Convites



Disclaimer: Eu teria feito um final melhor.


Nota: Tenho isso aqui desde 2012.


E sim, o título e a sinopse foram propositais.


Eu me Apaixonei pela pessoa Errada


Convites


Artesanal era a palavra da moda com os bruxos. Revolução Industrial? Maquinário moderno? Por favor, isso é tão trouxa da sua parte. A sociedade bruxa queria o bom e velho feito à mão.


Com magia.


E quanto mais caro, melhor.


Por isso mesmo estava naquela esquina particularmente enfeitada do Beco Diagonal. A tal ‘‘artista‘‘ – cofcof charlatã cof – ávida em finalmente acabar de vez com aquela que foi a sua mais detalhista e ranzinza cliente. Que ouviu as súplicas da pobre mulher, e trouxe uma amiga com ela. Alguém de fora que pudesse racionalizar era sempre necessário.


– E então? – disse a mulher, com expectativa – No que posso ajuda-la desta vez?


– Ah, eu recebi pela sua coruja o mais novo design – quando a vendedora lhe olhou interrogativamente, ela bufou – o projeto. ‘Cê sabe, do meu – movimentos de abre aspas com os dedos – negócio – movimento de fecha aspas com os dedos.


Hermione Introspectiva Granger era incapaz de assumir que estava se casando.


Amarrando as pontas.


Juntando os trapos.


Apressando o Apocalipse.


– É, ela veio aqui falar dos convites pro casamento. – Ginevra Weasley, com seu uniforme de quadribol e vassoura esportiva ainda em punho não era realmente uma pessoa sensível, mas ela fazia o que podia – Ela acha que tem alguma coisa errada com eles.


Por um segundo, a tal artista conceituada no ramo de cobrar caro abriu a boca em um ‘‘o‘‘ perfeito, com aquela pose de ultrajada muito comum. Entretanto, a mulher pareceu que contava até dez mentalmente, e engolia o orgulho.


Hermione fez o seu melhor em transmitir os seus parabéns para ela sem ter de abrir a boca.


O que quer dizer que encarou a mulher fixamente, assustando-a ainda mais.


Falta de tato, teu nome é mulher.


– Bom – Granger descobriu que a tal artesã tinha um tique no olho direito. Ou era princípio de derrame, sei lá – O que você não gostou nele, meu bem?


– Bom, é... – O que estava errado com aquele convite, lhe perguntaram. Ela olhou avidamente para o papel, tentando escapar daquela situação assustadora que envolvia seres humanos. Asquerosa, aquela espécie – Então...


– Hermione – Ginny lhe deu uma cotovelada bem dada. E quando se trata de uma jogadora do Harpias, isso não era uma afirmação vã – Fala logo.


Fácil falar quando você era a parte agressora. Um momento passou até que Granger parou de tossir.


A tal mulher atrás do balcão parecia um pouco incerta entre chamar a polícia ou um médico, mas resolveu não fazer nada.


Sabe-se lá se era contagioso aquilo.


– Hmm, não sei. – finalmente houve fôlego para responder, e Hermione ponderou, fazendo o cartunesco gesto de coçar o queixo - Essas letras em alto-relevo.


– O que têm elas? – Ginny era boa pessoa, vindo lhe acompanhar e tudo – Alguma coisa escrita errada?


– Nah – foi sua negativa – É que elas são prateadas.


– E daí? – a Weasley olhou à missiva, à Granger, e depois ao anel de noivado no anelar direito de Hermione. Parecia estar querendo dizer ‘tarde demais pra desistir, idiota‘ – Eu acho legal.


– Mas eu sou/era Grifinória! – tempestade num copo d‘água seria uma coisa que valia ser dito, se alguém ali ao menos soubesse o significado. Bruxos e essa alienação compulsória deles – O convite já é verde. Se tiver letra prateada é praticamente o símbolo da traição!


Ginevra e a tal mulher trocaram um olhar cumplice, do tipo "eu pego as cordas, você tenta agarrar as pernas dela".


– É só uma fitinha verde – Ginny tentou contornar a situação – Além do mais, o papel é branco


– Marfim – disseram Hermione e a mulher, em uníssono.


– Tá, que seja – o ás do quadribol feminino pôs as mãos enluvadas no balcão – Só muda a cor da letra pra dourado então.


– Mas dourado não tem destaque no marfim – choramingaram Hermione e a mulher.


– Então muda a cor da fitinha pra vermelho.


– Não dá – Mary Kate e Ashley responderam – Exigências da família do noivo.


Família essa que estava pagando o casamento. O que era algo fora da tradição medieval de pagar para se livrar da sua filha, e passa-la adiante como égua reprodutora de outro estábulo. Obrigada, família do noivo, por humilhar uma futura integrante negando-se a falar com ela, mas mandando uma coruja com um valor expressivo escrito em um cheque do Gringotes.


Tudo isso só porque ela disse que preferia ser amarrada num poste e queimada viva na Inquisição a usar o sobrenome Malfoy depois de casada.


Bom, em sua defesa, os pais dele estavam adiantados para o jantar formal que ela organizou, e ficaram escutando a discussão amigável que ela teve com seu futuro marido antes de propriamente bater na porta.


Ah, esse povo rico sem educação.


– O convite vai ser vermelho então – Ginny decidiu – Assim todo mundo fica feliz.


A mulher aparentemente pareceu ter uma ideia súbita sobre isso, e concordou alegremente. Hermione não viu como isso seria uma boa coisa, mas aparentemente foi, pois dois dias depois, ela recebeu uma coruja da família do noivo, com um simples ‘‘ok‘‘ em um cartão, e o convite anexado.


E ela ainda se perguntava como faria com os amigos dos seus pais. Não daria para explicar tudo como "casamento temático‘‘ ou ‘‘todos os convidados do noivo são ilusionistas".


Talvez ela pudesse dizer que era tudo pago por um programa de TV.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.