SALVO POR UM FOGUETE



CAPÍTULO 19



 



SALVO POR UM FOGUETE



 



 



 



 



 



 



 



O conteúdo da canastra constituía a esperança para que Harry conseguisse cumprir a missão à qual se propusera e saísse vivo dela. Estava um pouco diferente do que ele se lembrava, mas sim, ele sabia exatamente o que era e não haveria dificuldades para operá-lo, já que os controles eram quase que exatamente iguais e ainda havia um pequeno folheto para funcionar como tutorial, explicando as modificações em como funcionava: um toque nos dois botões para acionar, outro para desligar e toques rápidos para controlar a velocidade, utilizando o botão direito para aumentar e o esquerdo para diminuir. E a razão pela qual parecia diferente era porque aquele não era mais o protótipo e sim um modelo mais avançado, tanto que a sua designação era outra.



 



CIRRUS X-500”.



 



Aquilo ainda não era tudo, o traje estava ali completo, inclusive o capacete e a pistola semi-automática Mauser C-96. E o melhor era que o tamanho era exatamente o de Harry Potter. O bruxo despiu o macacão de voo e vestiu o traje, guardando a varinha dentro da jaqueta e afivelando o cinto e o coldre com a Mauser.



 



_Como foi que isso veio parar aqui? _ perguntou Harry.



_O dono, um americano, acabou sendo capturado pela Drachenwache e está sendo mantido prisioneiro em um local ignorado já há algum tempo, Grindelwald sempre mudando-o de cativeiro. _ disse Otto _ Eu o vi de relance, uma vez.



_Eu também o vi, quando o estavam transferindo para o complexo perto de Hogwarts. _ disse Helmut, lembrando-se do americano _ Talvez ele ainda esteja cativo lá.



_Se ele estiver, terei o maior prazer em devolver o equipamento ao seu dono. _ disse Harry.



 



O som do rádio interrompeu o diálogo. Uma transmissão cheia de estática se fez ouvir, Harry reconhecendo a voz de Voldemort.



 



_ “Harr... tter, responda se est...r ouvindo”!



_É Voldemort. _ disse Harry _ Mas a transmissão está uma nhaca. Vejamos... o painel está muito danificado para que eu consiga consertá-lo inteiro. Mas eu acho que dá para fazer algo com o rádio. “REPARO!



 



O rádio voltou a funcionar e a voz de Voldemort pôde ser ouvida com clareza.



 



_ “Harry Potter, aqui é Voldemort. Responda se estiver ouvindo, câmbio”.



_Recebido, Voldemort. _ respondeu Harry _ Grindelwald fugiu, mas antes danificou o painel, câmbio.



_ “Você precisa sair daí, Harry Potter. Os americanos vão abater o avião, para que ele não represente mais perigo, câmbio”.



_Não se preocupe, Voldemort. _ disse Harry _ Consegui travar os controles e ele vai cair no meio do Ártico. E eu tenho como escapar, não se preocupe, câmbio.



_ “Tem certeza? Os americanos não precisarão atirar, câmbio”?



_Absoluta, Voldemort. Aliás, verifique se os Nazistas têm prisioneiros no complexo, câmbio.



_ “Afirmativo, eles têm prisioneiros. Cientistas que estavam sendo obrigados a colaborar e também prisioneiros militares, câmbio”!



_OK. Verifique se entre os prisioneiros militares há um aviador americano, com um físico semelhante ao meu, embora deva estar mais magro, entre vinte e cinco e trinta anos, cabelo castanho, com topete. O nome dele é...



 



Uma turbulência interrompeu a transmissão e o painel, já danificado, detonou de vez. O rádio ficou mudo e Harry confirmou que o rumo estava certo, nada mais iria desviar o gigantesco supercargueiro do seu destino, as gélidas águas e os campos brancos do Círculo Polar Ártico, onde ele cairia sem causar perigo algum, graças aos controles anteriormente travados. O bruxo ajustou o equipamento e, antes de colocar o capacete, despediu-se dos aviadores alemães.



 



_Helmut, Otto, creio que é hora de nos despedirmos. Vocês são apenas pilotos da Luftwaffe, cumprem ordens. Não têm poder de decisão estratégica e não são assim tão responsáveis pelas atrocidades que suas forças estão fazendo ao mundo. Saltem e tentem ser capturados pelos Aliados. Serão feitos prisioneiros e receberão um tratamento digno.



_Mas por que não retornarmos às nossas fileiras? _ perguntou Helmut, curioso com as palavras de Harry e com o ar de concordância de Otto.



_Você estava no banheiro, desacordado, mas Otto ouviu meu diálogo com Grindelwald. Eu venho do futuro, mas de um universo paralelo, onde vocês perderam a guerra, como estão perdendo aqui. O Reich de mil anos não passa de um delírio de Hitler. Vi que vocês têm família e eu gostaria que voltassem para ela, após a guerra. Saltem logo. Eu sairei com este equipamento.



_Você é um adversário honrado, Harry Potter. Não nos esqueceremos de suas palavras. _ disseram Otto e Helmut, apertando a mão do bruxo _ Até um dia. Auf wiedersehen.



 



Os dois pilotos saltaram e Harry também se preparou para sair (“As mudanças de direção são feitas com movimentos da cabeça, graças ao leme do capacete. Bem, o tanque está cheio e parece que a autonomia do equipamento é bem grande. Creio que dá para chegar à Grã-Bretanha, mas se não der, descerei onde houver terra firme e tentarei contactar os Aliados. Lá vou eu”, pensou Harry).



Encontrou um kit de sobrevivência e uma estação portátil de rádio com as baterias intactas. Colocou tudo em uma pequena mochila e a afivelou à sua frente. Postou-se na borda da abertura feita pela entrada do seu Horten e colocou o capacete na cabeça, fixando a jugular. Ficou em posição e acionou os botões.



Um estrondo, um silvo e de repente Harry Potter estava sendo projetado no céu, a grande velocidade. Enquanto isso, o supercargueiro há muito já havia ultrapassado a Islândia e prosseguia, rumo norte (“Incrível! Jamais imaginei que fosse possível tal velocidade! E o cheiro do combustível que eu senti era de Etanol, com outras substâncias. Quem pensaria que Doc Savage já estava desenvolvendo motores a jato movidos a álcool no final da década de 30”, pensou ele).



Consultando a bússola e olhando para baixo, Harry Potter conferiu que estava sobrevoando as Ilhas Faroe (“Assim logo estarei chegando à costa norte da Escócia. Ninguém diria que seria possível com um aparelho desse tamanho chegar a...”)



 



No pátio de formaturas do quartel que pertencia ao complexo fabril, as tropas americanas recolhiam armas e equipamentos, dando destino aos prisioneiros, tanto trouxas da Wehrmacht quanto bruxos da Drachenwache. Ao mesmo tempo, Dumbledore e Voldemort soltavam os prisioneiros feitos pelos alemães e Voldemort havia acabado de identificar aquele a quem Harry procurava. O corpo de Elaine Rutherford havia sido levado para a escola, onde seria realizado um velório adequado. Seu pai já havia chegado de Londres, via Chave de Portal, com a notícia de que a capital, último baluarte dos Nazistas na Grã-Bretanha, não estava mais nas mãos dos alemães, estando sob o controle e a administração provisória de Winston Churchill, com o auxílio de Bernard Montgomery.



Em um piscar de olhos, Harry havia passado por Tongue, Invergordon e sobrevoava Inverness, logo se direcionando para Hogsmeade. Menos de cinco minutos depois, estava sobre o Lago Negro e fazia uma curva para o complexo fabril.



 



_Ouçam! Que barulho é esse? _ perguntou Myrtle.



_Será um dos tais aviões alemães? _ perguntou Abraxas _ Parece um assobio.



_É som de jato, sim. Mas não é um Horten. As turbinas JUMO-14 têm um som mais forte. _ disse Voldemort.



_VEJAM! Lá no céu! _ exclamou Walburga.



_Será um pássaro? _ perguntou Orion.



_Será um avião? _ perguntou Minerva.



_Não! É uma pessoa! _ exclamou Arkanius _ Mas quem será?



_O Superman certamente que não é. _ disse Voldemort _ Está chegando mais perto.



_Quem é eu não sei. _ disse um dos prisioneiros _ Mas eu sei o que ele está usando. Não se preocupem, não é um Nazista. Eles se borram de medo de usar o equipamento.



 



Todos se voltaram para ele. Realmente, seu tipo físico era semelhante ao de Harry e seus cabelos eram castanhos, com um topete. Sua barba estava meio crescida e ele estava mais emagrecido, mas estava bem-humorado ao ver que seus objetos mais preciosos não haviam ficado com os Nazistas.



 



_Se aquilo é seu e estava no supercargueiro Nazista, só pode ser uma pessoa que está vindo. _ disse Voldemort _ E eu sei quem é.



 



Harry Potter seguia à risca as instruções do folheto. Com toques a intervalos regulares no botão esquerdo, ia diminuindo sua velocidade até que chegou quase ao nível do chão. Então mudou a posição do corpo, ficando em pé e oferecendo mais resistência ao ar. Apertou os dois botões ao mesmo tempo e cortou a força do motor, quando foi possível que ele seguisse correndo e diminuísse a velocidade da corrida até parar, junto aos amigos. Então, tirou o capacete.



 



_HARRY! _ exclamaram todos, admirados com a chegada do bruxo de óculos. Enquanto isso, Harry Potter olhava para o grupo de prisioneiros, localizando quem ele procurava e indo em direção a ele.



_O meu nome é Harry Potter e preciso agradecer a duas pessoas, às quais acabei devendo minha vida no dia de hoje. A Doc Savage, que projetou e desenvolveu o “Jetpack” e a você, que o utilizava e criou as condições para que ele estivesse onde e quando eu mais precisaria dele. Muitíssimo obrigado, CLIFF SECORD. _ disse Harry Potter, apertando a mão do prisioneiro e abraçando-o como se fosse um velho camarada.



_Na verdade o mérito é seu, por retirá-lo das mãos dos Nazistas antes que eles perdessem o medo de utilizá-lo. _ disse o piloto _ Ao menos eles nunca irão criar uma unidade de “Homens-Foguete”.



_Só pode existir um “Rocketeer”, e ele é você, Secord. Os dois pilotos que conheci no supercargueiro Nazista me disseram que todas as tentativas de recriar seu “Jetpack” resultaram em explosões ou incêndios.



_Exatamente, Potter. _ disse Secord _ O projeto de Doc Savage, desde o “CIRRUS” original era tão minucioso que, sem as plantas, não havia engenharia reversa capaz de recriá-lo. E as plantas estão seguras nos EUA, com Doc.



_Creio que será melhor retornarmos para Hogwarts, Harry. Os prisioneiros precisam de assistência e também precisamos cuidar dos preparativos para o velório e funerais dos que morreram nos combates de hoje.



 



As palavras de Dumbledore trouxeram Harry Potter de volta à realidade. Elaine Rutherford se fora para sempre e ele, que já tinha perdido as esperanças de voltar para Gina Weasley, agora teria que viver com mais aquela perda.



 



_Tem razão, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Inclusive, estou curioso para conhecer a história de Cliff Secord e de como ele acabou sendo feito prisioneiro pela Drachenwache.



_Terei o maior prazer em contar tudo, ainda mais porque preciso fazer contato com Doc e pedir para que ele diga a Betty que estou vivo e bem.



_Os Nazistas deixaram uma potente estação de rádio em Hogwarts, Sr. Secord. Creio que o senhor não terá nenhuma dificuldade para contactar o Sr. Savage e sua equipe.



 



E retornaram para Hogwarts através da passagem secreta, saindo pela Sala Precisa. Depois de um bom banho, os prisioneiros libertos estavam no Salão Principal, desfrutando de um jantar preparado com esmero pelos elfos domésticos. Em uma das salas de aula, convertida em capela mortuária, os corpos dos alunos e soldados mortos em combate estavam sendo velados. E era lá que Harry Potter estava, sentado em uma cadeira ao lado do ataúde de Elaine Rutherford, fazendo companhia ao pai dela. Elton Rutherford tinha a cabeça baixa e chorava silenciosamente. Certo momento, enxugou as lágrimas e voltou-se para Harry.



_Delvaux...



_... O senhor sabe que esse não é o meu verdadeiro nome.



_Sim, eu sei. Mas é mais seguro que eu trate você pelo nome falso. Ainda há espiões Nazistas na Grã-Bretanha.



_Embora estejam sendo descobertos, um após o outro. Não sei se serve de consolo, Sr. Rutherford mas ela morreu em ação, ajudando a libertar Hogwarts.



_Pelo que Dumbledore me contou, você não é deste tempo e nem desta realidade, não é?



_Sim, Sr. Rutherford. _ confirmou Harry _ Na minha realidade, os Nazistas perderam a guerra e estamos fazendo tudo para que isso também aconteça aqui.



_Ela me disse que vocês tinham planos para o futuro.



_Tínhamos planos de nos casarmos, depois que a guerra terminasse. Eu já estava amadurecendo a ideia de viver aqui e eu não queria fazê-lo com ninguém além dela.



_Dumbledore me disse que ela foi assassinada por um Oficial Nazista.



_Ela foi morta por Klaus von Feuer-Adler, o líder da Drachenwache. Ele está cada vez mais insano, depois de um acidente que sofreu. Morreu em meus braços e eu lhe prometo que seu assassino não ficará impune, Sr. Rutherford. O “Coringa” irá pagar pelo que fez, eu assumo esse compromisso. Aquele desgraçado é meu.



_Obrigado, Harry Potter. _ disse Elton, apertando a mão de Harry.



_Agora vamos para o Salão Principal, comer alguma coisa e ouvir a história de Cliff Secord.



 



No Salão Principal os prisioneiros já haviam terminado a refeição e tinham ido dormir, exceto Secord e mais alguns. Patton também estava ali. Harry Potter e Elton Rutherford chegaram e se serviram de algumas coisas, enquanto Secord preparou-se para começar sua história.



 



_Primeiramente, eu queria saber como é que você, Harry Potter, sabe tanto sobre mim sem que jamais nos tivéssemos visto.



_Bem, Secord, não sei se já lhe disseram que eu não sou daqui. Sou do futuro, em uma realidade paralela na qual os alemães jamais colocaram os pés na Grã-Bretanha, tendo chegado no máximo a Jersey e Guernsey. Devido a um acidente, eu e meu... “amigo” acabamos vindo parar aqui. Como ele é a contraparte do Tom Riddle daqui, os dois acabaram se fundindo. Na nossa realidade, você é o personagem principal de uma série de quadrinhos e de um filme, cujo título é “Rocketeer”.



_É o meu codinome. Então eu não existo fisicamente em sua realidade mas sou um personagem famoso?



_Bastante. Há algumas diferenças entre os quadrinhos e o filme, é claro. Mas eu acho que você poderá nos esclarecer.



_Certo, Harry. _ disse Cliff _ Bem, Doc Savage desenvolveu o “Projeto CIRRUS” no ano de 1938, inicialmente em parceria com Howard Hughes. Depois, a parceria foi desfeita e Doc seguiu sozinho com o projeto. Espiões Nazistas roubaram o primeiro protótipo funcional e, acidentalmente, o esconderam no meu avião acrobático. Foi como me envolvi na história. Levei o “CIRRUS” ao meu amigo Peevy, um excepcional engenheiro aeromecânico. Ele fez as modificações nas aletas que melhoraram a estabilidade e desenhou o capacete. Posteriormente, Doc quis pegar o “CIRRUS” de volta, mas eu o ajudei a impedir que os espiões Nazistas roubassem um avião experimental, chamado “Gafanhoto”. Acabei indo parar em um hospital, de onde fugi com o “CIRRUS”, que estava em um laboratório no porão, onde membros do grupo de Doc estavam sintetizando combustível para reabastecê-lo.



_Nesse ponto há uma divergência entre os quadrinhos e o filme, Cliff. Nos primeiros, você fugiu do hospital com o “CIRRUS”, mas foi dado como morto no incêndio que houve lá, até que Peevy descobriu que você havia pego o “Gee Bee” e ido para a França, atrás de Betty e do fotógrafo. No filme, você e um ator de Hollywood, que era um espião Nazista, têm uma luta em um dirigível e ele tenta fugir com o “CIRRUS”, que explode devido a um vazamento de combustível. O que foi que aconteceu, afinal? _ perguntou Harry.



_As duas coisas, Harry. No hospital, descobri que Betty havia sido sequestrada pelo ator Neville Sinclair, na verdade um espião Nazista e fugi durante o incêndio que eu mesmo acabei provocando, sem querer, quando estava meio grogue com os sedativos e derrubei um frasco. Os vapores se inflamaram e o fogo começou. Graças a Deus o fogo foi controlado pela equipe de Doc, depois que eu quebrei uma janela e consegui fugir, quando me recuperei e fui atrás de Sinclair. Lutamos no dirigível e ele ameaçou matar Betty, caso eu não desse o “CIRRUS” a ele e eu dei, mas tirei disfarçadamente o chiclete que tampava o buraco de bala. Tive o prazer de ver aquele imundo transformar-se em uma bola de fogo.



_Isso estava no filme. _ disse Voldemort _ Por que o espanto, Harry Potter? Eu também assisti a esse filme. E depois? Lhe deram um “Gee Bee” novo, não foi?



_Sim, Sr. Riddle. _ concordou Secord _ Doc nos resgatou com um autogiro e depois nos deu um novo “Gee Bee” e um novo “CIRRUS”, com as plantas. Nesse meio tempo, descobri que Betty havia ido para Paris com Marco, aquele fotógrafo idiota e fui atrás dela, inclusive levando o “CIRRUS”. Foi providencial, pois descobri que o fotógrafo, juntamente com Neville Sinclair, era um dos cabeças de uma rede de espionagem Nazista e que estava usando Betty como cobertura. Consegui capturá-lo e entregar à Inteligência Militar todas as fotos que ele havia tirado de bases militares e instalações industriais nos EUA, a fim de entregá-las a contatos do Reich, já com a intenção de utilizá-los em uma eventual invasão.



_Então Hitler já temia um envolvimento americano em um provável conflito que resultasse de seus planos expansionistas? _ perguntou Dumbledore.



_Sim, ele já temia isso, Prof. Dumbledore. Sua ideia era manter os EUA concentrados em uma política isolacionista, só que os japoneses estragaram tudo com o ataque a Pearl Harbor, precipitando a entrada dos EUA na guerra em 1941. Se nós não nos envolvêssemos no conflito por mais um ou dois anos, os seus projetos de superarmas estariam desenvolvidos ao ponto de ninguém mais poder segurá-los.



_Mas graças à entrada dos EUA na guerra, eles tiveram que deixar vários projetos de lado. _ disse Harry _ Só vimos o “Panzerkampfwagen”, o Messerschmitt ME-206Schwalbe” e os Horten (Harry não mencionara o “Sino”, não era seguro).



_Pois é. Depois disso nós entramos para a equipe de Doc Savage, eu como piloto de testes, Peevy como engenheiro e Betty como secretária e enfermeira, pois ela tem a formação. Na verdade, o grupo de Doc Savage executava mesmo eram ações de contra-espionagem, tendo conseguido impedir vários atos de sabotagem e desmantelado várias redes de espiões. Desenvolvemos algumas aeronaves experimentais para uso militar, já contando com a provável necessidade de seu uso, mantendo essas atividades durante 1939 e 1940, quando Doc sugeriu que nos alistássemos. Assim seria possível até mesmo investigar se não havia infiltração Nazista nas Forças Armadas, sendo que descobrimos que havia. Com os contatos de Doc no governo, fui comissionado como Primeiro-Tenente Aviador, atuando como Instrutor de Voo. Peevy recebeu a graduação de Primeiro-Sargento Mecânico de Voo e Betty foi incorporada ao Corpo de Enfermagem como Segundo-Tenente. E o “Rocketeer” nunca deixou de agir. Então, em 7 de dezembro de 1941, os japoneses atacaram Pearl Harbor e nós entramos oficialmente na guerra.



_Você chegou a participar dos “Bombardeios Doolittle”? _ Voldemort estava curioso com a história de Cliff.



_Não, não participei. Naquela ocasião vim secretamente para a Inglaterra, a fim de treinar pilotos da Resistência. Inclusive, cheguei a treinar alguns dos pilotos que participaram da “Operação Chastise”, no ano passado.



_E como foi que você foi capturado, Secord? _ perguntou Patton.



_Foi uma armadilha da parte de Grindelwald e seus bruxos da Drachenwache, General. _ disse Secord _ Os Nazistas nunca desistiram de tentar pôr as mãos no “CIRRUS” e eu também executava missões como “Rocketeer”. No final de 1942, recebemos uma comunicação de que um bombardeiro da Resistência fora abatido e a tripulação necessitava de mantimentos e medicamentos, até que uma equipe de resgate pudesse chegar por terra, pois o acesso era difícil até mesmo para autogiros, digo, helicópteros. Concluí que o “Rocketeer” poderia levar algum material para eles e sugeri isso ao Oficial que fazia a ligação com Doc. Ele achou uma boa ideia e eu reuni uma boa quantidade de medicamentos e alimentos em barras e pacotes, nada que comprometesse o meu voo.



_E você foi até as coordenadas que lhes forneceram?_ perguntou Harry.



_Sim, fui. Mas o pior foi quando eu cheguei lá. _ respondeu Secord.



_E o que foi que houve? _ perguntou Dumbledore.



_Realmente, um dos nossos bombardeiros havia sido derrubado pelos Nazistas, mas eles eram da Drachenwache, fizeram aquilo só para me capturarem e se apossarem do “CIRRUS”. Eles simplesmente assassinaram toda a tripulação e deixaram seus corpos ali, para que eu os encontrasse. Eu já havia ouvido falar de bruxos, que eles ainda existiam, mas nunca havia sofrido os efeitos de um feitiço.



_Me deixe adivinhar. _ disse Voldemort _ Eles se aproveitaram do seu momento de espanto e o atingiram com um Feitiço Estuporante, não foi?



_Foi só depois que eu aprendi o nome dos feitiços, mas foi com um desses que me pegaram, sim. E fiquei prisioneiro deles até agora, eles sempre tentando descobrir os segredos do “CIRRUS”.



_Mas eles poderiam ter usado Veritaserum em você. É o mais poderoso soro da verdade que se conhece. _ disse Myrtle.



_Na verdade eles usaram. _ disse Secord _ Pingaram três gotas de um líquido incolor em uma xícara de chá e me deram. Na mesma hora me senti relaxado e respondi ao que eles perguntavam, mas não dei nenhuma informação sobre o “CIRRUS”.



_E por quê? _ perguntou Dumbledore.



_Porque não havia nada a dizer, Prof. Dumbledore. Isso foi uma escolha minha desde que me tornei o “Rocketeer”. Eu não sei de nenhum dos detalhes dos projetos, sempre me limitei a ser o piloto. Lógico, se houvesse algum contratempo, alguma falha, eu poderia sanar. Mas eu jamais soube de detalhes técnicos, isso era com o Peevy. Uma conduta bem útil, levando-se em consideração o que aconteceu.



 



Um Sargento entrou no Salão Principal, prestou continência ao General Patton e deu a notícia.



 



_Tenente Secord, conseguimos estabelecer comunicação com Doc Savage. Ele está à sua espera.



 



Dirigiram-se à sala de rádio e Cliff sentou-se na cadeira e falou com Doc.



 



_Ei, Doc, está na escuta?



_ “Sim, Cliff. Que bom que você está vivo”.



_Graças ao esforço conjunto de bruxos e tropas do General Patton. O “CIRRUS” está a salvo e o mérito pertence a um jovem bruxo chamado Harry Potter. Ele estava no avião Nazista e impediu o bombardeio da América, além de desviá-lo para o Ártico.



_ “Então foi ele. Tivemos de colocar um grupo Nazista para correr, pois parecia que eles estavam querendo recuperar alguma coisa dos destroços, creio que o ‘CIRRUS’ ou alguma outra coisa”.



_Certamente o “Mercúrio Vermelho”, Sr. Savage. _ disse Harry, que estava sentado ao lado de Secord _ Creio que pelo menos uma das bombas deve ter ficado intacta.



_ “Você é Harry Potter, o jovem que Cliff mencionou? Muito prazer. Nós recuperamos uma bomba intacta e outras três em diferentes estados. Se aquilo é o lendário ‘Mercúrio Vermelho’, é melhor que ninguém coloque as mãos nele”.



_Eu julgava que a queda destruiria ou inutilizaria as bombas. Vejo que me enganei, Sr. Savage. Foi muito bom o senhor e seu grupo se manterem sempre em alerta.



_ “Se você puder dispor de um ou dois dias livres, venha com Cliff aos EUA, para uma visita. Ah, sim. Tem alguém que quer falar com você, Cliff”.



_ “Cliff! Você está vivo! Mas que bom, estou louca de saudades”!



_Betty?! É você? Mal posso esperar para te ver! Você não vai acreditar, estou em uma escola de magia, na Grã-Bretanha. Os bruxos e as tropas do General Patton me salvaram e vão providenciar um meio para eu voltar aos EUA instantaneamente, algo chamado “Chave de Portal”. Deverei estar aí daqui a uns dois dias.



_ “Por que dois dias”?



_Temos que homenagear aqueles que deram suas vidas por nós, Betty. Depois dos funerais irei até aí. E o Peevy, onde está?



_ “No Departamento de Projetos Aeronáuticos. Ele ficou muito contente em saber que você está vivo e aguarda sua volta”.



_Logo estarei aí e é bem provável que leve um amigo. Te amo, Betty.



_ “Também te amo, Cliff. Até”.



 



A comunicação foi encerrada e eles retornaram ao Salão Principal.



 



_Então, Harry, que tal um passeio aos EUA? Uns dois dias e você poderá voltar.



_Deve ser interessante. Está a fim de ir comigo, Tom?



_Desta vez vou passar, Harry. Você é que merece as honras com Doc Savage e, quem sabe, com Roosevelt. _ disse Tom _ Depois da sua volta ainda teremos muito que fazer.



_E tenho uma proposta para você, Harry. _ disse Patton _ Creio que você vai se interessar. Mas isso pode esperar até que você volte dos EUA.



_Então está bem. _ disse Harry _ Depois dos funerais, retornarei a Hogwarts para acompanhar Cliff aos EUA.



 



No dia seguinte, várias Chaves de Portal foram acionadas para o traslado dos corpos até os locais das cerimônias fúnebres. Através de uma delas, Harry Potter acompanhou Elton Rutherford para que Elaine pudesse ser encaminhada para seu descanso final, com as honras que a jovem morta em combate merecia, ao som de uma gaita de foles tocando "Amazing Grace", inclusive com a presença do Rei George VI, a Rainha Elizabeth (Bowes-Lyon) e as Princesas Elizabeth e Margareth, que Harry conhecera durante a partida de Quadribol contra a Hitlerjugend. O ataúde da garota levava duas bandeiras: a “Union Jack” do Reino Unido e a bandeira de Hogwarts, cujo brasão representava o Leão da Grifinória, a Serpente da Sonserina, a Águia da Corvinal e o Texugo da Lufa-Lufa à volta do “H” de Hogwarts. Também estava sobre o ataúde a flâmula da Sonserina, sua Casa na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Após as palavras do Reverendo, um soldado tocou “Silêncio” no clarim. Enquanto as bandeiras eram dobradas e entregues a seu pai, o ataúde foi descido e cada um dos presentes lançou um punhado de terra sobre ele, a começar por Elton e Harry.



 



_Eu prometo, Sr. Rutherford, o assassino de Elaine não ficará impune. Se conseguirmos pegá-lo vivo, ele será julgado por um Tribunal de Crimes de Guerra que certamente será formado depois que o Eixo for derrotado. Se não, suas contas serão acertadas com um Tribunal de Instância Mais Elevada.



_Que seja por justiça e não por vingança, Harry. Nada trará Elaine de volta, não importa o que se faça.



_Sei disso, Sr. Rutherford. _ disse Harry _ Farei o possível para que ele seja levado à Justiça e pague por seus crimes contra a Humanidade.



_Vai aos EUA, então?



_Sim, logo que sair daqui. Voltarei para Hogwarts, onde me juntarei a Cliff Secord e tomaremos uma Chave de Portal para Nova York. Assim terei a oportunidade de agradecer pessoalmente a Doc Savage por ele ter inventado o “Jetpack”.



_Sendo assim creio que nos despediremos, por enquanto. Harry, eu queria lhe dizer uma coisa. Graças ao “Coringa”, não mais será possível tê-lo como genro. Mas eu gostaria que me considerasse um amigo. _ disse Elton Rutherford, estendendo sua mão.



_Quanto a isso não tenha dúvidas, Sr. Rutherford. _ Harry Potter apertou a mão que lhe era estendida _ Sempre serei seu amigo.



 



Despediram-se e Harry retornou a Hogwarts. Tom havia permanecido em Londres, até mesmo para poder desfrutar de alguns momentos mais tranquilos com Minerva McGonnagall, o que não havia sido possível fazer durante os anos nos quais a Grã-Bretanha havia estado sob o tacão Nazista.



Chegando a Hogwarts, novamente sob a direção de Armando Dippett, Harry terminou de arrumar sua bagagem para uns dois dias e logo estava no Salão Principal com Cliff Secord, ambos segurando uma bola de Rugby. A bola começou a brilhar e os dois desapareceram. Nesse meio tempo, Harry notou que uma jovem do quinto ano, com óculos de lentes grossas, não tirava os olhos dele (“Até tu, Myrtle?”, pensou o bruxo)



Reapareceram em um escritório, no 86º andar do Empire State Building. Um grupo aparentemente heterogêneo esperava por eles, liderado por um homem alto e musculoso de pele bronzeada, tendo ao seu lado uma jovem com o mesmo tom de pele, bastante parecida com ele e que só podia ser sua prima, Patrícia “Pat” Savage. Harry reconheceu cinco dos presentes como os “Cinco Fabulosos”, os auxiliares de Doc. Os outros dois, um senhor mais maduro, com uniforme de Suboficial e uma jovem de cabelos negros, com uniforme de Enfermeira, logicamente eram A. “Peevy” Peabody e Betty, a namorada de Cliff. Assim que os dois se materializaram, ela correu,saltou e dependurou-se nele.



 



_CLIFF!! Mas que saudade! _ exclamava Betty, entre os beijos que dava no namorado _ Estava pensando que nunca mais iria te ver, até que recebemos a notícia de que você estava vivo e que havia sido resgatado pelas tropas de Patton e... pelos bruxos! Quem é o seu amigo?



_Um dos bruxos, Srta. Betty. _ disse Harry, colocando sua bagagem no chão e cumprimentando-a _ Eu estava no avião Nazista que transportava os caças que bombardeariam a América. Tive a felicidade de encontrar o “CIRRUS” e o utilizei para fugir do avião. Meu nome é Harry Potter.



_Muito prazer, Harry. Que bom que vocês devolveram Cliff para nós e, principalmente, para mim. Já esteve nos EUA, Harry?



_Não, Srta. Betty. É a primeira vez e estou gostando da camaradagem desse grupo, do qual já havia ouvido falar: Doc, sua prima Pat, o Tenente-Coronel “Monk” Mayfair, o General “Ham” Brooks, o Coronel “Renny” Renwick, o Major “Long Tom” Roberts e o Prof. “Johnny” Littlejohn. Os “Cinco Fabulosos”.



_E ainda há outros que colaboram com Doc, de vez em quando, jovem Harry Potter. _ ouviu-se uma voz e um senhor saiu de trás do grupo _ Gostaria de cumprimentar o jovem que ajudou a impedir que os Nazistas mantivessem o dispositivo a jato do Sr. Savage em seu poder. Não iria demorar muito para que eles conseguissem vencer suas dificuldades.



 



Aparentava uns sessenta e cinco anos, seus cabelos eram brancos e revoltos, sua testa era alta e ele tinha um bigode grisalho. Vestia-se com roupas confortáveis, sem luxo e até mesmo com algum desprezo pela vaidade. Seu sotaque era predominantemente alemão, mas notava-se um acento judaico.



 



_Harry Potter, eu gostaria de lhe apresentar... _ ia dizendo Doc, mas Harry adiantou-se, antes que ele completasse a frase.



_... Ele dispensa apresentações, Sr. Savage. _ disse Harry aproximando-se do senhor idoso, com ar de admiração _ Para mim é um prazer e uma honra poder cumprimentá-lo, Sr. ALBERT EINSTEIN.


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