A conversa de Snape



10. A conversa de Snape


- O quê? – Perguntou Tonks perplexa e começando a sentir um enjôo.
- Isso mesmo, stra Tonks. Está demitida- repetiu Scrimgeor.
- Isso não é justo! A única coisa que fiz foi ter um relacionamento com alguém bom e nobre, mesmo que não seja cem por cento humano. Mas claro, se eu me envolvesse com algum bruxo rico e puro sangue a situação seria diferente. Talvez eu até receberia uma promoção, não é?
- Como se atreve? - levantou-se Rufo, foi mancando até uma prateleira na parede e começou a mexer em uma pasta vermelha em cima dela.- Isto é um ato de insolência.
A bruxa deu um longo suspiro. O enjôo ainda persistia.
- Não pode fazer isso comigo, ainda mais no meu estado. Estou no Ministério a mais de dois anos e sempre fiz meu serviço corretamente.
- Stra Tonks, talvez se lembre da primeira lição do seu curso para auror. Ela dizia que todo auror deve proteger a comunidade bruxa contra qualquer arte ou ser das trevas e você não cumpriu o seu trabalho direito.
- Me despedir agora é contra a lei, senhor.
- E confraternizar com essas criaturas também. Seu trabalho é caça-las e não dormir com elas. Desrespeitou leis feitas por Dolores Umbridge contra lobisomens. Se você faz isso com esses mestiços, o que fará com os Comensais da Morte?
- Isso me ofende.-protestou Tonks se levantando e dando um soco na mesa.
- Mas foi assim que agiu Stra Tonks.- Ele achou finalmente alguns papeis na pasta, leu alguns tópico e entregou-os a Ninfadora. - Leve isso até Fudge. Ela acertará todas suas contas por ter servido ao Ministério da Magia. Lamento stra Tonks, era uma ótima auror.
Tonks pegou os papeis ferozmente das mãos de Scrimgeor, quase rasgando-os e saiu em direção a porta. Seu rosto não tinha uma expressão definida; se era tristeza ou raiva. Foi até Cornélio, que virara uma espécie de encarregado do Ministro. Preencheu os requisitos nos papeis, assinou e recebeu tudo o que lhe era de direito. Imediatamente desaparatou para frente de sua casa em Hogsmeade e entrou. Felizmente, o mal estar havia cessado. Se atirou no sofá, deitou-se de barriga para baixo e começou um choro desesperado, escondendo o rosto nos braços cruzados apoiados no móvel macio.
Continuou assim por quase quarenta minutos. Havia algo pior a lhe acontecer? Lupin
estava com os outros lobisomens correndo mais perigo a cada dia; Snape era um
“amigo” traidor; ela acabara de ser despedida; não sabia exercer outra profissão sem ser
auror; estava sozinha, suas economias no fim e Remo não tinha como lhe sustentar nem
a criança. Tonks contemplou a sala bem decorada demoradamente. Teria que desocupar
o lugar e voltar a morar em seu pequeno apartamento desarrumado e pequeno. Não tinha
mais dinheiro para pagar as despesas do aluguel da casa e começaria a economizar
cada centavo mais do que nunca.
O enjôo começou a querer voltar. Correu até uma prateleira no banheiro e tomou um
comprimido contra mal estar. Não tinha muito costume de usar medicação trouxa, mas
as vezes obtia resultado.
Foi até a janela do seu quarto, abriu-a e admirou a neve recém-caída no povoado. Viu Hogwarts e por algum motivo, a escola parecia-lhe morta, como se fosse um prédio abandonado. Lembrou-se de Dumbledore.Tinha que conversar com ele. Pedir para que fosse substituída na vigilância em Hogsmeade por causa de sua situação financeira. Decidiu ir ao castelo. Pegou um cachecol no guarda-roupa e saiu. No caminho, fez a mesma coisa quando Harry havia sido deixado no trem de Hogwarts: conjurou um patrono para avisar a Hagrid sua chegada. Ficou olhando por alguns minutos o animal prateado em forma de lobo correr no mesmo sentido que andava. Quando Tonks chegou no portão trancado, não viu ninguém lhe esperando. Passou uns minutos ali, sob a neve que caia, mas por sorte, estava bem agasalhada. “Talvez Hagrid estivesse na floresta proibida e demorou um pouco a voltar” pensou. Foi entao que avistou uma criatura saindo da porta principal e se aproximando do lugar que em estava. Mas não era Hagrid. Era alguém, ou algo muito menor que o meio-gigante. Menor pelo menos cinco vezes. Ele caminhava contra a luz e parecia ter duas orelhas da forma de asas de morcegos, era magro e caminhava com raiva, pisando firme. Ao chegar mais perto da visitante, Tonks exclamou:
- Monstro!
O elfo vinha de má vontade até o portão, parou e começou a encarar a visitante mal-humorado. Tonks não sentia nenhum prazer ao vê-lo também. Primeiro porque ele traiu a Ordem da Fênix e fora um dos principais responsáveis da morte de Sirius. Segundo porque o elfo nunca a tratara bem, afinal sua mãe, Andrômeda, não fizera um casamento com um bruxo puro-sangue como suas irmãs. Apoiou as duas mãos nos portões e perguntou com desprezo:
- Onde está o Hagrid? Mandei a mensagem para ele.
- Aquele gigante fedorento está dando aula agora, entao o seu patrono veio ate a cozinha e coube a Monstro receber a mestiça imunda.
- Não estou nem um pouco satisfeita em vê-lo também, Monstro, mas quero que me leve até a sala de Dumbledore.
- Não vou. Monstro só recebe ordens de sua mestra Belatriz.
- Belatriz não é sua mestra, Monstro. O único mestre que você tem é o Harry Potter e mesmo assim, você serve para Dumbledore e Hogwarts.
- Ah, que triste destino o de Monstro. O que minha senhora diria se visse Monstro servindo aqueles pirralhos indignos de magia?
- Olha, sua mestra morreu. Me leve para a sala do diretor.
- Monstro não vai acatar uma ordem da mestiça imunda!- falou cruzando os braços e virando o rosto , emburrado.
- É mesmo? – Tonks empunhara a varinha. O elfo estremeceu todo ao ver o objeto na mão da bruxa. Abriu o portão e deixou espaço para ela passar. Monstro guiou –a por isso foi na frente. Ele resmungava coisas do tipo “mestiça imunda e folgada”, “Monstro infeliz” e “pobre senhora”.
- Onde estão todos, Monstro? –perguntou Tonks ao perceber os corredores vazios enquanto andavam pelo castelo.
- Todos alunos estão em aula, enquanto Monstro fica na triste missão de cuidar da cozinha com os elfos ingratos.
- Olha, quero falar logo com o Prof . Dumbledore, será que não pode acelerar o passo? Ou terei que obriga-lo a fazer isso?- A bruxa apontou novamente a varinha para Monstro, que soltou um guincho e começou a andar mais depressa.
- Chega mandando em Monstro. Quando aquele velho gagá voltar de viagem, vou pedir demissão.
- Como é? Dumbledore está viajando?- Tonks parou e olhou espantada para Monstro.
- Ontem ele estava no jantar, mas hoje no café não mais.
- E só me diz isso agora?
- A mestiça não perguntou sobre o velho. Apenas queria ir até a sala dele.
- Monstro, você tem um segundo antes d...- mas Monstro havia desaparecido enquanto Tonks falava.
- Elfo idiota.
Deu a meia volta e enquanto caminhava em direção ao portão ouviu a sineta para a hora de almoço. Vários alunos saíram de duas salas próximas. Foi entao que se lembrou que tinha algo para fazer ainda em Hogwarts. Caminhou até a sala de defesa contra as artes das trevas que, outrora, estudara em seus tempos de Hogwarts. Ao chegar no corredor em que a sala se localizava viu alguns alunos saindo ainda do lugar e resolveu esperar todos irem embora. Quando o corredor ficou deserto, dirigiu-se a sala de aula, porem alguém saiu de lá. Parecia um grande morcego. Era Snape. Ele continuou seguindo para a outra extremidade do corredor, sem perceber que Tonks olhava suas costas se afastarem. A ex-auror resolveu segui-lo, pois ele não se dirigia para o Grande Salão. Snape subia varias escadas e chegou finalmente ao sétimo andar, ou melhor, à Sala Precisa. Tonks se escondeu atrás de uma estátua de um cavaleiro e ficou apenas observando-o. Ele fez o famoso ritual para entrar na Sala. Quando a porta se abriu, o professor entrou e segundos depois, Ninfadora o acompanhou silenciosamente sem ser notada. O lugar havia se transformado num ambiente com mesas, cadeiras, vários armários de todos os tipos e muitos livros, tantos como se fosse a biblioteca da escola. Snape se sentou numa cadeira e começou a folhear um livro que já estava separado numa das mesas. Tonks até entao estava vendo-o por trás de uma das prateleiras e ia se manifestar para ele para tirar satisfações com relação aos últimos dias, quando uma figura magra, feia, com pálpebras caídas saia de dentro de um dos armários. Tonks a reconheceu imediatamente com Belatriz Lestrange. “É verdade. Ele está do lado das trevas” conluiu e permaneceu escondida para ouvir a conversa.
- Quantas vezes ainda terei que te receber, Bela?- perguntou Snape, olhando-a com desprezo.
- Snape, seu idiota, aposto que a Multicores continua viva, não? A noticia de sua morte não foi publicada.- Belatriz caminhou até o bruxo e o fitou.
- É mesmo, não foi publicada, mas li um artigo muito interessante sobre um ataque a um shopping trouxa. E você estava nele. Meus parabéns pelo êxito. Com relação ao outro assunto, fiz o que devia fazer. Se Grayback não fez é problema dele com o Lord das Trevas.
- Por sorte sua, o Lord concordou com essa sua idéia ridícula de oferecer a garota aos lobisomens.
- Entao está tudo resolvido.
- Não, não está. O lobisomem contou ao Lord que não sabe como a Multicores escapou, porque ninguém a encontrou durante a noite toda. Não é estranho isso? O que tem a me dizer?
Por uma fração de segundo, os lábios de Snape se contraíram, mas logo disse:
- O que eu teria a dizer? Todas essas criaturas são umas tolas. Como conseguiram deixa-la escapar?
- Isso que me intriga.O lugar estava com feitiço que impedia a desaparataçao. Somente alguém que conhecia a região poderia leva-la a um lugar que o feitiço não estivesse aplicado. Não acha? Snape.
Ele a olhou desconfiado.
- Você está me acusando de alguma coisa ou é impressão minha?
- Bem, você é mais esperto que pensei. Achei estranho a idéia de levar aquela mestiça até os lobisomens. Você nunca faz nada que não seja premeditado. Poderia jurar que sabia que ela tinha chances de escapar de lá.
- Seja mais clara.
- VOCÊ MANDOU NINFADORA TONKS PARA OS LOBISOMENS PORQUE SABIA QUE ELA TERIA CHANCES DE SE SALVAR.- Bela perdeu o controle ao perceber que Snape a enrolava.
- Como eu saberia que ela iria se salvar?
- Não sei. Talvez soubesse que ela tinha...hum...sei lá....algum amigo entre aqueles animais imundos. Alguém que poderia ajuda-la.
Tonks, que ouvia cada palavra, prendeu a respiração.
- Como vou saber se Tonks é amiga de um deles?
- Não sei. Vocês andam tão juntos ultimamente. Talvez você já visasse cumprir a ordem do Lord e ao mesmo tempo se livrar dela. Talvez algo não deixasse você matar a Multicores por algum motivo.
- Por exemplo? –desafiou o professor.
- Você poderia estar apaixonado pela minha sobrinha e tentou mata-la mas achou um jeito para que ela não morresse, se é que você me entende.
A ex-auror ainda escutava a conversa pasma, sem saber o que pensar. Snape voltou sua atenção para o livro.
- Pela sua cara é verdade. Ama a Tonks e tentou livra-la de sua missão, por isso que você relutava em cumprir a ordem do Lord.
- Seja como for, a responsabilidade é do Grayback não minha e se o Lord concordou que foi uma boa idéia...
- Bem, o que está feito está feito. O Mestre me disse que não quer mais a morte da
ex-auror, pelo menos por enquanto.
- Ex-auror? – Snape a fitou curiosa.
- Sim, ela foi demitida nessa manhã.
- Como sabe?
- Temos informantes no Ministério, esqueceu?
- E por quê?
- Ninguém sabe. Parece que ela brigou com o Scrimgeor.
Nesse momento, Tonks sentiu o enjôo mais uma vez, não conseguiu resistir e vomitou ali mesmo, atrás de uma prateleira de livros. Embora tentasse não chamar atenção deles dois, a bruxa fez alguns ruídos quando pôs tudo para fora. Belatriz ouviu e murmurou para si própria um “o que foi isso?” A metamorfomaga empunhou a varinha junto com Snape e Lestrange, que andavam cautelosamente. Tentou chegar até a porta e passar despercebida, pois estava em desvantagem de dois contra um. Ao avistar a porta, Tonks saiu correndo no Maximo silencio que conseguia produzir, até que...
- Estupefaça – Belatriz gritou ao avistar a intrusa.
Um raio vermelho atingiu Tonks bem no peito, que caiu pesadamente no chão e logo em seguida Lestrange mandou outro feitiço estuporante na bruxa inconsciente.
- Só para garantir e deixa-la ainda pior- Disse Belatriz- Ela ouviu tudo. Se livre dela Severo.
Snape fitou o corpo de Tonks por uns momentos. Não gostara nada do que a mulher de Rodolfo acabara de fazer e indagou.
- Não seja burra. O Lord me dispensou dessa missão e também como eu iria sair da Sala carregando um cadáver nos braços?
A bruxa puro-sangue refletiu.
- Coloque uma capa de invisibilidade e leve o corpo daqui.
- O Ministério descobriria com um vira tempo que fui eu e perderei a confiança de Dumbledore. Isso alem de uma entrada para Azkaban.
- Está bem- concluiu a Comensal- mas leve- a daqui e mude sua memória.
Ela entrou no armário sem mais nem menos: não gostava de ser contrariada. Snape foi até um dos outros armários,pegou uma capa de invisibilidade surrada, colocou Tonks em seus braços e cobriu-se com dificuldade com a capa, ficando assim invisível.
Saiu da Sala Precisa e foi até os portões; por sorte, não houve imprevistos pois todos da escola estava almoçando. Tirou a capa e ia levando Tonks até a gelada Hogsmeade quando mudou de idéia. Ela recebera dois feitiços estuporantes no peito e poderia ter complicações para a bruxa caso fosse levada para casa ao invés de ir ao St. Mungus. Também, estava preocupado com ela e queria que recebesse cuidados e atenção necessária. Aparatou para o hospital e lá entregou a bruxa para um dos curandeiros e deu os dados necessários sobre Ninfadora. Tonks foi levada imediatamente para uma sala de exames e Snape foi obrigado a voltar a Hogwarts, pois o almoço estava no fim e logo começaria outra aula.
Foi até a cozinha e praticamente “engoliu”um lanche que os elfos lhe fizeram.
Após todas as aulas restantes do dia, Snape foi falar com McGonagall, que estava com aula vaga, sobre o que aconteceu naquela tarde.
- Eu combinei de almoçar com Ninfadora nessa tarde e quando estávamos saindo de sua casa, Belatriz Lestrange apareceu e estuporou duas vezes a Tonks. Acho que ela não quis fazer me mal porque pensa que estou com o Lord. Poderia estar enganado mas acho que visava mata-la. –mentiu Snape
- É quase impossível acreditar que Lestrange veio para Hogsmeade. Dumbledore precisa saber. O que fez depois, Severo?
- Levei-a para o St. Mungus- concluiu o professor de defesa contra as artes das trevas.
- Fez bem. Receber mais de um feitiço estuporante não é muito saudável, digo isso por experiência própria, porem ela é jovem e se recuperará logo.
- Eu estive pensando em ir vê-la agora. Minhas aulas de hoje acabaram.
- Sim, faça isso, Severo e depois me conte sobre o estado de Ninfadora.
Snape saiu e foi direto para o hospital em que deixara Tonks. Perguntou na recepção onde era o seu quarto (462) e rumou para ele. Ao chegar lá, um curandeiro saia dele com uma cara desanimada e o professor perguntou sobre Ninfadora.
- É o senhor Tonks? – interrogou o curandeiro, intitulado no crachá por Sr. Rowdor.
- Não. Sou amigo e a trouxe para cá. Ela vai ficar bem? –disse Snape surpreso.
O Sr. Rowdor suspirou e disse:
- Acho que não fará mal se lhe contar o que aconteceu.
- O que foi?
- Bem, a Sra Tonks sofreu dois ataques estuporantes seguidos bem no peito. A recuperação não foi muito ruim porque ela é jovem, mas terá conseqüências desse acidente.- o curandeiro falou desanimado.
- Que tipo de conseqüências? – Snape erguera uma de suas sobrancelhas.
- Ela perdeu o bebê que esperava.



N/A: É triste esse fim de capitulo.... e a reaçao da Tonks entao....bem, isso vai estar no proximo capitulo, junto com o seu reecontro com o Snape.
Gente, por favor comentem.....senao eu vou parar de postar a fic....quero saber o q vc acham do meu trabalho. Criticas, elogios, etc....
Beijos

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