O SERVO FIEL



Bem, de novo, antes de mais nada, agradecimentos:
Sally Owens, muito obrigada pelos elogios, por estar curtindo essa nova fic e torcendo! A sua fic é sensacional, seu elogio é muito importante pra mim. Espero que continue curtindo...

e agora, vamos lá!

CAPÍTULO 3

"O SERVO FIEL"


Severo saiu rapidamente do Cabeça de Javali e, fugindo do frio e da chuva, aparatou direto para o esconderijo do seu Mestre. Antes de entrar, não pôde deixar de sorrir para si mesmo. Estava satisfeito com o saldo do encontro, afinal. Sabia que não tinha conseguido enganar Dumbledore, desde o primeiro instante daquela cena ridícula. O diretor era inteligente, um dos poucos bruxos que Severo realmente admirava. Também não tinha conseguido um emprego em Hogwarts, como era o objetivo original da sua missão. Mas tinha conseguido algo que o Lorde das Trevas, com certeza, ia saber apreciar: uma profecia legítima a respeito dele. Tinha escutado apenas uma parte, antes de ser descoberto pelo desagradável empregado do lugar. Mas já era suficiente para dar o que pensar.
Severo tinha mudado muito pouco nesses anos, desde que saíra de Hogwarts. Depois da formatura, decidira unir-se aos Comensais da Morte, mesmo contra os apelos da sua mãe. Foi morar sozinho, numa casa discreta em Spinner’s End. Não suportava o pai, e o carinho, o amor e preocupação que a mãe dedicava a ele parecia sufocá-lo. Lorde Voldemort estava cada vez mais poderoso. Muitos bruxos importantes já haviam se unido a ele, que também contava com gigantes e lobisomens como aliados. Além, é claro, de uma legião de Inferi a seu comando. Era a Nova Ordem, Severo pensou, e ele estava do lado dos vencedores. Admirava o talento e a inteligência de Voldemort. Podia fechar os olhos aos seus métodos mais agressivos e violentos, não sentia atração por isso. Ele era racional, queria o poder, e sabia que, para tê-lo, muitas coisas desagradáveis tinham que ser feitas. Se os fracos sofressem ou morressem, isso era apenas... seleção natural. Só uma característica o diferenciava dos demais Comensais: ele não odiava Dumbledore, nem o temia. Ele respeitava, até mesmo admirava, o diretor de Hogwarts. Por isso mesmo tinha se oferecido voluntariamente para a missão de segui-lo, espioná-lo. Ele sabia que era o único inteligente o suficiente para jamais subestimar Dumbledore. Talvez a única fraqueza do velho bruxo fosse seu coração enorme e amoroso, pronto a sempre acreditar no melhor das pessoas. Sorriu intimamente. Ele, Severo, achava quase incompreensível, um bruxo tão inteligente pensar assim. Severo conhecia o mundo, conhecia as pessoas. Sabia que o mundo não era justo. Sabia que algumas pessoas eram genuinamente boas, mas outras só conseguiam ser perversas e traiçoeiras, feito um escorpião. Dumbledore acreditava no amor como uma força universal e sempre boa, mas Severo sabia que não era assim. Algumas pessoas amavam e eram amadas, enquanto outras nunca conheceriam o amor. Ou só o conheciam na sua versão mais cruel: o amor impossível.
Dirigiu-se à entrada do casarão. Não havia nenhuma segurança externa aparente, mas ele sabia que ali estava um feitiço poderoso, destinado a revelar a identidade e a lealdade de quem estivesse entrando, reconhecendo a Marca Negra. Tocou de leve a porta, que se abriu sem barulho. Seguiu depressa pelo corredor, e pediu passagem para o bruxo que estava guardando a porta do quarto do Mestre. Macnair nem estranhou o horário da visita. Já estava acostumado com o que acontecia naquela casa, gente entrando e saindo a qualquer hora do dia ou da noite para fazer relatórios sobre suas missões ou passar informações ao Lorde das Trevas. E Severo Snape era, sem dúvida, um dos Comensais da Morte mais importantes.
Severo curvou-se diante do seu Mestre.
- Mestre...
- Severo, o que o traz aqui? Já concluiu a primeira etapa da missão que eu lhe confiei?
- Senhor, tenho uma informação muito valiosa. Achei que devia vir imediatamente contar, mesmo antes de iniciar minha missão...
- Diga, Severo, o que pode ser tão importante?
- O Senhor conhece aquela vidente chamada Sibila Trelawney?
- Já ouvi falar alguma coisa sobre ela. Parece que é descendente distante de uma vidente famosa, não é?
- Essa mesma...
- Mas dizem que ela é só uma charlatã...
- Sim, Mestre. E ela é, sem dúvida uma figura ridícula. Mas aconteceu uma coisa diferente, interessante essa noite. Eu estava no Cabeça de Javali, como o Senhor sabe, espionando Dumbledore, de acordo com a minha missão. Ele foi lá se reunir secretamente com ela, e eu pude ouvir uma parte importante da conversa dos dois.
- Sério? Mas nunca soube que o diretor desse qualquer importância à Adivinhação...
- Não acredito que o intuito de Dumbledore ali fosse ouvir alguma profecia... talvez estivesse pensando em voltar a incluir a disciplina na escola... não sei. O fato é que ela entrou em transe,- disso não tenho a menor dúvida-, e disse algo que me pareceu uma Profecia legítima, no fim das contas. E essa profecia diz respeito ao Senhor, Mestre.
- E o que você conseguiu ouvir?
Ao invés de responder, Severo apanhou uma Penseira guardada no armário próximo e colocou-a sobre uma mesinha à frente dos dois. Então, apontou sua varinha para sua própria têmpora e retirou um fio brilhante e prateado de memória, depositando-o na bacia. Depois, ergueu a varinha e tocou com a ponta a substância prateada.
Uma figura ergueu-se da Penseira, uma mulher magra e estranha, envolvida em xales e colares, com óculos enormes. Com uma voz rouca e diferente, ela disse:
“Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês...”

Os dois bruxos ficaram ainda alguns minutos em silêncio, observando a imagem desaparecer. Voldemort manteve uma expressão muito séria, pensativa. Severo admirava a inteligência do seu chefe, e podia sentir que ele raciocinava tentando entender a real magnitude do que tinha escutado. Então, quebrando o silêncio, perguntou:
- Você disse que ela estava com Dumbledore? Quer dizer que foi pra ele que ela disse tudo isso? Hmm... E terminava aí? O que Dumbledore disse a respeito?
- Não pude ouvir mais nada, Senhor. Fui descoberto nesse instante, e tive que sair de lá.
- Certo... certo...
Voldemort continuava com olhar distante, concentrado. Severo resolveu acrescentar, cuidadosamente:
- Falei brevemente com Dumbledore, antes de sair de lá. Fiquei de marcar um encontro com ele, a pretexto do emprego de professor de Defesa contra as Artes das Trevas... talvez possa aproveitar esse novo encontro para descobrir mais sobre a Profecia.
Mas o bruxo o ouvia ainda meio distraído. Voltou a falar, quase como se estivesse pensando alto:
- A Profecia se refere a alguém que vai nascer, certo? Um bebê bruxo, poderoso o suficiente para me derrotar... Claro, a história é cheia de coisas desse tipo, como a previsão sobre o nascimento de Merlin... e eu não serei ingênuo de cometer o erro histórico de ignorar uma Profecia desse tipo e me deixar ser derrotado.
Severo achou que não devia responder nada e esperou. Depois de uma pausa muito pequena, Voldemort continuou:
- Provavelmente, a criança deve ser filho de alguém da Ordem da Fênix... Alguém muito leal a Dumbledore...Nascido de quem o desafiou três vezes, ela disse? Bem, isso elimina possíveis filhos de trouxas. Só bruxos poderiam me desafiar. Mas quem? ... pode ser filho de um traidor do nosso lado, também... Isso vive acontecendo, o mundo é cheio de traições. No final do sétimo mês, ela disse, não foi? Estamos em dezembro...isso quer dizer que...janeiro, fevereiro, março... Interessante. O bebê deve nascer no final de julho. Então, devemos procurar entre as mulheres no início de gravidez... um bebê que talvez nem os próprios pais saibam que existe...
Riu diante da pequena ironia da situação. E, voltando-se para Severo, com ar de satisfação:

- Muito bem, Severo! Realmente muito bom. Preciso refletir com muita calma sobre essas palavras.
- Sim, com toda a certeza, Senhor.
- Mas, é claro que saber da Profecia, com essa antecedência, nos dá uma grande vantagem!
Severo pôde ver os olhos de Voldemort modificarem-se, assumindo um brilho vermelho, que ele já vira antes.
- Dumbledore vai tentar proteger o bebê da Profecia, com certeza... Temos que nos antecipar a ele.
- Quer que eu descubra de quem pode ser esse bebê, Senhor?
- Provavelmente não será necessário, Severo. Tenho um espião dentro da Ordem da Fênix. Um covarde, um desprezível traidor dos próprios amigos... claro que, por isso mesmo, muito útil para mim!
Voldemort soltou uma gargalhada maligna e continuou:
- Através dele posso descobrir tudo sobre os casais leais a Dumbledore.
O bruxo ficou calado por um momento, parecendo pensativo a respeito de alguma coisa, mas logo concluiu, sorridente:
- Excelente, Severo! Saberei recompensá-lo, tenha certeza! Além de ser um bruxo extremamente inteligente e talentoso, você tem sido um servo fiel e leal! O melhor entre todos, Severo! Muito bem, pode ir, agora. Você certamente precisa de um descanso merecido.
- Sim, Senhor.
Com uma nova reverência, Severo se retirou e aparatou direto para casa. Estava mesmo cansado. Mas saber que tinha conseguido informações valiosas para o seu Mestre compensava. Sabia que Lorde Voldemort ia passar ainda algum tempo dissecando aquelas palavras, antes de decidir o que fazer. Anotou para si mesmo a informação a respeito do traidor entre os membros da Ordem da Fênix. Ele já desconfiava disso, mas ouvira a confirmação do próprio Lorde Voldemort. E, meio vagamente, ficou curioso em saber: quem poderia ser o bebê da Profecia? Ou melhor, quem seriam os pais da criança?
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Nos dias que se seguiram, três casais comemoraram, felizes, uma mesma descoberta: a descoberta da gestação do seu primeiro bebê. Thiago e Lílian Potter, Frank e Alice Longbottom, e Lucius e Narcisa Malfoy não conseguiam conter a alegria.



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