Capítulo BÕnus



Capítulo BÕnus
O segredo de Hermione





_Onde está a Hermione?_ Perguntou Harry, espiando o corredor do expresso de Hogwarts com preocupação.
_Ela deve estar com Krum... _Disse Gina, passando as mãos sobre o cabelo ruivo com tédio.
_Krum? _Harry questionou, sem acreditar. _O que ele está fazendo aqui?
_Ah, é... Madame Hooch, não lembra? A pobrezinha ainda está debilitada, não vai retornar a Hogwarts este ano, então o Krum vai dar aulas de vôo no lugar dela.
_Sério? Como você sabe?

A garota tirou uma revista do casaco e jogou no colo de Harry. Uma foto um tanto animadinha de Hermione acabava de abraçar Krum, que tentava se esconder atrás das letras garrafais que informavam: Suposto namoro entre auror Granger e Krum, ex-comensal da morte.


Hermione Granger, que irá retornar para Hogwarts este ano, estará bem acompanhada. O famoso jogador de quadribol Victor Krum estará na escola, ministrando aulas de vôo. Segundo fontes secretíssimas, os dois têm se correspondido durante todo o verão, e ele talvez seja o consolo da garota, desde que rompeu o namoro com o filho do ministro e goleiro reserva do Chudley Cannons, Rony Weasley.


_Krum na escola? Mal posso acreditar... _Disse Harry, devolvendo a revista à namorada.
_Parece que o tribunal o sentenciou a fazer algum tipo de trabalho voluntário, para não ser levado a Azkaban. Então, convenientemente, ele escolheu dar aulas em Hogwarts. _Explicou Gina.


A porta da cabine escancarou-se e Hermione, sorridente adentrou o espaço, sentando-se ao lado de Harry.

_É verdade que o Krum está no trem? _Perguntou Harry.
_Ah, andaram lendo o semanário dos bruxos... _Resmungou a garota, aborrecida. _Sim, ele vai dar aulas em Hogwarts. Sei que parece estranho, mas tudo que o Victor quer nesse momento é sair dos holofotes, então Hogwarts será o lugar ideal pra ele.
_Ah, é... Ele deve estar contente com o término do seu namoro com o Rony...
_Gina!_Repreendeu-a Hermione. _Isso não tem nada a ver! Acha que eu e o Ron daríamos certo quando ele fosse goleiro titular, sempre viajando? Acho que tomamos a melhor decisão, antes que nos machucássemos mais.
_Ok, Hermione, eu sou irmã do Rony, mas não estou te atirando pedras nem nada... _Disse Gina, ofendida.

Hermione encarou a bela e verde paisagem do lado de fora do trem por alguns segundos, então disse:
_Gina... Acho que o que houve entre mim e Rony ficou muito bem explicado, mesmo assim, não há nada entre mim e Krum.

_Só porque você não quer. _Gina alfinetou.

A garota sorriu amargurada por alguns instantes, mas depois observando a amiga ironicamente, respondeu-lhe:
_Exatamente.

O resto da viagem correu tranqüilamente, e as duas não brigaram mais, para alívio de Harry, que não gostava nada quando isso acontecia. Quando as torres e torrinhas de Hogwarts foram avistadas, os três espremeram-se na pequena janela para olhar melhor a escola.
_Nem parece que tinha sido arrasada... _Disse Hermione, maravilhada. _A Mcgonagall fez um ótimo trabalho! Imagina se fosse reparada por pedreiros trouxas, Harry? Demoraria séculos para ser reconstruída...



Hogwarts fervia de alegria e excitação no sétimo ano de Harry na escola. A cerimônia de seleção para as casas, Grifinória, Sonserina, Lufa-lufa e Covirnal, voltaram a ocorrer e um excelente banquete fora servido. Harry estava particularmente feliz por não ter de submeter-se à presença nefasta de Snape como professor de poções nem a de Draco e seus amigos, Crabbe e Goyle(Que ainda estavam em Azkaban enquanto Draco e os pais haviam fugido sabe-se Deus para onde). Todos os alunos queriam cumprimentar a ele, Gina e Hermione, principalmente os calouros.

_Potter e Granger, não gostariam de ir até a minha sala? _Questionou Mcgonagall, depois do jantar.

Os dois concordaram deixando Gina com Luna e seguiram-na até a diretoria, que parecia imersa em quietude. Então, lá estava o quadro de Dumbledore, o verdadeiro quadro. O diretor sorria, e encarava os com os olhos muito azuis.
_Como vai, diretor? _Questionou Hermione.
_Muito bem, Srta. Granger. _Respondeu delicadamente. _Hogwarts finalmente está em paz outra vez, não é?
_Era exatamente sobre isso que gostaria de falar-lhes. _Interrompeu a Profa. Mcgonagall. _Queria, na verdade, agradecer-lhes por tudo que fizeram ao Mundo Bruxo... Nem sabe o quanto tenho orgulho de vocês, garotos.
_Ora, professora... Não foi nada demais.
_Eu não sou mais professora de Transfiguração, Potter. _Corrigiu a diretora. _Teremos um novo professor, na verdade seria uma surpresa a todos, mas acho que seu padrinho se atrasou por algum motivo...
_O Sirius dará aulas aqui? _Questionou Harry, surpreso.
_Sim. Ele provou ter aptidão ao cargo, e eu, não posso misturar as atribuições da diretoria às docentes, você deve me compreender.

Então a porta se escancarou, e um Sirius muito aborrecido adentrou a sala. Seus cabelos compridos pareciam desgrenhados.
_Desculpe, Mcgonagall. É que fui apanhar a minha moto na Floresta Proibida, e então me atrasei, mil perdões.
_Sua moto? _Harry questionou.
_É, o Hagrid a deixou lá depois de buscá-lo nos destroços da sua casa, Harry. Pensei que não teria muito trabalho em tirá-la de lá... Terrível engano.




Harry encarava sua coruja com o olhar perdido. Esta definitivamente não havia sido uma semana muito fácil. Era completamente estranho estar em Hogwarts sem Rony, seu melhor amigo. No entanto, estava recebendo cartas do amigo quase que diariamente, na maioria das vezes Rony questionava como estava Hermione, que fora sua namorada até bem pouco tempo. Harry sabia que de alguma forma, ele ainda sentia algo por ela, que talvez estivesse longe de ser somente como ele disse há algum tempo atrás, carinho de irmão.

A temporada de quadribol acabara de iniciar-se, e o Chudley Cannons já vencera dois jogos seguidos. Infelizmente Rony ainda não estava como titular no time, o que o estava deixando cada vez mais impaciente.

Hermione, por sua vez, parecia perto de um colapso nervoso, com as atribuições de monitora-chefe e os estudos para o último ano na escola. Enquanto a amiga estava sempre lhe esquentando a cabeça com as últimas questões de poções, Gina o acalmava em agradáveis e secretos passeios à floresta proibida, que parecia muito mais amistosa depois da queda das forças das trevas.


Aliás, a queda fora um capítulo à parte. Azkaban(guardada por aurores e não mais dementadores) estava superlotada com comensais e suspeitos. Enquanto isso Draco e Lúcio Malfoy ainda estavam fugidos. Já Snape não retornara ao seu antigo cargo de professor de poções, mas arrumara um ótimo emprego num Centro Superior de Magia quando sua inocência foi esclarecida. Isso deixara Harry muito mais à vontade, pois apesar de Snape não ser o assassino de Dumbledore, que nem sequer fora realmente assassinado, Harry ainda não esquecera tudo que ele já havia lhe feito.

_Olha, Harry. _Disse Gina, jogando-se em cima do garoto com uma revista nas mãos. _Mais uma com a sua foto na capa...

O Harry da foto trazia um sorriso confiante estampado no rosto, seus cabelos negros e rebeldes caíam sobre a testa limpa. Ao lado dele estava uma garota, que Harry nunca vira na vida. Ela era loura e tinha olhos azul-vivos. Harry e Kimberly: Uma nova história de amor.

_Ah, quando resolverem me apresentar essa tal de Kimberly, talvez eu dê uma chance a ela. _Disse ele, atirando a revista contra a parede sem nem ao menos lê-la. _Vai ter que se acostumar, eles não vão parar tão cedo.

_Não tem importância... _Disse a garota, envolvendo-o num abraço apertado. _Eu sei muito bem com quem você está saindo...

_Acho que tá na hora da seleção para o time... _Disse Harry, quase sem fôlego.
_Ah, é...

Mcgonagall decidira retomar a divisão das casas àquele ano. E agora, o campeonato de quadribol intercasas estava reaberto. Harry também recebera de volta o título de capitão do time, e era sua obrigação refazê-lo. Ele e Gina caminharam lentamente em direção ao campo, já havia uma pequena multidão a esperar.

_Nossa, tem mais candidatos esse ano... _Disse o garoto, estupefato.

_Eles só estão inspirados com sua história, do menino magricela e míope que venceu o maior bruxo de todos os tempos. De como você se tornou apanhador no primeiro ano. Veja, são quase todos calouros. _Disse uma voz atrás do garoto.

Hermione acabava de passar por eles, os cabelos bagunçados voavam com o vento forte. Ela trazia algo às mãos, embrulhado em um papel grosso e dourado.

_É seu presente de aniversário... _Ela disse, entregando o embrulho, sorridente.
_Como assim meu presente de aniversário? _O rapaz questionou, surpreso. _Você já havia me dado um...
_Não vai me dizer que gostou daquele livro sobre runas... _Disse ela, com um sorriso enviesado. _Sei que não gostou. A verdade é que tinha encomendado uma, mas demorou demais para chegar, sabe? As compras elevaram-se depois do fim de Tom Riddle.

Harry desembrulhou o presente já tendo uma idéia vaga do que se tratava. Era uma Thinbonne. Perfeita e igual à de Gina, com exceção do nome do rapaz em letras prateadas.

_Pensei em personalizar...
_Ficou demais, Mione. _Disse Harry, abraçando a garota brevemente. _A minha firebolt já tá um pouco gasta, sabe? Só não sei o que fazer com ela...
_Bom, estive pensando, sabe? É que eu realmente estou precisando de uma vassoura... E não me importaria nada se tivesse uma de segunda mão. _A garota falou, timidamente.
_Ah, disponha. _Disse Harry, entregando a vassoura carcomida e gasta à amiga. _talvez possa dar um jeitinho nela...
_E pra que precisa de uma vassoura? _Perguntou Gina, surpresa.
_Ãh... Bem, nas últimas férias estive treinando bastante e queria tentar a vaga de goleiro, sabe?

_QUE? _Perguntou Gina, em meio a uma gargalhada. _Ficou maluca?
_Mione, você nunca ligou muito pra quadribol... _Lembrou-lhe Harry, estupefato.

_Não ligava. _Disse a menina, um tanto magoada. _Mas estive dando umas espiadinhas nas exigências dos principais Centros Superiores de Magia e conta bastantes pontos se você tiver participado de atividades extracurriculares, quadribol, por exemplo.

_Tudo bem, Mione, se você quiser fazer o teste. _Disse Harry. _Mas você sabe que não posso favorecê-la.
_Eu sei, Harry. _Disse a garota, desafiadoramente. _Mas acontece, que como te falei, treinei bastante, e peguei algumas aulas com o Krum também, e acredite, melhorei bastante.
_Se é o que você quer... _Disse Harry, achando a situação muito incômoda.


Harry resolveu iniciar a seleção dividindo os alunos conforme a pretensão de posição no time. Os primeiros a serem selecionados foram os batedores, e depois de ter quase sua cabeça arrancada por um balaço, o garoto acabou escolhendo novos alunos para os postos. Adam Rosie e Gisela Arruda. Os dois tinham braços fortes, e conseguiam desviar os balaços com precisão. Logo depois escolheu os artilheiros, e não teve muita dificuldade em recolocar Gina no posto, além de Denis Collin e Penny Frenzini. Logo depois encarou os três candidatos para o posto de goleiro, eram eles Hermione, Joseph Sullivan e Michael Henry. O rapaz sabia muito bem que a amiga não teria a menor chance. Michael fez ótimas defesas, já Joseph peparecia ter tomado uma felix felicis naquela seleção enquanto Hermione deixou vazar quatro gols muito simples de serem impedidos. A menina parecia tão envergonhada quando a seleção terminou, que nem ao menos esperou o resultado, saindo correndo em direção ao castelo.

_Joseph, você é o novo goleiro. _Avisou Harry, ainda chateado com o desempenho da amiga.

_Valeu, Harry, não vai se arrepender! _Avisou o garoto, pulando de alegria.



_Harry, não precisa se sentir culpado nem nada... _Avisou Gina, enquanto subiam as escadas em direção à torre da Grifinória. _Eu sinceramente não entendo como ela poderia ter alguma esperança de passar nessa peneira...

_Eu sei. _Respondeu o menino. _Mas ainda assim não é muito legal não ter como escolher sua própria amiga para o time que você e campeão.

Assim que os dois adentraram o salão comunal, encontraram-no vazio, exceto por Hermione, que estava sob um livro gigantesco e empoeirado. Todos os outros alunos deveriam estar do lado de fora ainda, aproveitando o resto do verão.
_Se importa se eu falar com ela a sós? _Questionou Harry em um murmúrio a Gina.
_Claro que não... _Respondeu a garota, inexpressivamente. _Vou procurar o Arnaldo lá no dormitório...

E dizendo isso a ruiva deixou o salão pela escada que levava ao dormitório das garotas. Hermione parecia(ou tentava parecer) ainda não ter notado a presença de Harry. O garoto circulou vagarosamente a poltrona em que ela estava sentada, e ficou às costas dela.
_Pare de fingir que está lendo esse livro... _Pediu ele, em tom aborrecido.

A garota colocou o livro aberto sobre o colo, e virou-se para Harry, com os olhos vermelhos:
_E como sabe se eu não estou lendo?
_Você está nessa página há séculos...
_Ok, Harry, e o que quer? Me dizer que já adivinhava que eu não entraria pro time ou coisa assim? Por que se for, não se preocupe, eu também já sabia.
_Ah, vamos, Mione, pare de ser tão cabeça-dura. Você não precisa entrar para o time... Você já é genial!
_Não me diga... _Respondeu, amarguradamente.
_Escute, quem é a garota mais inteligente dessa escola? Quem foi que entrou para o Departamento de Aurores aos 17 anos? Quem foi que me ajudou a traduzir os postulados? Acho que você não precisa mais de nada, Hermione... Jogos de quadribol só iriam atrapalhar a sua vida acadêmica...

Ela parecia confusa entre emoção e irritação. Sorria e balançava a cabeça, e lágrimas solitárias começavam a molhar seu rosto.
_Minha vida acadêmica... _Disse, amargurada. _Deve ser um tédio pra você, não é? Me ver sempre com livros sob o braço... Deve ter sido sempre mais fácil ser amigo do Rony, ele não tinha que se preocupar com as tarefas nem nada e...

Então o garoto circulou a poltrona até ficar de frente à garota, e ajoelhou-se, segurando as mãos dela.
_Também está sendo difícil pra mim sem o Rony, ok?
_Isso não tem nada a ver com o Rony, Harry. _Ela disse, antes de deixá-lo e subir as escadas que levavam ao dormitório.


Harry passou semanas a fio tentando entender o que a amiga quisera lhe dizer, porque ela agora o ignorava visivelmente. Na sala, sentava-se em um canto longe do garoto e de Gina, e parecia sempre mal-humorada. O rapaz não sabia o que estava acontecendo com ela. Durante à noite ele ficou mais tempo acordado só para tentar chamar a atenção da amiga, que estudava com afinco no salão.

_Harry, estou com sono, por que não vamos dormir? _Lhe perguntou Gina.
_Ah... Eu ainda quero terminar isso aqui. _Disse apontando para o dever de poções que tinha nas mãos. _Por que não vai se deitar?
_Não, se você vai ficar eu também fico. _Respondeu a garota, cujos olhos já estavam lerdos de sono.

Depois de algum tempo, Gina já havia caído no sono, e Harry a acordou.
_Gina, é melhor você ir se deitar. _Ele pediu.
_Tudo bem... _Cedeu ela, tonta de sono, e subiu as escadarias para o dormitório.

Harry passou algum tempo fingindo ainda estar estudando. Então resolveu puxar assunto com a amiga, pedindo ajuda no dever. A garota, ainda um tanto surpresa, ajudou-o de bom grado. Em seguida foi sentar-se afastada dele.
_Por que está assim tão distante? _Harry questionou.
_Só você não percebe... A Gina já veio falar comigo duas ou três vezes, Harry. Ela está com ciúmes... Eu não vou atrapalhar o namoro de ninguém.
_Ciúmes do que? Não se preocupe, eu vou falar com ela...
_Ficou assim desde que soube que a Luna e o Rony estão juntos.
_Como assim a Luna e o Rony estão juntos? _Harry questionou, abismado.
_Bom... Eles andaram se correspondendo... Sei que parece loucura, mas foi o que a Luna me disse. E, bem, se acertaram. Namoro à distância ou qualquer coisa assim... Ela disse que ele adora que ele a aceite com ele é, e ele faz o mesmo a ela.
_Que chato, Mione. A Luna tinha que contar logo a você? _Harry questionou, aborrecido. _Ela não pensou em como você ficaria?
_Não é por isso que eu estou assim, Harry. Te vejo amanhã, acho que vou dormir agora. _Ela disse, deixando-o sozinho.
Harry tomava seu café da manhã junto a Gina e aos outros alunos, que haviam acabado de receber o correio matinal.
_Rony disse que conseguiu o posto de titular no time. _Avisou Luna, maravilhada. _Eu lhe disse que conseguiria se fizesse o antigo ritual dos anões tiberianos...

Nem Gina nem Harry se atreveram a questionar que ritual seria aquele. Mas Harry estava incrivelmente feliz com a sorte de Rony, que mesmo não tendo cumprido todo o ano em Hogwarts, conseguiu formar-se, como uma medida extraordinária do Ministério da Magia. Agora, além de formado, ele era um goleiro famoso. De repente seu pensamento o levou até Hermione, gostaria de lhe contar a notícia.
_Gina, você viu a Mione? _Harry questionou.
_Não, Harry, não vi. _Respondeu-lhe a garota, aborrecida. _E se quer saber, acho que vocês estão muito dependentes.
_Por falar nisso... _Lembrou-lhe Harry. _Quero saber o que você disse a Mione que a fez ficar tão distante...
_O que eu disse? _Questionou Gina. _Harry, me poupe. Vou ajudar o Wodja com umas coisas, ok?




Nas semanas seguintes, a amizade do garoto com Hermione, normalizou-se. E eles geralmente passavam as tardes livres juntos, estudando ou jogando Snap Explosivo. Enquanto isso, as disciplinas em Hogwarts iam tornando-se cada vez mais difíceis e trabalhosas, com as proximidades dos N.I.E.M.S.

Para desestressar os alunos da pressão dos testes, foi organizado um baile de natal. A escola foi enfeitada com árvores gigantescas, guirlandas douradas e muitas fitas coloridas. Harry levou Gina como par. Hermione havia sido convidada por Krum, já Luna havia convidado Rony, e por incrível que pareça, ele aceitou. O rapaz iria passar a noite no castelo, para rever os amigos e matar as saudades.



_Acho que eu vou ver o Hagrid, andei sabendo que ele havia convidado a Madame Máxime para o baile, espero que ela tenha aceitado, só espero que ele não resolva trazer o irmãozinho para o castelo.

_É melhor não demorar, a festa começa em três horas. _Avisou-lhe Gina.

_Eu não vou demorar, o Rony já deve estar pra chegar.

Harry rumou para a barraca de Hagrid. Graças aos céus, o gigante não iria trazer o irmão ou a cunhada para Hogwarts, muito menos Madame Máxime, que estava muito ocupada com a direção da escola Francesa de Magia. O sol já havia se posto quando Harry retornou para o castelo. Assim que chegou ao hall de entrada encontrou Dobby, arfante e nervoso vindo correndo em sua direção:

_A Srta. Granger e a Srta. Wezzly, senhor. _Disse ele, sem fôlego.
_O que tem elas? _Questionou Harry, preocupado.
_Elas... Elas brigaram pelo senhor, Sr. Potter. _Disse ele. _Toda escola já está sabendo... Que a Srta. Granger ama o senhor, Sr. Potter...
_O que você está dizendo? _questionou Harry, irritado. _que maluquice é essa?
_Ah, Sr. Potter, Dobby escutou gritos até lá na cozinha, Sr. Potter. Os alunos estavam eufóricos, meu senhor. Gritavam briga, briga e briga... Então Dobby soube que sua namorada e sua amiga, meu senhor. Estavam brigando, dizem que é por causa do seu amor... Ah, Sr. Potter, a Srta. Granger é uma garota tão boa... Ela está lá no lago agora... Talvez o senhor devesse ir lá, Sr. Potter.

Harry encarou o elfo duvidoso, então resolveu seguir o conselho dele, indo para o lago de águas esverdeadas. O vento frio da noite arrepiava os cabelos do garoto, enquanto ele tentava divisar uma figura disforme ao longe, próxima aos arbustos na margem esquerda. Ele sabia que era um mal-entendido, e quem Dobby deveria ter escutado algo errado. Não estava preocupado com isso, só queria ver se amiga estava bem.

A garota estava sentada, com os pés descalços imersos no leito do lago. Os cabelos mais desgrenhados que nunca, e com o olhar perdido.
_Mione, você tá ok? _Questionou o garoto, aproximando-se.

A garota não respondeu. Estava trêmula e soluçava, Harry sentia-se extremamente mal, pois não sabia o que estava havendo.
_Mione... Tudo bem, olha, eu não acreditei naquela bobagem que o Dobby falou... _Disse ele, sentando-se ao lado da garota, na grama úmida. _Não precisa ficar assim...

_Me deixa, Harry. _Disse-lhe, limpando as lágrimas.
_Foi alguma coisa que eu fiz?
_Não é você, sou eu. _Disse ela, olhando-o profundamente. _E pode acreditar, Harry, eu estou fazendo a coisa certa.
_Se você diz... _Ele falou. _Mas pode me contar o que houve entre você a Gina?
_Se eu te contar ou se você souber por outro não vai mudar nada, Harry. _Ela disse, contemplando as águas escuras à frente dela.
_Tá... Só queria que você me explicasse por que o Dobby inventou aquilo...

_Harry, não pergunte a mim, pergunte a sua namorada, que foi quem fez questão de fazer toda aquela maldita confusão, ok?
_Eu quero saber de você, que é minha amiga, ou melhor, era.

A garota focalizou os incríveis olhos caramelados em Harry, e o garoto involuntariamente baixou o olhar.
_Escuta, a Gina pensa que nós podemos ser mais que amigos... _Iniciou a garota.
_Ora, é claro que não! _Disse Harry, e percebendo a feição desconcertada da garota acrescentou: _Quero dizer, poderíamos ser, mas... Bom, eu gosto de ser seu amigo.
_Harry, não precisa envergonhar-se, eu sei muito bem suas pretensões comigo. _Disse a garota, rindo amarguradamente. _Olha, é melhor pararmos essa conversa por aqui, tá bem? Éramos ótimos amigos... Mas agora há certas coisas que nos estão afastando, e então o melhor é ficarmos distantes... E só, sem ressentimentos.
_Eu gostaria que tudo voltasse a ser como antes... Não era tão bom quando essas coisas simplesmente não passavam nas nossas cabeças?
_Ah, Harry... _Suspirou a garota, tocada. _Você sabe que as coisas não são mais assim. Agora somos livres pra fazer o que quisermos e somos adultos e...
_Por que na entramos? Está começando a fazer frio... Além do mais você e eu temos que nos vestir para o baile, o Rony já deve estar chegando...
_Eu não quero entrar agora. O pessoal não vai descansar enquanto não aproveitar ao máximo da discussão... Em pensar que eu levei uma detenção...
_Você não precisa ficar assim... Encare-os e diga que não é verdade o que estão espalhando.... Que você não gosta de mim. _Incentivou o rapaz, corando.

Então, depois de baixar a cabeça, desolada, a garota lhe respondeu:
_Eu não quero mais mentir, Harry.

A frase ecoou fazendo o corpo do rapaz congelar, ele baixou o olhar, encabulado, em seguida questionou:
_O-o que você q-quer dizer com isso? _Questionou o rapaz, trêmulo.
_Harry, eu acho melhor que você vá embora. _Suplicou a garota.
_Eu não vou embora até você me explicar isso...

_Harry... _Iniciou ela com os olhos marejados. _Desde o primeiro momento em que te vi... Eu sempre senti algo por você.
E então, o garoto sentiu que seu corpo iria explodir, estava pasmo, sem reação. Como poderia sua melhor amiga amá-lo, como, como? Se todo esse tempo ele acreditava que Hermione gostava de Rony?

_E-eu fingi desde o primeiro dia que te vi... _Ela completou, muito acanhada. _ Sempre soube que nunca gostaria de mim, e não quis arriscar perder nossa amizade.
_Mas... E Rony? _Harry perguntou, quase sem voz.
_Ele, eu me iludi, quis apenas ficar com ele para esquecê-lo. Ele não é tão famoso, nem tão importante quanto você. Era muito mais... Accessível. Você não saberia o que é sentir isso, Harry. É claro que não estou dizendo com isso que ele não é igual em valor, mas... Por Merlim, Harry, acho que por dentro queria atingir você ao tentar amá-lo
_Como nunca me disse nada? Como nunca deixou que eu percebesse?

E então ela riu, amarguradamente.
_Essa era a intenção, Harry. Sabe, não pense que foi fácil. Dar conselhos a Gina sobre você, agüentar o seu namoro com a Cho, e mais tarde, ver você ficar apaixonado por ela. Não acredito que você nunca tenha percebido... Mas estou feliz por isso. Evitou todo esse constrangimento...

Harry calou-se. Estava envergonhado, mal podia olhar para a garota. Parecia que estrelas explodiam em seu corpo. Ele mal podia mover-se, quanto mais encará-la.
_Você nunca me olharia como uma garota, Harry. Eu sei... Agora eu tenho que ir. Não quero encontrar com o Rony.

Era verdade, Harry jamais a vira como uma garota. Ela sempre era a amiga, que o acompanhava em tudo, o muro no qual se apoiava, mas jamais passou-lhe pela cabeça, ter alguma coisa com aquela menina de cabelos lanzudos, extremamente estudiosa, e sempre curvada pelo peso da mochila. E agora, a melhor amiga, que sempre o ajudara em tudo, estava indo embora, totalmente arrasada e certa de que não era boa o bastante para ser escolhida para Harry. De repente o garoto sentiu-se extremamente fútil, sempre gostando das mais belas, populares e jogadoras de quadribol. Tinha que dizer alguma coisa, tinha que desculpar-se.

_Hermione, espere...

A garota virou-se, ainda em lágrimas. E sem dizer mais nada, os dois abraçaram-se, como se ainda fossem apenas amigos, despedindo-se. Mas quando soltaram-se, a garota não o olhava como apenas um amigo, seus olhos estavam perdidos nos olhos de Harry. Ela sabia que seria a única chance para tornar realidade o seu maior sonho. E mesmo que ele sentisse algo muito forte por Gina, mesmo que nunca tivesse sentido nada por Hermione, ele não pôde resistir. Aproximou seus lábios dos da garota, e a beijou. Sentiu um turbilhão de emoções cobrindo-o, as pernas bambas e um frio gélido na nuca, mas isso só o fez aproximá-la mais dele, e esquecer que esta era a última garota que um dia ele pensava ter em seus braços.

_Harry... Me desculpe... Eu não devia, não devia ter feito isso. _Disse ela, cabisbaixa e corando até as orelhas.
_Escuta, Mione, fomos nós, ok? Nós dois. Agora vamos entrar, eu vou terminar com a Gina...
_Vai terminar com ela? _Perguntou a garota, surpresa. _Não quero que faça isso por minha causa.
_Não é por sua causa. Tenho que pensar sobre tudo... Estou muito confuso no momento. _Ele respondeu, sem encarar a amiga.


Quando chegaram ao salão comunal, encontraram Rony, Gina e Krum à espera deles, totalmente prontos.
_Onde estavam? _Perguntou Gina, desconfiada.

Hermione não respondeu, muito menos Harry. Os dois correram para Rony, que estava com um belo fraque preto e o questionaram sobre tudo e mais um pouco. O amigo estava mais alto, corado e forte, estava realmente mais bonito. De repente o buraco da mulher gorda abriu-se e Luna, com um vestido lilás cheio de bolinhas rosas, adentrou, com um sorriso largo para Rony. Correu até o ruivo, e fez-lhe cócegas no pescoço.
_Para, Luna... Para, por favor... _Exigiu Rony, com os olhos cheios de lágrimas.

Assim que a garota largou, também sorrindo muito alto. O menino a segurou nos braços e lhe deu um longo beijo, que fez todos muito surpresos.
_Estivemos nos correspondendo... E se querem mesmo saber, estamos namorando. _Ele disse, envolvendo-a em um abraço.

Hermione foi a primeira a felicitar o estranho e inusitado casal, enquanto Gina fazia uma cara muito feia e Harry deu um tapinha nas costas do amigo, ainda muito surpreso.



O baile correu normalmente. Tonks e Lupin estavam lá, assim como Annie e Sirius. As Esquisitonas fizeram um show surpresa e todos pareciam muito contentes. Mas assim que o baile terminou, Harry chamou Gina para um canto e contou-lhe tudo que havia acontecido.
_Eu não posso acreditar, Harry. _Vociferou ela. _Eu não posso acreditar...

E parecendo furiosa deu um tapa no garoto. Dez minutos depois, Harry a viu nos braços do professor wodja em um beijo para arrasar quarteirões. Mas por mais incrível que parecesse, não sentiu absolutamente nada.


_Sabe, Harry, acho que a Luna é minha alma gêmea. _Disse-lhe Rony, tempo depois, quando os dois estavam no salão comunal da Grifinória totalmente deserto. _Ela me compreende tão bem, e ri das minhas piadas... Eu sinceramente não sei como um dia pude pensar que gostava da Hermione...
_É... _Admitiu Harry. _Acho que vocês dois dão certo. Onde será que está a Hermione?
_Deve estar com o Krum por aí... _Ele disse, fechando a cara.

Harry sentiu algo no estômago ao ouvir as palavras do amigo. Em seguida contou a ele tudo que havia ocorrido. Rony não parecia exatamente feliz, mas ele mesmo classificou aquilo como um ciúme de irmão ou amigo.
_Vocês é que sabem... _Sentenciou. _Só espero que sejam felizes...
_Não estou dizendo que vou fica com ela. _Anunciou Harry. _Foi só um beijo.

Mesmo para Harry era difícil admitir a idéia de ter outra coisa com a amiga além de amizade. Ele estava completamente dividido. Ainda não aprendera a olhar Hermione como uma garota que ele pudesse namorar, mesmo depois do beijo.

Rony fora dormir, mas Harry permanecera no salão comunal, quando escutou um barulho vindo do corredor, e em seguida Hermione, suada e arfante adentrou o salão pelo buraco do retrato. Harry levantou-se assustado.
_O que houve?!
_A Gina contou tudo para o Krum... Ele ficou louco... Me insultou, nós discutimos. Foi horrível, Harry. _Disse ela, ajeitando o vestido amarrotado.

O garoto foi até ela e a abraçou, e então sentindo o cheiro doce que emanava da pele morena clara da garota, ele percebeu que poderia amá-la, muito mais do que amara qualquer outra pessoa na vida. Ela repousara a cabeça no ombro dele, e beijava delicadamente o pescoço dele, deixando que os sentimentos mais profundos e escondidos viessem á tona.
_Harry... eu te amo tanto! _Confessou.
Ele a encarou e disse:
_Eu não sei exatamente o que sinto, Mione. Mas se não valesse a pena, não estaria aqui com você.

E dizendo isso os dois se beijaram mais uma vez. E desde esse dia até o último da vida deles, eles se amaram e sempre foram um casal perfeito. Enquanto um era a razão o outro era a intuição, mas acima de tudo, um sentimento os unia. Assim que terminaram Hogwarts, fizeram junto a Rony uma viagem por boa parte do mundo. Quando regressaram entraram para o Departamento de Mistérios do Ministério da Magia, onde desvendaram centenas de objetos das trevas ou misteriosos, vivendo durante todo este tempo muitas aventuras. Rony casou-se com Luna, e tiveram cinco filhos, morando em uma casa flutuante. Krum voltou para a Bulgária, onde rapidamente casou-se também.
Já Gina Weasley desapareceu, e o que se soube mais tarde foi que se juntara à Draco Weasley, com quem estaria preparando uma grande vingança para Harry e Hermione.
Os Weasleys nunca mais passaram necessidades financeiras, e Arthur Weasley ficou no cargo de ministro da Magia até muito ancião, tempo em que foi substituído por Guilherme Weasley, que por acaso viveu sempre muito feliz com Fleur e o único filho, Percy Jr.
Sirius teve um filho com Annie, que nomeou Thiago, como uma homenagem ao grande amigo. Enquanto Lupin e Tonks, apesar de viverem juntos, nunca chegaram a ter um filho, mas foram padrinhos exemplares para o pequenino Thiago.
Minerva Mcgonagall, Hagrid e todo o quadro de Hogwarts permaneceram na escola até o fim de suas vidas e tanto Collin quanto Dennis tornaram-se aurores.
Harry e Hermione foram viver em Godric´s Hollow, e tiveram dois filhos Harriet e Morris. O garoto mais tarde recebeu a visita dos Dursleys, que estavam falidos. E por que a Hermione insistiu, Harry os ajudou, o que foi maior humilhação para eles do que se Harry os houvesse expulsado de casa. Aliás, Harry, a esposa e os filhos nunca tiveram problemas financeiros, deixando uma grande fortuna para os filhos.

A vida dessas personagens não seguiu exatamente e sempre feliz, porque a vida não é assim. Houve momentos de perdas e lágrimas(principalmente à morte da Sra. Weasley tempos depois de descobrir que a filha havia sumido para juntar-se a Draco Malfoy). O importante é que o trio nunca se separou. Rony estava sempre visitando o casal e eles faziam o mesmo. As forças das trevas ousaram várias vezes ressurgir, mas nunca voltara com tanta força da época de Voldemort. Harry e Hermione passariam a vida toda relembrando a infância em Hogwarts e o grande bem que fizeram ao mundo bruxo. Vez ou outra Harry levava a mão ao local onde deveria estar a cicatriz, e sentia-se extremamente feliz por estar livre de Voldemort.

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