Conto XVI – Voz sem corpo



Conto XVI – Voz sem corpo

Nota Inicial: Conto narrado por mim, Aluado, em terceira pessoa, mas com contribuições de Rabicho e Almofadinhas. As coisas começam a esquentar. Ao que parece, se Maomé não vai a montanha... Leiam e divirtam-se!

Remo Lupin

O dormitório masculino dos segundanistas da Grifinória iluminou-se quando meia dúzia de velas acenderam-se. Pedro entrou pela porta, alvoroçado, varinha em punho, e avançou até a cama de Tiago.

- Acorda! Acorda! Você não vai acreditar... – dizia ao amigo, ao mesmo tempo em que o sacudia pelos ombros. Tiago abriu os olhos, abobalhado, e respondeu:

- O que diabos você quer? Deixe-me dormir.

- Você não dormiria tranqüilo se soubesse que temos um lobisomem em Hogwarts! – bradou Pedro, trêmulo.

- Um lobisomem? Foi um pesadelo, Pedro. Volta a dormir, vai... – respondia Tiago, incrédulo, voltando a se cobrir com as grossas mantas.

- Não foi pesadelo coisíssima nenhuma – e então marchou até a cama de Sirius – Cara, acorda! Preciso contar algo pra vocês!

Ao contrário do outro, Sirius logo abriu os olhos respondendo:

- Espero que não seja nenhuma bobagem.

- Não, não é. Agora, me ajuda a levantar o Tiago e o Lupin – falou, enquanto andava em direção à cama de Lupin.

“Vamos, Tiago... Ele não vai nos deixar dormir enquanto não falar o que quer...”, Pedro abria o cortinado da cama de Lupin e escutava Sirius falar.

- CADÊ O LUPIN? – esganiçou Pedro, ao se deparar com uma cama vazia e arrumada.

- Ué? Ele está aí, não? – Tiago levantou-se no mesmo instante, aproximando-se da cama vazia – Cadê o Lupin, Sirius?

- E eu que vou saber? – respondia o outro, ainda mais assustado.

- Oh! Por Merlim... não acredito! – Pedro começou a choramingar.

- O que houve, cara?

- O Lupin morreu! O lobisomem estava comendo carne... Não, não pode ser! Que desrespeito o meu! Joguei o corpo dele para longe! – Pedro tremia-se todo, seu rosto completamente vermelho.

- Morreu, lobisomem, carne? – Tiago e Sirius bradaram – De que diabos você está falando?

- Vamos para o Salão Comunal. Deve estar vazio... podemos acabar acordando alguém se eu for contar aqui.

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- Então o que eu vi ano passado era um lobisomem... Lembra que eu te falei sobre isso, Sirius? – perguntava Tiago, aturdido.

- Claro... e ele se alimentava de... espere! Eram cordeiros, Pedro! O Lupin não serviu de alimento para lobisomem nenhum! – Sirius exclamou em um tom que se encaixava entre o alívio e a comicidade.

- M-mas... Onde ele está, então? – perguntava Pedro, cada vez mais sem nada entender.

- Não tenho a menor idéia... quem sabe, saiu para dar uma volta pelo castelo com a minha... bem, saiu para dar uma volta pelo castelo, talvez – falou Tiago velozmente, como quem emenda uma idéia mal concluída – Mas, querem saber? O que mais me preocupa é o porquê do tal lobisomem estar solto. Ano passado, cumprindo a mesma detenção, não havia rastro de monstro nenhum quando eu e o Filch descemos para apanhar os restos de carne.

- Não sei... não sei... Só acho que nunca mais vou conseguir dormir – lamentava Pedro, dramaticamente.

- Deixa de drama, cara. Você até o fez de cachorrinho – sorria Sirius, tentando tornar aquilo tudo em algo um pouco menos preocupante.

- Sim... por isso mesmo que estou com tanto medo – encerrou Pedro, afundando-se na poltrona.


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- Onde você se meteu? – foi a primeira coisa que Tiago perguntou a Lupin quando o viu acordado no outro dia pela manhã.

- Nossa! Você está aí! Para onde tinha ido ontem à noite? – indagou Pedro, saindo do banheiro com a escova de dente na mão e os lábios melados de espuma.

- Anh... por que perguntam? – Lupin deu de ombros.

- Por que perguntamos? Você não estava na cama ontem à noite! E nesta mesma noite o Pedro foi atacado por um lobisomem! – exaltou-se Sirius, calçando os sapatos.

No mesmo instante, Lupin corou. Seu rosto sempre pálido assumiu um tom cor-de-maçã e ele, meio sem jeito, respondeu:

- E-eu... estava dando umas voltas pelo castelo. Sozinho – respondeu o garoto, apanhando ele também a sua escova de dente e creme dental.

- Por que corou? – observou Pedro.

- Corei? ATCHIM! – soou estranhamente um espirro – O ar frio da noite me pegou. Estou gripado – e nisso se esgueirou para o banheiro.

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- Eu NÃO acredito que me ferrei por sua culpa! – dizia um Sirius furioso, andando velozmente pelos corredores de Hogwarts.

- Ah, nem vem... O professor Slughorn que estava muito exaltado hoje – respondia Pedro, alguns passos atrás.

- Claro que não estava exaltado! Você fez aquela besteira aula passada e levou detenção! Hoje, trabalho em pares, tenho o azar de ficar com você. E você faz a mesma besteira de novo! Você não sabe ler? – bradou Sirius, parando abruptamente e fazendo com que Pedro se chocasse com ele.

- Ah, desculpa... eu não sou muito bom em poções – respondia Pedro, de cabeça baixa.

- Mesmo? – e soltou ar pelas narinas – Agora estou de detenção, indo à sala da McGonagall para saber o que diabos vou ter que fazer, por sua culpa! E, de quebra, ainda vamos perder uns pontinhos para a Grifinória!

- Como se tivéssemos tantos pontos assim... – lembrou Pedro, passando pelo Salão Principal e olhando para as ampulhetas que marcavam a pontuação de cada Casa. Grifinória estava em terceiro lugar.

- Pois é! Mas você não pensou nisso, não é mesmo? – exclamou o outro, apressando o passo em direção à sala da diretora da Grifinória.

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Tinham chegado ao quinto andar. Só mais três lances de escada (dois menores e um maior) e alcançariam o sétimo andar, onde se encontrava a sala da Profa. McGonagall. Se ela não estivesse presente, segundo a recomendação de Slughorn, teriam de esperar fora.

Mas eles nem chegaram a atingir a sala da diretora. Quando passavam por um dos inúmeros corredores de Hogwarts, ouviram vozes. Duas pessoas conversavam. A primeira voz era grave, embora distante, a outra, respeitosa e ínfima. Vinham de uma sala inutilizada.

- Então foi assim que tudo se sucedeu? – falou a voz grave – Hmm... e o garoto, morto?

- Não... não houve tempo. O diretor e o zelador apareceram. Espantaram o monstro – respondeu a outra voz, em tom servil.

- Como não morreu? Você não compreendeu as minhas ordens? – soou ameaçadora a voz grave.

- Compreendi, senhor... m-mas...

- Não me chame de senhor, alguém pode ouvir.

Pedro e Sirius, lá fora, estavam estagnados; ouvidos colados à porta de madeira.

- Sim...

- Pois bem, escute-me. Quero que você provoque uma morte dentro desta escola. Eu preciso disto. Está me compreendendo?

- Sim, sen... estou.

Os olhos de Pedro, lá fora, se arregalaram e o garoto, sem querer, deixou escapar uma exclamação assustada. Quase inaudível, porém, o suficiente para fazer a voz grave dizer:

- Vem alguém aí. Tenho que ir. Saia por este corredor discretamente – ordenou a voz grave e um barulho de passos pôde ser ouvido.

Sirius e Pedro dispararam pelo corredor, o barulho dos seus passos ecoando pelas paredes do castelo. Para a sua sorte, havia uma esquina bem ali. E eles dobraram, ocultando-se atrás de uma estátua velha. De onde estavam, ouviram o ranger de uma porta se abrindo e, logo depois, o ruído de alguém caminhando pelo corredor; vinha na direção deles.

Os dois garotos se encolheram ainda mais atrás da estátua de pedra, posicionados, entretanto, de uma forma que pudessem ver quem passava, seja lá quem fosse.

Então viram. Um elfo doméstico acabara de dobrar a esquina. Vestia trapos, sujos e rasgados, e carregava consigo uma expressão de terror. Antes mesmo que Pedro pudesse cochichar a Sirius quem ele achava que o elfo era, ouviram uma voz nervosa:

- Tíber vai fazer, meu senhor... Tíber vai fazer...

Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Particularmente, e desculpem-me a falta de modéstia, eu adorei esse conto! Depois de duas semanas sem digitar nada, consegui fazer o conto XVI!

# O erro de Pedro na aula de Slughorn: preparando a Poção das Pernas-Bambas (sim, há também uma poção) interpretou “quatros pernas de sapo” como, somente, quatro pares de pernas de sapo. Deu no que deu.

# A detenção de Pedro e Sirius será algo leve, que em nada afetará a história: limpar a sala dos troféus durante três dias.

# Talvez vocês tenham percebido isto, mas vale lembrar: acho que deu para perceber que, no momento, o melhor amigo do Tiago é o Lupin, não é?

Bem, é isto. Não tenho muitas notas a acrescentar neste conto, senão acabo contando o que não devo.

Espero que tenham curtido tão quanto eu curti!

Obrigado e até a próxima! ^^

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