Voltas e Revoltas



Capítulo Dez
Voltas e Revoltas

_Pode ter sido a bebida que você tomou no deserto, Harry. _Disse Hermione, tocando a cicatriz do rapaz preocupadamente.

Harry acabara de contar a ela sobre o que acontecera ainda há pouco, àquela manhã. Os dois estavam no salão comunal da grifinória, conversando. Era sábado, mas eles preferiram passar os dias de folga na escola. Agora, haviam sido enviados cerca de cinco outros aurores para reforçar a escola, e eles estavam meio que na supervisão deles, porque conheciam os terrenos de Hogwarts melhor que eles.
_Pode ter sido, mas é muito estranho. _Disse o garoto, sentindo-se um tanto idiota na condição de vaga-lume ambulante.
_ Falou com a Gina? _Ela perguntou, desviando o olhar. _Ela estava um pouco chateada hoje no café da manhã, não quis descer e...
_É, eu notei. _Disse Harry, reparando ao longe um grupinho cruzando o céu montados em vassouras num animado jogo de quadribol. _Não consegui falar com ela ainda, mas assim que a vir, vou tentar convencê-la de que eu confio nela.
_Sabe, talvez não houvesse problema em você dizer a ela tudo o que o professor Dumbledore te contou. _Hermione falou, esquentando as mãos uma na outra.
_Eu realmente não sei o que fazer, sabe? _Harry disse, pesaroso. _Mas eu acho que trairia Dumbledore se contasse a mais alguém. E ela tem que confiar em mim também, ela sabe que eu não posso contar nada. Você sabe que nem pro Snuffles eu disse nada.
_Se quiser ir falar com ela. _Disse Hermione, apontando para a quadra de quadribol ao longe. _Rony me disse que eles iriam realizar um jogo livre de quadribol esta manhã.
_É, o Rony também me falou, mas eu não estava muito a fim. _Disse Harry, pensativo. _Essa história de luz me deixou um pouco preocupado.
Caía uma chuva fina no gramado descuidado quando Harry avistou o grupinho a jogar quadribol. Entre eles estavam Rony, Gina, Luna, Neville, Dino, Lilá e o novo professor de poções, Jason. Harry nunca vira um time mais descolocado. Luna, como uma das artilheiras, estava a todo o tempo fazendo gols-contras. Já Neville, como apanhador, caía da vassoura de cinco em cinco minutos, e Lilá, fugia dos balaços ao invés de tentar rebatê-los. Eles perderiam feio contra o outro time se Rony não estivesse fazendo boas defesas e Gina não fosse uma ótima artilheira. Já a grande surpresa foi o professor Jason, ele era simplesmente um artilheiro fenomenal. Harry nunca vira ninguém jogar como ele, e parecia muito mais jovem nas vestes esportivas, na verdade parecia um dos alunos septuanistas de Hogwarts, então o coração de Harry parou por alguns instantes, o professor lembrava muito Cedrico. Seu carisma e beleza pareciam contagiar Lilá Brown, que deveria estar participando do jogo apenas para tentar impressioná-lo. Ao ver a expressão de Lilá, Harry imediatamente procurou Gina, ela acabava de marcar para o time deles. Ao mesmo tempo em que o apanhador do time adversário apanhava o pomo, terminando o jogo em 360 a 200, para o time adversário. Gina parecia chateada, então Jason foi até ela, e a cumprimentou, dando um ligeiro tapinha em sua costa. Ela sorriu, e então reparou em Harry, sentado nas arquibancadas. Ela pousou no gramado e foi até ele, caminhando devagar.
_Oi, Harry. _Disse ela, em uma voz intrigante. _Procurando o Rony?
Harry a observou por alguns instantes, um tanto exasperado, mas decidira manter-se calmo.
_Não, tava te procurando. Queria conversar. _Ele disse na voz mais impassível que conseguiu. _Dizer que está sendo bastante...
_Okay, Harry Potter. _Ela disse, quase sorrindo. _Vamos esquecer isso, ok? Não precisa ficar me dando explicações, eu acho que deve ter uma razão muito boa pra se arriscar desse jeito, então, vamos ficar legal e...
Rony vinha vindo na direção deles, a camisa suada e o rosto sujo.
_Oi, Rony. A Lilá parece ter arrumado uma outra obsessão... _Disse, muito rápido, com uma pontinha de maldade assim que avistou o amigo, o professor de poções conversava animadamente com Lilá.
_Ah, é... Deve ter ficado muito decepcionada quando soube que eu e a Mione estávamos juntos. _Ele falou, tirando as luvas enlameadas e pondo nos bolsos da calça.
_Harry, encontro você no almoço, vou tomar uma ducha. _Disse Gina, de repente, dando-lhe um beijo rápido.
_Ah... Certo. _Harry disse, surpreso.
Quando a garota se afastou, Rony disse:
_Ela ainda está chateada. Mas é bem inconstante, não é?



Depois de passar algum tempo com Bicuço e Hagrid na cabana, e ouvir todos os progressos que Grope havia feito, nas montanhas, Harry rumou de volta para o castelo à altura do meio-dia. Indo sentar-se com os amigos e Gina, em uma das mesas. Eles comiam e conversavam quando uma coruja negra invadiu o salão e pousou no colo de Hermione. A garota tirou do animal uma carta em um envelope vermelho, e a coruja voou pelo salão, indo embora por uma das janelas abertas.
A menina abriu o envelope e começou a ler, a testa enrugada.
_Quem te mandou? _Rony perguntou, desconfiado. _Eu não acredito, é uma carta dele... Do Krum? Você já disse a ele? Como pôde...?
E então o garoto tirou a carta das mãos dela e leu, em seguida entregando estarrecido para Harry.
_Olha só o que ele escreveu...
_Ah, acho que eu não devo... _Disse Harry, devolvendo a carta.
_Pode ler se quiser, Harry, pra ver se você diz a esse garoto que não foi nada demais. _Hermione pediu, chateada.

Querida Hermioni,
Eu está muito felis em saber que você é auror agora. Você sabe que eu espero tudo de melhor pra você.
Eu não posso dizer que não fiquei shocado quando sôbe que você tá namorando aquele garoto, vocês estavam sempri discutindo e eu não imaginava que pudesse se gostar. Na verdadi eu sempri pensei que você e Harry é que poderião si gostar, mas de qualquer form, desejo que você seja felis.
Estou muito preocupado com você, com as coisass que você falou que vêm acontecendo. Devo voltarr a Londres antes que imaginna.
Vejo-a logu.
Sinsseramente,
Victor Krum.

_É, Rony, não tem nada demais. _Disse Harry, decidido, mas corando ao olhar para Hermione. _Ele até deseja que vocês sejam felizes e...
_CLARO QUE TEM ALGO DEMAIS. _Disse Rony, ficando vermelho. _ELE FALOU MAL DA GENTE, E È CLARO QUE ELE NÃO DESEJA QUE A GENTE SEJA FELIZ, PORQUE A MIONE E ELE JÁ FICARAM. ELE AINDA GOSTA DELA E...
_Como assim eu e o Krum já ficamos? _Hermione perguntou, estupefata. _Nós só fomos ao baile juntos, nunca teve nada além disso.
_Não foi o que a Gina disse... _Rony falou, olhando acusativo para a irmã.

Gina não parecia nem meramente desconcertada, seu rosto estava impassível, a observar Hermione, incredulamente.
_Você não ficou com ele? Eu pensei que tivesse... Desculpe.
_Como assim pensou que eu tivesse? _Hermione questionou, exasperada.
_Era de se esperar, Mione, vocês dois foram ao baile juntos...
_Tá, mas você foi com Neville e isso não quer dizer que ficou com ele. _Hermione disse, engolindo uma colherada de arroz pasto com irritação.
_Ok, Mione, sei que fui muito precipitada, mas também estava querendo fazer o Rony perceber que ele era um dos únicos na escola inteira que ainda não tinham ficado e...
Mas Hermione parecia zangada demais para escutar a explicação da amiga, passara a concentrar-se no purê de batatas e a ignorá-la.
_E o que isso tem a ver?_A outra comentou, tomando um ultime gole do suco de abóbora e deixando o salão. _Às vezes eu te desconheço, Gina, sabia?
Rony, visivelmente dividido, correu atrás de Hermione, enquanto Harry não sabia se defendia Gina ou a amiga. Decidiu não tomar partido.
_Quem poderia dizer o contrário? O Krum estava caidinho por ela... _Gina falou, despreocupadamente.
_É, até eu confesso que pensei que eles tivessem. _Disse Harry, só para não deixar Gina sem resposta.


Com a proximidade do mês de dezembro, Hogwarts inteira ficou coberta de neves. E os alunos das primeiras séries corriam para os jardins enevoados para fazer bonecos enormes. Á esta altura, tudo o que Harry soubera de Sirius foi que ele estava muito longe, porém seguro. Não havia tido nenhuma outra notícia de Voldemort ou de seus comensais, mas agora tudo estava ficando mais perigoso. Ataques a trouxas, reaparição de inferis e mortes no mundo bruxo, tudo cada vez mais freqüente. Cada dia se recebia mais notícias de catástrofes muito suspeitas, e fugas de Azkaban. Parecia que a cada dia o mundo trouxa e bruxo ficava separado por uma película mais ínfima, porque não havia muita diferença nos noticiários de ambos. Harry sentia-se com as mãos atadas, não sabia por onde começar a procurar ou investigar uma outra horcrux. Felizmente Hermione avançava cada vez mais na tradução dos postulados, já conseguira traduzir quase uma pedra inteira.
_Venham. _Ela disse, acordando Rony e Harry. _Eu terminei, eu terminei a primeira pedra.
Harry e Rony, ainda de pijamas, a acompanharam até a sala precisa. As pedras estavam espalhadas pelo chão. A garota colocou uma apoiada na parede, e começou a lê-la:
_A sabedoria verdadeira compreende não somente a magia mais nobre e pura, mas também aquela realizada pelas forças das trevas. Pois somente este conhecimento, poderá livrar-nos de suas garras malditas. A Magia Negra mais forte e ameaçadora estará descrita aqui, para que possamos evitar que traga o caos para o mundo bruxo.
As letras inscritas nas pedras se iluminaram quando Hermione as leu.
_Só isso? _Rony questionou, bocejando. _Você demorou todo esse tempo e só conseguiu traduzir isso aí?
_Vai ser mais rápido agora. _Ela disse, com a voz impaciente. _ Eu já peguei o jeito da coisa, sabe? Logo, logo teremos todas estas pedras traduzidas, você vai ver.
_Só espero que tenha alguma utilidade... _Rony, resmungou.
_Eu vou traduzir, e quando encontrar algo importante digo a vocês, então. _Ela falou, exasperada.
_Ah, Mione, valeu. _Disse Harry. _Hey, nós nunca mais analisamos a penseira de Dumbledore...
_E onde ela está? _Hermione questionou, olhando em volta. _Não a tenho visto aqui.
_Cobri com minha capa. _Disse Harry, descobrindo-a.
O líquido prateado estava quase no final.
_Veja está sumindo... Acho melhor analisarmos as lembranças dele antes que elas se evaporem. _Rony falou, apressado.
Então os três mais uma vez embarcaram no líquido, caindo no escritório de Dumbledore, o diretor estava debruçado sobre suas anotações. Um brilho de medo de repente perpassou os olhos muito azuis do ancião, que já estava com a mão machucada e tão velho e cansado quanto sempre, dando a idéia de que aquela era a lembrança mais atual que os três já haviam visitado na penseira.
_Não pode ser... _Murmurou, a voz arfante. _Não, não pode ser...

E então, tudo se desmanchou e eles foram levados para outro local, uma casa desconhecida.
_Não adianta, Severo. _Disse Dumbledore, ele estava sentado em uma poltrona. _Voldemort não confiaria em você dessa forma...
_Acho que já desconfia, ou pelo menos quer ter certeza, porque disse que enviará Rabicho para ficar aqui. _Mas você tem razão, Lorde Voldemort jamais me confiaria algo sobre elas...
_Severo, quero pedir-lhe um favor... _Disse Dumbledore, encarando o homem com seus olhos muito azuis.

E então, mais uma vez, tudo se desmanchou e os três voltaram à sala precisa.

_Harry... Harry... _Hermione disse, sem fôlego. _Snape é inocente, ele é inocente!
_Como assim, inocente, Mione? _Rony questionou, abismado. _Como ele pode ser inocente?
_Ele também sabe das horcruxes... Acho que era sobre isso que eles estavam falando... E, Dumbledore também falava com ele sobre Voldemort.
_Hum, mas ele podia muito bem estar passando informações falsas a Dumbledore. _Disse Harry.
_E você acha mesmo que Dumbledore se deixaria enganar?
_Ele confia demais nas pessoas. _Harry falou.
_Mas não é nem um idiota... _Disse a garota.
_Essas duas lembranças foram bem misteriosas, não deu pra sacar muita coisa. _Rony falou. _E vejam a penseira está vazia.
Harry sentiu um aperto no estômago, haviam sido as últimas lembranças, consequentemente ele nunca mais veria Dumbledore, a não ser naquele quadro, pensou.



Hogwarts estava totalmente enfeitada para o natal, mas Harry sabia que não seria nada comparado aos natais anteriores, em presença de Dumbledore. A profa. Mcgonagall havia reforçado a segurança no castelo e pedira a Hermione e Harry que ficassem na escola. Em compensação todos os familiares dos alunos seriam convidados para a ceia natalina, assim poderiam ficar mais tranqüilos.
_Hey, você, garoto... _Chamou Filch, quando Harry passara por ele no corredor. _Venha me ajudar a tirar a neve das entradas do castelo.
_E eu, por quê? _Harry questionou, indignado.
_Não trabalha aqui no castelo? Venha, preguiçoso.
_Eu não trabalho para a escola, trabalho para o ministério. _Contrapôs, Harry.
_Dá no mesmo, agora venha.

O rapaz, sem forças para discutir, segui-o para os portões. Filch trazia um enorme rodo nas mãos, mas Harry usou magia para limpar a neve. O zelador parecia incrivelmente invejoso. Os dois passaram o resto da manhã limpando as janelas, portas e portões de Hogwarts. Os lábios de Harry estavam tremendo e o rosto destinto e pálido quando o garoto voltou à escola. Subia as escadas que levavam ao dormitório quando encontrou o professor Jason. Os cabelos castanhos e muito claros caindo sobre seus ombros, vestido com um grosso casaco de peles. Era quase trinta centímetros mais alto que Harry.
_Ah, oi, Potter. Tudo em ordem? _Ele questionou.
_Tudo... _Disse Harry, secamente e já ia continuando quando Jason o chamou.
_Sabe onde está a Gina?
_Acho que está no salão comunal da Grifinória, quero dizer, no antigo salão comunal da Grifinória. _Falou Harry, balançando os ombros.
_Será que pode entregar o Arnaldo a ela? _Pediu Jason, tirando uma bolota peluda e lilás do bolso do casaco. _Ela esqueceu em minha sala há pouco.
Harry apanhou o animal sentindo uma contração muito forte no estômago. Não houvera aulas naquela manhã, o que Gina estaria fazendo na sala do professor?
_Valeu, Potter. Até logo. _Disse ele, ao silêncio do garoto, e desceu as escadas.

A mulher gorda conversava com a amiga quando Harry se aproximou, segurando Arnaldo nas mãos com muita força.
_Cuidado para não machucá-lo, seu grosso. _Pediu a mulher gorda, com a voz esganiçada.
_Sinos de natal. _Disse Harry.
_A senha mudou, garoto. _Disse ela, com a voz irritada e triunfante.
Harry estava preparado para enfiar um pontapé naquele quadro quando Hermione aproximou-se, com os lábios tremendo também e murmurou para a mulher gorda:
_Dor de cotovelo.
_Que? _Harry perguntou, irritado.
_A senha, Harry.
A mulher esquivou seu quadro e os dois passaram pelo buraco. O salão comunal estava cheio. Os alunos jogavam xadrez de bruxo, e outros brincavam de Snape explosivo. Dino conversava animadamente com Ana Abbout, Rony estava largado no chão, lendo uma revista de quadribol, e Gina entretida em uma conversa com Parvati.
_Harry, que cara é essa? _Hermione questionou.
O garoto não respondeu, aproximou-se de Gina.
_Com licença, Parvati. _Pediu, Harry, puxando Gina para o lado.
_Não esmague o Arnaldo, Harry! Onde o encontrou? _Gina perguntou, esganiçada.
_Foi o Jasonzinho que me disse pra entregar pra você. _Falou ele com a voz tão irritada que fora difícil ser irônico.
_Jasonzinho? _Perguntou Gina, sorrindo. _Harry, não me diga que até você está gamado nele, porque a Lilá...
_Não, não sou eu quem está gamado nele. Pode me dizer o que estava fazendo na sala dele? _Perguntou, exasperado.
_Eu estava lá porque ele me chamou... Queria que eu o ajudasse a enviar os convites para os pais dos alunos. _Respondeu Gina. _Ele não sabia direito como endereçar os envelopes, se quer saber, ele nasceu na Irlanda.
_Eu sei disso... _Respondeu ele. _Mas por que ele não pediu para qualquer outra pessoa? Um professor, por exemplo?
_Talvez porque todos os professores estão ocupados em suas próprias atribulações, Sr. Potter. _Respondeu.
_Ótimo, mas existem tantos alunos, a Lilá mesmo...
_A Lilá não é a melhor aluna da sala dele, a Lilá não é amiga dele... Eu sou amiga do Jason, e daí? Ele se sente muito sozinho, sabia? Talvez um pouquinho como eu... SE VOCÊ FICASSE MAIS AO MEU LADO, TALVEZ EU NÃO PRECISASSE DA COMPANHIA DE OUTROS.
Os alunos pararam de jogar, e viraram-se para apreciar a discussão.
_Ah, tudo bem, eu entendo. _Respondeu Harry, sentido, em sussurros. _Eu sei que você nunca... Você e o Jason... Ele é um professor... Claro que não...
_AH, CLARO QUE SIM, HARRY POTTER. _Disse Gina, ficando vermelha de raiva. _EU NAMORARIA SIM UM PROFESSOR. O QUE ACONTECE É QUE EU NÃO QUERO, AINDA.
Rony estava boquiaberto, e Hermione levara a mão à boca, chocada. Os outros alunos gritaram, eufóricos: NOoossaa, Ginaaa...
_Se é isso que você quer. _Disse Harry, ardendo de ciúmes. _Fique com ele, então. O problema é todo seu, está acabado pra mim.
_Eu não ligo... _Disse a menina, chateada.

Harry voltou a deixar o salão comunal pelo buraco do retrato, sendo seguido por Rony e Hermione.
_Hey, Harry, ela só está chateada... _Disse Rony, alcançando-o.
_Ela não quis dizer aquilo, Harry. _Hermione falou.
_Ah, é? E como vocês sabem? Me deixem em paz. Não precisam me seguir como se eu fosse me jogar de alguma torre, ok? _Ele perguntou, irritado.

Os dois pararam de segui-lo, mas ainda pareciam preocupados. Harry caminhou até o corujal, indo encontrar-se com Edwiges. A coruja branca pousou em seu ombro, e os dois miravam a neve pela janela, nos jardins de Hogwarts. Então era assim. Como ele poderia ter se deixado enganar? Aquela sim era a Gina. Ela sempre fora assim, sempre trocara de namorados como quem trocava de roupas. E agora, ela o tinha trocado Harry por Jason Wodja. O rapaz não acreditou quando se virou e viu o professor, vindo em sua direção, com um sorriso no rosto.
_Oi, Potter? _Perguntou. _Essa coruja é sua?
_é. _Respondeu sem mais delongas.
_Ela é muito bonita. _Disse, reparando em Edwiges._ Parece muito amigável, eu também trouxe um amigo comigo para Hogwarts, o Royal.
Uma coruja cor amarelo-cinzenta voou em direção ao dono. Que prendeu uma carta em uma de suas patas. Em seguida deu um tapinha na coruja, que voou desembalada, arranhado a nuca de Harry.
_Desculpe, Harry. O Royal é meio atrapalhado. Mas é uma ótima coruja. _E então, parou e mirou os olhos verdes muito claros no garoto. _Você parece chateado...
_Eu e Gina, nós... _Disse Harry, muito depressa para saber se o professor iria gostar da notícia. _Acabamos.
Mas ao contrário do que Harry pensara, Jason parecia muito sentido.
_Nossa, que coisa chata. A Gina parece gostar realmente de você, sabia? Ela me contou... Algumas coisas. Somos bons amigos, eu e ela. Uma grande bruxa, ela é.
_Ah, é... _Ironizou o garoto.
_Harry, espero que não tenha entendido nada errado... Eu e ela somos só bons amigos, juro.
_E quem está dizendo o contrário? _Desafiou.
_Olha, eu acabei de mandar uma carta para minha namorada na Irlanda. Eu a amo demais, e jamais a trairia, ok? _Ele disse, parecendo sincero.
Então, Harry sentiu-se verdadeiramente envergonhado em desconfiar das palavras dele. Comportara-se como um perfeito tolo, irracional. Teria que dizer algo, desculpar-se.
_Ah... Eu estava sendo um idiota, realmente um idiota. _Disse Harry. _Eu deveria ter acreditado na Gina, me desculpe.
_Entenda que ela pode sentir o mesmo por você e aquela garota, acho que se chama Hermione, não é? Porque vocês dois quase sempre estão juntos. _Ele falou, aproximando-se.
_Mas comigo e a Hermione é diferente, nós somos amigos há muito tempo. Nada aconteceria. _Disse Harry, sem ao menos pensar no assunto.
_Eu não sei, Potter. As melhores relações se iniciam da amizade, você conhece mais o outro. Um grande sábio uma vez disse que a distância de uma amizade para o amor, é a distância entre duas faces e o primeiro beijo. Acredite, ela pode sentir insegurança, também.
_Ela sente ciúmes da Mione? _Harry perguntou, estarrecido.
_Bom, acho que não é legal ficar dizendo o que ela me diz, mas de qualquer forma, pense nisso. Até logo, Potter.

Harry ficou ali, por mais alguns minutos, imaginando a grande confusão que causara, e o quanto fora precipitado. Teria de fazer algo para se desculpar com a garota. Não fora justo. Talvez os terríveis e recentes acontecimentos estivessem aflorando os nervos de todos, mas não era motivo para se comportar daquela forma, havia coisas mais importantes acontecendo.

Por volta do pôr-do-sol, os alunos foram mandados para o hall de entrada para esperar por seus familiares. Hagrid os trazia agasalhados com seu enorme casaco de peles. A avó de Neville, Augusta Longbottom, que vinha cuidando dos filhos desde que eles deixaram o Saint Mungus, parecia radiante ao contar ao neto todo o progresso que os pais tiveram.
_Já falam com melhor nitidez. _Disse ela, abraçada ao neto. _Tenho certeza que a cura deles está a um paço. Oh, profa. Mcgonagall.
_Como vai, Augusta?_Questionou a diretora, recebendo de bom grado o abraço da outra. _ Sabe que permitir os alunos que participam da minha comitiva a terem aulas de transfiguração, não sabe? Neville tem melhorado muito, já me arrependo de não te-lo permitido juntar-se à turma oficial, ano passado.
_É, vovó... E também sou o tesoureiro da comitiva. _Disse ele, orgulhoso.
_Espero que não tenha esquecido onde está guardando o dinheiro dos donativos, Neville. _Disse a diretora.
_Ah... _E o garoto ficou realmente vermelho.

O casal Granger chegou logo em seguida. Pareciam maravilhados em finalmente conhecer a escola. Os dois abraçaram a filha intensamente.
_Estávamos tão preocupados. _Disse a Sra. Granger.
_Rony, Harry. _Cumprimentou o Sr. Granger.
_Como vai, Sr. Granger? _Perguntou Rony, pomposamente.
_Soubemos das notícias... _Disse a Sra. Granger, para o garoto, sorrindo.
_E o que acharam? _Rony questionou, duvidoso.
_Você é um bom garoto. _Falou o Sr. Granger. _Mas imaginávamos que a Hermione gostasse do Harry.
Harry sentiu as bochechas corarem, e Hermione tossiu, desconcertada. Rony olhou para Harry, desconfiado.
_Ora, mas temos certeza que vão ser muito felizes. A Hermione não gosta de demonstrar seus sentimentos, talvez por isso não tenha deixado transparecer nada para a gente antes. _Concertou a Sra. Granger.

Rony ainda estava de mau-humor quando o Sr. e a Sra. Weasley chegaram, acompanhados de Annie. Todos foram para o salão enfeitado com as tradicionais árvores de natais de Hogwarts. Havia Guirlandas espalhadas nas paredes, além de fitas douradas entre as cadeiras. Os pais de Hermione, e os Weasleys sentaram-se próximos a Harry e aos outros. A profa. Mcgonagall vestia vestes douradas, e levantou-se imponentemente quando todos já estavam acomodados.
_Decidi fazer com que todos vocês, pais, viessem à escola, porque queria que vissem com seus próprios olhos o quanto seus filhos estão em segurança na escola. _Disse ela, dirigindo-se a todos. _Contudo, não preciso dizer que a situação está piorando a cada dia, e este pode ser o último natal em que Hogwarts estará de pé. Com isso, devemos comemorar unidos. Os seus filhos, quase todos, estão participando ativamente da minha comitiva. Eles têm aprendido muito este ano, principalmente em Defesa contra a Arte das Trevas, ministrada por Remo Lupin.
Lupin, cuja cascata de cabelos castanhos encobria os olhos, jogou-os para o lado, e riu, desconcertadamente. Tonks, que Harry acabara de notar, estivera apoiada em uma das colunas, aplaudiu o namorado.
_Também tenho de dar crédito ao jovem, e nem por isso menos talentoso, Jason Wodja, um dos melhores professores de poções que esta escola já recebeu.
O professor, vestido em um terno prateado e realmente incrível sorriu para as alunas que gritavam histericamente. Gina dera vivas muito altos para o professor, e depois encarara Harry, desafiante.
_Bem, todos os amigos de Hogwarts estão aqui nesta noite, ou pelo menos foram convidados. Isto quer dizer que eu não quero fazer desta uma simples ceia de natal, mas uma confraternização para a união dos bruxos, que ainda são nobres e generosos. Bom natal a todos. _Disse, voltando a sentar-se.
O banquete foi servido. Enormes perus recheados com ervilha e milho, vinhos de todos os tipos, e vários acompanhamentos encheram as mesas e os olhos dos presentes. O Sr. e a Sra. Granger, riam, contentes. A Sra. Weasley comia, murmurando o quão delicioso eram os banquetes em Hogwarts. Todos pareciam alegres, com exceção do Sr. Weasley.
_Está tudo bem, Sr. Weasley? _Harry questionou.
_Na verdade tenho um problema, Harry. _Disse ele, em tom muito baixo. _Ninguém ainda sabe, não tive coragem de contar a Molly, mas eu fui despedido...
_Despedido? _Murmurou Harry, tendo dificuldades em não dizer isso muito alto.
_É, o Percy sabe de tudo que eu venho fazendo, com a comitiva, e resolveu me despedir, por traição ao ministério da magia. Acho que não há muito que eu possa fazer para revogar esta decisão. _Disse ele, remexendo o purê em seu prato com o garfo, desgostoso.
_Que ordinário... _Harry disse, antes que pudesse se conter.

Collin e Denis Creevey estavam sentados muito próximos de Harry. Ambos conversavam animadamente. O professor Flitwick, de feitiços, acabara de ir até a mesa, e falava com eles.
_Oi, Weasley, como vai? _Perguntou o professor.
_Ah, oi, Flitwick. _Disse o Sr. Weasley. _Tudo bem, e com o senhor?
_Ah, muito bem, muito bem... _Disse o professor, sorrindo. _Estes aqui agora estão morando comigo. Collin e Denis Creevey. O senhor deve ter sabido do que houve ao pai deles...
_Ah, sim, era trouxa, não, meninos?
_Era sim. _Respondeu o mais novo, e Harry admirou-se que sua voz estivesse tão grossa, conhecera-o ainda quando era bem pequenino.
_Era parente seu, o pai deles? _Questionou a Sra. Weasley, que estivera prestando atenção à conversa.
_Não, não... De modo algum. _Disse o professor, segurando os ombros dos garotos com ambas suas mãos muito pequeninas. _Mas por acaso fui enviado pela profa. Mcgonagall para saber se estavam bem, sabe como é, a escola sabe que eles eram nascido-trouxas. E então, os rapazinhos me disseram que não tinham nem um parente por perto e que estavam vivendo com a ajuda dos vizinhos. Resolvi que tinha como repartir alguns cômodos da minha enorme casa com eles, não? E talvez passar um pouco do que sei a eles. Vejam, o mais velho quer ser auror, o Collin. Já o Denis deseja ser medibruxo. Ótimas carreiras, não?
_Ah, sim, com certeza serão grandes bruxos, os dois. _Disse o Sr Weasley, mas a sua expressão estava anuviada de preocupações.
_Algum problema, Weasley? _Questionou o professor.
_Não, nenhum. _Disse ele, tomando um gole de vinho.
_Então acho que já vou me retirar. Preferem ficar mais um pouco, garotos?
Ao que os garotos concordaram o professor deixou a mesa, caminhando lentamente. Mas a Sra. Weasley estreitava os olhos em uma expressão muito desconfiada.
_Artur, pode me dizer o que houve com você? _Perguntou.
_Não houve nada, Molly, nada. _Disse ele, fixando o olhar em seu próprio reflexo, na colher.
_Artur, você sabe que não pode me enganar...
_Eu não quero estragar as festas. Amanhã eu te conto , tudo bem?
_Oras, e acha que eu já não estou preocupada?
_Tudo bem, então. Eu fui despedido.
_O QUÊ? QUEM OUSOU? COMO PÔDE?
_Foi Percy, se quer mesmo saber.
_ELE NÃO FARIA ISSO, ARTUR.
_O QUE ACONTECEU, MÃE?_ Perguntaram Gina e Rony, juntos.
_S-seu pai foi despedido, meninos. _Ela disse, em tom choroso.
_E o que faremos, agora? _Gina questionou, preocupada.
Harry queria dizer a ela que não se preocupasse, que se acalmasse, pois ele iria pagar todas as despesas. Mas aquele fora um pensamento decididamente idiota. Os Weasleys nunca aceitariam que ele bancasse nem uma refeição.
_Eu vou entregar minha parte da herança a vocês, então. _Disse Rony, decidido.
_Se quiserem... _Iniciou Hermione.
_Não precisa, querida. Acho que se Rony nos emprestar um pouco de seu dinheiro já é suficiente. _Disse a Sra. Weasley, com os olhos vermelhos.
_Nada disso será preciso, Molly. _Disse Artur, exasperado. _Eu encontrarei outro emprego, tenho certeza.

A noite não poderia terminar pior se as portas não houvesse se aberto e por elas passado Percy Weasley e Dolores Umbridge. O ministro em vestes vermelhas e muito luxuosas, já Umbridge em um vestidinho rosa que lhe fazia parecer um daqueles buldogues anormalmente pequenos que as madames adoram. Percy foi até a profa. Mcgonagall, e murmurou algo em seu ouvido. A diretora ficou pálida. E antes que ela pudesse lhe responder algo, o rapaz virou-se para o salão e disse:
_Esta escola está fechada a partir deste momento. Muito bom que todos vocês pais, estejam aqui, porque assim podem levar seus filhos em segurança para casa.
Houve murmúrios de desaprovação. Hagrid levantara-se em fúria, mas foi obrigado a sentar-se novamente por Flitwick, que lhe puxara pelas vestes.
_Calma, calma, eles não vão se atrasar. _Disse o ministro, com simplicidade. _ Este ano está encerrado, seus filhos irão automaticamente para o próximo ano letivo no setembro que vem. ESTOU FECHANDO A ESCOLA POR MOTIVOS DE SEGURANÇA, ENTENDAM. Todos que estão freqüentando o sétimo ano, já estarão formados. Os que estiverem no primeiro ano estarão automaticamente no segundo, e assim sucessivamente.
_Que demais! _Disse Rony, eufórico. _Até que fim, Percy!
_Rony, você ainda tem muito a aprender... _Contrapôs Hermione. _São muitos meses que você vai perder.
_Depois desta... festa, quero que deixem a escola, levando, é claro, todos os seus pertences. Tenho de ir agora, mas Dolores ficará por aqui, para qualquer dúvida.
E então, partiu apressado, sem ao menos olhar no rosto dos pais ou dos irmãos.
_SOMO NÓS QUE DECIDIMOS SE ESTE LUGAR É OU NÃO SEGURO PARA OS NOSSOS FILHOS. _Berrou o Sr. Weasley, mas ele já havia ido embora.
Harry olhou desesperadamente para Rony e Hermione, e os três levantaram-se, sem dizer nada, correndo para a sala precisa. Mas antes que pudessem subir a primeira escada, encontraram Percy acuado por Sirius.
_Redima-se agora mesmo! _Exigiu o maroto. _Diga que a escola não está fechada. Isto tudo é um planinho medíocre para agradar Voldemort e seus seguidores, seu grande crápula.
_E quem é você para ameaçar o ministro, seu ... Afinal, que diabos é você?

Cinco aurores corriam para a cena, para intervir em favor de Percy. Sirius, vestido em peles que impedia que fosse reconhecido, segurara Percy e posicionara sua varinha no pescoço deste.
_Saiam agora mesmo ou eu o mato. _Disse ele, com uma voz cavernosa.
_Snuffles, não. _Pediu Rony, desesperado. _Não vale a pena.
_V-você conhece este homem, Rony? _Perguntou Percy, esganiçado. Começava a suar, mesmo que toda Hogwarts estivesse congelada lá fora, tamanho o seu nervosismo.
_Deixe que ele vá embora, Percy. Deixe ele ir. _Pediu Hermione. _Nada acontecerá com você se ele for embora, por favor. Prometa que ele vai poder deixar o castelo sem que ninguém o persiga.
Percy analisou a situação, sentindo a varinha de Sirius em seu pescoço, e finalmente disse:
_Tudo bem, eu aceito. Vá, deixem-no ir.
_EU NÃO VOU, EU QUERO QUE VOCÊ SE REDIMA. _Continuou Sirius, em sua voz assustadora.
_Vá, Snuffles... _Disse Harry, sentindo que talvez estivesse fazendo uma besteira ao deixar Percy livre, mas que era melhor não arriscar ainda mais o padrinho. _A Situação vai se ajeitar, você vai ver.
E então, ouvindo o conselho de Harry, Sirius soltou o outro, e correu, passando pelos aurores, atônitos.
_SIGAM ELE, O QUE ESTÃO ESPERANDO?
_NÃO FOI O QUE PROMETEU. _Berrou Hermione, tirando a varinha das vestes. _Você disse que nada iria acontecer a ele.
_Eu não negocio com bandidos, agora chamem essa diretora de vocês. Quero saber que tipo de pessoas ela recebe neste castelo. E você, Rony, venha comigo. _Ordenou Percy, apalpando o pescoço.

Percy subiu as escadas com um Rony irritado, enquanto Harry os seguia. Os dois pararam em frente à gárgula de pedra. Hermione e a profa. Mcgonagall chegaram em seguida, apressadas.
_Frutas secas. _Murmurou.
Os cinco entraram, tensos. Percy, sem pedir licença, sentou-se na cadeira da diretora, posicionando as mãos na mesa.
_Então, profa. Mcgonagall, quer me explicar como um homem, vestido em trapos, consegue entrar neste castelo, que deveria ser uma fortaleza para os estudantes. E ainda acha que não devo fechar esta escola? Ah, o que parece é que todos vocês têm psicose por não seguir as ordens do ministério...
_Um homem vestido em trapos? _Perguntou a diretora, incrédula.
_Me atacou agora há pouco, e estes três alunos aqui parecem conhece-lo. O chamaram por Snuffles, se não me engano.
_O conhecemos de Hogsmead. _mentiu Harry, encarando-o. _Ele aparece por lá, às vezes. E eu e Hermione não somos mais alunos, para sua informação.
Percy analisou Harry por alguns instantes, e chegou a tocar as vestes, à procura de sua varinha. Mas, preferiu respirar fundo e dizer:
_Eu não pedi sua intromissão, Potter. Não pense que eu tenho obrigação de saber o que você faz ou deixa de fazer.
_Você viu a mim e Hermione, na seleção dos aurores. _Harry insistiu.
_ E seu nome saiu algumas vezes no jornal, não? Se acha um grande auror agora, Potter?
_Talvez eu ache que sim. _Disse Harry, decidido. _Pelo menos sou melhor auror que o senhor é ministro.
_Eu estou cheio de suas intromissões, deixe essa sala, agora. _Ele falou, uma de suas veias latejando, na têmpora.
_Eu...
_Por favor, potter, vá. _Pediu-lhe a profa. Mcgonagall.
O garoto, ainda que a contragosto, a obedeceu, saindo. Mal colocara os pés para fora da gárgula quando avistou novamente Sirius, vindo em sua direção, com a varinha em punho.
_Sirius, você está maluco? _Harry questionou, sentindo que aquela seria uma noite muito longa.
_Esta é parte do plano de Voldemort, Harry. _Respondeu Sirius. _Ele quer Hogwarts para ele, quer ficar com o castelo. Tem algo de precioso aqui, algo que ele quer.
_MAS COMO ELE VAI FICAR COM O CASTELO PARA ELE?
_Vai ser muito fácil com a ajuda do ministério, será que não entende? Dumbledore jamais permitiria e...

Um grito abafado veio de detrás da gárgula. Harry murmurou a senha, e entrou apressado na sala da diretoria, seguido por Sirius. Hermione estava caída no chão, com as mãos amarradas com uma corda.
_Presa por desacato ao ministro da magia. _Disse Percy. _E, você, Rony... Quer ir junto dessa garota ou o que?
_Estupore. _Berrou Rony, mas Percy esquivou-se e tudo que foi atingido foi um dos quadros de diretores, que caiu no chão, espatifando-se.
Dumbledore, que estivera mais uma vez dormindo em seu quadro, abriu os olhos, cheios de fúria ao deparar-se com a cena.
_Parem com isso. _Exigiu a profa. Mcgonagall. _Você é o ministro, Weasley, não pode agir desta forma.
_Então facilite as coisas, Mcgonagall. Ah, não, Potter... Você de novo não e... Avada Kedrava. _Murmurou para Sirius, que também se esquivou.
_Weasley, como pôde ser capaz, deixe esta sala, agora mesmo. _Exigiu a profa. Mcgonagall, com a voz fraca.
Antes que Percy pudesse reagir, Sirius conjurou um feitiço estuporante nele, que caiu desfalecido no chão.
_Ele está doido, está doido. _Repetiu Rony, sem ação. _Chamem os meus pais...
_Quem é você? _Questionou Mcgonagall, para Sirius.

Harry pensou que Sirius mentiria ou iria embora, mas ao invés ele tirou as bandagens do rosto e mostrou a face morena e bela, apesar de que os anos começavam a maltratá-lo. Os cabelos negros e compridos caíam-lhe sobres os ombros, haviam mais arranhões em suas bochechas e testa que da outra vez que Harry encontrara com ele.
_Sirius Black... _A professora murmurou, chocada.
_Estou de volta, e agora somos nós contra todos, Mcgonagall. Não existe mais ministério da magia, não existem mais leis, você acabou de se deparar com isso, agora. Temos de decidir o que fazer com Percy, mas a escola não deve ser fechada. Os alunos devem aprender o máximo possível, porque não será fácil, definitivamente.

Rony acabara de soltar Hermione e ergue-la quando a gárgula votou a se abrir, e em instantes, Dolores Umbridge invadiu o local.
_O que diabos.... Como pode? _Perguntou ao avistar o corpo inerte de Percy, e o homem vestido de trapos, que acabara de voltar a cobrir o rosto. _Avada...
_Accio. _Murmurou Mcgonagall, tirando a varinha que a mulher lhe apontava. A escola não será fechada, Dolores. _E quem é você para...
Antes que alguém pudesse dizer algo Harry mentalizou Sectusempra apontando a varinha para o peito da mulher. A mulher caiu de pernas abertas, com o vestido totalmente manchado de sangue, desacordada.
_Harry... _Disse a profa. Mcgonagall, escandalizada. _Alguém chame Madame Pomfrey ou esta mulher vai morrer. _Pediu a profa. Mcgonagall.
_Essa é a intenção, Mcgonagall. _Sirius falou, murmurando. _Avada Kedrava.
O jato verde a atingiu no peito, matando-a imediatamente.
_Sirius como pôde ser capaz? _Perguntou Mcgonagall, enojada. _Uma morte... Um assassinato em Hogwarts? Na diretoria?
_Eu vou lhe explicar por que fiz isso. _Disse Sirius, apontando para o corpo pálido de Umbridge. _Esta mulher torturou o Harry por muito tempo... Esta mulher está mancomunada com as forças das trevas... Ela tentou lhe matar, Mcgonagall... Essa mulher acabou de assinar uma lei que aprova a matança dos centauros... Já é hora de agirmos com a razão, o mundo estará melhor sem ela. Só não fiz algo pior a Percy porque pertence à família Weasley.
_Eu vou chamar papai e mamãe. _Disse Rony, assustado.
Na verdade até Harry que nunca suportara Umbridge, conseguira sentir pena da mulher. Hermione estava tão branca e pálida, que Harry tivera medo que ela voltasse a desmaiar. E a diretora colocava as mãos na cabeça, em uma atitude desesperada. Mas, apesar de tudo, Harry concordara com o padrinho, o mundo estaria melhor sem Dolores Umbridge.
_Não há mais nenhum deles no castelo, eu vou jogar o corpo dessa mulher na floresta. _Sirius Disse. _Agora, escute, Harry e Hermione, convençam os aurores a estarem do nosso lado. Tonks já conversou com ele nas reuniões da comitiva, eles já conhecem a situação. E acho que ela está lá no salão, com Lupin.
Os dois concordaram, e Sirius deixou o local, levantando o corpo gélido e ensangüentado de Umbridge, com um feitiço. O casal Weasley, Rony e Gina entraram minutos depois, com os rostos aterrorizados.
_Oh, Percy... Oh, Percy... _Murmurou a Sra. Weasley, ajoelhando-se a abraçando o filho. _Enervate.
_Ele não é mais nosso filho, não o desperte.
Mas Percy já estava acordado, e olhava assustado para os pais. Debatia-se, freneticamente.
_Aquele maldito... Onde está ele? _Perguntou.
_Escute, Percy. _Pediu Rony, aproximando-se. E o garoto parecia muito sério _Decida-se de que lado está. Agora acabou, entendeu? Não pode continuar servindo ao ministério e a você-sabe-quem... Decida-se. Estamos dispostos a te aceitar de volta...
_O poder não vale além de seus próprios princípios, Percy. _Disse uma voz suave, era o quadro de Dumbledore, que assistira a toda a confusão. Houve murmúrios de concordância. _você era um jovem brilhante até deixar que as forças do mal o corrompessem.
_E O QUE EU GANHO SENDO O IDIOTA FILHO DOS WEASLEYS, A FAMÍLIA TRAIDORA DO PURO-SANGUE? _Berrou. _Soltem-me, soltem-me ou os seguidores de Voldemort irão invadir esta escola. ELES SABERÃO, ELES SABERÃO.
_O deixem ir. _Disse o Sr. Weasley. _Receberá sua própria punição quando você- sabe - quem o descartar.
_ME DESCARTAR? _Percy questionou, numa risada arrogante. _Agora sou um dos fieis, papai. Veja isto...
E Percy mostrou a marca negra no antebraço. Gina parecia não acreditar, murmurava algo somente para si.
_Oh, não... _Choramingou a Sra. Weasley. _Oh, não... Percy, por favor, quanto desgosto!
_O deixem ir, antes que eu não responda por mim. _Pediu o Sr. Weasley. _Não é mais meu filho. Não tem mais volta...
_Ele sempre será meu filho, Artur. _Disse a Sra. Weasley, tentando abraça-lo. _Desde que resolva voltar, estarei aqui.
Harry e os outros abriram caminho, e Percy passou entre eles, furioso.
_Esta escola será fechada, mais cedo ou mais tarde. _Prometeu.


Tempos depois Hermione e Harry haviam convencido todos os aurores que montavam guarda em Hogwarts, a não seguir mais as ordens de Percy e do ministério, com a ajuda de Tonks. E voltavam para o salão, onde a profa. Mcgonagall explicara toda a situação para os presentes. Os pais pareciam chocados, e a maioria deles haviam optado por levar seus filhos para casa. Harry não podia culpá-los. Agora a escola era tão segura quanto estar em Hogsmead com um cartaz, EU SOU O GUARDIÃO BRANCO.
Antes do Sr. e da Sra. Weasley irem embora, Rony lhes entregou sua bolsa de ouro, que herdara de Dumbledore.
_Estava querendo comprar um uniforme oficial do Chudley Cannons e outras bobagens, mas acho que vai servir mais pra vocês, agora que o papai perdeu o serviço. _Disse o garoto.
_Muito obrigado, Rony, mas ainda pode ficar com algo para comprar o uniforme, tem muito ouro aqui. _Disse o Sr. Weasley, entregando algum ouro na mão do garoto. _E tenho certeza que vamos conseguir lhe pagar tudo.
_Ah, valeu. Mas não tem de que... _Disse Rony, ficando realmente vermelho. _Você já me deram de tudo que eu precisei, era o mínimo que poderia fazer.
_Oh, meu filhinho está tão maduro...
_Me solte, mamãe. Me solte... _Exigiu Rony, mas agora Hermione também o abraçava.
_Cuide-se, Gina. _Pediu a Sra. Weasley, dando um beijo na garota.
Em seguida abraçou Rony, Harry e Hermione. Assim fizeram também o casal Granger, que pareciam estar atordoados.
_Não quer mesmo ir com a gente, Mione? _Perguntou a mãe da menina, dando-lhe um abraço apertado.
_Não mãe, quero ficar. _Disse Hermione, fitando os pais, decididamente.
_Ok, respeitaremos a sua posição, filha. _Disse-lhe o Sr. Granger._ Mas nos escreva assim que puder, ok? Você sabe que morreremos de preocupação.

Na manhã do dia seguinte, os poucos alunos que restavam na escola tomavam café quando as corujas começaram a chegar, muitas trazendo cartas preocupadas dos pais faltosos, uma trouxe O Profeta Diário para Hermione. Os garotos procuraram avidamente por alguma manchete relatando sobre o caso, mas não encontraram nenhuma.
_Como eles podem não ter colocado nenhuma notinha? _Perguntou Hermione, abismada.
_Agora essa é a posição do profeta. _Disse Harry, reparando na estrondosa manchete sobre o rapto de um trouxa, em um povoado próximo à toca. _Nos fazer acreditar que as forças das trevas são imbatíveis.


Simas Finnigan, Miguel Córner e as gêmeas Patil, foram alguns dos alunos que Harry conheciam que haviam deixado a escola. Um clima de medo e tensão se instalava no olhar de cada aluno. A professora Mcgonagall marcara uma aula especial ainda àquela tarde com Lupin para que os alunos se preparassem melhor contra as artes das trevas.
Os estudantes que ficaram em Hogwarts, cabiam em uma sala de aula comum, ainda que um pouco apertados. Não eram mais que quatro dezenas. Lupin lhes ensinara feitiços úteis e simples, e deu-lhes algumas dicas valiosas, todos saíram um tanto mais confortados dali. Harry e Hermione, assim como os outros aurores de guarda, também foram convidados a assistir à aula.
_Harry, só um momentinho. _Pediu Lupin, enquanto os outros iam embora.
O rapaz esperou, Lupin terminou de guardar algumas anotações e foi até ele.
_Harry, você tem idéia de onde possa estar Sirius?
_Mcgonagall lhe contou?
_Sim, ela contou a todos os professores, é claro pedindo que não contássemos a mais ninguém. _Disse ele, observando se não havia mais nenhum aluno na sala.
_É uma longa história, como ele fugiu do arco. Mas acho que o senhor tem tempo.
Ao que o professor concordou, Harry contou-lhe tudo que ocorrera.
_Eu me sinto um tanto culpado por não ter investigado mais sobre aquele arco...
_Ninguém poderia saber. _Harry disse, encarando a expressão angustiada do professor._ Não se preocupe, ele não está ressentido.
_Você não sabe o quanto estou feliz, na verdade nada me alegrou mais, depois da morte de Dumbledore. _Disse depois, sorrindo e abraçando o garoto.
_O que estão festejando? _Perguntou Tonks, parada no portal.
_Quando você souber...
E Lupin contara tudo a ela também. Tonks deu vivas, e também abraçou Harry, muito satisfeita.
_Eu mal posso acreditar, havia sido uma morte tão estranha... E injusta. Voldemort está enfraquecendo... Ah, está! Haickel e Quim estão aqui, nós trouxemos quase todos os aurores, e muitos funcionários do Ministério. Todos irão acampar aqui em Hogwarts, impedir que os comensais tentem tomar a escola. Evitar que o ministério intervenha. Todos os bruxos nobres do ministério estão em Hogwarts, Harry. Juntos nós conseguiremos, eles dizem que Hogwarts é a verdadeira sede do ministério agora, e não aquele covil de cobras em Londres.
Harry correu até uma janela, e pela vidraça enxergou uma multidão, todos montando barracas nos jardins da escola, no meio do gelo. Um dos bruxos acabara de conjurar uma enorme fogueira. Hagrid passava entre eles, sorrindo.
_Até que Percy seja deposto e o ministério devolvido aos bruxos de verdade, não descansaremos, você vai ver. _Ela falou, animada. _E também queremos prender o maior número de comensais possível, e é claro, tentar derrotar Voldemort.
Tonks vestia um imenso casaco negro, com um brasão do Departamento de Aurores. Ela estava particularmente bonita, com os cabelos lilás e arrepiados, combinando bastante com os olhos, em um tom lilás-azulado.
_Isto é demais... _Harry disse, sentindo-se eufórico_ Voldemort não vai se atrever a enviar comensais para cá, os planos dele de tomar Hogwarts está furado, agora.
_Todas as famílias já foram avisadas pela Sra. Weasley a não seguir mais as regras expressas por Percy Weasley, ele não tem mais povo para governar. _Tonks continuou. _Consequentemente, não é mais nosso ministro.
_Mas é claro que há famílias que são aliadas de Percy? _Lupin perguntou, a Tonks.
_É... _Ela disse, um tanto desapontada. _Sempre há pessoas assim, que procuram o caminho mais fácil. Mas a grande maioria está do nosso lado.

Quando Harry, Tonks e Lupin chegaram aos jardins a multidão aplaudiu, animada. Havia muitos faces conhecidas ali, e todos os alunos também estavam espalhados próximos às águas congeladas do lago.
_HARRY POTTER, O ELEITO. HARRY POTTER, O ELEITO. _Diziam, em voz alta, e traziam consigo garrafas de bebidas.
_Sonorus. _Murmurou Tonks, para a própria garganta. _Temos de realizar uma votação limpa, para o nosso ministro da magia. O nosso líder. Haickel, por favor, lidere a votação.
A população calou-se e Haickel, animado, olhou para a grande multidão e também conjurou um feitiço para que a voz alteasse. Estava vestido como Tonks, e a maioria, com um grande casaco com o brasão do Departamento de Aurores.
_Harry, talvez você esteja assustado. Mas decidimos ainda noite passada abandonar o ministério. As diversas reuniões que vinham sendo realizadas, decidiram que se continuássemos junto ao ministério estaríamos traindo o próprio ministério. _E ele riu, quando algumas pessoas exclamaram que não entenderam. _Oras, sabemos que Percy está sendo usado... Então, se mesmo sob esse conhecimento continuarmos a seguir suas ordens, estaremos traindo o ministério. Então decidimos que iríamos abandonar a sede oficial, e as leis oficiais, e iríamos nos montar, o verdadeiro ministério, em uma nova sede. Esta votação busca o nome do nosso líder. E assim que conseguirmos limpar o ministério, o nosso líder será automaticamente nosso ministro. Alguém tem algum nome em mente?
_HARRY POTTER. _Berrou uma senhora em meio a exclamações excitadas.
_Ótimo, Harry Potter, se aceitar, será um de nossos candidatos. O que acha, Potter?
_Não. _Respondeu, tentando enxergar os amigos, na multidão.
_Se é o que quer, não podemos forçá-lo. _Disse Haickel, desapontado.
As pessoas pareceram murchar, mas em seguida, Tonks gritou:
_ARTUR WEASLEY PARA MINISTRO DA MAGIA.
_É ISSO AÍ!!! _Berrou Rony, atrás de um aluno pequenino do primeiro ano.
_Ótimo, ótimo... O que acha, Weasley? _Haickel, disse, virando-se para o Sr. Weasley, que estava atrás dele.
_É um grande peso, mas se assim desejarem... _Disse ele.
_Certo, então. O nosso primeiro candidato é Artur Weasley. Mais alguém?
Mas todas as outras pessoas indicadas não pareciam querer correr o risco de morrer como Scrimgeour, e não aceitaram se candidatar, sendo que o único candidato que restou foi mesmo o Sr. Weasley.
_Parabéns, Weasley! _Disse Haickel, pomposamente. _Você é o nosso líder, e futuramente nosso ministro da magia. Espero que conheça as atribuições do cargo...
O Sr. Weasley corara até as orelhas, mas tentara sorrir, empolgado.
_Sr. Weasley, queria pedir sua permissão para fazer um comentário. _Pediu Tonks.
_Ah, claro que sim. _Disse o Sr. Weasley, quase sem voz.
E ela tentou ficar visível à frente de todos, e disse em voz muito alta:

_PAREMOS DE CHAMAR VOLDEMORT POR VOCÊ-SABE-QUEM OU AINDA AQUELE-QUE-NÃO-DEVE-SER-NOMEADO. NÃO VAMOS NOMEA-LO NEM AO MENOS COMO VOLDEMORT, COMO ELE DESEJA, MAS COMO TOM RIDDLE, QUE É O VERDADEIRO NOME DELE.

As pessoas pareceram um pouco assustadas de modo geral, mas surtiu efeito. Em poucos segundos o nome Tom Riddle ecoou por toda a Hogwarts.
_Por hoje acho que é somente isto, pessoal. Mas é melhor a maioria de vocês ficar aqui, acampado na escola. _Disse o Sr. Weasley. _Eu e Haickel iremos tratar algumas coisas com a diretora Mcgonagall, agora. Já conhecem os métodos de comunicação.
E os dois entraram na escola, acompanhados da diretora. Muitos deixaram a escola, mas a grande maioria permaneceu. Harry aproveitou a dispersão e foi juntar-se aos amigos.
_Tom Riddle... Como nunca pensamos nisso? _Perguntou Rony, maravilhado. _Ele vai ficar morto de raiva quando souber.
_Nem quero pensar aonde tudo isso vai levar... _Suspirou Hermione, amedrontada.
_Vai dar tudo certo. Todo mundo tava um pouco indignado depois da morte de Dumbledore. Foi como o estopim da revolta, entende? Tom Riddle está f... _Disse Rony, segurando a mão da garota.
_CONTRA TOM RIDDLE E SEUS COMENSAIS!!! REVOLTOSOS UNIDOS. _Berrou um grupo de jovens, que estava em uma das barracas (Pequeninas por fora e enormes por dentro) e Harry tinha certeza que vira Fred e Jorge com eles.
_Vocês viram a Gina? _Harry perguntou.
_Depois da aula, ela veio para cá, com a gente. _Hermione falou, desvencilhando-se, envergonhada, de um dos beijos que Rony tentava dar-lhe no pescoço.
_Eu a vi voltando para o castelo. _Rony falou. _Tava um pouco chateada, saca?
_Eu vou procurá-la, então.

Harry não entendia como, mesmo que houvesse fogueiras por todo o lado, aquele pessoal todo poderia ficar acampados em barracas, quando os terrenos de Hogwarts estavam congelados. As paredes muito grossas do castelo pareciam muito mais acolhedoras, mas ele entendia que nem todos poderiam ficar hospedados lá. Quando o garoto alcançou a torre da grifinória e passou pelo buraco do retrato, encontrou Gina, com um frasquinho nas mãos. Ela chorava, e havia acabado de atira-lo na parede, espatifando-o.
_O que era... ? _Harry perguntou, parando ao lado dela.
_Achei que fosse ficar lá embaixo... _Ela disse, secando as lágrimas e utilizando um feitiço para limpar a bagunça.
_Não acha que estamos brigando demais? _O rapaz perguntou, desejando que essa pergunta não desse motivo a uma nova briga.
_Não estamos brigados, nós terminamos, não foi? _Ela disse, agora fitando-o.
_Ah, Gina, vamos... Você sabe que não podemos terminar, nós fizemos o voto, lembra?
_Ah, aquilo... _Ela disse, levantando-se e indo para a janela.
O garoto desejou que ela não tratasse tudo com tão pouca importância. Mas, como fora ele que errara da última vez, e como estava realmente louco para reatar o namoro, resolveu mais uma vez ceder.
_Acho que o voto foi importante...
_Seria importante...
_Seria importante? Como assim? _Estava começando a se cansar, das poucas palavras da garota.
Então ela virou-se, estava com as vestes de Hogwarts, seu rosto estava triste, melancólico.
_Eu vou lhe dizer, Harry. _Disse a garota. _Vou dizer o que houve naquela noite. Vou lhe dizer tudo o que houve. E não pense que eu não esteja arrependida de tudo o que fiz, porque simplesmente não valeu a pena, estamos separados agora, não é?
_Do que você está falando?
_Eu estou falando de poção do amor, é disso que eu estou falando.
_Eu não... Você não pode ter me dado nada... Eu ficaria obcecado... Eu...
_Isto se eu estivesse falando de amortentia. Mas não é disso que eu estou falando. _Ela disse, voltando a sentar-se, na poltrona. _O que eu lhe dei foi uma poção muito mais fraca. Ela nunca te deixaria obcecado por mim... Mas iria garantir que alguns sentimentos, principalmente os que estivessem dormindo fossem acordados.
Harry poderia rir naquele momento, Gina sempre fora muito espirituosa, esse seria o tipo de piada que ela contaria, mas algo, na expressão dela, o fez perceber que ela não estava brincando.
_Eu tive essa idéia na loja do Fred e do Jorge. _Ela disse, com o olhar distante. _Não era lá uma fórmula muito difícil, quando voltamos pra casa, eu me preparei para fazer algo parecido. Eu prometi pra mim mesmo que não faria nada muito forte, que tudo que faria era para que você me notasse, e afinal consegui a medida certa.
_Você não fez isso!
_Fiz sim, Harry... Eu esperei muito tempo por uma mera atenção sua, mas parecia que esse dia nunca iria chegar. Você não podia imaginar o que eu estava sentindo, você nunca pôde imaginar tudo o que eu senti todo esse tempo que você me ignorou.
_Como, é o que eu pergunto, como fez a poção... Onde?
_Na toca... E foi realmente difícil com tão pouco tempo e você e os outros lá. Mas afinal, eu consegui na medida em que queria. E então, pus algumas gotas em seu café da manhã, antes de irmos para a plataforma. E continuei pingando vez ou outra em Hogwarts. Eu me sentia culpada, mas cada vez que percebia seus olhares pra mim, me sentia mais entusiasmada.
_Eu nunca dei nenhum olhar diferente...
_É claro que deu, Harry. Toda garota percebe isso. Até Hermione comentou comigo o quanto você estava perguntando por mim.
_Eu não quero mais ouvir nada... Você não devia ter feito algo assim... Isso é tão...
_Espero que tenha entendido que não fiz por mal. _Ela disse.

Mas Harry nem ao menos respondera, fora para o dormitório, deixando a garota sozinha e largou-se em uma das camas. Repassando mentalmente toda a sua relação com Gina. Ele chegara à toca, ainda ano passado, e não sentira nada por ela. Então, foram ao beco diagonal, à loja de Logros. Fred e Jorge mostraram à Gina e à Hermione algumas poções do amor. Harry lembrava muito bem que Gina havia perguntado: Elas funcionam mesmo? Mas, é claro, ele não poderia imaginar que ela estivesse pensando em fazer algo assim. Voltara para a toca e nada acontecera, até que no expresso de Hogwarts ele sentira algo, seriam ciúmes? A poção estaria começando a fazer efeito? Mas ele voltara a enxergar o rosto perfeito e angelical de Gina e dizia para si mesmo: Ela não pode ter feito isso. Mas a quem ele queria enganar? Gina sempre tivera uma obsessão por ele, desde que o viu pela primeira vez. Não fora possuída por Voldemort por amor a Harry? Talvez houvesse coisas sobre a garota que ele jamais havia sonhado.
_Harry. _Hermione, com salpicos de neve nos cabelos espessos estava parada no portal do dormitório. _Gina me disse o que houve, a mim e ao Rony.
Harry sentou-se na cama, encarando a amiga. Talvez ela pudesse analisar melhor a situação, dizer que Gina, como quintanista na época, jamais poderia ter feito aquela poção e por alguma razão ela estivesse mentindo.
_Não a julgue depressa demais... _A garota pediu, sentando-se ao lado dele.
Rony acabara de entrar no dormitório e juntara-se aos dois, com cara de enterro.
_Como assim não a julgar tão depressa? Ela me enganou... Todo este tempo... Eu nunca gostei dela de verdade.
_Ah, não? Harry, ela não é como Merope. _Disse a menina. _Nem você é como Tom Riddle.
_E se vocês tiverem um filho... Ele definitivamente não será como você-sabe... Quero dizer, Tom Servoleo Riddle. _Disse Rony, sorrindo. _Ah, desculpa, é que eu não pude me conter.
Mas Harry também não pôde evitar em sorrir, somente Hermione conseguira fazer cara feia, mesmo àquela piada.
_OK, Harry, o que você tem que entender é que a Gina nunca lhe daria algo como amortentia. Jamais. Ela lhe deu algo muito mais fraco, e que, com certeza, só fez aflorar os sentimentos que você já tinha por ela.
_Mas eu nunca tive nenhum sentimento por ela... _Disse Harry.
_Ah, Harry, você nem se atrevia a pensar nisso, sabe por quê? Justamente porque você não queria entrar em choque com Rony. Você também estava acostumado a olhar para ela como a irmãzinha menor, nunca como uma garota que pudesse lhe chamar atenção, e você não sabe como isso é chato, não é? Quando você se sente inferior a uma pessoa... _Disse a menina, com a voz esganiçada.
_Tá, mas não precisa chorar também. _Rony falou, baixinho.
_CERTO SEU RONALD WEASLEY, QUER QUE EU LHE LEMBRE COMO FOI QUANDO VOCÊ TENTOU CONVIDAR A FLEUR PARA O BAILE?
_Ah, não, acho que não precisa. _Disse ele, ficando vermelho.
_Então... Não encare a atitude da Gina como algo criminoso, Harry. _Hermione falou. _E ela era tão imatura...
_Hermione, não vai me dizer que você sabia!_ Harry disse, em tom acusativo.
_Não, não sabia. Claro que não, Harry. Eu teria dito a você... Só quero faze-lo entender que a atitude da Gina não foi falta de caráter, mas uma grande imaturidade aliada a excesso de personalidade.
_Excesso de personalidade... _Resmungou Rony. _Queria ver se você diria o mesmo se tivesse sido eu quem tivesse feito isso com você.
_Eu entenderia como é que eu pude aceitar ser sua namorada. _Disse a menina, impaciente.
_Tá. Eu só queria entender uma coisa... _Disse Harry. _Lembra naquela aula do Slughorn que você disse que quando estamos sob o efeito da amortentia sentimos o cheiro de algo que nos agrada, e eu senti cheiro floral na Gina ano passado. Mas já havia sentido isso na toca antes.
_Bom, talvez a Gina possua esse cheiro, ou a toca. Isso só prova que o que há entre você e Gina vai além dessa poção... É algo, químico. _Disse ela, ficando vermelha.
_Mas nada disso justifica... _Disse Harry ainda sob o efeito das últimas palavras de Hermione. _Ela chegou a fazer um voto comigo...
_Ela também me falou sobre o voto. E eu acho que ele não funcionou, Harry. Só funcionaria se vocês dois tivessem sentimentos puros, entendeu? Mas quando você voltou para a toca, este ano, a Gina voltou a lhe dar a poção.
_Está vendo? Ela voltou a me dar essa maldita coisa...
_É, mas ela falou que faz muito tempo que não te dá, desde que você foi para o deserto, e mesmo assim você continua praticamente o mesmo. Harry, escute o que eu digo, não foi esta poção que fez você gostar dela e nem vai ser a falta dessa poção que vai fazer você deixar de gostar.
E então Harry lembrou-se do vidro espatifado no salão comunal, em quanto Gina parecia arrependida. Pensou em como ficava quando gostava de Cho, e ela mal sabia que ele existia.
_Melhor não julgarmos o que as pessoas podem fazer quando gostam de verdade de uma pessoa, Harry. O amor é enigmático, às vezes. Veja a Merope, eu não acho que ela tenha sido uma pessoa ruim, mas ficou tão obcecada por Riddle que...
_Ok, eu já entendi. _Disse Harry. _Mas preciso de um tempo para pensar.


O rapaz não tivera muito tempo nos dias seguintes. Pessoas e criaturas diversas vinham aos territórios de Hogwarts demonstrar seu respeito e apoio. Hagrid conseguira trazer, junto a Grope, um gigante que decidira apoiá-los. Lupin, trazia a cada dia, mais e mais lobisomens, e discutia com eles o melhor jeito de barrar mais ataques de Fenrir. Mas Harry passava mais tempo trancafiado na sala precisa com Hermione que qualquer outra coisa. Os dois estavam cercados de livros sobre runas, assim como as anotações de Lílian. Eles já haviam conseguido traduzir quase todas as pedras, que traziam magia negra realmente arcaica, tanto que havia sido a primeira vez que haviam ouvido falar sobre. No entanto, eles não haviam conseguido traduzir nada realmente importante.
_Harry... Harry... _Hermione disse com os olhos muito cansados, tocando algumas inscrições na parte superior de uma pedra. _Quer dizer horcrux, eu tenho certeza.
E assim que a menina disse isso, estas primeiras inscrições iluminaram-se, ao mesmo tempo em que a porta se abriu.

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