Boa noite, papai



Laís respirou fundo,fechou os olhos e começou a contar a sua história.
–Bem,quando eu nasci, meu pai me via como uma verdadeira princesa,toda regrada,que não cometia erros e que fazi de tudo para agradar os pais.Eu, de certa forma, adorava aquele tratamento especial que recebia dele.Mas ele não gostava quando eu deixava esse meu ser de lado.Ele me colocava para estudar tudo o que uma princesa precisava saber, me colocou para estudar etiqueta e piano.Tudo o que eu sempre odiei.Fazia ballet também,uma espécie de dança trouxa.Eu adorava o ballet,por que eu precisava de força para executar os movimentos e a minha dor de ser alguém que na realidade eu não era me alimentava durante as aulas.Eu também entrei para uma academia de luta,por que,segundo o meu pai,eu precisava me defender do mundo.Mas na verdade,eu só precisava me defender dele.

"Quando eu fiz 10 anos,minha vida pareceu dar uma volta muito longa,de um modo que nunca mais voltaria a ser.E o meu pai se revelou o verdadeiro monstro que ele era.Ele não aceitava nada do que eu dizia ou fazia.Eu sempre gostei de andar com as mãos para traz,mas ele sempre me dava tapas e me dizia para soltá-las enquanto andava.Eu comia frango,ele me dizia que era horrível comer aquilo.Ele nunca estava satisfeito comigo,mesmo eu fazendo tudo ao meu alcançe.Se ele não gostava do meu jeito fingido,muito menos iria gostar do meu jeito sincero de ser.Mas eu resolvi me mostrar.Passei a deixar os bons modos de lado,já que eles não representavam nada,além de uma máscara que me escondia.A partir daí,minha vida só piorou.Eu sempre detestei piano,mas fingia gostar para os meus pais.Depois,passei a matar aulas,fingi estar doente várias e várias vezes.Então,eles resolveram comprar um piano,para eu poder estudar em casa.Eu simplesmente odiei essa ideia.Mas o meu pai não mudou de ideia e comprou-o.Eles me obrigavam a estudar piano uma vez por dia.Quando eu não estudava,meu pai me batia,me deixava no quarto e ficava resmungando coisas horríveis para mim.
"Minha irmã me odiava demais,eu não gostava dela também porque ela era a cópia perfeita da personalidade do meu pai.Ela me irritava e me dedurava todas as vezes que eu tentava fugir de fazer algo.Meu único local de descanço era a escola,mas quando eu começei a gostar de um garoto,a escola conseguiu se tornar o pior local do mundo.Tudo porque a menina que se dizia minha melhor amiga gostava dele também,e por ela ser popular,colocou todas as meninas contra mim.Me xingavam de esquisita,ridícula,nerd,patética,sem-noção.Tudo o de mais feio elas me chamavam.Por causa dessas coisas,eu começei a retrucar.E brigas e mais brigas foram surgindo na escola.Meus pais foram chamados,e o mostro do meu pai ficou furioso.Quando chegamos em casa,ele me bateu.Muito.Ele me jogou na parede e eu caí no chão.Ele pegou o cinto e começou a bater com ele.Depois ele pisou em mim.Pisou na minha intimidade e depois nos meus seios.Ele era um homem com mais de 1 metro e oitenta,e pisava em mim como se eu fosse suportar.Nunca me senti tão indefesa na minha vida.Até hoje eu tenho as marcas dessa agressão.Meus seios nunca mais foram os mesmos,e doem até hoje.Eu me lembro vagamente desse dia.Lembro que minha mãe foi me defender e meu pai bateu nela também.Quando ele me largou,eu fui correndo para o quarto e me tranquei lá.Só escutava meu pai gritando na porta : "Fica se escondendo dentro desse chiqueiro que é o seu lugar,sua nojenta.Metida.Burra.Se você morresse ninguém nessa família iria sentir sua falta.Todos te odeiam.Você não tem ninguém." Eu fiquei muito abalada e por isso eu durmo com a varinha debaixo das cobertas.Eu tenho medo que ele venha me bater,como já fez tantas vezes."
Laís abriu os olhos.Snape estava horrorizado.
–Seu pai foi capaz disso?
–E muitas coisas mais.
Snape fez a única coisa que estava ao seu alcançe,abraçou a menina.Ela puxou Snape para a cama,e se aninhou em seu peito.
–Obrigada por não ser como ele. - Laís disse no meio de um sorriso.
–Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas - Snape beijou a testa da menina,e, aparentemente sem notar que estava fazendo isso,acariciou seus cabelos - Já lhe disse que os seus cabelos são lindos?
–Não - a menina corou - ninguém nunca me disse isso.Meu pai me fazia cortar toda semana,mas ele crescia de novo.
Os dois se encararam por um longo tempo.
–Vai voltar a dormir ou vai ficar me admirando? - perguntou Snape
–Gosto de lhe admirar,mas prefiro dormir.
–Ah,nesse caso,então boa noite - disse Snape,tentando se desvinciliar do abraço da menina
NÃO! Fica aqui comigo - disse a menina,apertando Snape,impedindo-o de sair da cama.Snape suspirou e disse:
–Está bem.
Novamente,a menina se aninhou em seu peito,e logo dormiu.Snape ficou alí,apenas observando a menina.Snape realmente se afeiçoara a ela.Parecia uma menina muito talentosa e inteligente,embora seu pai a fizesse ser tão transtornada e um tanto medrosa.Mas no fundo,Snape entendia a menina.Entendia o seu sofrimento.Já havia alguns minutos que a menia adormecera,então Snape decidiu ir dormir também.Estava exausto com tudo o que tinha acontecido.Snape saiu do abraço da menina e lhe deu um beijo na testa.A menina,ainda meio acordada,disse:
–Boa noite,papai. 
Snape ficou transtornado com suas palavras e disse sem pensar:
–Boa noite,Laís.
Snape saiu do quarto e fechou a porta.Segundos depois estava em seu quarto.Nunca imaginou o quanto aquela menina que duelara e vencera dele pudesse ter um passado tão horrível.Mas,assim como ele,a dor a fizera forte e resistente.
Parou de pensar naquilo por um momento,tirou as vestes e dormiu.

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