A Rosa



A escola estava extremamente agitada. O castelo começava a ser enfeitado para o baile, uma vez que faltava apenas uma semana para esse dia. O Salão Comunal estava praticamente cinza, prata e branco, além de todos os enfeites espalhados por todos os corredores. Era um pouco impossível esquecer que dali alguns dias aconteceria uma grande festa. Sem contar que a festa do Dia das Bruxas seria exatamente uma semana depois deste baile.

Draco e Hermione tinham se cruzado pelo corredor algumas vezes, mas ela se recusava a olhar para ele. Fingia que não tinha visto, ou fazia seu caminho por outro corredor. E ele só se sentia cada vez mais envergonhado pelo que tinha feito, e estava decidido a mudar isso. Além do mais, não havia nenhuma garota em Hogwarts que fingia que não o via sempre que ele passava.

O dia do baile havia finalmente chegado. Numa parte do Salão Comunal havia um palco, com milhares de cadeiras posicionadas de frente á ele. Logo atrás havia várias mesinhas, e mais ao fundo uma enorme mesa, onde seria servida a comida. Hermione estava atrás da cortina que cobria o palco. Relia suas falas a toda hora, e parecia que seu coração estava perto da garganta. Suas mãos não paravam de tremer e seu único pensamento era em achar uma forma de não querer desmaiar lá no meio do palco. Os primeiros a entrar em cena foram Draco, Luna e Parvati. Hermione entraria a qualquer momento. Ela se levantou da cadeira, fechou os olhos e respirou fundo. Colocou sua capa preta por cima do vestido. Ouviu então Parvati dizer:
- "Não acredito que fez isso comigo!" - ela soluçava - "Bandido! Crápula!" - era agora. Hermione colocou seus pés no palco, o capuz cobrindo-lhe metade do rosto.
- "Você deve ser a nova contratada. Pois saiba: este homem aqui não vale nada!" - Parvati berrou, dando um pequeno empurrão no ombro de Malfoy, que ainda estava de costas para Hermione. Ele se sentou numa mesinha que tinha ali no palco, e Hermione caminhou até ela. Retirou a capa, com cuidado para não desmanchar o cabelo, e a depositou no encosto da cadeira. Sentou-se de frente para o garoto. Este, que a pouco observava as pessoas que estavam lhe assistindo, agora encarava Hermione. Não conseguia desviar seus olhos dela. Seus cabelos, presos delicadamente numa fivela brilhante, deixavam cair alguns cachos sobre os ombros. Usava um vestido pérola, que tinha alguns brilhos espalhados pelo tecido, preso pelo pescoço e ia aproximadamente até o joelho. Hermione disse sua fala, e Draco pareceu ter acordado de um sonho. Os dois tinham treinado bastante essa cena quando ensaiavam juntos. Passado algum tempo, tanto Hermione quanto Draco já estavam mais calmos.
- "Me conte sobre seu sonho" - disse ela. Draco piscou algumas vezes: havia se esquecido da fala.
- Eu... Não lembro. - a professora Trelawney entrou em choque, não percebendo que a platéia achara que aquilo era apenas mais uma fala - Eu só sei que você é linda.
Hermione sentiu um arrepio por seu corpo inteiro. Draco respirou fundo, sem parar de encará-la. Ele se apoiou na mesa, e se aproximou de Hermione. Ela podia sentir a respiração dele. Mas ela não soube de nada que aconteceu depois, por que o mundo que estava em sua volta desapareceu no momento em que os lábios de Malfoy alcançaram os seus.

As cortinas tinham se fechado, e o público que os assistiu agora estava de pé, gritando, batendo muitas palmas. Hermione encarava Draco, como se exigisse uma explicação. Se ele tinha feito isso porque tinha simplesmente esquecido as falas, se ele tinha feito isso apenas para ser mais um motivo de gozação, se ele tinha feito isso apenas porque estava com vontade, Hermione não soube naquele momento. Pegou suas coisas, e saiu em direção ao dormitório feminino. E se havia alguém que não estava sorrindo no meio daquela platéia, essas pessoas eram Pansy, Harry e Rony.

Hermione chegou ao dormitório, e jogou-se em sua cama. Por mais que quisesse, nenhuma lágrima saiu de seus olhos, e ela ainda não tinha certeza se era porquê ela não estava com raiva do que tinha acontecido, ou porque seu cérebro ainda não tinha armazenado aquela informação. Logo várias meninas adentraram ao dormitório, gritando e abraçando Hermione, parabenizando-a pela atuação.
- Hermione, a gente não sabia que tinha um beijo nessa cena! - disse Lilá esbaforida.
- É por isso que vocês ensaiaram essa cena sozinhos com a professora, não é? - disse Parvati, fazendo uma cara de quem sabe das coisas. Hermione não estava nem um pouco afim de dizer que aquela cena eles não tinham ensaiado juntos, e muito menos que não havia um beijo nela.
- É, bem... Foi por isso - disse ela.
- E porque não nos contou que o beijaria? - disse Lilá, ainda eufórica.
- Queria fazer uma surpresa - ela respondeu, mas não estava nem um pouco animada. Após alguns gritinhos histéricos, o dormitório foi ficando vazio novamente. Hermione permaneceu sozinha em sua cama, pensando no que tinha acontecido e o porquê dela, no fundo, ter gostado daquele beijo.

Ela só saiu do quarto no café da manhã, no dia seguinte. Ainda assim fez questão de não olhar pra mesa da Sonserina, e ficar de costas para ela. Algumas pessoas ainda se dirigiram á ela para lhe dar os parabéns. Sentou-se, mas não tinha muita fome. Ainda assim tomou um pouco de chá, pois não comia desde antes da peça. Seu estômago deu um giro, só de pensar na palavra "peça", que a fazia lembrar do acontecido. Harry e Rony se entreolharam, e com o consentimento de Rony, Harry perguntou:
- Hermione... Aquele beijo estava mesmo no roteiro? - disse ele. Hermione engoliu um seco.
- Estava, Harry - mentiu. Não tinha coragem de dizer que não era para ser assim.
- E porque não nos contou? - disse Rony com uma cara fechada.
- Eu não queria deixar vocês do jeito que estão agora - disse ela - Me enchendo o saco.
- Desculpe Hermione - disse Harry - Nós só achamos estranho.
- Tudo bem, Harry. Estou meio sem fome, vou à biblioteca ler um livro - levantou-se, e pegou seu material. Novamente passou pela mesa de Draco sem olhá-lo. Este andara mentindo que o beijo também estava no roteiro, não queria confusão pro seu lado. Esperou um tempo, e levantou-se, dizendo que precisava alugar um livro para fazer uma redação.
- Não, Goyle - disse ele, irritado - Não preciso que ninguém me acompanhe na biblioteca.
Ela estava sentada em uma mesa isolada na biblioteca. Havia poucas pessoas lá. Ela viu alguém se aproximando, e reconheceu quem era mesmo sem tirar os olhos do livro. E quando este se sentou de frente para ela, ainda fez questão de não encará-lo.
- O que está lendo? - Draco perguntou educadamente. Ela apenas ergueu o livro, de modo que o garoto pudesse ler a capa - Legal.
Estava um clima muito pesado entre os dois. Após alguns minutos de silêncio, Hermione se levantou.
- Tenho que ir.
- Espera - ele disse, e a segurou pelo braço - Do que você tem medo?
- Eu? - ela perguntou - Eu não estou com medo de nada.
Draco continuava segurando-a.
- Está com medo sim, Hermione. Está com medo de deixar alguém se aproximar de você! Tá com medo porque sabe que eu te quero, e sabe também que você me quer!
Aquelas palavras realmente deixaram Hermione surpresa. Ela abriu a boca levemente para responder, mas ao invés disso ela se desvencilhou do garoto, não deixando de encará-lo. Virou-se depois de desviar seu olhar do dele e seguiu em direção á porta da biblioteca.
- Sua mochila está aberta - disse ele do mesmo local onde a garota o deixara. Hermione parou e virou-se para puxar o zíper entreaberto. Ela fez um gesto com a cabeça de agradecimento, e andou em passos largos pelo corredor.

As aulas do dia eram Runas para Hermione, Adivinhação para Harry e Rony, Defesa Contra as Artes das Trevas e Poções. Receberam mais algumas tarefas, treinaram novos feitiços e aprenderam a Poção do Envelhecimento. Almoçaram, e foram ao Salão Comunal fazer os deveres do dia. O sol estava se pondo quando os três decidiram parar. Hermione subiu ao dormitório feminino, estava muito cansada e precisava dormir, mas não antes de ler algum livro. Abriu sua mochila, e o retirou de lá. Socado entre o seu material, ela avistou alguma coisa diferente, e pegou para ver o que era. Encontrou uma rosa, a qual reconheceu imediatamente da aula da professora Mc Gonnagall. Draco fora o único a conseguir transformar o cálice nessa flor. Preso na rosa, numa letra caprichada, encontrava-se um bilhete escrito: "Gostaria que você me perdoasse pelo que fiz na frente de meus amigos. Ass.: Draco Malfoy". Hermione levou a mão á boca. Ela já não sentia mais aquela raiva.


N/A: Fala sério!
Esse Draco não perdoa mesmo...

Obrigada pelos comentários!
Beijo
Isa.

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