¤ O discurso de Dumbledore

¤ O discurso de Dumbledore



Harry abriu os olhos, percebendo que não dormira nada a noite inteira... lapsos dos acontecimentos da noite anterior ainda refletiam em sua mente... ainda não acreditava que Gina pudesse ter morrido... não, não era possível, ele não tinha que acreditar, ele não queria acreditar.... abriu uma minúscula fresta na cortina da cama para verificar se Rony dormia, mas o garoto não estava na cama, que parecia nem ao menos ter sido desfeita...



-- Foi minha culpa.... ele queria me fazer sofrer, me atingir.... -- pensou Harry, dolorosamente, com seus botões. Encolheu-se mais que pôde, achando que poderia desaparecer como no ar. Quando suas costas começaram a doer de tanto se curvar, endireitou-se na cama, e percebeu algumas lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto. Sentiu-se mal, absolutamente mal. Queria ficar ali, trancado para sempre na cama de dossel, sem falar com ninguém, sem se mexer, quem sabe, sem respirar...



Mas a voz de Hermione impediu-o de fazer isso.



-- Harry... Harry, os... os Weasley estão lá emb-b-aixo, com... com Dumbledore... eles pediram para chamar você.... querem con-conversar... sobre Gina. -- Somente a silhueta da garota era visível por trás das cortinas, mas Harry teve certeza de que ela estava chorando. Harry abriu a cortina completamente, e se deparou com a amiga, que realmente chorava profusamente, mas secava as lágrimas com pressa, o rosto vermelho e inchado.



-- Va-vamos. -- Pediu Hermione, e andando à frente de Harry, mas olhando sempre para trás, para verificar se o amigo a seguia. Os dois desceram diversos andares de escada, e não para a Sala de Dumbledore. Entraram por mais dois corredores, e Harry preferiu encarar os pés do que olhar para o rosto dos transeuntes. Por algum motivo, olhar para a multidão o entristecia ainda mais. Como se soubesse que nunca mais veria o rosto de Gina, iluminado ao vê-lo, entre os estudantes.



Hermione abriu uma porta lustrosa de madeira; todos os Weasley estavam presentes, Dumbledore, a professora Minerva e, para a levíssima supresa de Harry, Draco. O garoto enterrara o rosto nas mãos e não olhou para a porta quando Harry entrou; Harry tentou imaginar o grande sofrimento que Draco estava passando, e não quis experimentar a sensação. A sra. Weasley desmanchava-se em lágrimas, amparada pelos ombros pelo sr. Weasley, que tinha os olhos muito vermelhos e inchados, como se tivesse passado a noite toda chorando.



-- Por favor, sentem-se. -- Disse Dumbledore brandamente. Aquela sala.. lembrava mesmo a sala de Dumbledore, mas não era dele, definitivamente, pois não ostentava quadros de antigos diretores e professores de Hogwarts, e nem possuía sobre sua mesa instrumentos delicados de prata, mas a sensação de estar nela era muito próxima da mesma sentida quando se estava na sala de Dumbledore; talvez fosse uma sala especializada em confortar as pessoas.



-- Dumbledore... Dumbledore! -- Choramingou a sra. Weasley, enterrando o rosto muito vermelho nas mãos frias. Balançava a cabeça de um lado para o outro, como se não ousasse acreditar no ocorrido.



-- Perdão, Molly, em lhe interromper -- Desculpou-se Dumbledore, os bigodes tremendo --, mas preciso falar. Sei que palavra nenhuma pode consolá-los nesse momento tão difícil, mas se escutarem ao menos algumas coisas, sentirão-se mais orgulhosos de sua filha do que jamais sentiram em todas as suas vidas.



O choro ininterrupto da sra. Weasley pareceu mais brando. Ela levantou o rosto e focalizou Dumbledore, os olhos vermelhíssimos.



-- Gina Weasley foi uma garota corajosa, em todos os sentidos, em toda a sua vida, ou não teria caído em uma casa como a Grifinória. Creio, e tenho certeza de que várias pessoas aqui podem me confirmar isso, que ela morreu como uma verdadeira heroína, combatendo uma rival que queria ferir um de seus melhores amigos. -- Os olhos azuis de Dumbledore pousaram, primeiro em Draco, depois em Harry. -- Foi uma demonstração de caráter maravilhosa, íntegra, e tenho certeza de que isso ficará marcado em suas vidas. Não foi covarde, não relutou. Salvou seu amigo e trocou a sua vida por ele, mesmo sem medir estas consequências trágicas. Não quero que se sintam aliviados e gloriosos, pois sei que isso não é possível, mas sim quero que saibam o exemplo de honra que Gina foi em todo o tempo que a conheci.



-- Obrigado, Dumbledore. -- Disse um soluçante sr. Weasley.



-- Não é motivo de agradecimento, Arthur. Agora, gostaria que se dirigissem para a sala ao lado, de preferência todos os Weasley, e você também, Hermione. Tenho que falar alguns minutos com os restantes, por favor. -- Disse Dumbledore, fitando Draco com mais intensidade. O sr. e a sra. Weasley, bem como todos os seus filhos e Hermione, se dirigiram até uma porta lateral e entraram por ela. Só restaram na sala Draco, Harry e a professora Minerva, que disse com uma trocada rápida de olhares com Dumbledore.



-- Ficarei com os outros, Dumbledore. -- E se dirigiu, ágil, para a porta lateral, entrando na sala em que estavam os Weasley em seguida.



-- Imagino como estão se sentindo. -- Disse Dumbledore brandamente.



-- Eu acho que não -- Disse Draco, furioso. Harry olhou para ele. Lembrava muito a ele mesmo, quando Sirius morreu. Em seguida, olhou para Dumbledore, que teve uma reação ainda mais branda, quase sonhadora.



-- O amor é o sentimento mais humano que existe no mundo... por isso cometemos erros quando amamos.



-- Não teve erros! Eu não cometi erro algum! E tampouco a... -- Cuspiu Draco Malfoy, furioso, porém incapaz de mencionar o nome de Gina.



-- Oh, Draco, perdoe-me se me compreendeu mal. Mas, veja bem: nós, humanos, que amamos e somos conduzidos pelas mais variáveis emoções, e nos movemos ao sabor da maré dos sentimentos, cometemos erros, somos imperfeitos, justamente por levarmos em conta o que sentimos, o que achamos, o que sonhamos. O homem frio, o homem calculista não tem esse tipo de problema. Não usa emoções, portanto, comete bem menos erros nessa questão. Mas, ainda assim, sou favorável às emoções, por mais exacerbadas que sejam. Prefiro sonhar, prefiro amar e prefiro gritar ao lidar com questões emocionais, do que ser conduzido apenas pela mera respiração e insistência de viver. Acredito, pelo que presenciei agora, que você também pensa assim, ou não, Draco?



Harry percebeu perfeitamente que, quando Dumbledore citou "o homem frio", referia-se completamente a Voldemort, incapaz de amar qualquer tipo de coisa ou alguém. Draco concordou com a cabeça, olhando para Dumbledore com um misto de raiva e choro.



-- Todos somos conduzidos pela emoção, Draco. Você viu, aquela garota, Sarah...



-- Não fale dela! -- Explodiu Draco Malfoy. Dumbledore ergueu uma sobrancelha.



-- ... Pennyfeather, mesmo incapaz de sentir pena de alguém, deixou-se conduzir, crente que Voldemort a apoiava e a queria bem, Draco. Mas errou, e sofreu muito. Nós, que amamos, também somos fadados a sofrer, Draco, muito mais do que alguém que não demonstre esses sentimentos como nós. Porém, esses mesmos sentimentos são a nossa maior força, quando controlados. Amar obstinadamente, odiar com fúria, são sentimentos, mas fortalecem e nos tornam revigorados quando bem controlados, mas também nos destroem quando nos dominam. Não deixe que as suas emoções dominem você, Draco. Contrabalance-as. O ódio que está sentindo agora, bem como a angústia, logo farão parte de você, e pode muito bem ser para sempre, mas não deixe-as transparecer tanto. A maior força do homem é saber controlar seus sentimentos. A maioria não consegue, e quem consegue leve vantagem sobre isso, Draco. Pense bem.



Dumbledore se levantou.



-- Vocês dois, juntos, são forças absolutamente arrasadoras. Não deixe que os sentimentos controversos impeçam que essa força se concretize, e se torne vital no futuro próximo e negro que está chegando. São mais parecidos do que jamais imaginaram. -- Dito isso, Dumbledore fez um leve gesto, e abriu a porta para os dois. Harry e Draco saíram da sala. Será que Dumbledore os queria como aliados?



Harry não sabe até agora o que o impulsionou a falar. Mas sabe que falou.



-- Draco...



-- O que foi, Potter? -- Perguntou Draco, coçando um olho.



Harry respirou fundo, e disse, estranhamente formal:



-- Eu só quero que saiba que eu nunca fui contra vocês dois. E que todo o ciúme que eu sentia, na verdade, era a mais pura raiva de ter perdido a Gina para você, mas na verdade eu os apoiava e queria sinceramente que fossem felizes. Eu peço as mais sinceras desculpas, e espero que você aceite-as.



Por alguma razão, Draco quase abriu um sorriso.



-- Não se preocupe com isso.



Cada um se dirigiu para o próprio Salão Comunal. Ali, estranhamente, nascera um elo de compreensão e, quem sabe, até de amizade entre os dois. E ambos eram plenamente conscientes disso.



*




Harry estava andando, cabisbaixo, pelos corredores, em direção ao Salão Comunal, quando passou em frente a enfermaria, ao fazer um caminho alternativo para o Salão. Subitamente, o garoto sentiu um impulso irresistível de entrar lá. As janelas abertas deixavam entrar um sol radioso que iluminava a manhã... bem debaixo de uma das janelas, iluminada pelo Sol, estava Cho Chang, sentada em sua cama e lendo uma revista, aparentemente séria. Ao avisar Harry, porém, a garota deu um sorriso e acenou para ele, chamando-o. Harry, sabendo agora porque tivera o impulso de entrar na Ala Hospitalar, deu um sorriso muito leve para a garota e se aproximou.



-- Sente-se -- Pediu Cho, batendo uma das mãos sobre o lençol da cama, e, quando o garoto o fez, a apanhadora da Corvinal reclamou:



-- Porcaria de tipóia -- Disse Cho, mostrando a Harry o outro braço, que estava enfaixado e suspenso, depois do ataque de Sarah. -- Acho que não vou jogar durante meses.



Harry fez uma cara desolada para ela. Cho mirou-o, atenta.



-- Olhe... eu sinto muito pelo que aconteceu com a Gina Weasley. Sabe... foi realmente cruel.



-- Obrigado -- Harry assentiu com a cabeça. Em seguida, acrescentou -- Agora sei como você se sentiu quando... bem...



Ele queria falar de Cedrico, mas não sabia como Cho iria reagir. Mas a garota deu um sorriso.



-- Sim.. Cedrico... sabe, eu não pensava assim, mas acredito que, aonde ele estiver, está bem. E creio que o mesmo esteja acontecendo com a Gina. Eles eram pessoas ótimas, Harry, e aposto que estão felizes, aonde estiverem. Eles merecem. -- Disse a garota, com um sorriso tranquilo, e encostou a sua mão na de Harry. O garoto segurou a mão da apanhadora, sem saber o que fazer... mas sentiu que ali tinha uma amiga.



-- Olhe, Harry, eu ainda sinto muito que não tenha dado certo.. mas você é uma pessoa maravilhosa, e eu gostaria muito de ser sua amiga novamente. Quem sabe, quando estivermos mais velhos, mais maduros e cheios de problemas (Harry deu uma leve risada), quem sabe não poderemos tentar outra vez?



-- É exatamente o que eu penso, Cho. -- Disse Harry, e os dois se abraçaram. E Harry pensou, com toda a intensidade que, aonde fosse, Gina deveria estar tão feliz quanto ele se sentia.



*****



FIM




E ENTÃO, O QUE ACHARAM? QUERO A OPINIÃO MAIS SINCERA POSSÍVEL DE VOCÊS!! AH! E MINHA FIC NOVA JÁ ESTÁ QUASE ESTREANDO; ESPERO QUE DÊEM UMA OLHADA, PARA NÃO PENSAREM QUE EU SÓ ESCREVO SENTIMENTALISMOS ^^ NA VERDADE, EU REALMENTE NÃO SEI ESCREVER ROMANCES, HUAHA ^___^ FOI UMA ESPÉCIE DE TREINO, ESTA FIC. ESPERO QUE TENHA DADO CERTO ^^'''



UM BEIJO ENORME PARA TODOS VOCÊS,



MARY GRANGER ^^

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