A Marca Negra



 


— Não conte à sua mãe que andaram apostando — implorou o Sr. Weasley a Fred e George,


- James vai ser assim mesmo com Lily - falou Sirius.


- Vai nada, ninguém corrige ele não - disse Lily.


quando juntos desciam, lentamente, as escadas forradas com carpete púrpura.


— Não se preocupe, papai


- Eu tenho certeza que vocês não irão contar - concordou Josh, com um sorriso enorme.


— disse Fred feliz — temos grandes planos para esse dinheiro,


- Uma pena que vocês não receberam o dinheiro- disse Harry.


- Mas tudo deu certo no final, graças a você - disse Fred.


Lily não tinha ideia do que Fred queria dizer com aquele graças a você, mas estava feliz mesmo assim que Harry tivesse ajudado a alguém.


não queremos que ele seja confiscado.


- Mamãe com certeza confiscaria - concordou Ginny.


Por um instante, pareceu que o Sr. Weasley ia perguntar que planos eram aqueles, mas em seguida, pensando melhor, decidiu que não queria saber.


- Assim ele pode dizer que não sabia nada para Molly - riu Frank.


Logo eles foram engolfados pela multidão que saía do estádio e regressava aos acampamentos. O ar da noite trazia aos seus ouvidos cantorias desafinadas quando retomavam o caminho iluminado por lanternas, os Leprechauns continuavam a sobrevoar a área em alta velocidade, rindo, tagarelando, sacudindo as lanternas. Quando os garotos chegaram finalmente às barracas, ninguém estava com vontade de dormir


- Depois de um jogo desses, todos ficariam bastante acordados - concordou Sirius.


e, dado o nível da barulheira, o Sr. Weasley concordou que podiam tomar, uma última xícara de chocolate, antes de se deitar.


Remus fez uma expressão sonhadora. Chocolate quente era uma delícia, provavelmente a melhor bebida inventada, melhor até que Cerveja Amanteigada.


Sirius revirou os olhos, divertido. Sabia exatamente o quê Remus estava pensando; Lupin não era conhecido por esconder sua paixão por chocolate.


Logo estavam discutindo prazerosamente a partida, o Sr. Weasley se deixou envolver por Chalie em uma polêmica sobre jogo bruto,


- Não existe isso de jogo bruto - brincou James.


- Vou me lembrar disso no seu próximo jogo, James - brincou Frank.


e somente quando Ginny caiu no sono em cima da mesinha e derramou chocolate quente pelo chão que o pai deu um basta nas retrospectivas verbais e insistiu que todos fossem se deitar.


- Desculpa gente - falou Ginny.


- Tinha que acontecer uma hora - tranquilizou Fred.


Hermione e Ginny se transferiram para a barraca vizinha e Harry e os Weasley vestiram os pijamas e subiram nos beliches.


- Sempre é a melhor hora do dia quando você coloca pijama - comentou Lissy. Os outros a encararam estranhamente.


Do outro lado do acampamento eles ainda ouviam muita cantoria e uma batida que ecoava estranhamente.


- Odeio quando você descreve qualquer coisas como estranha - disse Alice - Já fico assustada.


— Ah, fico feliz de não estar de serviço — murmurou o Sr. Weasley cheio de sono. — Eu não iria gostar nem um pouco de ter que dizer aos irlandeses que eles precisam parar de comemorar.


- Coitado dos que tiveram que fazer isso - concordou Regulus.


Harry, que ocupava a cama superior do beliche de Ron, ficou olhando para o teto de lona da barraca, observando o brilho ocasional das lanternas dos Leprechauns que sobrevoavam o acampamento e visualizando alguns dos lances mais espetaculares de Krum.


James deu um aceno de aprovação. Pelo que sabia, o que faltava em Harry era somente conhecer mais táticas profissionais.


Estava doido para tornar a montar sua Firebolt e experimentar a Finta de Wronski…


- Harry James...


- Está tudo bem, mãe, nem é perigoso.


Por alguma razão Olívio Wood jamais conseguira transmitir como era aquele lance com os seus diagramas complicados…


- Não sei como Olívio nunca pensou em te levar para ver um jogo profissional - comentou Fred.


- Eu estou feliz que ele não tenha pensado, senão eu não teria paz.


Harry se viu usando vestes com seu nome nas costas e imaginou a sensação de ouvir uma multidão de cem mil pessoas berrando, enquanto a voz de Ludo Bagman ecoava pelo estádio "Com vocês… Potter!"


Harry corou.


- Deve ser incrível - suspirou James.


- Harry Potter, jogador profissional de Quadribol - disse Neville com uma voz de narrador de trailer.


- Você considerou jogar profissionalmente? - perguntou Regulus interessado.


- Não, não seriamente. A ideia passou pela minha cabeça... Mas não acho que é o que eu gostaria de fazer - admitiu Harry.


- Uma pena - disse James.


- De qualquer jeito, você será ótimo no que fizer... Um excelente auror - disse Regulus. Harry sorriu para ele.


Lily encarou James, falando silenciosamente "tá vendo? É assim que se faz!".


James encolheu.


- Desculpe, Harry. Eu concordo com Regulus.


- Eu sei, pai - Harry riu.


Harry jamais chegou a saber se adormecera ou não


- Essa duvida eu posso tirar: você dormiu - afirmou Ron.


— seus devaneios de voar como Krum talvez tivessem se transformado em sonhos de verdade


- Ops, não foi dessa vez.


—, só sabia que, de repente ouviu o Sr. Weasley gritar.


— Levantem! Ron, Harry, vamos logo, levantem, é urgente!


- O que foi agora? - perguntou Lily.


Harry se sentou depressa e seu cocuruto bateu na lona do teto.


- Que dor - resmungou Sirius.


— Que foi? — perguntou.


Vagamente ele percebeu que alguma coisa não estava bem.


- Nada estava bem.


O barulho no acampamento tinha mudado. A cantoria parara. Ele ouvia gritos e um tropel de gente correndo.


- Foi horrível - disse Ginny.


Harry desceu do beliche e apanhou suas roupas, mas o Sr. Weasley, que vestira a jeans por cima do pijama, falou:


— Não temos tempo, Harry, apanhe uma jaqueta e saia, depressa!


- Então é algo realmente sério - disse Frank, assustado.


Harry obedeceu e saiu correndo da barraca, com Ron nos seus calcanhares. À luz das poucas fogueiras que ainda ardiam, viu gente correndo para a floresta, fugindo de alguma coisa que avançava pelo acampamento em sua direção, alguma coisa que emitia estranhos lampejos e ruídos que lembravam tiros.


- Ainda bem que não temos que nós preocupar com tiros também - disse Hermione.


Caçoadas em voz alta, risadas e berros de bêbedos se aproximavam, depois uma forte explosão de luz verde, que iluminou a cena.


- Luz verde como...? - Alice perguntou incapaz de terminar a frase.


- Não, não era Avada Kedrava - disse Neville para tranquilizar a mãe.


Um grupo compacto de bruxos, que se moviam ao mesmo tempo e apontavam as varinhas para o alto, vinha marchando pelo acampamento. Harry apertou os olhos para enxergá-los… Não pareciam ter rostos… Então ele percebeu que tinham as cabeças encapuzadas e os rostos mascarados.


Todos de 1977 se encararam em horror. Não podia ser. Eles sabiam que Voldemort voltaria, mas não agora... Não podia ser tão cedo. Quanto mais tempo os outros tivessem de vida normal, melhor.


No alto, pairando sobre eles no ar, quatro figuras se debatiam, forçadas a assumir formas grotescas. Era como se os bruxos mascarados no chão fossem titereiros e as pessoas no alto, marionetes movidas por cordões invisíveis que subiam das varinhas erguidas.


- São eles mesmos - sussurrou Snape. Eles costumavam fazer isso.


James e Lily apertaram a mão um do outro, assim como Frank e Alice. Dorcas apoiou a cabeça no ombro de Remus. Lene e Sirius só se olharam.


Duas das figuras eram muito pequenas.


- Provavelmente crianças - disse Alice e lançou um olhar preocupado a Neville. Sabia que era irracional, mas ele era a sua criança.


Mais bruxos foram se reunindo ao grupo que marchava, riam e apontavam para os corpos no ar.


- Tem mais deles? - perguntou Lilly horrorizada.


- Aposto que eles estavam esperando um momento como esse há muito tempo, mas mesmo assim é babaquice envolver-se em um ataque tão ridículo - comentou Sirius.


Barracas se fechavam e desabavam à medida que a multidão engrossava. Uma ou duas vezes Harry viu um bruxo explodir uma barraca com a varinha para desimpedir o caminho.


- Como se não fosse nada, como se não pudesse ter alguém dentro - murmurou Lene incrédula. Ela sabia bem o que era uma guerra, mas esses eventos aconteceram em uma época de paz.


Outras tantas pegaram fogo. A gritaria foi se avolumando.


- Os funcionários do ministério não sabiam o quê fazer também - disse Harry.


As pessoas no ar foram repentinamente iluminadas ao passarem sobre uma barraca em chamas, e Harry reconheceu uma delas — o Sr. Roberts, o gerente do acampamento.


- O trouxa do lugar - murmurou Lily triste.


As outras três, pelo jeito, deviam ser sua mulher e seus filhos. Um dos arruaceiros virou a Sra. Roberts de cabeça para baixo com a varinha, a camisola dela caiu deixando à mostra suas enormes calças ela tentava se cobrir enquanto a multidão embaixo dava guinchos e vaias de alegria.


Lissy tentou segurar sua revolta. Uma mulher ser exposta desse jeito, era terrível.


— Que coisa doentia — murmurou Ron, observando a menor das crianças trouxas, que começara a rodopiar feito um pião, quase vinte metros acima do chão, a cabeça sacudindo molemente de um lado para outro. — Que coisa realmente doentia…


Hermione deu um sorriso. Era bom ser lembrada de como outras pessoas odiavam os comensais, mesmo sendo sangue-puros. Sem conseguir conter-se, ela lançou um olhar de ódio para Regulus. Sabia que a situação não era fácil para o garoto, mas mesmo assim ele escolhera aliar-se a Voldemort.


Regulus devolveu o olhar de Hermione friamente. Sim, talvez ela estivesse certa em julgá-lo pelo que era, mas ele não tinha tido muito escolha e fizera o que pudera para sobreviver. Não iria justificar suas ações, porém não iria esconder-se delas.


Hermione e Ginny vieram correndo ao encontro dos garotos, vestindo casacos por cima das camisolas,


- Ainda bem que fizemos isso - Ginny não queria nem pensar em como os Comensais poderiam ter ido atrás delas de outro modo.


seguidas de perto pelo Sr. Weasley. No mesmo momento, Bill, Chalie e Percy saíram da barraca dos garotos inteiramente vestidos, com as mangas enroladas e as varinhas em punho.


- A diferença entre ser um adulto responsável e ser um jovem inconsequente feito Ron - brincou Hermione.


— Vamos ajudar o pessoal do Ministério — gritou o Sr. Weasley para ser ouvido com aquele barulho, enrolando as próprias mangas.


Lily ficou feliz por um momento por Sr. Weasley ter passado pela guerra; se ele sobreviveu era claro que tinha aprendido algo de autodefesa e poderia ajudar os meninos. Então ela sentiu-se culpada por pensar isso.


— Vocês… Vão para a floresta e fiquem juntos. Irei apanhá-los quando resolvermos este problema aqui!


- Não sei se eu chamaria isso de problema - resmungou Snape.


- Sério que você está reclamando disso? O cara está no meio de um ataque com crianças para cuidar, ele não vai ligar para a linguagem - disse Dorcas.


Bill, Chalie e Percy já estavam correndo em direção aos baderneiros que se aproximavam;


- Estou surpresa que vocês não estejam correndo atrás deles - falou Lissy desconfiada.


- Nunca vamos atrás de problemas - Hermione defendeu-se.


- Mas eles me perseguem - disse Harry, dando de ombros.


- É, acho que isso pode acontecer quando você é um dos inimigos número um de um bruxo da trevas - concordou Alex, arrancando risadas de Harry. O Paltrown pareceu surpreso com isso.


o Sr. Weasley saiu depressa atrás dos filhos.


- Dos outros filhos, no caso.


Bruxos do Ministério convergiam de todas as direções para o foco do problema.


- Pelo menos eles estão fazendo algo - disse Regulus.


A multidão sob a família Roberts se aproximava sempre mais.


— Anda — disse Fred, agarrando a mão de Ginny e começando a puxá-la para a floresta.


Ginny lançou um olhar grato para o irmão. Fred sorriu.


Harry, Ron, Hermione e George os acompanharam. Todos olharam para trás ao alcançarem as árvores. Os manifestantes sob a família Roberts eram mais numerosos que nunca, os garotos viram os bruxos do Ministério tentando chegar aos bruxos encapuzados no centro, mas encontravam grande dificuldade.


- Nada que não possa ser superado - disse Lene.


- Talvez não em tempo - murmurou Dorcas.


- Os comensais não irão matar os trouxas - contradisse Regulus. Ele conhecia bem demais o sistema para saber que esse não era o caso, especialmente depois de anos sem atividade ou Voldemort para os proteger.


Aparentemente estavam com medo de executar algum feitiço que pudesse fazer a família Roberts despencar.


- Mas eles poderiam fazer um feito para desacelerar a queda - falou Harry confuso, lembrando-se do que Dumbledore fizera.


- Não é um feitiço tão simples, Harry.


As lanternas coloridas que antes iluminavam o caminho para o estádio tinham sido apagadas.


- Okay, isso pode ser resolvido de forma simples - disse Alice. Ninguém discordou.


Vultos escuros andavam perdidos entre as árvores; crianças choravam, ecoavam gritos ansiosos e vozes cheias de pânico por todo o lado no ar frio da noite.


- Uma noite perfeita de uma Copa Mundial - ironizou James. Ele sentia-se tão irritado com Comensais por colocarem Harry e os outros em perigo, por estragar uma noite perfeita.


Harry se sentiu empurrado para cá e para lá por pessoas cujos rostos ele não conseguia distinguir. Eles ouviram Ron dar um berro de dor.


- Você está bem? - perguntou Lene, ansiosamente.


- Sim, não foi nada - falou Ron envergonhado.


— Que aconteceu? — perguntou Hermione ansiosa, parando tão abruptamente que Harry quase deu um encontrão nela.


- Não foi mais abrupto que o grito de Ron - comentou Ginny.


— Ron, onde é que você está? Ah, mas que burrice… Lumus!


Ela iluminou a varinha e apontou o fino feixe de luz para o caminho. Ron estava esparramado no chão.


- O que diabos aconteceu?


— Tropecei numa raiz de árvore — disse ele aborrecido, pondo-se de pé.


- Ah. Só isso. Por um segundo, eu fiquei preocupada - disse Ginny, batendo no irmão.


- Desculpe, desculpe!


— Ora, com pés desse tamanho, é difícil não tropeçar — disse uma voz arrastada às costas deles.


Harry, Ron e Hermione se viraram rapidamente. Draco Malfoy estava parado sozinho perto deles, encostado a uma árvore, numa atitude de total descontração.


- Claro que ele tinha que aparecer nessa hora - bufou Sirius.


- Todo mundo correndo e ele parado lá - disse Ron irritado.


- Ele não tinha com o quê se preocupar.


De braços cruzados, parecia ter estado a contemplar a cena no acampamento por uma abertura entre as árvores.


- Stalker.


Ron disse a Malfoy que fosse fazer uma coisa que Harry sabia que o amigo jamais teria se atrevido a dizer na frente da Sra. Weasley.


- Claro que não, eu tenho medo de morrer - disse Ron.


— Olha a boca suja, Weasley — disse Malfoy, seus olhos claros reluzindo. — Não é melhor você se apressar? Não quer que descubram sua amiga, não é?


- O que é isso, Malfoy? Preocupação? - zombou Lene.


- Eu não tenho medo que ninguém me descubra - disse Hermione friamente, ironizando a palavra.


Ele indicou Hermione com a cabeça e, neste instante, ouviu-se no acampamento uma explosão como a de uma bomba, e um relâmpago verde iluminou momentaneamente as árvores à volta deles.


Lily colocou o rosto dentro das mãos. Não conseguia parar de se preocupar, mesmo sabendo que todos estavam bem agora.


— Que é que você quer dizer com isso? — perguntou Hermione em tom de desafio.


— Granger, eles estão caçando trouxas — disse Malfoy. — Você vai querer mostrar suas calcinhas no ar? Porque se quiser, fique por aqui mesmo… Eles estão vindo nessa direção, e todos vamos dar boas gargalhadas.


- Engraçado como se ele já se inclui nos comensais - disse Ginny.


Harry ficou em silêncio. Lendo sobre essa memória estava sendo esquisito. A altitude de Malfoy estava meio estranha. Parecia até que ele estava tentando mesmo fazer com que eles saíssem para que Hermione não sofresse o mesmo que a trouxa. Será que Draco tinha algum tipo de compaixão, afinal?


— Hermione é bruxa — rosnou Harry.


— Faça como quiser Potter — disse Malfoy sorrindo maliciosamente.


- Que menino insuportável - resmungou Lene.


— Se você acha que eles não são capazes de identificar um "Sangue Ruim", fique onde está.


- Sangue ruim é você... - resmungou Lissy.


— Você é que devia olhar sua boca suja! — gritou Ron. Todos os presentes sabiam que "Sangue Ruim" era uma palavra muito ofensiva a uma bruxa ou bruxo de pais trouxas.


- A mais ofensiva que existe - corrigiu Hermione.


— Deixa para lá, Ron — disse Hermione depressa, agarrando o amigo pelo braço para contê-lo, quando ele fez menção de avançar em Malfoy.


- Ownn, Ron já estava lutando para defender seu amor - falou George.


Ouviu-se um estampido do outro lado das árvores mais alto do que qualquer dos anteriores. Várias pessoas que estavam próximas gritaram. Malfoy deu um risinho abafado.


- Psicopata dos infernos - murmurou Ron.


— Eles se assustam à toa, não é? — disse com a fala mole. — Imagino que papai disse a vocês para se esconderem?


- Você queria que ele dissesse para eles lutarem? Jovens de 14 anos contra vários adultos? - perguntou Dorcas num tom de você-é-doente?


Que é que ele está fazendo, tentando salvar os trouxas?


- Sim, algo errado nisso? - questionou Lily.


— Onde estão os seus pais? — perguntou Harry, a raiva crescendo.


- Calma, Harry, você é melhor que isso - disse Lily.


Harry deu de ombros. Ele não tinha certeza se era muito melhor. Não quando se tratava de Malfoy.


— Lá no acampamento usando máscaras, é isso?


- Não sei se Lucius chega a ser burro a esse ponto - disse Regulus.


Malfoy virou o rosto para Harry, ainda sorrindo.


— Ora… Se eles estivessem, eu não iria dizer a você, não é mesmo, Potter?


- Sei não, você tem sido bastante vocal em como odeia qualquer coisa que não seja sangue puro - disse Harry.


— Ah, anda gente — disse Hermione, com um olhar de repugnância para Malfoy


- Ainda é pouco para o quê ele merece.


—, vamos procurar os outros.


— Fique com essa cabeçorra lanzuda abaixada, Granger — caçoou Malfoy.


Hermione revirou os olhos.


— Anda gente — repetiu Hermione, e puxou Harry e Ron de volta ao caminho.


— Aposto qualquer coisa como o pai dele é um dos mascarados! — disse Ron indignado.


- Ninguém vai apostar contra - resmungou Ginny.


— Bem, com um pouco de sorte, o Ministério vai agarrá-lo!


- Sim, e não vai fazer nada depois - disse Regulus.


— disse Hermione com veemência. — Ah, não dá para acreditar, onde foi que os outros se meteram?


- Acabamos nos separando na confusão.


Fred, George e Ginny não estavam em nenhum lugar à vista, embora o caminho estivesse apinhado de pessoas, todas espiando nervosamente a confusão no acampamento, por cima dos ombros.


- E ninguém faz nada.


Um grupo de adolescentes de pijamas discutia em altos brados um pouco adiante no caminho. Quando viram Harry, Ron e Hermione, uma garota de cabelos espessos e crespos se virou e disse depressa:


— Ou est Madame Maxime? Nous l‘avons perdue…


- Eles realmente acharam que vocês eram franceses?


- Acho que não, mas estavam desesperado para tentar.


- Nessa hora, eu quis saber falar francês - disse Hermione.


— Hum… Quê? — perguntou Ron.


— Ah… — A menina que falara deu as costas para ele, e quando os garotos continuaram andando ouviram-na dizer claramente: — Hogwarts.


- Pelo menos ela não falou como um insulto.


— Beauxbatons — murmurou Hermione.


— Como disse? — falou Harry.


— Devem estudar na Beauxbatons — esclareceu Hermione. — Você sabe… Academia de Magia Beauxbatons… Li sobre ela em Uma Avaliação da Educação em Magia na Europa.


- Aquele momento que Harry não sabe nada sobre as escolas de outros países - disse Sirius.


— Ah… Sei… Certo — disse Harry.


- Super.


— Fred e George não podem ter ido tão longe assim — comentou Ron puxando a varinha do bolso, acendendo-a como fizera Hermione e esquadrinhando o caminho. Harry enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta à procura da própria varinha, mas não estava lá.


- Como assim não estava lá, Harry James Potter? - perguntou Lily.


- Sumiu - disse Harry.


- Você perdeu sua varinha? - James quase gritou.


- Bem, não tecnicamente, mas estava sem ela.


Regulus resmungou. Claro que Harry tinha que perder a varinha numa situação de vida ou morte!


- Vocês estavam com a de vocês? - perguntou James ansioso para Hermione e Ron. Os dois assentiram e James conseguiu relaxar um pouco.


A única coisa que encontrou foi o seu onióculo.


- Não acredito nisso - murmurou Alice.


— Ah, não, eu não acredito… Perdi a minha varinha!


— Está brincando!


Ron e Hermione ergueram bem as varinhas para projetar seus finos raios de luz mais à frente no caminho;


- Talvez você a encontre.


- Bem...


- Porra, Harry!


- James!


- Desculpa Lily!


Harry olhou para todo lado, mas a varinha não estava visível em lugar algum.


- Que ótimo, quem não adora está sem varinha em situação de perigo? - ironizou Sirius.


— Talvez tenha ficado na barraca — disse Ron.


- Conhecendo a sorte de Harry, eu duvidaria - disse Frank.


— Talvez tenha caído do seu bolso quando você estava correndo? — sugeriu Hermione ansiosa.


- Pouco provável.


— É — falou Harry —, talvez…


Em geral ele a carregava o tempo todo quando estava no mundo dos bruxos,


- Devia carregar no trouxa também - repreendeu James.


- É, não acho que os Dursley concordem com isso - falou Harry.n


- Nem fale deles - devolveu James irritado.


e vendo-se sem a varinha no meio de uma confusão daquelas sentiu-se extremamente vulnerável.


- Você está extremamente vulnerável - falou Regulus, ansioso. Sabia que nada muito sério aconteceria com Harry, mas ainda assim ele estava no meio de um ataque sem varinha.


Um rumorejar fez os três se sobressaltarem.


- Quando você está tenso, o menor barulho parece o fim do mundo - disse Alex.


Winky, a elfo doméstica, estava tentando sair de uma moita de arbustos ali perto. Movia-se de um jeito esquisitíssimo, com visível dificuldade;


- Mais esquisito que o normal? - perguntou Sirius com desprezo. Odiava elfos domésticos.


Regulus lançou um olhar repreensor ao irmão.


era como se alguém invisível estivesse tentando segurá-la.


Ron, Hermione e Harry trocaram olhares. Lembravam muito bem quem tinha sido o responsável por fazer a elfa andar assim.


— Tem bruxos malvados aqui! — guinchou ela nervosa, ao se curvar para frente e se esforçar para correr. — Gente voando… Lá no alto! Winky está saindo do caminho!


- Winky esperta - falou Frank.


E desapareceu entre as árvores do outro lado da via, ofegando e guinchando enquanto lutava com a força que a retinha.


- Coitada - falou Hermione revoltada.


— Que é que há com ela? — perguntou Ron, acompanhando-a com o olhar, curioso. — Por que ela não consegue correr direito?


— Aposto como não pediu permissão para se esconder — disse Harry.


- Não é isso - Frank balançou a cabeça.


- A menos que a tivessem proibido diretamente de se esconder, ela não deveria ter dificuldades para isso, só teria que se punir depois, se achasse que o mestre não gostaria de saber as ações dela - explicou Regulus.


- Não deixa de ser cruel - falou Hermione friamente. Já estava irritada com Regulus e ouvi-lo defendendo a escravidão dos elfos domésticos - Deveriam existir leis que proibissem o uso de um elfo doméstico.


- Não se meta no que não sabe, Granger - interrompeu Snape. Tirando Lily, Regulus era o mais próximo do que poderia chamar de amigo ali, não aceitaria a forma que Granger o respondeu. Até porque ela estava errada em relação aos elfos, suas ideias eram absurdas.


Estava se lembrando de Dobby: todas as vezes que tentava fazer alguma coisa que os Malfoy não gostariam, era forçado a bater em si mesmo.


- Os Malfoy nunca trataram bem os seus elfos - disse Regulus, dando de ombros.


- Ou os seres humanos também - disse Harry.


— Sabem, os elfos domésticos têm uma vida duríssima!


Snape revirou os olhos. Pobres elfos que tinham uma vida terrível. Devia ser a pior coisa do mundo.


— disse Hermione indignada. — É escravidão, isso é que é! Aquele Sr. Crouch fez Winky subir até o topo do estádio, e ela estava aterrorizada, e a enfeitiçou dessa maneira para que nem possa correr quando eles começam a pisotear barracas!


- Vocês não tinham nem certeza disso - apontou Regulus.


Hermione o encarou irritada. Harry colocou a mão suavemente no ombro dela, em uma forma de um pedido e, principalmente, um aviso.


Por que ninguém faz nada para acabar com uma situação dessas?


- Porque os elfos não estão incomodados com as coisas do jeito que são - apontou Frank.


— Ué, os elfos são felizes, não são? — admirou-se Ron. — Você ouviu a Winky durante a partida… "Elfos domésticos não devem se divertir…" é disso que ela gosta, que mandem nela…


- Elfos nasceram para isso - comentou Sirius.


Regulus conteve o impulso de revirar os olhos, Sirius não tinha o menor direito de falar nada sobre elfos.


— É gente como você, Ron — começou Hermione com veemência —, que sustenta sistemas podres e injustos, só porque são preguiçosos demais para…


Lily acenou com a cabeça, concordando com Hermione.


Um novo estrondo ecoou na orla da floresta.


Alice agradeceu pela mudança de assunto. Não queria que uma discussão sobre elfos começasse.


— Vamos continuar andando, vamos? — disse Ron, e Harry o viu olhar irritado para Hermione.


- Não gosto quando me xingam, sabe.


- Eu só estava defendendo o meu ponto de vista - Hermione deu de ombros.


Talvez fosse verdade o que Malfoy dissera;


Novamente Harry se questionou por que Malfoy teria falado com eles da forma que falou. Será que nessa época ele já tinha percebido que o mundo de Comensais não era tão bom quanto Lucius o fizera acreditar? Ou será que Harry estava vendo mais coisa do que realmente tinha acontecido? Harry suspirou. Nessas horas, ser um pouco mais sonserino teria ajudado... Harry olhou para Regulus. Se tinha alguém que poderia ajudá-lo a decifrar as intenções de Malfoy, seria ele. Harry prometeu que no fim do capítulo pediria a opinião do sonserino.


talvez Hermione estivesse em maior perigo do que eles.


Ron abraçou a namorada.


Recomeçaram a andar, Harry ainda revistando os bolsos, embora soubesse que a varinha não estava ali.


James balançou a cabeça para o filho.


Os garotos seguiram o caminho que se aprofundava na floresta, atentos para avistarem Fred, George e Ginny. Passaram por um grupo de duendes que davam gargalhadas à vista de um saco de ouro que, sem dúvida, deviam ter ganho apostando na partida,


- Deve ser excelente ganhar pelo que você apostou - disse Fred.


- Ninguém é doido de enganar um duende em uma aposta - afirmou Alice.


e que pareciam imperturbáveis diante da confusão no acampamento.


- Essas coisas simples não tem interessam a eles - ironizou Sirius.


Mais adiante, depararam com um trecho iluminado por uma luz prateada e, quando espiaram entre as árvores, viram três Veela altas e belas paradas em uma clareira e cercadas por um bando de jovens bruxos barulhentos, todos falando em altos brados.


- Aposto que estavam falando besteira - resmungou Ginny. Tinha aprendido a simpatizar com veelas depois de conhecer melhor Fleur e ver com o que ela tinha que lidar.


— Ganho uns cem sacos de galeões por ano — gritava um. — Mato dragões para a Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas.


- Poxa, acho que é verdade - Lene revirou os olhos.


— Mata nada — berrou seu amigo —, você lava pratos no Caldeirão Furado…


- Um pouco diferente - observou Sirius.


- Todos podem subir na vida - lembrou Lene.


Mas eu sou caçador de vampiros, já matei uns noventa até agora…


- Só na sua imaginação, querido - disse Lissy.


Um terceiro bruxo, cujas espinhas eram visíveis até à luz fraca e prateada das Veela, entrou nesse instante na conversa:


— Eu estou às vésperas de me tornar o Ministro da Magia mais novo de todos os tempos.


- Queria ver o que Fudge iria dizer sobre isso...


- Provavelmente nada.


Harry deu risadinhas abafadas. Reconheceu o bruxo espinhento; o nome dele era Stanislau Shunpike, e era, na realidade, condutor do Nôitibus Andante.


- Que bom que ninguém está tentando fingir ser o que não é - disse Lily irônica. Detestava isso, achava ridículo quando meninos e meninas tentam mudar para parecerem serem melhor para quem gostava.


Ele se virou para dizer isso a Ron, mas o rosto do amigo se afrouxara estranhamente


- Não me diga que... - disse Neville.


- SIM! - respondeu Harry empolgado.


e no segundo seguinte Ron estava gritando:


— Eu já disse a vocês que inventei uma vassoura que pode chegar a Júpiter?


Ron corou.


- Como você inventa algo assim e não nos conta? - os gêmeos perturbaram o irmão, fazendo inúmeras perguntas sobre a sua suposta invenção.


- Como é Júpiter, Ron? É como você sonhou? - perguntou Sirius, entrando na onda também.


- Eu queria ver se vocês iam se controlar também se estivesse no meu lugar... - o ruivo resmungou.


- Bem, o Harry se controlou - comentou James, inocentemente.


- Harry... Bem... É o Harry! - balbuciou Ron.


— Francamente! — tornou a exclamar Hermione, e ela e Harry agarraram Ron pelos braços com firmeza, viraram-no e saíram andando com ele. Quando a algazarra das Veela com seus admiradores se tornou completamente inaudível, os três já estavam no coração da floresta.


- E as pobres veela estavam tendo que lidar com eles sozinhas - disse Alice.


- Eu tenho certeza que elas dão conta - disse Ron.


Pareciam estar sozinhos agora, tudo estava muito mais quieto.


- Não me digam que estão num lugar totalmente deserto...


Harry espiou para os lados.


— Acho que podemos esperar aqui, sabe, dá para ouvir uma pessoa chegando a mais de um quilômetro.


- A menos que a pessoa saiba ser silenciosa - comentou Regulus.


Nem bem ele dissera essas palavras, Ludo Bagman saiu de trás de uma árvore um pouco adiante.


- Nada como ser provado errado no mesmo segundo que você diz algo - disse Harry, bem humorado.


Mesmo à luz fraca das duas varinhas, Harry viu que uma grande mudança se operara em Bagman. Ele já não parecia displicente e rosado; não havia mais elasticidade em seu andar. Parecia muito pálido e cansado.


- O que será que houve? - falou Dorcas preocupada.


— Quem está aí? — perguntou o bruxo, piscando os olhos, tentando distinguir os rostos dos garotos.


- Está mal mesmo, hein?


— Que é que vocês estão fazendo aqui sozinhos?


- Dando um passeio no bosque - ironizou Lene.


Eles se entreolharam surpresos.


— Bem… Está acontecendo um tumulto — disse Ron.


Bagman arregalou os olhos para ele.


— Quê?


- Bom saber que ele estava atento ao que acontecia perto dele.


— No acampamento… Umas pessoas agarraram uma família de trouxas…


- Comensais... - murmurou Frank baixinho.


Bagman praguejou em voz alta.


— Desgraçados! — Ele pareceu ficar muito perturbado e, sem dizer mais nada, desaparatou com um pequeno estalo.


- Não foi muito educado, mas é compreensível.


— Não anda muito bem informado o Sr. Bagman, não é?


- Pode-se dizer isso.


— comentou Hermione franzindo a testa.


— Mas ele foi um grande batedor — disse Ron e, adiantando-se aos amigos, rumou para uma pequena clareira e se sentou em um trecho de grama seca ao pé de uma árvore. — Os Wimbourne Wasps foram campeões três vezes seguidas quando ele fazia parte do time.


- Uma boa coisa que ele não resolveu ser auror ao invés disso então.


Tirou, então, a pequena estátua de Krum do bolso, colocou-a no chão e ficou por instantes observando-a andar.


- Ron é tão fã de Krum quanto Ginny era de Harry.


- EI! - protestaram os dois ruivos mais novos.


Igualzinho ao Krum verdadeiro, o modelo andava com os pés para fora e tinha os ombros caídos, bem menos impressionante andando feito pato do que montado na vassoura.


- O ar vem mais naturalmente para ele - comentou Ginny.


Harry escutou com atenção se vinha algum barulho do acampamento. Tudo parecia silencioso; talvez o tumulto tivesse acabado.


- Não seja descuidado, Harry.


— Espero que os outros estejam bem — disse Hermione depois de algum tempo.


— Estão — disse Ron.


Frank acenou com a cabeça. Essa era a hora de pensar positivamente.


— Imagine se o seu pai apanhar o Lucius Malfoy


- Não iria adiantar nada. Ele seria solto no dia seguinte - resmungou Sirius.


- Pelo menos, ele teria que gastar uma boa quantia para sair da cadeia - disse James.


— disse Harry sentando-se ao lado de Ron para observar a estatueta de Krum andando por cima das folhas secas. — Ele vive dizendo que gostaria de ter alguma coisa contra o Malfoy.


- Todos podemos entender o sentimento - disse Hermione.


— Isso ia apagar aquele risinho na cara do nosso amigo Draco, ah, ia — disse Ron.


- Nunca achei que você chamaria Draco de amigo.


- Ah, cala a boca, George.


— Mas, e os coitados daqueles trouxas — lamentou Hermione nervosa. — E se não conseguirem trazer eles de volta ao chão?


— Vão conseguir — Ron tranquilizou a amiga —, vão arranjar um jeito.


- Deram um jeito de trazer minha tia de volta ao normal - disse Harry, causando risadas dos outros ao se lembrarem do acontecimento do terceiro ano.


— Mas é uma loucura fazer uma coisa daquelas com o Ministério da Magia em peso aqui hoje! Quero dizer, como é que eles esperam se safar?


- Com dinheiro e influência, se forem pegos.


Vocês acham que eles andaram bebendo ou só…


Mas Hermione parou de falar abruptamente e espiou por cima do ombro.


- O que houve?


Harry e Ron também se viraram depressa. Parecia que alguém estava cambaleando em direção à clareira em que se encontravam. Eles esperaram, prestando atenção ao ruído dos passos desiguais por trás das árvores escuras.


- Pelo menos é só uma pessoa - confortou-se Lily.


Mas os passos pararam repentinamente.


— Alôô? — chamou Harry.


- Não chama! - imploraram Alice, Dorcas e Lily.


Silêncio. Harry se levantou e espiou atrás da árvore. Estava escuro para ver muito longe, mas ele sentia que havia alguém logo além do seu campo de visão.


- Alguém escondido... Não pode ser coisa boa.


— Quem está aí? — perguntou.


E então, sem aviso, o silêncio foi rompido por uma voz diferente de todas que tinham ouvido antes;


- Então é alguém que vocês não conhecem.


- Como você lembrou da voz de todos? - perguntou Frank espantado. Harry deu de ombros.


e ela não soltou um grito, mas algo que lembrava um feitiço.


— MORSMORDRE!


Todos de 1977 entreolharam-se. Já ouviram falar desse feitiço e do que ele fazia. Não podia significar nada bom.


E uma coisa enorme, verde e brilhante, irrompeu do lugar escuro que os olhos de Harry se esforçaram para penetrar e voou para o topo das árvores e para o céu.


- Voou? - alguns perguntaram espantados.


— Quem…? — exclamou Ron, ficando em pé de um salto e arregalando os olhos para a coisa que aparecera.


Por uma fração de segundo, Harry pensou que fosse outra formação de duendes irlandeses. Depois percebeu que era um crânio colossal, aparentemente composto por estrelas de esmeralda e uma cobra saindo da boca como uma língua.


Alice e Frank estremeceram. Os marotos se entreolharam. Lene, Lily e Dorcas tentaram manter os pensamento ruins afastados. Nem todos tinham visto a marca na vida real, mas já tinham visto inúmeras vezes em jornais.


Snape e Regulus se entreolharam.


Enquanto olhavam, o crânio foi subindo cada vez mais alto, envolto em uma névoa de fumaça esverdeada, recortando-se contra o céu noturno como uma nova constelação.


- A marca negra - sussurrou Regulus, inconscientemente esfregando a marca que estava no seu braço esquerdo. O gesto não passou despercebido pelo trio de ouro. Harry não se incomodou, mas Ron e Hermione lançaram olhares de desgosto para o sonserino.


De repente, toda a floresta ao redor deles explodiu em gritos.


- As pessoas se lembram - falou Snape.


- Elas não tem como esquecer - disse Lily simplesmente.


Harry não entendeu o motivo, mas o único possível era a súbita aparição do crânio, que agora estava alto o suficiente para iluminar toda a floresta, como um letreiro macabro de néon.


- É algo sinistro - disse Alice.


Ele esquadrinhou a escuridão à procura da pessoa que conjurara o crânio, mas não conseguiu ver ninguém.


- O culpado já deve ter se escondido - disse Neville.


— Quem está aí? — chamou ele mais uma vez.


James esfregou os olhos, cansado. Pela primeira vez, queria que os filhos só deixasse as coisas quietas. Não queria que ele confrontasse quem quer que fosse que tivesse conjurado a marca.


— Harry, vamos, anda! — Hermione agarrou-o pelas costas da jaqueta e o puxou para trás.


— Que foi? — perguntou Harry, espantado de ver a cara da amiga tão branca e aterrorizada.


— É a Marca Negra, Harry! — gemeu Hermione, puxando-o com toda a força que podia. — O sinal do Você-Sabe-Quem!


- Que bom que algum de vocês reconheceu o símbolo - falou Alice aliviada. Pelo menos eles iriam sair dali.


- Mas como alguém fez isso? Qualquer um poderia ter conjurado, eu sei, mas por quê? E como ele não foi pego? - questionou Lene.


— Do Voldemort…?


— Harry, anda logo!


Harry se virou — Ron estava recolhendo depressa a miniatura de Krum —,


- Você realmente ama esse brinquedo! - falou Ginny, divertida.


os três começaram a atravessar a clareira, mas antes que conseguissem dar mais de cem passos, uma série de estalos anunciaram a chegada de vinte bruxos, saídos do nada, a toda volta.


- Aliados, espero.


Harry se virou e numa fração de segundo registrou um fato: cada um dos bruxos puxara a varinha, e cada varinha estava apontada para ele, Ron e Hermione.


- Okay, não tão bom.


Sem parar para pensar, berrou:


— ABAIXA! — Ele agarrou os dois amigos e puxou-os para o chão.


- Boa! - falou Remus.


— ESTUPEFAÇA! — berraram vinte vozes desencadeando uma série de lampejos,


- Ainda bem que você tem reflexos rápidos, Harry - falou Regulus.


e Harry sentiu seus cabelos ondularem como se um vento poderoso tivesse varrido a clareira. Ao erguer a cabeça um centímetro, ele viu jorros de luz flamejante saírem das varinhas dos bruxos e sobrevoarem seus corpos, entrecruzando-se, ricocheteando nos troncos das árvores, saltando para a escuridão…


— Parem! — berrou uma voz que ele reconheceu. — PAREM! É o meu filho!


- Graças a Merlin!


- Ou a Arthur!


Os cabelos de Harry pararam de voar para todos os lados.


- Sei não, eles pareciam estar voando ainda para mim.


- Hilário, Ron.


Ele levantou a cabeça mais um pouquinho. O bruxo diante dele baixara a varinha. O garoto rolou o corpo e viu o Sr. Weasley vindo em direção ao ajuntamento, com uma expressão aterrorizada no rosto.


- Bem, ele quase feriu vocês seriamente.


— Ron, Harry… — sua voz tremia —… Hermione, vocês estão bem?


— Saia do caminho, Arthur — disse uma voz fria e ríspida.


Era o Sr. Crouch. Ele e os outros bruxos do Ministério fechavam o cerco em torno dos garotos.


- Isso, vão atrás de adolescentes - disse Neville.


Harry levantou-se para encará-los. O rosto do Sr. Crouch estava tenso de cólera.


Frank olhou para o livro de forma desconfiada. Esse não era um comportamento normal para o Sr. Crouch.


— Qual de vocês fez aquilo? — perguntou aborrecido, seus olhos penetrantes indo de um garoto para o outro. — Qual de vocês conjurou a Marca Negra?


- Harry Potter, claro. O Menino-Que-Sobreviveu conjurou a Marca Negra - zombou Snape.


 


 


— Nós não conjuramos aquilo! — respondeu Harry apontando o crânio.


— Nós não conjuramos nada!


- Não faria nem sentido vocês conjurarem - disse Frank.


— disse Ron, que esfregava o cotovelo e olhava cheio de indignação para o pai.


- Mas o sr. Weasley tentou ajudar vocês - disse Lily, desapontada.


- Eu pedi desculpas para ele depois - disse Ron.


— Por que vocês nos atacaram?


- Obviamente, eles acharam que vocês conjuraram isso - disse Lene.


— Não minta, senhor! — gritou o Sr. Crouch. Sua varinha continuava apontada diretamente para Ron, e seus olhos saltavam das órbitas, parecia um tanto maluco.


As suspeitas de Frank aumentaram. Definitivamente tinha algo de errado com Crouch.


— Vocês foram encontrados na cena do crime!


-... Sem motivo nenhum. E um deles ainda está sem varinha - comentou Lily.


— Barty — murmurou uma bruxa trajando um longo penhoar de lã —, eles são meninos, Barty, nunca teriam capacidade para…


- Bom ver que alguém tem bom senso - disse Alice.


Regulus mordeu o lábio. Okay, era óbvio que no caso de Harry, ele não teria interesse em conjurar a Marca Negra, mas o Black sabia bem que adolescentes podiam conjurar a Marca Negra. Não facilmente, claro. Mas estava longe de ser impossível.


— De onde saiu a Marca? Respondam vocês três — mandou o Sr. Weasley depressa.


— Dali — respondeu Hermione trêmula, apontando para o ponto em que tinham ouvido a voz —, havia alguém atrás das árvores… Gritou umas palavras, uma fórmula mágica…


— Ah, havia gente parada ali, é mesmo? — disse o Sr. Crouch, virando seus olhos saltados para Hermione, a incredulidade estampada por todo o rosto.


- Por que ele acredita que três adolescentes tenham conjurado a marca, mas não que podia haver mais alguém ali? - perguntou James irritado.


- Disseram uma fórmula mágica, não foi? A senhorita parece muito bem informada sobre as palavras que conjuram a Marca, senhorita…


- Temos concepções bem diferente do que é bem informada - disse Remus secamente.


Mas nenhum dos bruxos do Ministério, exceto o Sr. Crouch, achou nem remotamente provável que Harry, Ron e Hermione tivessem conjurado o crânio,


- Um problema a menos - disse Neville.


muito ao contrário, ao ouvirem as palavras de Hermione voltaram a erguer e apontar as varinhas na direção que ela indicara, procurando ver entre as árvores escuras.


- Não vai ser tão simples assim.


— Tarde demais — disse a bruxa de penhoar de lã, sacudindo a cabeça. — Já devem ter desaparatado.


- Se forem espertos, sim - murmurou Regulus.


— Acho que não — disse um bruxo com uma barba curta e castanha. Era Amos Diggory, o pai de Cedrico. — Os nossos raios passaram direto por aquelas árvores… Há uma boa chance de os termos atingido…


- A sorte de Harry não vai permitir isso - disse James.


- EI!


- Desculpe, filho, mas é a verdade.


— Amos, cuidado! — disseram alguns bruxos em tom de alerta, quando o Sr. Diggory aprumou os ombros, ergueu a varinha, atravessou a clareira e desapareceu na escuridão.


- Ele sempre foi meio impulsivo mesmo - disse Lily.


Hermione observou-o sumir, levando as mãos à boca.


- Você está reagindo pior do que quando enfrenta um perigo - observou Frank.


- Quando eu estou em perigo, não tenho muito tempo para me preocupar, mas quando é com os outros...


Alguns segundos depois, eles ouviram o Sr. Diggory gritar.


- Espero que o tipo de grito feliz, tipo nossa, achei um pote de ouro e não: to morrendo, gente, ajuda ai por favor - falou Sirius. Harry o encarou como se perguntasse se ele estava em drogas.


— Acertamos, sim! Tem alguém aqui! Inconsciente!


- Viu, pai? - disse Harry.


- Caramba, admito que estou chocado - disse James.


É… Mas… Caramba…


— Você pegou alguém? — gritou o Sr. Crouch, parecendo muitíssimo incrédulo.


- Viu? Não sou só eu - murmurou James.


— Quem? Quem é?


Eles ouviram gravetos se partirem, folhas farfalharem e, por fim, passos quando o Sr. Diggory reapareceu por trás das árvores. Trazia uma figura minúscula e inerte nos braços.


- Como assim? - perguntou Lene, confusa.


Harry reconheceu a toalha de chá na mesma hora.


Era Winky.


- O que Winky tem a ver com isso tudo? - perguntou Lily confusa. Os outros compartilhavam da confusão dela.


O Sr. Crouch não se mexeu nem falou enquanto o Sr. Diggory depositava o elfo do Sr. Crouch no chão aos seus pés. Todos os bruxos do Ministério se viraram para o Sr. Crouch.


- Deve ter sido uma cena e tanto - falou James, divertido. Não gostava muito de nenhum Crouch.


Durante alguns segundos o bruxo permaneceu paralisado, os olhos ardendo no rosto branco, olhando para Winky.


- Acho que ele está em estado de choque - falou Alice com pena.


Então, ela pareceu voltar à vida.


- Ressuscitação?


— Isto… Não pode… Ser — disse ele aos arrancos. — Não…


Contornou rápido o Sr. Diggory e saiu em direção ao lugar em que o bruxo encontrara Winky.


— Não adianta, Sr. Crouch — gritou Diggory para ele. — Não há mais ninguém aí.


- Agora, mas alguém pode ter estado lá antes - sugeriu Frank.


Mas o Sr. Crouch não parecia disposto a aceitar sua palavra.


- Eu também gostaria de conferir por mim mesmo - comentou Snape.


Eles o ouviram andar por todo o lado, as folhas rumorejarem ao serem afastadas para os lados, na busca.


- Vai ser inútil - disse Ginny.


— Meio embaraçoso — disse o Sr. Diggory sombriamente, contemplando o corpo inconsciente de Winky. — O elfo doméstico de Barty Crouch… Quero dizer…


— Pode parar, Amos — disse o Sr. Weasley baixinho. — Você não acredita seriamente que foi o elfo?


- Mas é meio estranho o elfo estar ai de todos os lugares - disse Alice.


- Mais que meio estranho - falou Frank.


A Marca Negra é um sinal de bruxo. Exige uma varinha.


- Não foi o elfo, então, mas ainda assim... - disse Lissy.


- Pode ter sido. Os elfos tem uma magia diferente da nossa - comentou Josh.


— É — disse o Sr. Diggory —, e havia uma varinha.


— Quê? — exclamou o Sr. Weasley.


— Olhe aqui. — O Sr. Diggory ergueu uma varinha e mostrou-a ao Sr. Weasley. — Estava na mão dela.


- Você devia falar isso logo - resmungou Harry.


Então, para começar, violação da Cláusula 3 do Código para o Uso de Varinhas. Nenhuma criatura não-humana tem permissão para portar ou usar uma varinha.


- Queria saber quem criou essa regra - disse Hermione.


- Qual uso teria uma varinha par essas criaturas? - perguntou Ron confuso.


- Talvez nenhum, fora impedir que o dono use.


Nesse instante ouviu-se mais um estalo e Ludo Bagman aparatou bem ao lado do Sr. Weasley. Parecendo sem fôlego e desorientado,


- Não aprendeu a aparatar ainda?


ele girou no mesmo lugar, com os olhos cravados no crânio verde esmeralda no céu.


Até um tolo como Bagman teme a Marca, pensou Snape.


— A Marca Negra! — ofegou ele, quase pisoteando Winky ao se virar, intrigado, para os colegas. — Quem fez isso? Vocês apanharam quem fez? Barty! Que é que está acontecendo?


- Ninguém tem certeza de nada.


O Sr. Crouch voltara de mãos vazias. Seu rosto continuava branco como o de um fantasma e torcia tanto os bigodes em escovinha quanto as mãos.


- Acho que ele não aceitou bem a situação.


- Bem observado, Sirius - ironizou Lene.


— Onde é que você andou, Barty? — perguntou Bagman. — Por que é que você não assistiu à partida? E o seu elfo ficou guardando uma cadeira para você…


- Algo está estranho - observou Frank.


Gárgulas vorazes! — Bagman acabara de notar Winky caída aos seus pés. — Que foi que aconteceu com ela?


- O que ela fez, no caso - falou Snape.


— Estive ocupado, Ludo — disse o Sr. Crouch, ainda falando aos arrancos como antes, e mal movendo os lábios. — E o meu elfo foi estuporado.


- Explicou tudo agora, viu.


— Estuporado? Por gente nossa você quer dizer? Mas por quê…? — De repente o rosto redondo e reluzente de Bagman revelou ter compreendido, ele ergueu os olhos para o crânio, baixou-os para Winky e, em seguida, ergueu-os para o Sr. Crouch.


- Parece que alguém juntou os pontos - disse Ron.


— Não! — exclamou ele. — Winky? Conjurou a Marca Negra? Ela não saberia fazer isso!


- Ela pode ter aprendido em algum lugar, mas onde? - questionou Alice.


Para começar precisaria de uma varinha!


— E tinha uma — disse o Sr. Diggory. — Encontrei-a segurando uma, Ludo.


Regulus encarou Harry. Será que a varinha era dele? Faria sentido, considerando que Harry tinha perdido a dele e de repente um elfo arranjou uma.


Harry olhou para Regulus e vendo o questionamento na cara dele, assentiu. Sabia que Regulus tinha chegado a conclusão certa sobre a sua varinha.


Se o senhor não se opõe, Sr. Crouch, acho que devíamos ouvir o que ela tem a dizer em sua defesa.


- Exatamente! Todos tem direito a defesa - falou Hermione.


Crouch não deu sinal de ter ouvido o Sr. Diggory, mas este pareceu tomar o silêncio do outro por concordância.


- Bem, quem cala consente - disse Sirius.


- Bom saber que você não irá consentir nada na vida então - disse Lene.


Sirius deu de ombros.


Ergueu a varinha e apontando-a para Winky disse:


— Enervate!


Winky mexeu-se fracamente. Seus grandes olhos castanhos se abriram e ela piscou várias vezes de um jeito meio abobado.


- Claro - Hermione falou.


Observada pelos bruxos em silêncio, ergueu o tronco aos poucos e se sentou.


Avistou, então, os pés do Sr. Diggory e lentamente, tremulamente, ergueu os olhos para fixar seu rosto, mais lentamente ainda, olhou para o céu.


- Bem, ela parece culpada disse - Frank.


- Mas por que ela olharia para o céu, se já sabia o que tinha ali? - perguntou Dorcas. Ela tinha a sensação que a elfa estava conferindo algo.


Harry viu o crânio flutuante refletir-se duas vezes em seus enormes olhos vidrados.


- Só um pouco estranho - Lily resmungou. Algumas pessoas viam felicidade, amor, desejo, refletido nos olhos do outros. Harry via o quê?


Ela soltou uma exclamação, olhou a clareira em volta, agitada, e irrompeu em soluços aterrorizados.


- Não parece alguém capaz de conjurar a marca negra - disse Lissy.


Sirius olhou para o irmão automaticamente. Regulus era uma pessoa excelente, sendo extremamente legal com quem gostava, mas ainda assim era totalmente capaz de conjurar a marca.


— Elfo! — disse o Sr. Diggory severamente. — Você sabe quem eu sou? Sou do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas!


James fez uma careta. Podia bem imaginar o tom que Diggory falou.


Winky começou a se balançar no chão para frente e para trás, a respiração saindo em fortes arquejos.


- Opa, ela sabe bem o que isso significa - falou Alice com tristeza.


Harry teve que se lembrar de Dobby em seus momentos de aterrorizada desobediência.


- Todos elfos são assim - Sirius deu de ombros. Hermione o encarou horrorizada.


— Como você está vendo, elfo, a Marca Negra foi conjurada aqui há alguns instantes — disse o bruxo. — E você foi descoberta, pouco depois, logo embaixo dela! Sua explicação, por favor!


- Não esqueça da varinha - falou James.


— Eu… Eu… Eu não estou fazendo isso, meu senhor! — Winky ofegou. — Eu não estou sabendo, meu senhor!


- Ela estava tão assustada - falou Hermione, com pena.


— Você foi encontrada com uma varinha na mão! — vociferou o Sr. Diggory, brandindo a varinha diante dela. E quando a varinha refletiu a luz verde, vinda do crânio no alto, que inundava a clareira, Harry a reconheceu.


Regulus colocou a mão na cabeça. É, Harry já tinha confirmado que a varinha era a dele... Mas esperança é a última coisa que morre, né?


— Ei… É minha! — disse.


- Como assim é sua? Como sua varinha foi parar nas mãos de Diggory? - James perguntou como se fosse uma ofensa pessoal.


Harry deu de ombros.


- Você tem que ser mais cuidadoso, Harry - falou Remus.


- Eu prometo que eu melhorei nisso.


- É, você pode dizer isso - disse Fred, levando um chute na perna - Doeu, Harry.


Todos na clareira olharam para o garoto.


- Bem, foi no mínimo inesperado - disse Josh.


— Perdão? — disse o Sr. Diggory incrédulo.


— É a minha varinha! — repetiu Harry. — Deixei-a cair!


- Bem, pelo menos você é bem direto - disse Neville, pensando em como ele teria vergonha de admitir uma coisa dessas.


— Deixou-a cair? — repetiu o bruxo incrédulo. — Isto é uma confissão? Você se desfez dela depois de conjurar a Marca?


- Nossa, nunca vi alguém distorcer tanto algo - disse Lene.


— Amos, lembre-se de com quem está falando! — disse o Sr. Weasley, muito zangado. — Acha provável que Harry Potter conjure a Marca Negra?


- Nunca fiquei tão feliz por ser Harry Potter na minha vida.


- Finalmente a fama serviu para algo, não? - falou Sirius.


— Hum… Claro que não — murmurou o Sr. Diggory. — Desculpem… Me empolguei…


- Percebemos - comentou Lene secamente.


Hermione deu um pequeno sorriso. Conseguia entender Amos. Ela também tinha uma tendência de se empolgar nas suas próprias conclusões.


— Em todo o caso, não a deixei cair lá — disse Harry, indicando com o polegar as árvores. — Dei falta dela logo depois que entramos na floresta.


- Então alguém usou a sua varinha e deixou ai - disse Alex.


— Então — disse o Sr. Diggory, seu olhar endurecendo ao se virar novamente para Winky que se encolhia aos seus pés.


- Tenho a impressão que ele não gosta muito de Winky.


- Você acha?


— Você encontrou a varinha, não foi, elfo? E você a apanhou e pensou em se divertir com ela, é isso?


- De todas as coisas que ela podia ter feito, por que escolheria a Marca Negra? - resmungou Ginny.


— Eu não estava fazendo mágica com ela, meu senhor! — guinchou Winky, as lágrimas correndo pelos lados do nariz achatado e grande. — Eu estava… Eu estava… Eu estava só apanhando ela, meu senhor!


- Ok, eu tenho que dizer que isso parece um pouco estranho - disse Sirius.


Eu não estava fazendo a Marca Negra, meu senhor, eu não sei fazer!


— Não foi ela! — afirmou Hermione.


- Sempre em defesa dos elfos.


Ela parecia muito nervosa, dizendo o que pensava diante de todos aqueles bruxos do Ministério, mas, ainda assim, decidida.


- Essa é a minha garota - disse Ron.


— Winky tem uma vozinha esganiçada e a voz que ouvimos dizer a fórmula era muito mais grave! — Ela olhou para os lados à procura de Harry e Ron, à procura de apoio. — Não parecia nada com a voz da Winky, parecia?


— Não — confirmou Harry, sacudindo a cabeça. — Decididamente não parecia voz de elfo.


— É, era uma voz humana — disse Ron.


- Acho que um elfo não se lembraria de mudar a própria voz - comentou Frank.


— Bem, logo veremos — rosnou o Sr. Diggory, sem parecer se impressionar.


- Ele realmente está convencido que foi ela.


–Há uma maneira simples de descobrir o último feitiço que a varinha realizou, você sabia, elfo?


Winky estremeceu e sacudiu a cabeça freneticamente, as orelhas abanando, quando o Sr. Diggory ergueu a própria varinha e encostou-a, ponta com ponta, na de Harry.


— Prior Incantato!— rugiu o Sr. Diggory.


- Ele precisa se acalmar - falou Lily irritada. Claro que Amos estava fazendo o que achava certo, mas havia um limite.


Harry ouviu Hermione prender a respiração horrorizada, quando um crânio com uma enorme língua de cobra surgiu no ponto em que as duas varinhas se tocavam,


Snape estremeceu.


mas era uma mera sombra do crânio verde no alto, parecia até feito de uma espessa fumaça cinzenta: O fantasma de um feitiço.


- Certo, e cadê a prova que ela conjurou? Isso só prova que vocês terão um trabalho difícil para saber quem roubou a varinha de Harry - disse Lily.


— Deletrius!— bradou o Sr. Diggory, e o crânio difuso desapareceu transformado em um fiapo de fumaça.


— Então — disse o Sr. Diggory com um tom de furioso triunfo, fixando Winky, que continuava a tremer convulsivamente.


Lily nunca teve um problema com Amos. Até agora. Como ele podia julgar a elfa tão rapidamente?


— Eu não estava fazendo isso! — guinchou o elfo, seus olhos revirando aterrorizados. — Eu não estava, eu não estava, eu não sei fazer!


- Ela não tem nem como se defender mais - disse James com tristeza.


— Você foi apanhada com a mão na botija, elfo — rugiu o Sr. Diggory. — Apanhada com a mão na varinha culpada!


Regulus suspirou. Era por causa de homens burros como Amos que comensais como ele conseguiam sair impunes de muitas coisas.


— Amos — disse o Sr. Weasley em voz alta —, pense um pouco… Pouquíssimos bruxos sabem fazer esse feitiço… Onde ela o teria aprendido?


- Bom saber que seu pai pensa ao contrário de algumas pessoas - comentou James para Ginny.


- Papai nunca condenaria ninguém até absoluta certeza.


— Talvez Amos esteja insinuando — disse o Sr. Crouch, a fúria reprimida em cada sílaba — que eu rotineiramente ensino meus criados a conjurarem a Marca Negra?


- Parece que deu merda, hein - comentou Lene.


- Tem que ser muito burro para falar isso de Barty - comentou Frank.


Snape ficou em silêncio. Ouviram alguns rumores que o filho de Crouch, Barty Jr, queria trilhar um caminho bem diferente do pai. Parecia que o menino estava mexendo com Artes das Trevas. Claro, essa informação não era segura e poucos pareciam saber algo sobre, mas... Existia o boato.


Seguiu-se um silêncio profundamente desagradável. Amos Diggory pareceu horrorizado.


- Espero que isso o faça parar para pensar - disse Lene.


— Sr. Crouch… De… De jeito nenhum…


— Você agora já chegou quase a denunciar as duas pessoas nesta clareira que menos provavelmente conjurariam aquela Marca! — vociferou o Sr. Crouch.


- Bem, eu entendo porque o Harry não, mas e ele? - perguntou Lissy.


- Crouch tem uma grande participação na luta contra Comensais - informou Lene - Ele prendeu vários.


— Harry Potter… E eu! Suponho que você conheça a história do garoto, Amos?


— Claro, todos conhecem… — murmurou o Sr. Diggory, parecendo extremamente sem graça.


- Parecia um filho sendo repreendido pelo pai - disse Ron.


— E espero que se lembre das muitas provas que tenho dado, durante a minha longa carreira, de que desprezo e detesto as Artes das Trevas e aqueles que a praticam — gritou o Sr. Crouch, os olhos saltando das órbitas outra vez.


Talvez ele esteja irritado demais, pensou Frank. Mas logo abandonou esses pensamentos.


— Sr. Crouch, eu… Eu nunca insinuei que o senhor tenha alguma coisa a ver com isso! — murmurou Amos Diggory, corando por baixo da barba castanha e curta.


- Na verdade...


— Se você acusa o meu elfo, você acusa a mim, Diggory! Onde mais ela teria aprendido a conjurar a Marca?


— Ela… Ela poderia ter aprendido em qualquer lugar…


Sirius levantou uma sobrancelha. Bem que os elfos gostariam de serem livres assim. Ou não. Enfim.


— Precisamente, Amos — disse o Sr. Weasley. — Ela poderia ter aprendido em qualquer lugar… — Winky? — disse ele bondosamente, virando-se para o elfo, que se encolheu como se este bruxo também estivesse gritando com ela.


- Ela não é burra, ela entendeu que ainda está sendo acusada - disse Frank.


— Onde foi exatamente que você encontrou a varinha de Harry?


Winky estava torcendo a barra da toalha de chá com tanta violência que o pano se esfiapava entre seus dedos.


- Parece que ela quer se punir - observou Dorcas, horrorizada.


— Eu… Eu estava encontrando… Encontrando ela lá, meu senhor… — murmurou ela — lá… No meio das árvores…


- A pergunta é como a sua varinha foi parar lá - falou Remus.


— Está vendo, Amos? — disse o Sr. Weasley. — Quem quer que tenha conjurado a Marca poderia ter desaparatado logo em seguida, deixando a varinha de Harry para trás. Uma idéia inteligente, não ter usado a própria varinha, que poderia tê-lo denunciado. E Winky aqui teve a infelicidade de encontrar a varinha momentos depois e de apanhá-la.


- Faz sentido - comentou Frank.


- Ela só queria devolver a varinha - falou Ginny tristemente.


Ron cutucou Harry para ter uma conversa silenciosa com ele, como só melhores amigos podem ter. Cara, eu acho que a Ginny vai se juntar a Hermione na proteção aos elfos, falou Ron silenciosamente para Harry. O amigo assentiu, preocupado.


- Parem com isso - ordenou Hermione.


Ron e Harry se sobressaltaram.


- Como você sabe que eu estou fazendo algo? - questionou Ron.


- Eu conheço vocês - disse ela simplesmente.


— Mas, então, ela deve ter estado a poucos passos do verdadeiro responsável! — disse o Sr. Diggory com impaciência. — Elfo? Você viu alguém?


Harry balançou a cabeça. Se a pergunta tivesse um pouco diferente.


Winky começou a tremer mais que nunca. Seus olhos imensos piscaram indo do Sr. Diggory para Ludo Bagman e dele para o Sr. Crouch.


- Que coisa estranha - falou Lene, desconfiada.


Então ela engoliu em seco e disse:


— Eu não estava vendo ninguém… Ninguém…


James não sabia por quê, mas ele tinha um mal persentimento quanto a isso.


— Amos — disse o Sr. Crouch secamente —, estou muito consciente de que normalmente você iria querer levar Winky para interrogatório no seu departamento.


Hermione olhou desconfiada.


Mas vou-lhe pedir que me deixe cuidar dela.


- É um daqueles pedidos que não é muito pedido.


O Sr. Diggory fez cara de quem não achava a sugestão muito boa, mas ficou claro para Harry que o Sr. Crouch era um funcionário tão importante no Ministério que o outro não se atreveria a recusar o pedido.


- Meu bebê está aprendendo sobre política - falou Lily orgulhosa.


Harry corou. Que vergonha!


— Pode ficar tranqüilo de que ela será castigada — acrescentou o Sr. Crouch friamente.


- Não precisa ser tão extremo, calma... - pediu Alice assustada.


— M… M… Meu senhor… — gaguejou Winky, olhando para o Sr. Crouch, seus olhos rasos de lágrimas. — M… M… Meu senhor, P… P… Por favor…


- Um elfo pedindo para não ser castigado? - questionou Regulus incrédulo.


- Acho que ela já sabe o que vem depois - comentou Sirius tranquilamente.


O Sr. Crouch encarou o elfo, seu rosto ainda mais agressivo, cada ruga nele profundamente marcada. Não havia piedade em seu olhar.


- Se ele trata assim um elfo doméstico que está na família há anos... - estremeceu Ron.


- O pior é que muitas pessoas são assim - disse Josh.


— Esta noite Winky se portou de uma forma que eu não teria imaginado possível — disse ele lentamente.


- Ela não fez nada de errado - protestou Hermione.


— Eu a mandei permanecer na barraca. Mandei-a permanecer ali enquanto eu ia resolver o problema. E descubro que ela me desobedeceu. Isto significa roupas.


- Ele foi um pouco cruel - falou Frank.


- Sim, ela servia a ele há anos - concordou Ron.


— Não! — berrou Winky, prostrando-se aos pés do Sr. Crouch. — Não, meu senhor! Roupas não, roupas não!


Harry sabia que a única maneira de libertar um elfo doméstico era presenteá-lo com roupas decentes.


- Nunca entendi por que isso - comentou Ginny. Remus aproveitou essa oportunidade para dar uma aula de história sobre elfos domésticos.


Era penoso ver como Winky se agarrava à sua toalha de chá enquanto soluçava sobre os sapatos do Sr. Crouch.


- Viu, Harry concorda comigo! - disse Hermione.


- É, porque eu tenho um coração, Hermione - disse Harry - Mas não é porque um elfo foi mal tratado que todos deviam ser livres. Aliás, eles não querem isso.


— Mas ela estava assustada! — explodiu Hermione aborrecida, encarando o Sr. Crouch. — O seu elfo tem pavor de alturas, e aqueles bruxos estavam fazendo as pessoas levitarem!


- Aqueles covardes... - xingou Lene, incapaz de se conter.


O senhor não pode culpá-la por ter querido sair de perto!


Por querer não, mas por realmente sair... pensou Snape.


O Sr. Crouch deu um passo atrás, desvencilhando-se do contato com o elfo, a quem ele examinava como se fosse algo imundo e podre que contaminava seus sapatos muito bem engraxados.


- Provavelmente ele pensa assim, não importa que Winky serviu fielmente a família dele por anos - disse Frank.


— Não preciso de um elfo doméstico que me desobedeça


- Na verdade, o senhor não precisa de um elfo doméstico - disse Hermione.


— disse ele friamente, erguendo os olhos para Hermione.


- Ele quer brigar - disse Ginny.


— Não preciso de uma criada que esquece o que deve ao seu senhor e à reputação do seu senhor.


- Ela não deve nada a vocês! Ela já fez mais que a parte dela - disse Hermione.


Winky chorava tanto que seus soluços ecoavam pela clareira. Seguiu-se um silêncio desagradável,


- Quando alguém chora perto de um grupo de pessoas normalmente fica meio tenso mesmo - disse Dorcas - Especialmente se essa pessoa não for muito amiga dos outras pessoas.


que foi interrompido pelo Sr. Weasley, ao dizer baixinho:


— Bom, acho que vou levar o meu pessoal de volta à barraca, se ninguém tiver objeções a fazer.


- Essa é a hora de todos brincarem de ficar calados - falou Sirius.


Amos, a varinha já nos informou tudo que pôde, se Harry puder levá-la, por favor…


- Nada de se - resmungou Regulus - A varinha é dele. Ele tem o direito de levar.


Harry sorriu.


O Sr. Diggory entregou a varinha a Harry e ele a embolsou.


- Finalmente - disse James, mais relaxado agora. Não conseguia ficar tranquilo com o seu filho andando por ai sem varinha, mesmo que tivesse Ron e Hermione com ele.


— Vamos, vocês três — disse o Sr. Weasley em voz baixa. Mas Hermione não parecia querer arredar pé, seus olhos ainda miravam o elfo soluçante.


- Por favor, você luta pelos elfos depois - pediu Frank.


- Eu fui, mas ainda não acho isso certo - disse Hermione.


— Hermione! — chamou o Sr. Weasley com mais urgência. Ela se virou e acompanhou Harry e Ron para fora da clareira, embrenhando-se entre as árvores.


— Que é que vai acontecer com Winky?


- Nada bom - falou Regulus, estremecendo. Sabia bem como eram as coisas para elfos sem família.


— perguntou ela no instante em que deixaram a clareira.


— Não sei — respondeu o Sr. Weasley.


— O jeito como a trataram! — disse Hermione, furiosa. — O Sr. Diggory chamando-a de "elfo" o tempo todo…


- Bem, ela é um elfo - apontou Frank.


- Sim, e eu sou humana! Mas não é por isso que você me chama de humana o tempo todo! - falou Hermione.


- Porque somos da mesma espécie - argumentou Frank.


E o Sr. Crouch! Ele sabe que não foi ela e ainda assim vai despedir Winky! Não se importou que ela tivesse sentido medo nem que estivesse perturbada, era como se ela nem fosse humana!


- Mas... - falou Alice, trocando olhares com Frank.


- Ela não é humana, Hermione - disse Remus suavemente - Mesmo que seja parecida, ela é de uma espécie diferente.


- Eu sei, porém ela merece tanto respeito como nós! - disse ela. Sirius quase revirou os olhos.


- Eu concordo - falou Remus em um tom conciliador.


— E ela não é — disse Ron.


Hermione se voltou contra ele.


- Tá vendo, eu só fiz falar um fato e sobra para mim.


Hermione revirou os olhos.


— Isso não significa que não tenha sentimentos, Ron, é repugnante o jeito…


- Que certas pessoas tratam seus elfos - concordou Lene.


— Hermione, eu concordo com você — disse o Sr. Weasley depressa, fazendo sinal para a garota continuar andando —, mas agora não é hora de discutir os direitos dos elfos.


- Coitado do senhor Weasley - falou Josh.


Quero voltar à barraca o mais depressa que pudermos.


- Lá é pouco mais seguro - concordou Lissy.


Que aconteceu aos outros?


- Estamos bem - falou George.


— Nós os perdemos no escuro — disse Ron. — Papai, por que todo mundo estava tão nervoso com aquele crânio?


- Eu queria que fosse só um crânio - falou Lily tristemente.


— Eu explico tudo quando estivermos na barraca — prometeu ele, tenso.


- Vocês já deviam saber disso - falou Frank - Vocês já pesquisaram sobre a nossa guerra, de 1977? - Ron e Harry balançaram a cabeça culpados - Nem mesmo com Harry sendo o Menino-Que-Sobreviveu? - Frank perguntou incrédulo.


Mas quando alcançaram a orla da floresta, depararam com um obstáculo.


- Parece que esses não acabam nunca.


Havia ali uma aglomeração de bruxas e bruxos assustados,


- Quem não ficaria?


e quando viram o Sr. Weasley caminhando em sua direção, muitos foram ao seu encontro.


— Que é que está acontecendo na floresta?


— Quem conjurou aquilo?


- Acho que nessa hora seu pai não estava muito feliz de ser um funcionário do Ministério.


— Arthur, não é… Ele?


— Claro que não é ele — disse o Sr. Weasley impaciente. — Não sabemos quem foi, parece que desaparatou. Agora, me dêem licença, por favor, quero ir me deitar.


- Ele foi mais educado do que eu seria - disse James.


- Ninguém duvida - comentou Lene.


Ele passou com Harry, Ron e Hermione pela aglomeração e voltou ao acampamento. Tudo estava silencioso agora,


- Chega foi estranho.


não havia sinal de bruxos mascarados, embora várias barracas destruídas ainda fumegassem.


- As barracas são o de menos - disse Sirius.


Chalie meteu a cabeça pela abertura da barraca dos garotos.


- Então ele está bem - falou Alice aliviado. Mal sabia qualquer coisa sobre Charlie, mas ele era um Weasley. Era o suficiente para ela gostar dele.


— Papai, que é que está acontecendo? — perguntou ele no escuro. — Fred, George e Ginny já voltaram, mas os outros…


— Estão aqui comigo — respondeu o Sr. Weasley, se abaixando pra entrar na barraca. Harry, Ron e Hermione entraram atrás dele.


- Não era a melhor ideia continuar do lado de fora - comentou Ron.


Bill estava sentado à pequena mesa da cozinha, apertando um braço com um lençol, que sangrava profusamente.


- Mas ele estava bem - tranquilizou Ron antes que alguém perguntasse.


Chalie tinha um rasgo na camisa e Percy ostentava um nariz ensanguentado.


- O orgulho deles estava mais feridos que eles - disse George.


Fred, George e Ginny pareciam ilesos, embora abalados.


- Somos mais espertos - disse Fred, dando uma piscadinha.


— Pegou ele, papai? — perguntou Bill bruscamente. — A pessoa que conjurou a Marca?


- Eu queria saber por que alguém conjurou a marca agora - falou Frank pensativo.


— Não. Encontramos o elfo de Barty Crouch segurando a varinha de Harry, mas não ficamos sabendo quem realmente conjurou a Marca.


- Eu sei, meio inacreditável - falou Lily.


— Quê?— exclamaram Bill, Chalie e Percy, juntos.


— A varinha de Harry? — disse Fred.


— O elfo do Sr. Crouch? — disse Percy, parecendo estupefato.


Com alguma ajuda de Harry, Ron e Hermione, o Sr. Weasley explicou o que acontecera na floresta. Quando terminaram a história, Percy encheu-se de indignação.


- É outro adorador de elfo doméstico?


- Não exatamente - resmungou Ginny.


— Ora, o Sr. Crouch tem toda razão em querer se livrar de um elfo desses! — exclamou ele. — Fugir desse jeito depois que ele o mandou expressamente fazer o contrário…


- Ele podia até puni-lo, mas demitir? - questionou Snape.


Envergonhando o dono diante de todo o Ministério… Que iria parecer se ele tivesse que comparecer no Departamento para Regulamentação e Controle…


- Uma pessoa decente - sugeriu Lene.


— Ela não fez nada, só estava no lugar errado na hora errada! — disse bruscamente Hermione a Percy,


- Parece que sua luta continua - comentou Lene.


- que ficou muito espantado. Hermione sempre se dera muito bem com ele, melhor até que qualquer dos outros.


- Sabe como é, dois cfds - comentou Ron para James.


- Sei bem - respondeu olhando para Remus e Lily.


— Hermione, um bruxo na posição do Sr. Crouch não pode se dar ao luxo de ter um elfo doméstico que endoida com uma varinha na mão!


- Nisso eu concordo - falou Frank- Mas ela não endoidou.


- disse Percy, pomposamente, recuperando-se do espanto.


— Ela não ficou maluca! — gritou Hermione. — Ela só apanhou a varinha no chão!


- O que ela sabe que é proibido - falou Regulus. Kreacher nunca faria isso.


— Olha aqui, será que alguém pode explicar o que significava aquele crânio?


- É mais importante que o elfo - concordou Lene.


— perguntou Ron impaciente. — Não estava fazendo mal a ninguém…


- Agora - murmurou Snape sombriamente.


Por que esse escândalo todo?


— Eu já lhe disse, é o símbolo do Você-Sabe-Quem, Ron — disse Hermione, antes que mais alguém pudesse responder. — Li sobre ele em Ascensão e queda das artes das trevas.


- Viram? Hermione fez uma coisa inteligente. Ela leu - disse Frank.


- Dá muito trabalho - resmungou Ron.


— E não é visto há treze anos — acrescentou o Sr. Weasley em voz baixa. — E claro que as pessoas entraram em pânico… Foi quase o mesmo que rever Você-Sabe-Quem.


- Não, não foi - murmurou Harry quietamente. Hermione o encarou preocupada.


— Não estou entendendo — disse Ron, franzindo a testa. — Quero dizer… É apenas uma forma no céu…


- Que era usada pelos comensais - disse Regulus.


É, você saberia sobre isso, pensou Sirius.


— Ron, Você-Sabe-Quem e seus seguidores projetavam a Marca Negra no céu sempre que matavam alguém — disse o Sr. Weasley. — O terror que isso inspirava… Você não faz idéia, era muito criança. Mas imagine a pessoa chegar em casa e encontrar a Marca Negra pairando sobre ela, sabendo o que vai encontrar lá dentro…


- Ela começa a enlouquecer na hora - falou Alice quietamente. Neville estremeceu.


- Por favor, não fale sobre enlouquecer - pediu.


Alice franziu a sobrancelha, mas acenou.


— O Sr. Weasley fez uma careta. — O que todos temem mais… Temem mais do que tudo…


- Eu vi algo parecido em um seriado trouxa uma vez. The Mentalist. Era horrível, mas isso é muito pior - comentou Alex.


Houve um silêncio momentâneo. Então Bill, levantando o lençol do braço para verificar o corte, disse:


— Bem, não fez nenhum bem à gente esta noite, quem quer que tenha conjurado aquilo.


- Acho que a pessoa não estar se preocupando muito em fazer o bem - disse Alice.


A Marca Negra afugentou os Comensais da Morte no momento em que a viram.


- Os próprios comensais fugiram da marca? - perguntou Alex confuso.


- Sim, porque eles não estavam agindo sob a ordem de Voldemort e ficaram com medo de o chefe ter chegado nessa hora.


Todos desaparataram antes que chegássemos bastante próximos para arrancar a máscara deles.


- Normalmente só da para tirar a máscara de um comensal quando eles estão desacordados - comentou Sirius.


Aliás, seguramos os Roberts antes que atingissem o chão. A memória deles está sendo alterada.


- Espero que eles fiquem bem - falou Lily, apreensiva.


— Comensais da Morte? — perguntou Harry. — Que são Comensais da Morte?


- Harry, você sabe alguma coisa? - questionou Lene incrédula.


- Basicamente não.


— É o nome que os seguidores de Você-Sabe-Quem davam a si mesmos. Acho que vimos o que restou deles hoje à noite, pelo menos os que conseguiram ficar fora de Azkaban.


- Uma parte deles - falou James secamente. A quantidade era tão insignificante.


— Não podemos provar que eram eles, Bill — disse o Sr. Weasley. — Embora provavelmente tenham sido — acrescentou desanimado.


- Não há duvidas - resmungou Ron.


— É, aposto que eram! — disse Ron repentinamente. — Papai, encontramos Draco Malfoy na floresta, e ele praticamente nos disse que o pai dele era um dos idiotas mascarados! E todos sabemos que os Malfoy eram íntimos de Você-Sabe-Quem!


- Draco é burro mesmo - comentou Lene.


— Mas o que é que os seguidores de Voldemort… — começou Harry. Todos se encolheram, como a maioria das pessoas no mundo dos bruxos, os Weasley sempre evitavam dizer o nome de Voldemort.


- Uma grande besteira - disse Lily.


- Não mais - falou Ginny. Harry sorriu para ela.


— Desculpem — disse Harry depressa.


— Mas o que é que os seguidores de Você-Sabe-Quem pretendiam fazendo aqueles trouxas levitar? Quero dizer, qual era o objetivo?


- Causar caos, simplesmente - falou Frank triste.


— O objetivo? — disse o Sr. Weasley com uma risada desanimada. — Harry, essa é a ideia que fazem de uma brincadeira. Metade das mortes de trouxas quando Você-Sabe-Quem estava no poder foi feita de brincadeira.


Alice fechou os olhos. Não queria ouvir sobre os absurdos que acontecera.


Imagino que eles tenham tomado uns drinques esta noite e não puderam resistir ao impulso de nos lembrar que um grande número deles continua em liberdade. Uma reuniãozinha simpática — terminou ele desgostoso.


- Não acho que tenha sido realmente assim - comentou Regulus.


- Eles realmente não pareciam bêbados - disse Harry.


— Mas se eles eram realmente os Comensais da Morte, por que desaparataram quando viram a Marca Negra? — perguntou Ron. — Deveriam ter ficado felizes de ver a Marca, não?


- Só os que foram para Azkaban ficaram felizes com isso - disse Frank.


— Usa os miolos, Ron — disse Bill. — Se eles eram realmente os Comensais da Morte, se viraram de todo o jeito para não serem mandados para Azkaban quando Você-Sabe-Quem perdeu o poder, e contaram um monte de mentiras de que ele os forçara a matar e torturar gente.


- Um bando de hipócritas nojentos - falou Lene.


Regulus ficou em silêncio, mas questionou mentalmente ironicamente o que ela faria. Pedir por favor me leve? Sim, eu servi ao cara que foi morto e não pode mais me ajudar. Aliás, ainda acho que ele está certo. Mas hey, se eu for honesta agora, minha vida será muito melhor quando ele ressurgir, mais de dez anos depois.


Aposto como sentiriam ainda mais medo do que nós ao ver que ele estava voltando.


- Pelo menos não somos alvos específicos - murmurou Fred.


- Quer dizer... - disse Ron olhando para Harry. - Talvez sim.


Negaram que estivessem metidos com Você-Sabe-Quem quando ele perdeu o poder e voltaram as suas vidinhas de sempre… Acho que o Lord não ficaria muito satisfeito de ver essa gente, não é mesmo?


- Acho que ele não fica satisfeito com nada - resmungou Harry - Mas com certeza ele não estava muito feliz em rever os antigos seguidores.


— Então… Quem conjurou a Marca Negra… — disse Hermione lentamente - Estava fazendo, isso para manifestar apoio ou amedrontar os Comensais da Morte?


- Não tem como saber agora - falou Frank cansado.


— O seu palpite vale tanto quanto o meu, Hermione — disse o Sr. Weasley - Mas vou lhe dizer uma coisa… Somente os Comensais eram capazes de conjurar a Marca. Eu ficaria muito surpreso se a pessoa que a conjurou não tivesse sido um dia Comensal da Morte, mesmo que não o seja agora…


- Eu também - concordou Regulus.


Olhem, é muito tarde, e se sua mãe ouvir falar do que aconteceu vai morrer de preocupação. Vamos dormir mais um pouco e depois tentar pegar um portal bem cedo para sair daqui.


- Boa ideia - falou Lily.


- Amor, vocês acham que eles vão conseguir dormir?


- Eles precisam - ela disse simplesmente.


Harry voltou ao seu beliche com a cabeça zunindo. Sabia que devia estar se sentindo exausto, eram quase três horas da manhã, mas estava completamente acordado


- Viu? - falou James.


- Calado, James.


— completamente acordado e preocupado.


Há três dias — parecia muito mais, mas só tinham sido três dias


- Parece bem mais - concordou Dorcas.


— acordara com a cicatriz ardendo. E esta noite, pela primeira vez em treze anos, a Marca de Lord Voldemort tinha aparecido no céu. Que significavam essas coisas?


- Talvez nada, talvez tudo - falou Sirius.


- Ou seja, você não sabe.


- Não enche, Lene.


Ele pensou na carta que escrevera a Sirius antes de deixar a Rua dos Alfeneiros. Será que o padrinho já a recebera? Quando iria mandar resposta?


- Assim que eu conseguir, Harry - prometeu Sirius. Sabia que essa seria a coisa mais importante a fazer.


Harry ficou contemplando a lona, mas não lhe ocorreu nenhum devaneio em que voasse para ajudá-lo a adormecer


- Tente deixar a mente em branco - sugeriu Ron.


- Não é tão fácil.


e somente muito tempo depois, quando os roncos de Chalie encheram a barraca, foi que o garoto finalmente adormeceu.


- Viu, James? - ela implicou, imitando o tom dele.


- Calada, Lily - James imitou o tom dele.


- Acabou - anunciou Dorcas - Querem fazer uma pausa? - todo assentiram rapidamente.


- Vamos? - chamou Harry. Regulus assentiu.


Ron fez uma careta. Não podia esperar para o que quer os dois estivessem fazendo juntos terminasse.




Notas: Tem alguma cena que vocês estão ansiosos para ler? Tipo, eu morria de vontade de ver como as pessoas reagiriam ao saberem que Harry quase foi da Sonserina e ainda quero muito ver a reação de todos quando chegar o sétimo livro e tiver a conversa de Dumbledore e Snape.

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