O sonho



Era mais uma tarde quente e ensolarada. Mione estava num lugar que não conhecia, mas não estava preocupada. Apenas olhava o horizonte, comtemplando a paisagem recostada numa linda árvore muito frondosa.

De algum modo o lugar relembrava um pouco A Toca. Mas ela sabia que não estava lá.

Ela estava sozinha. Mas tinha a impressão de estar à espera de alguém.

Resolveu dar uma volta para explorar o lindo lugar. Ao longe, podia vislumbrar crianças brincando num jardim, com seus pais. Era afinal um bairro muito agradável. As casas um tanto quanto longe umas das outras, mas transmitindo um senso de união e paz... sonho de qualquer um.

Não muito depois de se sentar novamente na grama molhada e cheirosa, que a fazia muito se lembrar do cheiro dos cabelos de Ron, viu alguém subindo a pequena colina onde se encontrava.

O homem era forte e viril. Alto, ombros largos. Passos seguros, firmes. Um corpo maravilhoso, vestido numa simples calça jeans um pouco justa que mostrava coxas bem torneadas, uma camiseta branca colada ao corpo, deixando os músculos peitorais e braços musculosos e fortes à mostra. Ela não conseguia enxergar um rosto, o sol estava cegando-a.

Ele vinha ao encontro dela. Quem era? Onde ela estava? O que ele queria?

Ela continuou observando o homem, sentindo crescer dentro dela uma ansiedade inexplicável, um calor invadindo seu corpo, uma falta de ar, uma vontade louca de gritar, correr ao encontro de...

... Ron! Um Ron um pouquinho mais velho e indubitavelmente diferente.

Ele vinha ao encontro dela, sorrindo. Ela não sabia o que fazer. Suas pernas não obedeciam ao comando de seu cérebro agora entorpecido pela presença daquele homem adulto, lindo, magnífico à sua frente...

Ele olhava para ela como se nunca a tivesse visto. Ela usava um vestido florido muito simples, mas que deixava à mostra as curvas de uma Mione que ele jamais tinha colocado os olhos. Estava descalça, seus delicados pés à mostra, brincando com a grama sob seus pés. Os lindos cabelos compridos soltos, os cachos se formando na ponta deles, um cheiro irresistível e adocicado de flores invadindo as narinas e o coração dele, que começou a respirar mais fundo, seu estômago revirando de emoção.

Ele falou primeiro.

- Você veio! Pensei que não fosse atender meu pedido.

Ela, emocionada, respondeu:

- Como eu poderia deixar de atender a um pedido seu? Quando foi que eu deixei você esperando?

A conversa seria longa e difícil, mas pelo menos já havia começado. Ela sempre se justificando, ele nervoso e reticente...

- Desculpe! Você sabe que eu não consigo falar direito... eu nunca consigo dizer o que quero dizer.

- Estou aqui. Pronta pra te ouvir.

- Desde nossa despedida no trem, meu coração ficou tão apertado... e eu não sabia dizer o que estava acontecendo comigo. A preocupação do que ainda está por vir toma meus pensamentos, mas de alguma maneira eu sabia que essa não era minha maior preocupação.

Ela observava um Ron ainda nervoso, mas pelo menos eloqüente.

- Meu coração fica apertado cada vez que se lembra de cada um dos momentos que passamos juntos, tenham sido eles bons ou ruins, Mione. Demorou tanto tempo para que eu percebesse o quanto eu perdi por ser tão burro e cego, por não enxergar a verdade que estava lá, e eu não dei atenção... Ao deixar o Expresso Hogwarts essa última vez, incerto do que há por vir, só tinha uma coisa na minha cabeça...

Ele havia sentado ao lado dela. Ela sentia uma emoção tão forte...



Hermione, acorde!

Sua mãe a chamava aos berros. Alguém estava na lareira, querendo conversar com ela.

Sua mente ainda enlevada pelo sonho interrompido bruscamente, sua razão a chamava para a realidade.

Era Harry.


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