Na beira do lago...



Malfoy ajudou Harry a ficar de pé. Descer as escadas ao lado do amigo seria melhor do que descer arrastado. Mas Harry não tinha muita vontade de descer. Estava assolado pela tristeza, um sentimento forte que parecia esmagar seu coração.
- Você não ouviu quando eu te disse que Gina está curada? – Malfoy disse. Harry escutava a voz dele muito longe, mas não conseguia tomar tento. – Eu estava na enfermaria quando a cicatriz dela, e diga-se de passagem que estava muito ruim mesmo, começou a cicatrizar. As feições de Gina também melhoraram. Antes ela estava quase como uma morta, os lábios arroxeados, olheiras escuras, mas agora ela está bem! Não é legal! Gina está curada, Harry!
- Que bom... – Harry conseguiu dizer, sem muita empolgação.
Malfoy percebeu e o abraçou.
- Cara... sei que está sofrendo agora. Apesar de tudo você a queria viva, não é? Eu também. Não sei se é uma boa eu lhe dizer isso, mas Hermione não é culpada de todas as coisas como você imagina...
Harry ergueu os olhos para Malfoy. “Ele também sabe da verdade?, será que todos sabiam da verdade menos eu?
- Achei uma loucura ela querer ter ressuscitado os mortos, na hora eu quis impedi-la. Juro que quis, mas agora eu entendo. Você já viu Dobby? Nossa, ele é o rei dos elfos. Eu lembro quando ele era só um criado lá em casa. Eu costumava maltratá-lo. Espero que ele releve tudo o que fiz. Agora sou uma pessoa diferente. Graças a Hermione.

Hermione.... foi graças a ela mesmo.

- Eu tenho que confessar que fiz o meu próprio jogo nesta estória toda. Durante a batalha de Dante Village, eu percebi que precisava fazer alguma coisa. Voldemort estava me imitando. Eu cheguei a pensar que fosse mesmo Snape. E quando as pessoas começaram a amaldiçoar o meu nome eu sabia que não poderia voltar simplesmente para o castelo. Então voltei para minha mãe. Achei que era meu dever fazer algo. Eu a convenci a pressionar Snape para devolver Hermione, fui eu, Harry, sinto muito por isso. Sei que atrapalhei as coisas. Eu queria que Snape se revelasse e ao mesmo tempo, queria jogar minha mãe contra os comensais. Eu estava lá quando Voldemort se revelou. Então eu soube que era ele. Foi horrível. Os dois começaram a brigar e minha mãe pediu que eu a ajudasse. Eu a traí. Deixei-a nas mãos do mestre que a torturou profundamente. Mas ele não a matou.
- E ela está...?
- Morta! Snape a matou.
- Sinto muito. Bem... não acho que não adiantou em nada. Pelo contrário, Malfoy. Acho realmente que isso enfraqueceu os comensais. E forçou Voldemort a se revelar. Acho até que Hermione contava com isso. Hermione contava com o ataque simultâneo dos comensais junto com os mortos-vivos. Afinal, se não acontecesse assim, Hermione teria que morrer antes de Voldemort e talvez a poção não funcionasse exatamente como ela queria que funcionasse...
- Harry... é sobre isso mesmo que vim te buscar. Tem alguma coisa muito estranha acontecendo com Voldemort. Ele está brilhando. Emitindo uma luz, exatamente como aconteceu com Dobby e os outros elfos.
Harry olhou para Malfoy, um pouco aturdido e começou a acelerar os passos, descendo as escadas rapidamente.
Realmente, alguma coisa acontecia a Voldemort. Ele refletia uma luz branca. E suas formas estavam mudando. A cara viperina começou a mostrar traços suaves. Logo, Harry veria refletido naquele rosto, o bonito Tom Ridlle, jovem moreno a quem Harry conhecia muito bem.
- O que será que está acontecendo? Será que tem a ver com a poção de Hermione? – Malfoy perguntou. Snape e Minerva aproximavam-se também.
- Não sei... sinceramente... eu não sei!


Hermione levantou-se assustada e ofegante. Depois deixou-se cair novamente. Estou viva? Ela tateou o pescoço e encontrou a correntinha pendurada no pescoço. Não pode ser! Hermione a arrancou novamente. Quem a terá colocado? Harry. Imaginou ter escutado sua voz. Talvez tenha sido ele. Mas não entendia. Onde estaria ele agora? Por que ele a deixou ali. Por certo, tomou-a por morta. Coisa que ela deveria estar. Eu preciso morrer... eu preciso morrer... faz parte do feitiço...
Não importa. Eu tirei a correntinha. Só preciso ficar de olhos fechados e segurar a dor. Em breve estarei morta e tudo ficará bem.
Hermione contou os segundos, contou também os minutos e nada aconteceu.
Então, abriu os olhos novamente. Não entendia. Ela precisava estar morta. E tirar a correntinha era uma morte quase instantânea para ela. Ela juntou as forças, apoiou-se no parapeito da janela e levantou-se.
Harry estava lá fora, olhando para Voldemort, seu pai... ele estava morto... pai...
Não conseguiu conter um sentimento de tristeza. Ela havia planejado a morte dele friamente, mas agora, sentia uma dó. Lembrou quando ele a capturou no ano passado. Cuidou de suas feridas, fê-la beber a poção que a manteve viva por tanto tempo. Mas não foram horas de pura felicidade em família, pelo contrário. Cada vez que ele se aproximava dela, Hermione tremia de medo. Queria fugir, mas não tinha coragem. Sabia que precisava matá-lo, mas não tinha coragem. Eu preciso ser forte por Harry. Ah... Harry...
Depois de viver dias de terror como cativa de Voldemort, Hermione ainda foi parar nas garras de Krum. A coisa melhorou um pouco, já que Krum parecia, no fim, gostar dela. Mas mesmo assim, Hermione precisou ser muito forte e aparentar ser fria e dissimulada. Ele a machucou tantas vezes que ela havia perdido as contas e tentava a todo custo dormir com ela. Ela tinha que fechar o quarto a noite e não pregava o olho com medo de ser surpreendida.
As coisas só melhoram quando viu Harry. Ah... não conseguia esquecer. Entrando no casamento de Fleur e Gui ao lado de Krum. Bastou um olhar para vir a tona as emoções que ela manteve guardadas por tanto tempo. Mas ela precisou esconder... dissimular. Precisava parecer não se importar com nada. Harry não poderia saber da verdade. Hermione havia feito um pacto com Dobby. Ela libertaria os elfos, daria sua vida para que a maldição selada por Slitherin fosse enfim quebrada. Em troca, Dobby protegeria Harry para sempre. Era o que importava. Sabia que iria morrer. Precisava morrer para dar certo. A maldição pedia a morte do herdeiro de Slitherin.
Ela até tentou envolver Voldemort. Engana-lo, afim de sacrificá-lo. Ela ficaria viva, os elfos libertos e Harry estaria para sempre longe do perigo, mas nada deu certo. Por fim, entendeu que não havia mais o que fazer. Era a sua morte que precisava selar o feitiço.
Mas ela não morreu.

Meu Deus, o que deu errado? Eu precisava morrer. Então por que não estou morta. Eu contava com isso. E agora? Como vou encarar todo mundo? Como vou encarar Harry? Harry me condenou a Azkaban. Mandou que Snape me prendesse e jogasse a chave fora. Hermione sabia, no fundo, que merecia este castigo, mas era cruel demais. Azkaban não... não, Meu Deus, tudo menos Azkaban... como sofrera naquele lugar terrível... como doeu na alma e no espírito. E como aquele sofrimento a modificou. Ficou mais fria, mais distante. Somente o amor de Harry conseguiu convertê-la. Fazê-la lutar por algo que valia a pena. Agora... voltaria para lá novamente.

Não... não pode ser... eu prefiro a morte.

Hermione olhou para Harry. Ah... Harry... será que um dia você me perdoará....? Claro que não... nunca... Por causa dela, Krum estava morto, Gina iria morrer, Dumbledore havia ficado para sempre em coma. Mas os Weasleys estavam bem. Ela havia dado ordens para eles fingirem. É para o bem de seus próprios filhos, ela disse, por favor, entendam, Molly, Artur... entendam... vocês só poderão se revelar depois que tudo terminar.
Eles argumentaram, é claro, queriam participar da batalha... mas Hermione não deixou... disse que se eles aparecessem bem, então Voldemort saberia que ela era uma trapaça e tudo poderia piorar.
Esperava que o fato de os Weasleys estarem bem pudesse aliviar um pouco toda a sua culpa. Meu Deus, espero que sim...
Mas ela sabia que não seria dessa forma. Harry era doce, amável, mas era firme quando precisava ser. E quando descobrisse que ela estava viva, daria a ela o castigo merecido.

Não... Azkaban não... eu prefiro a morte...

Mas ela não morreu.... a própria morte a havia rejeitado...

Pensou em pular da torre. Mas não se queria descobrir rejeitada novamente pelos braços da morte, vivendo uma semi-vida, então decidiu o que precisava fazer: fugir... fugir e nunca mais voltar...

Hermione abaixou-se no mesmo instante que Harry olhou para a torre.


- O que foi Harry? – perguntou Malfoy ao ver Harry com o cenho franzido.
Harry pensou... não...
- Nada... estou imaginando coisas, é só... – disse ele, mas uma forte palpitação no coração tentava lhe dizer alguma coisa.
- Harry... eu não sei o que pode ter acontecido. – disse Snape, ainda olhando preocupado para Voldemort – imagino que como Herdeiro de Slitherin, o feitiço feito por Hermione possa tê-lo assimilado. Dobby disse que Hermione se sacrificou para que o feitiço desse certo. Acho que não era tão necessário. Acho que no fim, a maldição queria mesmo a morte de Voldemort. Afinal, tem um ditado mágico antigo que diz: “Semelhantes... com semelhantes se curam”... que quer dizer que esse feitiço do mal só podia ser selado com alguém de índole má. E se Hermione, que Deus a tenha, fez tudo isso para libertar os elfos e nos salvar para sempre da tirania dos comensais, então... ela não é só boa... mas muito melhor do que todos nós que a julgamos tanto. Coitada. Eu sinto muito tê-la tratado tão mal em vida, mas realmente não poderíamos saber da verdade que ela mesmo se esforçou tanto para esconder, não é?

Harry deixou um sorriso triste aparecer em seu rosto. Tinha tanto orgulho de Hermione. Ela era boa... ela sempre foi sua Mione, afinal de contas. Achava mesmo que Snape tinha razão, fora tolice da parte de Hermione ter se matado. Talvez o feitiço desse certo, prevendo que Voldemort iria morrer. Afinal de contas, a transformação final dos elfos, só se deu depois da morte de Voldemort... Mas então...?

Harry olhou novamente para a torre e teve um sobressalto. Alguma coisa lhe dizia para subir as escadas e ver Hermione novamente. Não esperou duas vezes e começou a correr.
- Harry! – Malfoy gritou ao longe.
- Não dá tempo! – disse Harry em resposta, mas percebeu que Malfoy começou a segui-lo.

Hermione estava descendo as escadas rapidamente, pensando no que deveria fazer quando escutou os passos de alguém subindo... meu Deus... e agora? Por sorte percebeu que estava no corredor da passagem que dava na Dedos de Mel. Se fosse rápida sumiria antes que alguém a visse.

Harry parou antes de subir os últimos lances de escada. Pensou ter visto uma juba castanha virar numa esquina, mas balançou a cabeça. Estava vendo coisas.
- Harry... – disse Malfoy alcançando-o... ofegante.
Harry continuou a subir...estava perto... precisava vê-la... precisava vê-la...
Então abriu a porta com estrondo e parou...
Meu Deus...

Vazio... vazio como a sua alma...

Quando Malfoy chegou atrás dele, Harry tomou a coragem e deu alguns passos. O corpo de Hermione não estava mais lá... no seu lugar... a corrente da vida... a pedra vermelha brilhava para ele...

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O dia seguinte surgiu trazendo um aroma de esperança no ar. Tudo parecia diferente. Apesar da ala hospitalar estar lotada de pessoas, parecia que era dia de natal, pois se via a felicidade estampada no rosto de cada um.

Tonks e Lupin, ainda feridos, conversavam com os homens e mulheres que, transformados em lobisomens, participaram da guerra à noite. Todos concordaram em manter a paz. Estavam feridos, alguns não sobreviveriam, mas parecia, enfim que os lobisomens seriam aceitos pela sociedade. Lupin mais tarde se tornaria o rei dos lobos e criaria um canil especial para os lobisomens se guardarem na lua cheia.

Grouwpe, Hagrid e Madame Máxime, da mesma forma, liderariam os gigantes. Hagrid conseguiria no ministério uma alforria para alojar todos os gigantes sobreviventes na floresta proibida, onde viveriam por muitos anos em paz com os bruxos.

Os duendes voltaram a administração financeira do mundo bruxo e, mesmo depois disso, os trouxas veriam alguns deles gerenciando suas contas nos bancos trouxas do mundo inteiro.

O ministério brasileiro, que havia mandado uma diligência, foi homenageado por Snape que fez questão de dizer que se não fosse inglês gostaria de ter nascido no Brasil, terra de gente nobre que sabe ajudar a quem mais necessita.

E assim, aconteceu...

No dia seguinte, o jornal dos trouxas tinha uma matéria de capa, mostrando o beijo de Lizzie Burns e Manny com o título “A paz reinou...”. Rita Skeeter, dividiu com Lizzie muitas das reportagens, misturando-se fotos mágicas às fotos dos trouxas. Havia uma manchete dizendo: “Paz entre o mundo mágica e o mundo não-mágico”. Ainda demoraria para os trouxas utilizarem o termo “trouxa”. Mas depois daquela noite, os bruxos começaram a ser bem aceitos pela sociedade normal. Muitos trouxas passaram a ter orgulho em dizer que tinham parentes bruxos. Os Dursleys passeavam de Alfa Romeo para cima e para baixo dizendo serem os verdadeiros pais de Harry Potter, conhecido pelo mundo inteiro como “O GRANDE SALVADOR”.
Harry ainda visitou os tios, apenas para passar o feriado do Natal.... depois retornou a Hogwarts.
Poucos jornais mencionaram Hermione. Os que mencionaram não divulgaram totalmente a verdade. Apenas disseram que a batalha foi decisiva graças aos elfos, libertos pelo FALE, frente de libertação fundado por Hermione. Ninguém falou sobre o feitiço e sobre ela ser filha de Voldemort. Foi melhor assim... Harry pensou.
A vida continuou em Hogwarts...
Alguns dias depois, Dumbledore acordou. Foi motivo de muita alegria. Os Weasleys vieram especialmente para vê-lo. Ele ficou bom logo. Saiu da ala hospitalar antes mesmo de Gina.
Gina não ligou muito para Harry depois disso. Também pudera. Harry a visitou poucas vezes, ao contrário de Malfoy, que não saia de lá.
No dia que ela saiu do hospital, Malfoy a pediu em casamento. Levado pelo sentimento de felicidade que acometeu todo mundo, Rony também pediu Luna em casamento e os quatro decidiram se casar no mesmo dia, junto com Tonks e Luna.

Harry foi o padrinho de todos os três casais. Estava triste no dia, sempre lembrando de Hermione, mas ficou orgulhoso com o convite. Durante o casamento, volta e meia, virava para trás, lembrando-se a aparição de Hermione no dia do casamento de Fleur, mas ela não apareceu...

Harry, como os outros, continuou em Hogwarts. Ele esperou dia após dia que Hermione voltasse. Sabia que só havia um lugar no mundo para ela, mas ela não retornou...


Mas então... um dia... tudo mudou.

Todos esperavam o discurso de Dumbledore que havia voltado à direção de Hogwarts. Snape disse ao bom velhinho para assumir também a direção do ministério da magia, mas Dumbledore, disse que tinha tudo o que precisava para ser feliz em Hogwarts. E dizendo isso, ele se virou, segurou a mão de Minerva e beijou-a na frente de todos os alunos que bateram palmas alegres.
Até Harry bateu palma. Estava alegre. Quando Dumbledore começou a falar, Harry resolveu sair mais cedo. Estava tocado com Dumbledore e Minerva.
Alcançou os jardins de Hogwarts ainda cobertos pela neve. Estava frio ali fora, muito frio. A neve caia mansa sobre sua cabeça e ombros, cobrindo-o como um cobertor branco.
Harry pensou em ir ao lago. Naquele lugar tão significativo para ele. O lugar em que beijara Hermione pela primeira vez... um beijo tão bom... tão doce... ainda se lembrava dos lábios dela, de tê-la em seus braços. Andava distraído, mantendo os pensamentos aéreos quando viu a silhueta de alguém encostado na árvore, observando o lago. Parou. Será...?

- HERMIONE????

Hermione se virou, assustada. Quando viu Harry, tentou fugir, mas, afundou-se na neve.

- Harry!!!
- Por que você fugiu? Se estava viva, por que você fugiu?
Hermione deu alguns passos para trás. Queria correr. Calculava se daria tempo, mas Harry percebeu,.
- Aonde pensa que vai? – disse Harry, firmemente. – Hein? Aonde pensa que vai... porque se pensa que vai fugir novamente... está redondamente enganada...
- Ah... Harry... por favor... deixe-me fugir... você sabe que eu não sobreviveria em Azkaban... deixe-me fugir eu imploro! Eu prefiro morrer a ir para Azkaban...
Hermione se ajoelhou chorosa na neve. Cruzou as mãos como se fosse rezar e olhava para ele pedindo misericórdia.

Ah... Hermione... tão adorável. Sou eu que tenho que me ajoelhar e te pedir perdão... não você, meu amor...

Harry deu um passo para frente. Pensava em abraçá-la e acolhê-la em seus braços, dizendo que os dois ficariam juntos para sempre, mas acabou assustando Hermione em vez disso. Ela tentou fugir, dando mais passos para trás.
- Cuidado, Hermione!
Ela estava muito perto do lago, mas não viu. O último passo fê-la cambalear. Harry correu para segurá-la, quase alcançou sua mão, mas ela escorreu e caiu no lago. A fina camada de gelo se quebrou e ela se afundou na água gelada.

- Hermione!!!

Harry apoiou-se na beirada da lagoa e enfiou a mão na água. Estava tão gelada que parecia que mil facas cortavam-lhe o braço. Procurou, desesperado e quando achou a fazenda da blusa de Hermione, puxou-a para fora.

Estava roxa, mas Harry cobriu os seus lábios e soprou com força.

- Cof... cof... – ela tossiu, expelindo a água. Frio... estava tão frio.

Harry a cobriu com o casaco e esfregou suas costas para esquentá-la. Hermione se aninhou no colo de Harry, pouco a pouco, perdendo os sentidos.

Hermione acordou de mansinho. Estava quentinho agora. Protegida por grossas cobertas. Olhou ao redor para ver se reconhecia alguma coisa. Estava, novamente, na casa de seus pais adotivos, na cama de casal que fora deles.
Harry estava recostado numa poltrona, estava dormindo.
Pensou em levantar, mas não levantou. Pensou em fugir, mas não fugiu. Alguma coisa lhe dizia para ficar. Sabe aquela sensação de que tudo ficaria bem... pois é... ela sentiu alguma coisa. Quando começou a se mexer, Harry acordou.
- Não está pensando em fugir de mim, não é? – disse ele, com um sorriso maroto nos lábios.
- Harry... eu... – Hermione começou a falar, mas Harry tapou seus lábios com uma das mãos...
- Não... não vai falar nada... você vai escutar agora... – disse, ele, e com a outra mão começou a acariciar os cabelos de Hermione. Hermione acompanhou os movimentos de Harry com os olhos. Não era bem o comportamento que esperava dele.
- Eu sinto muito, Hermione. Sinto muito por duvidar das suas motivações. Eu sinto muito por ter desconfiado da sua índole. Eu sinto muito por não te apoiar quando precisou. E ter te machucado tanto com palavras, com atos... espero que me perdoe por tudo...
- Mas... Harry... eu – começou Hermione a dizer, por entre os dedos de Harry, mas de novo ele a impediu. Agora não com a mão, mas com seus próprios lábios.
Ele se enfiou embaixo do cobertor e a abraçou.
Hermione não precisava de mais nada e se apoiou nos seus braços. “Acho que eu morri. Eu morri e fui para o paraíso...”, pensou ela, sentindo uma felicidade grande invadir seu coração.
- Todo mundo já sabe de tudo. Todo mundo sabe que você é boa! Que graças a você, os elfos foram libertados... e tudo vai ficar bem melhor do que era... Ah... Hermione... você não sabe como eu fiquei feliz em ver você... eu ainda tinha minhas dúvidas, sabia... eu tinha dúvidas se você sobreviveria sem a corrente.
- Eu também não entendo... mas acho que essa é a cura, afinal, para a maldição de fio-vitae. Quando Voldemort, que foi quem me azarou, morreu, acabou libertando-me também. Estou viva... e estou curada para sempre... – disse ela... – Mas e tudo o que eu fiz? Gina, Dumbledore, Krum...?
- Não têm lido os jornais? Dumbledore e Gina estão bem! – disse Harry, acariciando os cabelos de Hermione. – Muitas pessoas morreram nesta guerra, Hermione. Krum foi uma baixa. Sinto muito, por isso, mas ele sabia dos riscos ao te capturar. E você não teve culpa, meu amor...
- Ah... Harry... quer dizer que você me perdoa? – disse Hermione, levantando-se para olhar para ele.
- Meu amor... já lhe disse... não sou eu que precisa te perdoar... é você... mas eu te perdôo, claro... se prometer que nunca mais vai fugir de mim.
Hermione sorriu... era o sorriso gracioso que ela tinha o talento de dar quando estava feliz, mas, de repente, começou a chorar, as grossas lágrimas correram pelo rosto e caíram sobre o peito de Harry.
- Por que choras, querida? – disse Harry, enxugando o rosto dela, com os dedos. – Eu queria que você fosse feliz! Depois de tudo o que você passou. Este ano... no ano passado... após todas as torturas por parte de todos que julgaram mal... eu quero muito que você seja feliz... eu quero ver você sorrindo e não chorando...
- Mas eu não estou chorando de tristeza... Harry... – disse Hermione, fechando os olhos, enquanto se apoiava na mão de Harry em seu rosto. – Eu estou chorando de felicidade... uma felicidade suprema que jamais imaginei ter novamente. Eu te amo, Harry... sempre te amei... e tudo o que fiz...
- Eu sei... foi para me proteger...
Harry trocou de posição com Hermione. Ele queria contemplá-la. E Hermione agora estava pronta para ele. Ele começou a desabotoar a blusa dela, lentamente. Não queria assusta-la. Sabia de sua pureza... tinha certeza agora, que Krum jamais a tocara... e que ela se preservara para ele.
- Eu quero você, Hermione... eu preciso de você mais do que o ar que eu respiro...
- Eu também quero você, Harry... eu te amo tanto...
- Eu amo você, Hermione Granger... sempre amei... e sempre amarei...e agora que estamos juntos novamente, ninguém vai nos separar...ninguém.... nem mesmo a morte...

Era uma profecia... Harry não sabia, mas tinha a capacidade de fazer profecias, e naquela hora... a hora que ambos tanto almejaram, Harry fez uma profecia.

Muitas coisas aconteceram depois daquele dia... muitas aventuras aconteceram.
Hermione tornou-se a nova professora de Transfiguração quando Minerva assumiu o cargo de Diretora Adjunta. Claro, Macgonagal já era diretora Adjunta, mas ela só não queria mais dar aulas, preferia passar as tardes nos jardins de Hogwarts. E era sempre fácil ver Minerva e Dumbledore de mãos dadas, apreciando as flores... os bosques...
Harry também assumiu um cargo em Hogwarts, mas não como professor. Acontece que Snape decidiu de vez que o Ministério funcionaria junto com a escola e Harry tornou-se o chefe do departamento de Aurores, liderando pessoas muito eficientes como Rony, Gina, Malfoy e Luna, seus principais agentes. Mesmo Hermione às vezes participava de algumas missões, embora preferisse dar aulas... muito mais importante, dizia ela...

Harry e Hermione casaram-se num dia de primavera. O dia mais lindo que Harry já vira. Os jardins foram todos decorados, embora não fosse tão necessário pois as flores naturais já faziam os espetáculos. Ambos escolheram a beira do lago para se casarem. Dumbledore fez o casamento claro, como a tradição mandava e, depois disso, os dois moraram durante muitos e muitos anos na “Torre de Hermione” que fora modificada para acolher o casal apaixonado. Eles tinham outras casas em outros lugares, é claro, uma em Hogsmeade, onde passavam o fim de semana, uma em Londres, para quando Harry decidia visitar os tios (meio que obrigado por Hermione que dizia para manter os laços familiares, já que ela própria não tinha família). Eram encontros agradáveis, apesar das relutâncias de Harry. Mas o lugar que mais adorava era a casa ao lado da Toca que continuava a mesma. Ali, todos os anos, no natal e durante as férias de Hogwarts, Harry se encontrava com Rony, Gina, Malfoy, Luna, Neville, Colin, Fred, George, Molly, Arthur, Tonks, Lupin, Hagrid, Gui, Fleur, Minerva, Dumbledore e outros amigos.
Foram muito felizes, por toda uma vida.

Harry e Hermione morreram juntos num dia de inverno, sessenta anos depois de sua primeira noite juntos. Era a profecia de Harry se concretizando. E por muitos séculos a estória de Harry e Hermione ficou conhecida como a estória de um amor tão profundo que nem a morte foi capaz de separar...
Estava nevando nesse dia, mas no paraíso... acontecia uma festa de alegria... para todo o sempre...


HARRY E HERMIONE PARA SEMPRE.




N/A: Espero que tenham gostado.
Durante todos esses anos, li os livros de JK esperando para ver Harry e Hermione juntos. Infelizmente, isso não vai acontecer... mas não importa. Na minha imaginação... eles sempre ficaram juntos. Pois seu amor é tão profundo que nem mesmo a morte pode separa-los...

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