, sossegados. Por isso, ela ainda demorou uns cinco minutos antes de acordar Sirius.

- Sirius, querido, já acabou...

- Hã...Hmmm... Ahá, ta. Deu tudo certo?

- Tudo certo. Só tem uma coisa que eu estivesse pensando enquanto fazia o feitiço. Pra dar certo o esquema que você pensou, as pessoas que receberem o endereço têm que continuar acreditando que você é o fiel, Sirius. Não adiantaria só os outros acharem isso. Cedo ou tarde alguém deixaria escapar. Entende? Só não sei como fazer isso... Uma Poção Polissuco pro Rabicho demoraria muito, acho que está fora de questão...

- Ah, isso é fácil. Quer dizer, manter o disfarce. O Pedro é excelente para falsificar minha letra. Muitas vezes ele assinou por mim em Hogwarts e ninguém percebeu a diferença.

Os dois entraram, passaram o bebê que dormia para o colo do pai, que foi colocá-lo no berço. Contaram a Pedro a idéia e ele imediatamente fez duas cópias escritas do endereço, imitando a letra de Sirius.

- Nossa! Ficou perfeito! Até eu mesmo não saberia distinguir se não tivesse visto e pegasse esse papel de repente... Amanhã cedo eu mesmo levo pro Dumbledore... e pro Remo.

- Ai, até que enfim, acabamos! Agora, acho que podíamos comemorar, o que vocês acham? Cerveja amanteigada ou uísque de fogo?

- Uísque de fogo! O dia hoje foi cheio demais... – Sirius respondeu, já pegando as canecas.

- Beleza, então... – Lílian encheu as quatro canecas e, todos prontos, ela mesma fez o brinde:

- À amizade!

Os quatro bateram as canecas, dizendo também:

- À amizade!

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Bom, moçada... é isso, por enquanto. Como o cap. ficou imenso, acabei tendo que dividir, a primeira parte coube ao priemiro dia dos sete. Ficou meio... 24 horas... risos...
Antes de mais nada, preciso falar umas coisinhas:

1. Toda a seqüência de eventos desses 7 dias está baseada na linha do tempo do site “The Harry Potter Lexicon” (http://www.hp-lexicon.org/). Recomendo muito esse site, porque ele tem me ajudado muitíssimo para escrever a fic. Detalhes sobre os personagens, datas, feitiços etc... A única mudança importante é que passei, por conforto meu e para que ficassem mesmo só 7 dias, o dia do Feitiçlo Fidelius do dia 24 para dia 25. Como é uma data suposta, acho que não influencia muito pra fidelidade da história.

2. Sobre o Gui Weasley, antes que alguém mais sabido puxe a minha orelha, ou que eu dissemine falsas informações: não, ele não começou Hogwarts em 1981... :-* * Trinity fazendo beicinho *... pra minha história, seria perfeito. E quando escrevi ainda achava que estava certa. Mas fui conferir no site citado lá em cima... e ele faz 11 anos só em novembro de 1981, tendo ido então em 1982 para Hogwarts. Mas o que eu queria demonstrar era o sentimento de Severo Snape diante de uma classe de alunos. Isso que ele sentiu com Gui, deve ter sentido com muitos outros, afinal, ele tinha sido um Comensal por muito tempo. Resolvi manter a história do Gui por uma espécie de “licença poética”... dar o exemplo usando alguém que a gente conhece muito bem, pra ficar claro. Uma pista do que eu acho que o Snape sente quando olha pro Harry...

3. Sobre o Feitiço Fidelius: só mesmo um grande, terrível engano, poderia levar à confusão que deu no que deu. Imaginei essa possibilidade, pensando que só diante de uma demonstração do perigo o Sirius recuaria e teria a idéia de colocar o Pedro pra ser o fiel. Imagino que o aconteceu mesmo, segundo a JKR, se não foi exatamente igual, foi algo parecido... (bem modesta, né?)

4. Ninguém desconfiou mesmo de Pedro. Então isso significava que, mesmo quem foi até Godric’s Hollow (e não foram só Sirius, Dumbledore e Remo que visitaram os Potter...) continuou acreditando que Sirius era o fiel do segredo. Então, a única possibilidade que eu consegui pensar foi essa: bilhetes com o endereço numa letra que falsificava a de Sirius. Se ficasse a letra do Pedro, daria na vista, Dumbledore teria descoberto.

5. Minha super homenagem à fic da Sally “Harry Potter e O Retorno das Trevas”. Duvido que alguém que esteja aqui lendo o que eu escrevo não esteja ainda acompanhando essa fic, mas de qualquer jeito vale a propaganda. É sensacional! E eu aproveitei uma descrição que me deixou emocionada do que seria a vida de Harry em Godric’s Hollow, dez anos depois dos eventos da minha história, se os pais não tivessem morrido. Espero que gostem... Sally, espero que você, especialmente, tenha curtido a idéia. O sonho foi real, mesmo que por brevíssimos momentos... Do mesmo jeito, vocês viram uma citação no início do cap., foi uma citação de frase de um capítulo da fic da Belzinha, outra fic sensacional que aposto que todo mundo já acompanha, mas vale a propaganda: "Harry Potter e o Segredo da Corvinal"!

6. Eventos de 1981: tudo verdade (tirando o mundo bruxo que não sei...risos...) Anuar Sadat assassinado, tentativa de assassinato do Reagan em março, do Papa em maio... tudo real. Assim como a explosão terrorista do metrô alemão que aparece várias vezes. É, os Comensais estavam mesmo à solta...

7. Discurso de Dumbledore: não sei se alguém chegou a reconhecer ( a gente aprendia isso nas aulas de história...) O discurso foi baseado no famoso discurso de W. Churchill “Sangue, sofrimento, suor e lágrimas” em plena segunda guerra.(pra conhecer o original em inglês, de onde eu tirei e adaptei uns pedações: http://www.famousquotes.me.uk/speeches/Winston_Churchill/2.htm) Bacana pacas, né?

8. Na verdade, no dia 27 de outubro de 1981 a lua mudou para lua nova. Mas na fic, vai ser lua cheia. A tal da “licença poética” de novo, tudo bem?

9. Claro que eu pirei completamente ao escrever esse capítulo, né? E ele acabou ficando IMENSO, mais do que Grope. Então dividi onde achei que faria sentido. Nessa primeira parte acabou ficando só o primeiro dos 7 dias. Algumas coisas até que estavam nos trailers não apareceram... Prometo postar a outra parte logo, vou só dar uma revisada.

10. Como as explicações ficaram muito compridas, deixo pro próximo pra falar mais sobre cada um dos comentários individualmente.
Só queria dizer pra vocês que vieram, uma palavrinha aqui:

Bernardo :super parabéns pelo sucesso da sua fic, estou devendo uns comentários lá, me aguarde...obrigada pelos elogios, sempre, estou te devendo a explicação de pq Hogwarts ficaria na Escócia e Godric's Hollow no país de Gales, né? Pra Hogwarts, vale a explicação do Lexicon (aquele site que indiquei... depois com calma falo o resto. Beijão!

Sally: o que dizer além de...obrigada amiga, desculpa o abuso...? Espero que goste do capítulo!

Belzinha : nossa, obrigada pela força, pelos elogios, comentários, tudo! Citei lá no começo sua frase porque achei que tinha tudo a ver com o momento da minha fic! Espero que tenho curtido a pequena homenagem...

Morgana Black:fico feliz que vc sentiu minha falta, e que percebeu que voltei com a corda toda...hihi...desculpa te fazer esperar tanto pelo cap. passado, amiga, prometo não demorar tanto nunca mais! Sei que vc odeia o Rabicho, saiba que eu odeio tanto quanto vc, foi muito difícil escrever a parte dele nesse cap... espero que ele tenha uma morte dolorosa e arda no inferno!

Lia Lupin obrigada pelo elogio, eu adorei sua fic, super divertida!

menina, você não tem idéia como fiquei feliz com seus comentários! Que bom que vc curtiu, que tomou aquele susto com o sonho do Snape, espero que continue curtindo... de jeito nenhum eu faria essa falseta de dizer que o Harry é filho do Snape! Mas prometo umas surpresinhas até o final da fic...

Gina Potter: ah, super obrigada pelos elogios e pelo fofo ATUALIZA!
,
Sorcerer: essa me apoia mesmo sem ler a fic, isso é que é confiança..risos...vou conseguir uma capa nova pro próximo cap??Sou meio monga, mandei email pro endereço errado... Adoro a sua fic, estou devendo comentário lá também, prometo que passo lá. Pois é, eu como vc, ADORO o Snape...

SUPER OBRIGADA!! EU AMO VOCÊS!!

Vocês que também escrevem sabem muito bem que a gente “se alimenta” dos comentários... Não precisa nem ser elogio, não. A palavrinha deixada é o que basta.
Mas obrigada de montão tamém a quem leu sem dizer nada, a quem deixou seu votinho!! Mil Beijos e até já...
... SETE DIAS... [segunda parte]... EM BREVE!!


















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