Conto XVII – A prova da lealda



Conto XVII – A prova da lealdade

Nota Inicial: Conto narrado pelo Pontas, em terceira pessoa, predominantemente como narrador-observador. Rabicho e Almofadinhas contaram o ocorrido no episódio anterior aos outros dois Marotos e as mentes travessas dos garotos uniram-se para bolar um plano... Confiram mais esta perigosa aventura nas linhas que se seguem!

Remo Lupin

Estavam todos dispostos nas posições planejadas. Quando chegasse a hora agiriam. O plano parecia ser perfeito. Seria mesmo? Emoldurados pela escuridão noturna, os quatro amigos esperavam, silenciosos. Não viam nem a si próprios, posicionados como estavam entre aquelas trevas. Então ouviram um barulho de passos... era chegada a hora de agir.

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Na noite anterior, no Salão Comunal da Grifinória, sentados a um canto escondido, Tiago e Lupin ouviam calados o surpreendente relato de Sirius e Pedro.

- Eu... eu não posso acreditar... – Tiago murmurava, incrédulo; seus olhos estavam fixos em uma das janelas da torre, mas ele parecia olhar para bem além do vidro embaçado.

- Isto quer dizer que o senhor de Tíber esteve ou está no castelo – adicionou Remo, após alguns instantes de reflexão.

- Sim, foi o que concluí – respondeu Sirius, ainda olhando para Tiago.

- M-mas... Não, não consigo assimilar esta idéia... Tíber jamais mataria alguém! – Tiago exclamou, pondo-se de pé e sentando-se logo em seguida.

- Ainda há muito sobre este elfo. Coisas das quais não temos conhecimento. Ele não pode ser simplesmente um pobre e inocente elfo, Tiago – falou Remo, lentamente, para o amigo.

- Mas também não podemos tirar falsas conclusões, não é mesmo? Ele está cumprindo as ordens do seu senhor... O que ele mandar, seja o que for, o elfo tem que cumprir – respondeu Pedro à acusação de Remo Lupin.

- Tudo está muito confuso. Nós não podemos simplesmente continuar com estas especulações. Temos de ter uma certeza. E, quando tivermos uma acusação fundamentada em provas, havemos de informar o diretor – disse Sirius, enquanto passava a mão por seus longos e negros cabelos.

- Por mais bizarro que isto possa parecer, nós temos que entrevistar o elfo! – exclamou Pedro, um pouco mais alto do que devia, chamando a atenção de um grupo de garotas sentadas à outra ponta do salão.

- Shhh! – silenciaram Remo e Sirius o garoto.

- Você não está falando sério, não é? – indagou Tiago, com um quê de descrença.

- Pense bem... é a única saída. Temos de ficar sabendo pelo próprio elfo o que ele está tramando. Há “acusação mais bem fundamentada” do que esta? – disse Pedro, fazendo aspas com os dedos ao citar as palavras de Sirius.

- Não, mas... como você acha que faríamos isso? Tíber, por mais que eu acredite em sua inocência, nada vai me contar se esta for a ordem do seu senhor – Tiago dizia, nervoso.

- Não sei se a palavra exata seria “entrevista”, mas que temos de fazer algo deste tipo, não há dúvidas – Remo concluiu, abrindo a sua mochila e apanhando pena e pergaminho – Por onde começaremos?

- De que você está falando? – espantou-se Tiago, olhando para Remo Lupin, à medida que o segundo molhava a ponta da pena em um tinteiro.

- Oras, vamos bolar um plano! O elfo não deve nos contar espontaneamente. Isto é, se ele nos contar alguma coisa! – respondeu Remo, visivelmente excitado com a sugestão de Pedro – Alguma idéia?

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Já era madrugada quando um extasiado Lupin sorriu para os adormecidos Tiago e Pedro e para um sonolento Sirius Black:

- Terminamos! – e vendo que os seus amigos não pareciam estar sequer ouvindo-o, completou – Quero dizer, eu terminei.

- Anh... – começou Sirius, em meio a um bocejo – Vamos dormir, agora?

- Vocês não querem revisar o plano comigo? – exclamou Remo, indignado.

- Cara, não estamos em condições nem de ficar em pé! Vamos dormir, vai... – implorou Sirius, os olhos lacrimejando de sono.

- O.K.! – desistiu Lupin, antes de completar – Mas você leva o Pedro...

Nisso encaminhou-se até a poltrona em que Tiago dormia; colocou-o de pé, apoiou o braço daquele em seus ombros e, desta forma, caminharam juntos em direção à escadaria que levava ao dormitório masculino.

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Hora do almoço. Após uma movimentada manhã de aulas, os alunos de Hogwarts encaminhavam-se, famintos, ao Salão Principal para terem aquele banquete que só os elfos da escola sabiam fazer. Os quatro garotos, entretanto, encontravam-se espremidos em uma sala entulhada de velhas cadeiras e mesas de estudo.

- Este é o nosso plano e os pontos em vermelho indicam as nossas posições – informou Remo Lupin, entregando aos amigos pergaminhos idênticos, tendo como a única diferença a posição em que um pontinho vermelho de tinta brilhava em cada um deles – Fiz algumas cópias hoje mais cedo com o Feitiço Auto-replicante e enfeiticei a tinta vermelha para que ela cintilasse.

Os garotos ficaram espantados com o trabalho de Lupin: estava perfeito.

- Nossa... Como você conseguiu fazer tudo isso sozinho? – exclamou Pedro, depois de ter lido o que o pergaminho continha.

- Força de vontade – respondeu Remo, insolente.

- Deixe-me ver se eu entendi direito. Você quer que o Sirius envie uma carta ao elfo, fingindo ser o seu senhor, e ordenando que Tíber vá aos jardins de Hogwarts à meia-noite... – começou Tiago, olhando para Lupin, que confirmou.

- Então nós fugiremos, de alguma forma, do castelo para os jardins e nos colocaremos nas posições indicadas pelos pontos em vermelho – completou Sirius, checando tudo no pergaminho que recebera.

- Se o elfo aparecer... hm... Remo, eu não me lembro muito bem como era a voz dele. Você lembra, Sirius? – interrompeu Pedro a revisão do plano.

- Não... só que era gélida e distante – completou o outro, parecendo preocupado.

- O Feitiço da Voz Dissimuladora deverá nos auxiliar. Deixar a voz gélida e distante, pelo menos, eu sei que o feitiço fará – completou Lupin, sem aparentar preocupação.

- Não sei... está fácil demais. Por que Tíber atenderia ao chamado de uma carta, conversaria com uma voz e, de quebra, daria informações sobre os seus planos? Ele não é burro assim – retrucou Tiago, franzindo a testa.

- É, Remo... ele poderia achar estranho... por não estar vendo o seu mestre e tudo mais... – Pedro dizia, começando a achar que o plano não calharia.

- Não... temos de correr o risco! Não podemos já ir pensando que vai dar tudo errado... Eu, simplesmente, não sei como o Sr. Coaty é, então não há como criar uma imagem virtual. E por mais que o Tiago possa descrevê-lo para nós... Pense bem, ele devia estar morto, não é? Com certeza, está diferente – Remo dizia aos amigos, torcendo que fosse convincente.

- O.K.! No que depender de mim, corro o risco – concluiu Sirius, pondo a mão no ombro de Lupin, em meio àquele aperto das cadeiras e mesas, em um sinal de apoio.

- É... a gente se arrisca – manifestou Tiago o seu sinal de apoio, sendo seguido por Pedro no gesto de confiança ao plano do amigo.

Lupin sorriu, embora seu rosto demonstrasse ansiedade e suas mãos, indiscretamente, suassem.

- Realmente, espero que dê tudo certo – e com esta frase Remo concluiu a conversa, retirando-se da sala apertada junto com seus amigos.

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- Shhh... vem alguém aí – sussurrou Tiago, em meio à escuridão que se alastrava pelos jardins do castelo.

Tiago e Pedro, segundo os planos de Lupin, deviam se posicionar no perímetro do Lago Negro, e levaram isto tão a sério que se encontravam agora escondidos atrás de alguns arbustos, os pés mergulhados na fria e rasa água do lago naquele ponto.

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A alguns metros dali, escondidos atrás de uma muralha de troncos de árvores, encontravam-se Lupin e Sirius. Os dois também se encolheram e silenciaram ao ouvirem a marcha.

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Passados alguns instantes, os quatro garotos perceberam a quem pertenciam os passos. Uma vela acendeu-se e a escuridão deu um pouco de espaço à luz que iluminou o espantado rosto de Tíber, o elfo.

No mesmo momento, Lupin encostou a ponta da varinha em sua garganta e murmurou: Vocal Aleivus.

Quando o elfo parou nas proximidades do lago olhando em todas as direções à procura de seu senhor, Lupin falou em alto e bom som:

- Tíber...- e a sua voz soou gélida e distante, embora ainda carregasse algo do timbre do garoto de 12 anos.

- M-meu senhor? – o elfo assustou-se.

- Estou aqui... escondido. Preste bem atenção as minhas palavras – Lupin dizia, nervoso, a mão que segurava a varinha suando excessivamente.

- M-mas... meu senhor... Tíber queria saber... por que não se mostra? – o elfo disse aquelas palavras e seus olhos brilharam ao ouvi-las sendo pronunciadas. Tiago, percebendo tal brilho, assustou-se.

- Tíber, elfo desobediente, eu disse para ouvir com atenção! Não quero intromissões! – Lupin exclamava com autoridade, tentando expressar o que um senhor sentiria ao ser desobedecido.

- Mas, meu senhor, Tíber não está interrompendo... – o elfo olhava de um lado para o outro, meio que tentando focalizar todo o jardim em um único quadro.

Tiago estava irrequieto atrás dos arbustos. Achava que o elfo agia estranhamente. Pedro, ao seu lado, não manifestava sinal de vida: duro e silencioso como uma rocha.

- Quero saber se você me entendeu bem... da última vez que nos falamos. Te ordenei que matasse um aluno. Dentro desta escola. Algum sucesso? – Lupin fingia, lembrando-se do relato feito por Sirius e Pedro e do diálogo ensaiado na noite anterior.

- Tíber não... Desculpe, mas Tíber não precisa responder – o coração dos quatro garotos pararam ao ouvir aquelas palavras. Inexplicavelmente, os olhos de Lupin encheram-se de lágrimas – Tíber só obedece a um único senhor.

À luz da vela que se consumia, o rosto do elfo exprimiu um sorriso astuto.

Tiago, assistindo toda aquela cena por entre as brechas de um dos arbustos, não podia acreditar no que ouvia. Tíber estava se mostrando um indivíduo esperto e completamente leal. Parecia mesmo disposto a matar por seu mestre.

- Do que você está falando? Sou eu, Nilton Coaty, seu mestre! Você me deve obediência! – Sirius, de olhos arregalados, suspirava nervosamente ao lado de Lupin, enquanto este dizia tais palavras.

- Tíber vai matar pelo mestre. O mestre de Tíber pediu e Tíber vai cumprir. Tíber tem quatro escolhas – e, antes mesmo que os quatro amigos pudessem pensar em agir, o elfo abaixou-se com destreza e lançou com força uma pedra apanhada no chão em direção a um dos arbustos.

A pedra disparou veloz pelo ar. Atravessou a camada de folhas e chocou-se com algo duro. O surdo som de osso e pedra se chocando dissipou-se pelo ar.

Pedro horrorizou-se quando um líquido vermelho esguichou sobre seu rosto. Tiago caíra no chão, inconsciente, o lado direito de sua cabeça, sobre a orelha, coberto por uma porção de sangue que jorrava sem parar.

Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Antes de tudo quero avisar que este conto terá uma continuação. O próximo conto maroto se iniciará exatamente no ponto em que este terminou. Esperem para ver!

# Esclarecimentos sobre Tíber. Bem, na verdade não posso esclarecer nada sobre ele, ainda. Ele é a incógnita da trama. Só posso afirmar que nenhuma conclusão sobre o Tíber até este ponto da trama pode ser considerada uma verdade absoluta.

# Tiago e Pedro, segundo os planos de Lupin, estavam ali posicionados para o caso de alguém encontrar os outros dois marotos “pelas costas”. Já que estavam de costas dadas para o Lago, não correriam os mesmo riscos de serem pegos de surpresa. Estando ali, Tiago e Pedro poderiam avisar aos outros dois caso alguém viesse ou, até mesmo, ajudá-los se fossem realmente pegos.

# Sirius estava ao lado de Lupin como um apoio “de memória”. Caso Lupin, no nervosismo, esquecesse algo que deveria dizer, o maroto o lembraria.

Bem, desculpem por mais uma vez demorar a postar um conto. Tempo livre está se tornando raro para mim. De qualquer forma, três leitoras desesperadas me apressaram para escrever o conto e cá está ele.

Espero ter agradado! ^^

Um abraço.

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