Conto XVIII – Socos e pontapés



Conto XVIII – Socos e pontapés

Nota Inicial: A presente narrativa nada mais é do que uma continuação do conto dezessete. Esta parte da história inicia-se exatamente onde o conto anterior se encerrou. Entretanto, ao invés da narração ser do Pontas, o responsável por vos contar mais este episódio é o Almofadinhas, em primeira pessoa. Os Marotos, enfurecidos, estão a todo vapor.

Remo Lupin

- Por Merlim, Tiago! ELFO MALDITO! – foi a primeira coisa que escutei, logo após um baque surdo atingir os meus ouvidos. Pedro, escondido atrás de uns arbustos próximos ao lago, estava de pé, o rosto respingado de sangue, tomado de um furor irrefreável.

Sequer cogitei pensar que o nosso colega grifinoriano tivesse sido burro o suficiente de mostrar-se e estragar o nosso já falho plano. Pedro estava melado de sangue e se Tiago até então não se manifestara...

- Tíber não... Tíber só... – soluçava o elfo, as pernas trêmulas, mordendo os nós dos dedos.

Saí de onde estava e marchei até os arbustos em que Pedro, até alguns instantes, se ocultara. Meus olhos lacrimejaram com a cena que vi.

Tiago estava caído no chão, inerte, a cabeça encharcada de sangue. Os seus olhos estavam abertos, sem foco, sem brilho. Ao seu lado, uma maciça pedra melada por um líquido vermelho: o sangue do meu melhor amigo.

Agi sem pensar. De onde estava, virei-me bruscamente e pulei sobre o elfo. Tíber não esperava. Caiu no chão e entregou-se as minhas agressões. Nunca havia batido em alguém como o fazia naquele instante.

Meus punhos moviam-se velozes, atingindo todo o rosto do elfo com força e ruído. Remo não se demorou a perceber o ocorrido e juntou-se a mim, chutando as costelas do elfo sem dó algum. Dizíamos:

- MALDITO! MALDITO! O QUE PENSA QUE ESTAVA FAZENDO, EINH? – em meio a socos e chutes descentrados, atingindo o corpo do elfo onde podíamos atingir – PEGA ESSA! E MAIS ESSA...

Pedro, entretanto, continuava imóvel. Embora o seu rosto expressasse ódio e repugnância a Tíber, o garoto não se juntou a nós. Caiu sobre o corpo de Tiago e, com suas vestes, começou a limpar o ferimento:

- Sirius... Remo... não pára de sangrar... não pára de sangrar... – seus olhos lacrimejavam, enquanto ele nos encarava, pedindo, claramente, socorro.

O elfo já não mais conseguia falar. Gemia, murmurava coisas sem sentido, sofria espasmos de dor, até que se calou. Eu e Remo paramos de espancá-lo no mesmo instante. Tíber estava caído de costas, imóvel e em silêncio. O único sinal que alertava que continuava vivo era a sua ruidosa respiração.

Mas foi aí que uma sombra prateada perpassou sobre nossas cabeças. Veloz, mas perceptível. E um fantasma bem vestido pousou a alguns metros de nós. Não tive outra reação:

- Por favor... nos ajude! Este elfo... este elfo quer nos matar! Atingiu meu amigo com uma pedra! Ele está morrendo! – bradei, apontando para o arbusto em que Pedro cuidava de Tiago.

E uma voz gélida e distante soou:

- Em que posso ajudá-los?

- Nosso amigo. Ali! – Remo gritou, apontando para o arbusto. Pedro surgia de trás da moita, arrastando, a muito esforço, Tiago Potter.

- Hmm... muito bom – exclamou o fantasma ao avistar o garoto desmaiado – Mais um fantasma para Hogwarts? Se ainda houver Hogwarts...

Eu mal podia ouvir o que o fantasma dizia. Toda a minha atenção volta-se para o corpo imóvel de Tiago, carregado por Pedro. Ouvi Remo dizer:

- Como assim se ainda houver Hogwarts?

E uma gargalhada fria e aguda soou pelo jardim escuro. Os olhos do fantasma brilharam diferentes quando este falou:

- Vocês estão se metendo com os indivíduos errados. Deixem o seu amiguinho aí que cuidarei muito bem dele. Farei por onde encontrem-no.

- Do que você está falando? Ele vai morrer se não o acudirmos agora! – exclamei com furor. Pedro continuava mudo, enquanto tentava nervosamente estancar o sangue que emergia sem cessar.

- E quem disse que ele quer ser acudido? E quem disse que eu vos irei ajudar? Saiam daqui. Estes assuntos não vos interessam – e flutuou até onde o elfo encontrava-se desmaiado – Veja o que fizeram com o pobre Tíber. Tanto sofreu durante este ano. E por obediência.

Então, em um instante de lucidez, Remo pareceu entender. Seus olhos esbugalharam-se em espanto, ao mesmo tempo em que seus lábios formavam um sorrisinho maroto.

- Você é o Sr. Nilton Coaty – e seu tom não exprimia nenhum tipo de dúvida. Pelo que eu podia ver, Remo tinha certeza do que dizia.

- Sim, eu sou – o fantasma disse, respondendo a uma inexistente indagação – Mas em que isto lhe cabe?

- Você... você... você é o mestre do Tíber! Foi você quem ordenou que o elfo matasse um aluno! – exclamei, encarando os olhos fundos e opacos do fantasma prateado.

- E, provavelmente, foi quem mandou que Tíber roubasse as nossas malas – Pedro falava pela primeira vez desde que começara a cuidar de Tiago. Soluçava.

- Como vocês podem saber de tanto? – a voz fria do fantasma soou espantada e, pela primeira vez, receosa.

- Não somente nós, mas toda a escola, anda desconfiada do seu elfo. Afinal, se Tíber é seu, o que ele faz aqui? – Remo perguntou. Mais uma vez, fazia a pergunta certa, da maneira certa, no momento certo.

- Eu realmente não precisaria contar o que estou para contar se o meu Tíber tivesse tido competência. Porém, quatro mortos estão muito além dos meus planos. Seria uma catástrofe maior. E Tíber poderia até ser afortunado por, mesmo sem querer, ter provocado esta situação – e o fantasma retirou de suas vestes uma esfera brilhante de aspecto vítreo; era imaterial e expelia de si uma série de raios de energia transparente. Apontou-a para mim, Remo e Pedro e nós três fomos lançados contra a barreira de árvores atrás da qual eu e o Lupin nos escondemos mais cedo. Antes que eu pudesse agir, as raízes das árvores eclodiram do solo e ataram nossos membros. O fantasma prosseguiu:

- Alvo Dumbledore. Não dá para compreender como tal homem possa ter recebido o título de diretor de Hogwarts! Um homem maluco, sem conhecimento dos métodos avançados de educação bruxa e incapacitado em todos os sentidos de dirigir uma instituição de ensino – a voz gélida soava vazia pelos jardins agora iluminados somente pelo brilho prateado do fantasma – Como retirá-lo deste posto? Foi uma pergunta pela qual morri tentando achar resposta. Porém, só depois de morto, pude perceber a obviedade do meu erro. A pergunta estava errada. O correto seria “Como fazê-lo abandonar este posto?”.

Eu começava a compreender. O Sr. Nilton Coaty, ao que tudo indicava, sempre quisera ser diretor de Hogwarts e, não conseguindo o cargo, guardava uma mortal inveja do atual diretor, Alvo Dumbledore.

- Morto, não necessitava dos cuidados de Tíber. O elfo, porém, vinculava-se a mim, já que escolhi tornar-me fantasma. Não apareci publicamente até ter certeza de que ele estava realmente instalado dentro da escola. Desde então, ele vem cumprindo as minhas ordens – e parou por um momento, olhando para o corpo do elfo jogado no chão - Acidentes, sumiços, tragédias geram pressão popular. Foi e é isto que venho causando. Primeiro as malas. Depois a tentativa de realizar o feitiço do mal-estar universal. E agora, a morte de um aluno – o fantasma flutuava sobre o corpo do elfo e, à medida que falava, apontava a esfera brilhante para a criatura. Tíber aos poucos se reanimava.

- O que você quer dizer com feitiço do mal-estar universal? – Pedro deixou escapar, enquanto tentávamos nos livras das raízes grossas que nos atavam.

- Vocês não souberam? – e o Sr. Coaty gargalhou tão imensamente que nós todos nos arrepiamos – Pedi ao Tíber que juntasse as vossas bagagens em uma sala. Iríamos realizar um ritual. Todos os alunos cujas bagagens estivessem naquela sala ficariam doentes. De pestes mortais, incuráveis... seria uma epidemia! – os olhos opacos de Nilton Coaty brilharam intensamente, então em sua face se fez uma expressão triste – Mas Tíber falhou. O transporte de tantas malas para a sala chamou a atenção e um monitor da Corvinal o denunciou. Era o fim de mais um plano.

- Mas... não compreendo! Por que não nos solta? Por que insiste em perturbar a vida de nós, alunos? – Lupin exclamava ao meu lado, os punhos cortados devido à força com que as raízes o atavam.

- Derrubar Dumbledore, meu caro! A pressão popular o derrubaria! E sabem quem é o cotado para ser o próximo diretor? Nilton Coaty! O fantasma que vos fala! – Tíber erguera-se do chão e caminhara na direção de Tiago, que se encontrava com o rosto virado para o chão, a parte que sangrava disposta para cima.

- Nem pense em tocá-lo – eu bradei, tentando, de forma inútil, me erguer e avançar contra o elfo ferido. As raízes, entretanto, forçaram-me para o chão.

- Agora é a vez de vocês. Se uma morte causaria tumulto, o que diríamos de quatro? – e ergueu a esfera contra nós. A arma brilhou ameaçadora – Quem será o primeiro...?

- Eu! – Pedro bradou, ao meu lado, fechando os olhos enquanto dizia – Mate a mim primeiro. Não quero ver os meus dois únicos amigos vivos morrendo.

- Como queira... – exclamou o fantasma, pronunciando logo a seguir – Avada Kedavra.

Ao que um lampejo esverdeado disparou em nossa direção, mais precisamente, na direção de Pedro Pettigrew.

Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Primeiramente, darei uma nota semelhante a dada no último conto. O próximo conto maroto será a continuação deste! O último desta seqüência e um dos últimos do segundo ano dos Marotos em Hogwarts.

# Sim, o senhor Nilton Coaty é um fantasma! Leiam os contos anteriores para checar quantas dicas eu já não havia deixado sobre ele!

# Tíber... Alguma conclusão sobre ele? Não se precipitem.

# Juro que no conto posterior ao que encerra esta seqüência no jardim, Lana, Lílian e Francy irão aparecer para alegrar um pouco a vida dos nossos Marotos!

# Quero lembrá-los de alguma coisa. Entrei no meu recesso escolar e o passarei em uma cidade de interior. Lá não tenho acesso à Internet o tempo todo, como tenho aqui. Desta forma, posso (não estou dizendo que assim será) demorar a postar o novo conto maroto.

Espero que tenham se divertido!

Até outra!

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