RUMOS DA GUERRA



CAPÍTULO 20



 



RUMOS DA GUERRA



 



 



 



 



 



 



 



No apartamento de Doc Savage, em Nova York, transcorria uma pequena confraternização para que Harry se ambientasse e conhecesse um pouco mais os outros membros da equipe. Embora parecesse que, de todos eles, Pat Savage era quem mais dava atenção a Harry Potter.



Arrastando o bruxo para um sofá, sentou-se ao seu lado e começaram a conversar.



 



_Pois é, Harry, embora eu já tenha conhecido alguns bruxos americanos, graças a algumas situações nas quais Doc colaborou com o MACUSA, você é o segundo bruxo britânico que eu conheço. O primeiro foi Newt Scamander.



_Eu também o conheci, bem como sua esposa, Porpentina. Coincidentemente, eu e Tom salvamos seu sobrinho de um campo de trabalhos forçados dos Nazistas, no mesmo lugar onde estavam mantendo Secord cativo.



_A instalação que vocês invadiram? _ perguntou Pat _ Eu estava liderando o grupo que encontrou os destroços do supercargueiro Nazista no Ártico. Aliás, não se preocupe. A amostra de “Mercúrio Vermelho” que sobrou está segura, Doc sabe do perigo que aquele material representa e jamais o deixaria cair em mãos erradas.



_Pelo que sei a respeito de Doc, não há mãos mais seguras. Mas o “Mercúrio Vermelho” é a forma refinada do “Mercúrio Violeta”. A substância bruta é muito mais poderosa e perigosa.



_Doc e nós temos acesso a muitas informações sigilosas, Harry. Entre elas, a de que a forma bruta estava sendo utilizada para geração de energia e até mesmo para possível viagem no tempo. _ disse Pat.



_Exatamente, Pat. _ disse Harry _ Estivemos na instalação que trabalhava com aquele material, na Polônia. Seria bom que os Aliados chegassem logo àquele local, mas não será possível fazer nada antes de junho.



_Por quê? _ perguntou Pat, segurando de leve a mão de Harry.



_Ainda não posso dizer. _ respondeu Harry, instintivamente recuando um pouco ao contato _ Desculpe, Pat. Esta reação tem motivo. Sofri uma perda, muito recente e muito importante.



_A garota, sua colega de Hogwarts? Quando Cliff disse a Betty que vocês ainda ficariam mais um dia na Inglaterra, era para o funeral dos que tombaram na invasão e ela estava entre eles, não é? Quem era ela, Harry?



_OK, eu não sou de falar demais, mas vou te contar tudo, Pat. Nem todos sabem da história completa, mas a verdade é que não sou deste tempo e nem mesmo desta realidade.



_Como é que é? _ Pat Savage ainda não tinha conhecimento daqueles fatos.



_Um acidente fez com que eu e outro bruxo viéssemos parar aqui. Ele era meu inimigo jurado e o choque entre nossos últimos feitiços disparados formou uma esfera de energia que, aparentemente, fraturou o continuum espaço-tempo-dimensional quando se rompeu.



_E ele está na Inglaterra?



_Sim, uma série de circunstâncias fez com que tivéssemos que fazer uma trégua. E foi o que fizemos, mesmo que ele tenha matado meus pais e tentado me matar, quando eu tinha um ano de idade.



_Brrr, imagino que você tenha relutado muito em fazer isso. Ser aliado do assassino de seus pais.



_No começo sim, mas precisávamos um do outro para tentar retornar à nossa realidade.



_E vocês acabaram ficando por aqui. _ disse Pat _ E de quando vocês são?



_Bem, Voldemort nasceu em 1925 e sua contraparte desta realidade, com a qual ele acabou se fundindo, está com dezoito para dezenove anos. Eu nasci, ou melhor, nascerei em 31 de julho de 1980. Desde que chegamos procuramos pesquisar meios de voltar, mas nenhum parece dar certo.



_E então vocês estão se conformando com a ideia de viverem nesta época, em um universo paralelo, não é?



_Exatamente. Embora eu tenha uma namorada na minha realidade, estou procurando me adaptar cada vez mais e aceitando a ideia de não poder voltar. Ela se chama Gina Weasley e esta é a sua foto.



 



Harry mostrou a foto de Gina.



 



_Ela é linda, Harry. Você está certo em se esforçar para voltar. Mas as chances foram diminuindo e foi quando você conheceu essa garota. _ deduziu Pat.



_Sim. Tive a sorte de conhecer Elaine Rutherford e fazíamos planos para uma vida em comum aqui. Mas um dos malditos capangas de Grindelwald a matou, bem na minha frente... _ e Harry não conseguiu continuar.



 



Patrícia Savage abraçou Harry e procurou confortá-lo.



 



_Calma, Harry, todos nós já passamos por tragédias e tivemos que aprender a lidar com elas. Doc fechou seu coração para o amor por um bom tempo, depois que um inimigo acabou matando a mulher que ele amava, mas acabou aprendendo a lidar com isso e se recuperou. Não se afunde em amargura, lembre-se de que há pessoas que gostam de você. Quem sabe, até seja possível encontrar um meio de retornar ao seu tempo e lugar?



 



Pat deu um suave beijo no rosto de Harry e naquele momento ouviram uma voz.



 



_Com licença, jovens. Ouvi vocês falarem em deslocamento no tempo e entre dimensões? Creio ser esse um assunto deveras interessante.



 



Albert Einstein ouvira parte da conversa dos dois e resolvera se aproximar.



 



_Prof. Einstein, junte-se a nós. _ disse Harry _ Quem sabe o senhor poderá nos esclarecer algumas dúvidas.



_Espero poder ser de alguma utilidade, meus jovens. _ disse Einstein, sentando-se em uma poltrona _ Talvez possamos fazer algumas descobertas juntos. A viagem no tempo é uma ideia muito atraente e que já deu origem a muitas histórias, tais como “A Máquina do Tempo”, que H. G. Wells publicou em 1895. Até haveria a possibilidade, caso houvesse um combustível ou um veículo capaz de transcender a velocidade da luz e, por assim dizer, “dobrar o espaço”.



Não só livros, Prof. Einstein. _ disse Harry _ Acho que posso dizer alguma coisa para o senhor, pois sua mente inspirou ou vai inspirar várias histórias, seja em livros, filmes de cinema ou séries de televisão.



_A televisão é algo que logo estará sendo produzido em série, como resultado das pesquisas efetuadas e patenteadas por Philo Farnsworth e Vladimir Kosma Zworykin e me arrisco a imaginar que no futuro ela estará na maioria dos lares, ao redor de todo o mundo. _ disse Pat.



_Você não poderia estar mais certa. _ disse Harry, com um sorriso que foi acompanhado por Einstein _ E o que o senhor poderia dizer sobre deslocamento entre dimensões, Prof. Einstein?



O conceito teórico de Universos Paralelos, com Realidades Alternativas não é novo, muitos também já imaginaram coisas do tipo. Basicamente, seriam vários universos ocupando o mesmo lugar, mas vibrando em frequências diferentes, respeitando o princípio físico de que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Ora, isso abre infinitas possibilidades, uma pessoa poderia ter uma contraparte sua em um universo e não tê-la em outro e essas contrapartes poderiam ser iguais ou diferentes. Por exemplo, assim como neste universo eu sou um cientista, em outro eu poderia ser um fazendeiro, por exemplo. Ou então não estar nos EUA quando Hitler assumiu o poder e ser obrigado a trabalhar para os Nazistas e por aí além.



_Mas é uma teoria que ainda não conseguiu ser provada, não é, Prof. Einstein?



_Infelizmente não, meu caro Harry Potter. _ disse Einstein _ Tudo ainda está no campo da imaginação. Ainda não temos como provar a existência dos Universos Paralelos, quanto mais saber como viajar entre eles, mesmo que você e Voldemort o tenham feito. Infelizmente não temos dados para saber como isso  aconteceu e muito menos como vocês poderiam voltar. Foi um verdadeiro acidente cósmico, um evento fortuito que não sabemos como reproduzir.



_Um verdadeiro “Pinhole”, não é, Prof. Einstein? _ comentou Harry, lembrando-se da proporção de probabilidades _ Praticamente as mesmas chances de um alfinete cair na vertical sobre uma folha de papel e passar pelo mesmo furo anteriormente feito por ele.



_Mais ou menos isso, Harry. Mas o fato de vocês estarem aqui significa que é possível. _ concordou Einstein _ E se foi possível virem, deve ser possível voltarem. Só teremos que descobrir como. E talvez seja algo tipo “Ovo de Colombo”, uma coisa simples ou até mesmo infantil, mas que está passando despercebida.



_Se houver uma chance, por pequena que seja, eu acho que vale a pena tentar. _ disse Harry _ Mas, no momento, meu foco é ajudar os Aliados a ganharem a guerra. Principalmente porque isso poderá me colocar frente a frente com o “Coringa” e terei a chance de fazer com que ele receba o que merece (“E depois eu gostaria de ter a chance de vê-lo ser julgado em Nuremberg”, pensou Harry).



 



A confraternização seguiu animada, até a hora em que todos foram dormir, principalmente Harry que estava bastante cansado. Ele ainda ouvia as palavras de Einstein em sua mente. Será que havia mesmo alguma chance, por ínfima que fosse, de ele e Voldemort retornarem à década de 90, de onde haviam saído? E quando e se voltassem? Teriam mesmo que matar um ao outro, cumprindo a profecia de Sibila Trelawney? Aquele último ano havia aproximado os dois, ele tinha que admitir. Haviam desempenhado missões para a Resistência e para a Inteligência Aliada, passaram juntos por vários perigos, ele aprendera a reconhecer o valor de Voldemort como guerreiro e, com as lições aprendidas com Renata Wigder (“Agora Wigder-Mason, pois ela se casou com Hiram, logo depois da formatura”, pensou Harry), ele notava que o Ki do Lorde das Trevas estava ficando mais para revolucionário do que para maligno. Talvez fosse resultado da fusão com sua contraparte, Tom Riddle jovem. O fato era que Harry percebera que, àquela altura, Voldemort também teria alguma relutância em matá-lo. Bem, só o futuro diria. E ainda havia a tal proposta que Churchill iria apresentar a ele, quando retornasse à Grã-Bretanha. O que poderia ser? Perdido em seus devaneios, não percebia o quanto a noite avançava.



No meio da madrugada, uma suave batida à porta do seu quarto, seguida pelo seu entreabrir e pela passagem de uma figura em uma leve camisola. Pat Savage aproximou-se, sendo percebida pelo bruxo.



 



_Pat? _ perguntou Harry com voz sonolenta, reconhecendo o perfume da garota, que se sentou na beirada da cama _ O que está fazendo aqui?



_Calma, Harry. Não precisará acontecer nada, se você não quiser. Mas que você precisa não ficar só nesta noite, é um fato. Ou vai me deixar sentada na beirada da cama até de manhã? _ perguntou Pat, com um sorriso.



_OK, garota. _ disse Harry, abrindo espaço _ Sua companhia só pode fazer bem.



 



Conversaram mais um pouco e, quando o sono os venceu, dormiram abraçados como duas crianças, dois irmãos, contentes apenas por estarem em companhia um do outro. Nada mais fora preciso.



Na manhã seguinte, Pat saiu do quarto de Harry e foi à cozinha, tomar um café. Lá chegando, deu de cara com Doc.



 



_Estava com Harry, não é, Pat? _ perguntou Doc Savage, com um sorriso e um olhar bem significativo _ Lembre-se de que ele ainda deve estar meio fragilizado com a perda da garota, se não me engano o nome dela era Elaine Rutherford.



_Ele estava muito triste com a perda daquela garota, Doc. Mas tudo o que ele precisava era de alguém que o abraçasse e mostrasse que o mundo não havia acabado. Ele tem alguém esperando lá no universo dele e eu gostaria que fizéssemos tudo para ajudá-lo a retornar.



_Ele poderá contar com a ajuda de toda a nossa equipe, Pat. Ah, garota, arrume-se. Vamos a Washington, mais tarde. Roosevelt quer conhecer “Robin”.



_Eu também gostaria muito de conhecer o Presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt. _ disse Harry, que já havia levantado, escovado os dentes e viera à cozinha, em busca de uma boa xícara de café _ Um dos quatro maiores Presidentes deste país, juntamente com Lincoln e Washington. O outro eu não posso dizer quem é, pois ainda vai acontecer.



_Então termine seu café, tome um banho e troque de roupa. Temos algo no seu tamanho, lá no seu quarto. Torrada? _ perguntou Doc.



_Aceito, obrigado. _ respondeu Harry _ E como iremos a Washington?



_Meu novo helicóptero tem espaço para nós três, sem problemas. Vamos partir daqui a uma hora.



 



Uma hora depois, estavam os três no helicóptero cor de bronze de Doc Savage, rumo a Washington. Doc vestia um traje de três botões azul-marinho, enquanto Harry dera preferência a um cinza-claro de lapelas largas e duplo abotoamento, meio “oversized”, que lhe caía muito bem. Os chapéus eram indispensáveis, obviamente. Pat estava linda em um tailleur lilás, embora não se sentisse muito à vontade com roupas mais sociais, dando preferência aos trajes que utilizava em suas aventuras.



Com habilidade, Doc pilotava o helicóptero, pousando nos jardins da Casa Branca ao lado de outro do mesmo modelo, só que negro, que lá se encontrava. Do lado de dentro, Franklin e Eleanor assistiam ao pouso.



 



_Acho que qualquer dia desses vamos ter que demarcar vagas para os helicópteros das visitas nos jardins da Casa Branca, querido. _ disse Eleanor Roosevelt.



_A ideia já me passou pela cabeça, querida. _ disse Franklin _ Vamos lá fora, recepcioná-los?



_Sim, vamos.



 



Desembarcando do helicóptero, Doc, Harry e Pat foram calorosamente cumprimentados pelo Primeiro Casal dos EUA. Franklin utilizava um par de muletas, por causa das sequelas da poliomielite que havia contraído em 1921. Aos olhos de Harry Potter aquilo não diminuía em nada a grandeza do homem que envidara todos os seus esforços para reerguer o país após a queda da Bolsa, em 1929 e conseguira, através de vários Programas de Governo, o “New Deal”, vencer o período da Grande Depressão.



 



_Doc, meu caro. _ disse Roosevelt, alegremente _ é sempre um prazer recebê-lo. Como vai, Pat?



_Bem, obrigada, Sr. Presidente. _ disse Pat _ Sra. Roosevelt, bom dia.



_Bom dia, Pat. _ disse Eleanor _ E quem é esse belo jovem?



_Meu nome é Harry Potter, Sra. Roosevelt. É uma grande honra e um imenso prazer conhecê-los. _ disse Harry, cumprimentando o casal.



_Harry Potter? O jovem bruxo britânico, de quem Winnie e Monty me falaram? _ perguntou Roosevelt.



_Sou eu mesmo, Sr. Presidente. _ confirmou Harry _ O senhor já tinha algum conhecimento da existência de magia nos dias atuais?



_Sim, pois o MACUSA nos prestou uma enorme ajuda, desde o início da guerra. _ disse Roosevelt _ Vamos, vamos entrar. Temos outros convidados.



 



Em uma sala de reuniões, outras quatro pessoas aguardavam. Um senhor alto, forte, totalmente calvo e vestido de preto, uma senhora de cabelos castanho-escuros, um indiano alto e magro de turbante na cabeça e uma jovem ruiva aparentando uns vinte ou vinte e dois anos e que poderia passar por Gina, se seus cabelos fossem lisos e não cacheados. O careca olhou para os recém-chegados e abriu um sorriso.



 



_Doc! Há quanto tempo não o vejo! _ disse ele.



_Olá, “Daddy”. _ disse Doc _ E então, o novo modelo de helicóptero aprovou?



_Sem dúvida, Doc. Estou pensando em produzi-lo em série, para ser utilizado em missões de resgate. Ele é leve, ágil e tem condições de chegar a lugares bem difíceis.



_Criei o modelo pensando exatamente nisso. _ disse Doc _ Vai salvar muitas vidas.



 



Foi então que Harry percebeu de quem se tratavam.



 



_Quando Doc chamou o senhor de “Daddy” eu comecei a perceber e agora os reconheço. O senhor é Oliver Warbucks, o magnata da indústria bélica. Consequentemente, essa senhora é sua esposa, Grace. O senhor indiano alto é Punjab e essa jovem ruiva só pode ser... Annie.



_Como nos conhece?_ perguntou Annie _ Embora conheçamos a Inglaterra, não me lembro de você. E olha que eu não te esqueceria (“Xiii, você também, Annie?” , pensou o bruxo). _ disse ela, com um olhar bastante significativo.



_Meu nome é Potter, Harry Potter. Embora seja civil, estou colaborando com os Aliados na Grã-Bretanha.



_Ele é o jovem bruxo de quem lhe falei, Oliver. _ disse Roosevelt.



_Muito prazer, Sr. Potter. _ disse Warbucks _ E parabéns pelo excelente trabalho.



_O senhor não estranha a magia, Sr. Warbucks?



_Houve um tempo em que eu até não acreditava, mas Punjab me mostrou muita coisa.



_Não sou bruxo, mas conheço muito sobre magia, desde quando praticava as artes de desenvolvimento do corpo e da mente. _ disse Punjab _ Muitas das coisas que sei me foram ensinadas por bruxos, nos lugares pelos quais passei.



_O presidente chegou a mencionar que você e outro bruxo desempenhavam missões sigilosas para a Inteligência. _ disse Annie _ Não era muito perigoso?



_Perigoso mas necessário, Annie. _ disse Harry _ Creio que demos a nossa contribuição para que a Grã-Bretanha pudesse se libertar dos Nazistas e seu comandante bruxo, Grindelwald.



_Parece estranho que o senhor e o presidente se deem tão bem, mesmo sendo de correntes políticas diferentes, Sr. Warbucks. _ comentou Pat.



_Na verdade o fato do presidente ser Democrata e eu Republicano é o de menos, Pat. _ disse Warbucks _ Acontece que somos amigos praticamente desde a infância, portanto as diferenças partidárias nada significam.



_Fora o fato de vocês dois serem irmãos em uma Ordem Maior, Justa e Perfeita, não é, Sr. Presidente? _ questionou Harry _ Eu reconheci alguns detalhes no seu jeito de conversar e em alguns gestos.



_Me pegou, Harry. _ disse Roosevelt _ Mas como é que você sabe sobre a Ordem?



_Um dos colegas de Hogwarts, Hiram Mason, é protegido da Ordem e todos os seus ancestrais pertenceram a ela.



_Muito inteligente, Harry Potter. _ disse Warbucks _ Já foi convidado a se iniciar?



_Oh não, Sr. Warbucks. Tenho apenas dezoito anos e é preciso ter vinte e um, para poder ser convidado, a não ser que seja filho de um membro. Mas já li bastante sobre ela, Hiram me forneceu uma vasta literatura.



_Bem, não se esqueça de me procurar, quando tiver vinte e um. Terei o maior prazer em ser seu padrinho e orientador. _ disse Roosevelt _ Creio que o avental lhe cairá muito bem.



_Obrigado, Sr. Presidente._ disse Harry.



_Nessa situação nós não poderemos acompanhá-los. _ disse Grace.



_Fazer o quê? _ disse Eleanor _ Ao menos sabemos onde estão por, pelo menos, duas horas.



_Na verdade, mesmo com as diferenças partidárias, Oliver é um dos meus melhores confidentes e conselheiros. _ disse Roosevelt _ Isso até nos ajuda a chegar a um consenso.



_E quando papai começa a levantar voo, eu e Grace o trazemos de volta à Terra. _ disse Annie, dando um beijo na testa de Oliver Warbucks _ Jamais poderei agradecer o suficiente por tudo. Eu e minhas amigas vivíamos em condições subumanas naquele orfanato, era um verdadeiro inferno. Papai me adotou, me reconheceu oficialmente como sua filha e proporcionou um futuro para todas as outras garotas. Mesmo a Srta. Agatha Hannigan se reabilitou, graças à ajuda dele.



_Na verdade sou eu quem deve agradecer, Annie. _ disse Warbucks, segurando as mãos dela nas suas _ Vocês devolveram a alegria de viver a este velho careca e mal-humorado.



_Mas há motivos importantes para o senhor ter nos chamado, não é, Sr. Presidente? _ perguntou Doc.



_Sim, Doc. _ respondeu Roosevelt _ E tem a ver com o fato de Harry Potter ter vindo de um futuro paralelo. Devido ao nosso presente ser História para ele, talvez ele possa nos orientar e ajudar a terminar mais cedo com essa maldita guerra.



_Não posso dizer tudo, Sr. Presidente. Se eu revelar todos os fatos, poderá comprometer a História. Mas algumas coisas eu poderei dizer, para que a História se desenvolva como na minha Terra. _ disse Harry _ Já outras seria melhor que ocorressem de forma diferente de como ocorreram lá, para que pudéssemos viver uma era de paz duradoura.



_Um dos projetos que eu tinha em mente para isso era algo que vários ministros de Hiroito vieram me pedir, em segredo. _ disse Roosevelt _ Eles pensam em convencer o Imperador do Japão a romper com o Eixo e solicitar um acordo de paz com os Aliados. Essa guerra está sacrificando muito o povo japonês.



_E o que você acha, Harry? _ perguntou Doc Savage _ Acredita na possibilidade de um acordo de paz com o Japão?



_Vocês poderão estranhar o que vou dizer. Acho que, por mais que um acordo de paz com o Japão pudesse abreviar a guerra e fosse viável, ele não deveria ser feito, pois comprometeria os acontecimentos futuros. Por mais duro que possa ser, as coisas deverão transcorrer nesse caso específico exatamente da mesma forma como na minha realidade. _ disse Harry, após pensar por algum tempo.



_E você poderia nos dizer quais as razões, Harry? _ perguntou Annie.



_Não, Annie. No momento, só ao Presidente. Mas vocês saberão, no momento certo e irão me dar razão. Sr. Presidente, há alguma sala na qual possamos conversar de forma reservada?



_Sim, Harry. _ disse Roosevelt _ Vamos lá.



 



Roosevelt e Harry retiraram-se para uma sala anexa e lá permaneceram, retornando depois de uns vinte minutos. Mesmo que tentasse disfarçar muito bem, era possível perceber que o Presidente dos EUA havia ficado bastante impressionado com o teor da conversa. Harry tinha nas mãos dois envelopes grossos, lacrados com o Selo Presidencial. Entregou um para Oliver Warbucks e o outro para Doc Savage.



 



_Estes envelopes contêm a transcrição de nossa conversa e outras coisas mais, que foram escritas com uma Pena de Repetição Rápida que eu conjurei. Eles só deverão ser abertos depois que a guerra terminar, isso é imprescindível.



 



Doc e Warbucks guardaram seus envelopes e Harry continuou a orientá-los sobre coisas que poderiam e deveriam fazer, para que as coisas viessem a se desenrolar da mesma forma ou de uma forma melhor do que em nossa realidade.



 



_E o que poderemos fazer, Harry, para que essa guerra termine logo?



_É fundamental que dure o mesmo tempo que na minha realidade, Sr. Warbucks. Se houver muita diferença, poderá haver um comprometimento muito grande do continuum espaço-temporal. _ disse Harry _ O que não significa que não possamos corrigir ou, pelo menos, minimizar alguns dos grandes males do século. Infelizmente um deles não poderá ser alterado, como eu já disse ao Presidente.



_Assim como o quê? _ perguntou Grace.



_Eu já havia dito a Churchill e digo a vocês: Não confiem em Stalin. Não é segredo para ninguém que o socialismo/comunismo é um dos maiores flagelos da humanidade, desde a Revolução Russa. Se nada for feito para frear as ambições de Stalin, esta realidade poderá acabar por conhecer uma série de situações que colocarão o mundo à beira da destruição. Será muito importante aumentar a presença e a influência americana e britânica na Ásia, principalmente no Sudeste. É aí que o Japão entrará em cena.



_Como assim? _ perguntou Warbucks _ Mesmo estando em guerra contra nós?



_O Japão será derrotado e ocupado pelos EUA, mas será o nosso maior aliado no Extremo Oriente. _ disse Harry _ Consolidando então a presença Anglo-Americana, tendo desde já como aliados o Japão, a Tailândia ou mesmo também a Coreia e o Vietnã, que hoje se chama Indochina, creio eu, se formos rápidos e precisos, será possível reduzir ou até mesmo impedir a influência soviética e chinesa naquela região.



_Soviética tudo bem, pois já sabemos do que o urso pode ser capaz. Mas chinesa? _ espantou-se Doc _ Os chineses não constituem uma ameaça.



_Não no momento, Doc. E é por isso que teremos que reduzir o seu poder na região. Sei que no momento os chineses são nossos aliados contra os japoneses, mas nas próximas décadas haverá uma inversão do quadro. E é tudo o que posso dizer, no momento.



_Não pode adiantar mais nada. Harry? _ perguntou Pat.



_Poucas coisas e aos poucos, Pat. _ respondeu Harry _ Mas, se fizermos tudo direito, poderemos evitar mais de um conflito no Oriente, principalmente no Sudeste da Ásia. Já falei sobre isso com o Presidente e vocês saberão, quando abrirem as cartas.



_Elas funcionarão como uma espécie de guia para orientar nossas ações no futuro? _ perguntou Warbucks;



_Sim, Sr. Warbucks. _ confirmou Harry _ Sinto que poderemos tornar este mundo melhor, minimizando ou mesmo evitando situações que poderiam colocá-lo à beira da extinção. Mas há algo que deveremos fazer, um passo crucial, no qual será necessário um esforço conjunto de Montgomery, Patton e Bradley. Vou dizer agora, mas antes... “ABBAFFIATTO!



 



O feitiço de Harry garantiu a privacidade necessária para o que o bruxo precisava dizer.



 



_O que seria, Sahib Harry Potter? _ perguntou Punjab, utilizando o termo respeitoso hindu.



_Sei que a Europa Continental será invadida, assim como o foi na minha realidade. É imperativo que cheguem a Berlim antes dos soviéticos, façam tudo o que for possível para isso. Procurarei discutir isso pessoalmente com Patton e Montgomery. E ainda há outra coisa. Presidente Roosevelt, quando tiverem a conferência em Yalta, a partir de 4 de fevereiro...



_... Nem vou perguntar como é que você sabe. _ disse Roosevelt, olhando para Harry _ Às vezes é difícil acreditar que tudo isso é História para você.



_Sim. O que deverá ser feito durante essa conferência é o seguinte: façam com que Stalin acredite que a “Operação Overlord” será realizada posteriormente à época planejada. _ disse Harry _ Eu sei o dia exato, mas guardarei esse segredo comigo para não comprometer o continuum. E procurem sutilmente, o senhor e o Sr. Churchill, reduzir a amplitude de ação de Stalin.



_Pode ser meio perigoso tentar moldar o futuro, mesmo que você o conheça e que ele seja passado para você, Harry. _ ponderou Eleanor Roosevelt.



_Eu sei, Sra. Roosevelt. Mas minha realidade já passou por tanta coisa ruim, tantas tragédias, que estou disposto a tentar fazer algo para que esta tenha um futuro com um pouco mais de paz. _ disse Harry _ E temos os meios para isso, vamos tomar providências assim que eu voltar para a Inglaterra.



 



Alguns outros pontos cuja discussão não prejudicaria o continuum foram discutidos, até que chegou a hora de Doc, Pat e Harry se retirarem. Ainda fariam uma visita ao MACUSA antes do retorno de Harry Potter à Inglaterra. Fizeram algumas fotos, como lembrança daqueles momentos e embarcaram no helicóptero.



 



_Harry tenta não deixar transparecer, mas ele já passou por muitas tragédias, papai. _ disse Annie, logo que o helicóptero de Doc Savage levantou voo rumo a Nova York.



_Tem razão, minha querida. _ disse Warbucks _ Talvez seja por isso que ele está tentando tudo isso para que vençamos aqui, assim como lá. Ele quer que essa guerra acabe logo para que menos vidas se percam.



 



A visita ao MACUSA foi bastante tranquila, Harry achou bem interessante o análogo americano do Ministério da Magia. De volta ao apartamento e base de operações de Doc Savage, Harry continuava pensando em qual seria a proposta que Churchill e Patton teriam para ele. Foi então que uma possibilidade passou pela sua mente (“Será que é isso? Se for assim, talvez fique difícil de participar da ‘Operação Overlord’. Mas creio que daremos um jeito”, pensou o bruxo).



No dia seguinte, Harry estava pronto para voltar a Londres, onde retornaria aos trabalhos junto à Inteligência Militar Britânica. Afinal de contas, “Batman” e “Robin” ainda teriam muito que fazer naquela guerra. Mais algumas fotos de lembrança e o bruxo acionou sua Chave de Portal, rodopiando rumo à Inglaterra. Reapareceu no seu apartamento, sendo cumprimentado por Tom, Minerva e Dumbledore, que estava prestes a retornar a Hogwarts.



 



_Olá, Harry. _ disse Dumbledore _ Como foi nos EUA?



_Excelente, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Mas agora, teremos que nos concentrar na guerra, aqui na Europa.



_Falando nisso, Harry, aquela proposta evoluiu. Agora temos as nossas ordens e elas são de nos apresentarmos ao General Patton, amanhã cedo. Fomos comissionados com o posto de Segundo-Tenente, como seus Ajudantes-de-Ordens.



_Então, viramos “Cordinhas” do General Patton? _ perguntou Harry, já com uma ideia de para onde iriam _ E deram alguma outra explicação?



_Só uma palavra, Harry. _ disse Minerva _ “FORTITUDE”.



_Eu sabia. _ disse Harry, com um sorriso _ Próxima parada, Sussex.


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