Recordações de Hogwarts parte1



Hermione chorava baixinho, esperando não despertar Ginny. Amanhã o dia seria longo, cheio, e precisava parar de pensar em si mesma.

Ginny fez menção de levantar-se para falar com Mione. Estava tão preocupada com seus problemas que nem percebeu que a amiga não estava bem! Sentiu-se culpada e egoísta.

-Mione! – chamou baixinho.

-Mione, o que você tem?

Mione se assustou, achou que Ginny estivesse dormindo. Virou para a amiga.

- Nada demais, só estou ansiosa com tudo isso que vamos enfrentar. Já não basta o peso da adolescência, ainda tem o mundo todo caindo na nossa cabeça! O que será da gente, Ginny?

Ginny não achou que fosse só isso. Reparara em Mione e no irmão durante o ano todo. Ron estava extremamente estranho, chorando escondido, e agora Mione! Ela sabia que havia um clima tenso entre os dois há tempos, até já tinha perguntado algumas coisas a Harry, que desconversava porque não queria trair aos amigos e porque realmente não sabia muito sobre o assunto, afinal nem Ron, nem Mione falavam sobre isso, negando tudo sempre. Resolveu, com toda sinceridade que lhe era peculiar, ir direto ao assunto, sem rodeios.

- Mione, não é só isso não, e eu sei. Sei porque estou com alguns problemas parecidos, só que em outro nível.

Hermione não entendeu o que Ginny quis dizer com aquilo.

- Mione, eu sei que você ama o meu irmão há tempos. Sei que não sabe o que fazer com esse sentimento num momento como esse que estamos vivendo. Sei que sabe o que é mais importante agora, mas eu te juro, eu também me sinto assim. Dividida entre o que é certo fazer nesse momento. Dividida entre salvar o mundo ou ser feliz.

Hermione sabia que Ginny era muito esperta, não tentaria enganá-la. Até que seria bom livrar-se do peso de pensar em tudo o que sentia sozinha. Seria bom conversar com ela sobre isso, para aliviar o peso de seu coração já apertado demais por esse amor, escondido dentro dela há tanto tempo.

- Nada passa despercebido a esses olhinhos e esse cabelão cor-de-fogo! Ah Ginny, a história é longa, cheia de desdobramentos, está mesmo querendo ouvir tudo?

- Demorou! – disse Ginny, rindo feito louca.

Hermione respirou fundo, decidiu começar.

- Eu nunca pensei em gostar do Ron. Se você analisar com cautela, e com todo respeito, eu e Harry sempre combinamos mais.

- Por causa da amizade Mione. E é justamente isso que impossibilita você e o Harry de serem algo mais: os laços de amizade muito profundos que unem vocês dois.

- Pode ser, mas a verdade é que no coração a gente não manda mesmo não é? Pois bem. Lembro do primeiro dia em que vi Ron. Estava junto com Harry numa cabine do Expresso Hogwarts, os dois conversavam sobre a cicatriz de Harry, Harry fazia mil perguntas por ser completamente alheio ao mundo mágico...
Ron, com aquela carinha inocente, tentava fazer um feitiço para melhorar a aparência de Perebas. Disse que Fred e George tinham lhe ensinado, mas que provavelmente estava errado, coisa que eu hoje sei ser óbvia.

Ginny ria.

- Não vou esquecer do quanto vivemos naquele ano, nem da quantidade de vezes nas quais Ron me chamava de louca, desequilibrada. Não posso me esquecer do episódio com o trasgo, seu irmão tinha me ofendido, fazendo com que eu fosse chorar escondida no banheiro. Não posso me esquecer também de que ele e Harry me salvaram naquele dia, e não foi só por arrependimento.
Depois daquele dia, nunca mais nos separamos. Eu sempre muito chata, exigente, CDF, eles se divertiam muito com meu jeito estressado de ser. O Harry sempre se metendo em encrencas sem querer, o Ron acompanhando-o sempre, mesmo que com medo.
Os desafios que enfrentamos juntos até resolvermos os enigmas que permitiram Harry chegar pela primeira vez perto de Voldemort foram muitos, mas éramos uma equipe e tanto! Ron mostrou toda sua inteligência naquela partida de xadrez da McGonagall, me deixou perplexa!

Depois veio o segundo ano. Sua entrada na escola. Os dois malucos chegando no carro do seu pai em Hogwarts, e eu achando que estava em má-companhia. Claro que depois de saber sobre o motivo pelo qual eles tiveram que usar o carro, reconsiderei. Já era amiga dos dois, não tinha jeito. Naquele ano seu irmão começou bem, me defendendo de Malfoy, que me chamou de sangue-ruim. O coitado ficou vomitando lesmas gigantes por um dia todo, porque tentou enfeitiçar o Malfoy e a varinha dele tinha quebrado! Foi uma prova muito forte do quanto ele gostava de mim, Ginny. Eu sei disso hoje. Depois Harry começou a ouvir a voz do basilisco pelos canos, fiz a Poção Polissuco e virei uma gata por alguns dias (coisa da qual seu irmão riu muito, elogiando meu “rabo”), eu fui petrificada, Harry salvou a você e a mim, sempre com a ajuda de Ron...

(continua no próximo capítulo)

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