Conto VII – Uma visão demasiad



Conto VII – Uma visão demasiada estranha

Notas iniciais: Desta vez o conto será narrado em terceira pessoa por Pontas, que será narrador onisciente, logo, estarão incluídos todos os seus pensamentos e impressões sobre o estranho acontecimento que irá ocorrer. Talvez alguns achem este conto um pouco assustador, porém outros podem achá-lo até engraçado, porém, gostaria de lembrar, para um garoto de onze anos o fato ocorrido foi realmente aterrorizante.

Remo Lupin


Chegara o sábado da detenção e Tiago Potter ainda não perdoara Lupin por sua traição. Todo o seu interior berrava “Não suporto mais não falar com o Lupin”, porém o seu orgulho e uma parte oculta em seu cérebro lhe diziam “Você está em detenção por culpa dele!”. Já era noite quando a narrativa abaixo ocorreu:


- Boa noite, Tiago. Nos vemos mais tarde, tentarei ficar acordado – disse Sirius com uma voz fraca e cheia de sono.

- Não precisa me esperar. É melhor que você durma, está muito cansado – falou Tiago, enquanto apanhava um casaco – Boa noite.

Ao atravessar o buraco do retrato com um salto, Tiago percebeu que a sua sina começaria muito antes de chegar na sala de Filch. Ele odiava andar por aqueles corredores sozinho e isso ficava bem pior quando eles estavam frios e escuros. Atravessando um terceiro lance de escadas e espreitando por uma ala cujas paredes eram encobertas de quadros de mulheres fiandeiras, ele dobrou mais um corredor e avistou a alguns metros à frente a porta da sala de Filch.

Sentiu uma crescente onda de medo apossar-se dele sem ao menos saber o porque. Parecia estar caminhando para o seu fim, não conseguia compreender porque se sentia daquela forma. Alcançando a porta empoeirada, bateu levemente na madeira.

Ninguém respondeu.

Deu mais duas batidas ocas e um frio silêncio foi a sua resposta. Apoiando a sua mal no trinco metálico, girou-o para a direita e com um ‘craque’ a porta se abriu. Empurrou-a um pouco, espreitando pela brecha formada, e espiou o interior da sala.

Era grande e entupida de estantes altas e enegrecidas por camadas de pó. Estava mal iluminada por toquinhos de vela que pendiam dos cantos de parede. A maior fonte de luz visível era um pequeno candelabro com velas de chama azulada sobre uma escrivaninha de madeira desgastada. Pendendo do teto estavam correntes enferrujadas e presas à parede imediatamente atrás da banca estavam diversos equipamentos de tortura, presos ali por anéis de aço. Por mais incrível que parecesse, aquela era a única parede limpa e bem cuidada.

O que aconteceu em seguida fez o seu coração parar. Uma mão fria e esquelética tocou-lhe o ombro e, depois de dar um grito de espanto, virou-se, encarando os olhos fundos e vazios de Argo Filch; Madame Norra, a sua gata, em seu encalço.

- Soube que você estaria aqui em detenção, Sr. Potter, espero que não esteja com sono – falou Filch, um sorriso amarelado formando-se em sua face.

- N-não estou – respondeu Tiago, ainda se recuperando do susto – O que exatamente irei fazer?

- Ah, Sr. Potter! Você não ficará ansioso para começar quando eu lhe disser – respondeu Filch, parecendo incrivelmente contente – Você nem pode imaginar.

- E você não pode me contar? – perguntou Tiago, meio irritado.

- Ah, claro que posso. Entretanto, gostaria que você aguardasse um pouco aqui. Preciso resolver uma coisinha no primeiro andar – acenou para a sua gata – Madame Norra poderá lhe fazer companhia.

Logo após ter se sentado em uma poltrona velha na sala do zelador, na companhia daquele material sujo e de uma gata aborrecida, Tiago mal poderia imaginar que detenção o aguardava e, pior ainda, não poderia imaginar o que estava para acontecer.

Os olhos da gata do zelador brilharam maldosamente no brilho fraco das velas e refletiram uma lua cheia que pairava sobre nuvens espessas no céu escuro de Hogwarts. Tiago, que não podia se segurar de tanta ansiedade, levantou-se de sua poltrona e começou a caminhar lentamente sobre aquela estranha sala, sob o olhar atento de Madame Norra.

Enquanto caminhava podia ver através das janelas embaçadas a lua pairando sobre os jardins da escola, o lago mais adiante e, perdendo-se em meio à escuridão, alguns vestígios de luz indicavam Hogsmeade e a sua estação de trem. Então, no momento em que ia se virar para se encaminhar ao lado oposto da sala, ele viu.

Arrastando-se, solitário, pelos jardins escuros da escola havia uma criatura horrivelmente apavoradora. Pelo que Tiago conseguia avistar, o ser possuía olhos grandes, brilhantes, com a pupila amarelada, e inchados; vermelhos. Encoberto de pêlos espetados e escuros, o ser arrastava-se velozmente lá embaixo. Era quadrúpede e movia-se com determinação, como se estivesse se encaminhando a algo muito desejado.

Os olhos de Tiago desviaram-se do ser infernal para um ponto mais à frente, onde um outro corpo contorcia-se no chão; parecia ser um animal ferido e Tiago quase tivera certeza que, mesmo naquela distância, tinha ouvido o último gemido daquela criatura, antes de ter sido destroçada ferozmente pelo outro.

Lágrimas banharam os seus olhos e as suas pernas tremiam incontrolavelmente. Seus punhos estavam fechados com tanta força que as suas unhas já rasgavam as palmas de suas mãos. Não conseguia imaginar que tipo de criatura era aquela, nem porque ela estava em Hogwarts, só conseguia pensar em uma coisa: preciso contar isso para alguém.

Com este pensamento, virou-se para a porta da sala de Filch e, quando fez menção de dirigir-se a ela, Madame Norra jogou-se de algum ponto escuro e guardou-a atrás de si. Seu olhar dizia com todas as letras “Você não vai passar”.

Mal Tiago tinha apanhado a varinha do bolso de sua calça e feito alguns floreios no ar, a porta se abriu com um estrondo. Filch ali estava, trazendo consigo duas pás de ferro.

- Pronto. Está na hora de cumprir a sua detenção – falou, sem perceber que o garoto empunhava uma varinha. Tiago ficou contente ao perceber a distração de Filch e já enfiava o cabo da varinha em seu bolso quando Filch falou – Não pense que não vi isto garoto! Acho que atacar a minha gata não ia melhorar muito as coisas para você.

- M-mas... Eu precisava falar com você! Por isso eu ia atacá-la, precisava passar pela porta e avisar que há um monstro solto em Hogwarts! Ele atacou um animal, o estraçalhou para ser mais exato – disse Tiago, a imagem aterrorizante voltando a pairar em sua mente.

- Eu sei. – disse Filch com uma voz rouca – Eu também vi. Já era de se esperar – continuou em um resmungo baixo – Vamos, é hora de enterrar aqueles cordeiros.

- C-cordeiros? A-aqueles? – falou Tiago, espantado com a idéia de que teria havido mais que um ataque – Havia mais de um monstro?

- Não! – respondeu Filch assustado – Um já é demais! Maldito! Não agüento mais enterrar a ossada de cordeiros todo mês.

- V-você... você o está alimentando? – perguntou Tiago, sem poder acreditar no que ouvia.

- Ordens de Dumbledore, meu caro, ordens de Dumbledore – e nisso empurrou a pá na direção de Tiago – Chega de conversa, está na hora de fazermos o papel de coveiros.


Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Como vocês puderam perceber, a detenção de Tiago Potter foi enterrar os restos dos esqueletos de cordeiros. Essa foi uma atividade extremamente assustadora, pois a carne dos cordeiros já parecia ter entrado em estado de putrefação e o seu cheiro era incomensuravelmente insuportável.

# Ao todo, doze cordeiros serviram de alimento para a criatura quadrúpede e peluda.

# Espero que vocês tenham entendido que todo o ocorrido foi planejado. Filch sabia muito bem que a criatura atacaria doze cordeiros, assim como Alvo Dumbledore.

# Sirius estava dormindo em uma poltrona aveludada quando Tiago chegou ao Salão Comunal da Grifinória, absurdamente assustado e fedendo a sangue e lama, e contou-o tudo o que aconteceu.

# Uma observação sobre Argo Filch: o zelador também estava em estado de choque; ele não suporta a idéia de ter que enterrar cadáveres mutilados todo mês e foi por esse constrangimento que ele deixou algumas informações confidenciais escaparem.


Eu, particularmente, adorei este conto! Curti muito o modo como descrevi a sala de Filch e também a surpresa de Tiago ao saber que o zelador já sabia de tudo aquilo.


Espero que vocês tenham gostado também e até outro conto!


Abraços...

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