Pai e Filha



PVO: Laís Tenaviald
Num segundo eu estava conversando com a Pam e no outro estava correndo para fora do Salão.A sensação que tinha era que estouravam bombas no meu cérebro.Minhas piores lembranças vieram a tona.Meu pai me batendo,as meninas na escola me cercando e me xingando,o amor da minha vida me desprezando.Minha cabeça doía demais.Não conseguia abrir os olhos.Encostei numa parede e me agachei.Apertava a minha cabeça com as mãos numa tentativa desesperada de fazer a dor parar.Ouvi a voz de Antônio me chamando,depois a voz de Snape.Ele tentava soltar as minha mãos mas a dor era insuportável e eu não conseguia fazer nada senão continuar a tentar lutar com a dor.Eu queria abraçar Snape como naquela vez em casa e contar a ele tudo o que eu estava sentindo.Mas outra lembrança se apoderou de mim.A lembrança da semana que ele me tratava com indiferença e desprezo.Achei que ele não iria se importar comigo novamente.Começei a chorar e senti Snape me pegando no colo.Senti que iria desmaiar.Não conseguia mais ficar de pé sozinha,então desmaiei no colo de alguém que não consegui definir que era.
Sonhei que estava novamente na minha casa trouxa,com o meu pai batendo na minha porta dizendo que iria me matar.Ele conseguiu abri-la.Me pegou pelo braço e começou a bater com um pedaço de madeira e eu desmaiei.
Quando estava novamente recuperando a conciência.Pensei que estava num hospital trouxa e minha mãe estava sentada do meu lado.Mas eu vi,meio embaçado mas vi,os cabelos negros e oleosos.Percebi que não era minha mãe,era Snape.E ele falava.Não a voz fria ou irônica de sempre,mas uma voz carregada de súplica.Estava pedindo para eu acordar.De repente,ouvi ele dizer algo que nunca pensei que ele diria.
–Eu te amo. - falou ele.Nesse momento senti a necessidade de abrir os olhos e mostrar a ele que estava tudo bem e que ele poderia parar de chorar.
Abri os olhos.Um sorriso enorme se abriu naquele rosto macilento de Snape.Ele me puxou para uma abraço e disse entre lágrimas:
–Laís.Você está bem.Graças a Merlin.
Abraçei ele tão forte quanto ele me abraçou.Começei a chorar então.Precisava abraçá-lo para ter certeza que aquilo não era um sonho.Me soltei do abraço e olhei em volta.Dumbledore estava parado ao lado de Minerva com um sorriso enorme.Minerva,por sua vez,mantinha a sua expressão autoritária.Voltei o meu olhar para Snape.
–Quanto tempo eu fiquei aqui?
–Algumas horas.Já está na hora do jantar. - respondeu Snape com a voz doce
–Você ficou aqui esse tempo todo,padrinho?
Ele ficou totalmente corado e Dumbledore,risonho,respondeu:
–Sim,Laís.Severo ficou aqui todas essas horas.Seus amigos adoraram ter um tempo livre.
Fiquei surpresa.
–Você cancelou suas aulas pra ficar comigo?
Snape corou de novo e disse:
–Sim.Tive que verificar se você não iria ter outro ataque.
–Não tive um ataque - respondi irritada
Snape novamente estava com uma expressão irônica,então resolvi não continuar a conversa.
–Onde estão os meus amigos?Lembro de ter ouvido o Antônio me chamando...
–Seus preciosos amiguinhos - falou Snape - Estão lá fora.Quer que eu chame eles?
–Por favor e professor... - puxei o braço dele e falei baixinho em seu ouvido -Obrigada por se importar comigo.
Ele sorriu e foi chamar o pessoal lá fora.


________________________________________


Snape saiu da ala hospitalar com um certo receio.Não queria deixar Laís.Queria permanecer ao lado dela,olhando para ela.
Lá fora,encontrou Giselle e Pamela num canto,apreensivas.Antônio andava de um lado para o outro nervoso e ansioso. O grupinho de Sonserinos estava lá também,encostados na parede esperando alguma noticia.Quando viram Snape se aproximaram e Giselle falou primeiro:
–Como está a Laís,professor?
–Está bem - respondeu Snape olhando para o chão - Podem entrar.Todos vocês.Mas por favor façam silêncio,ela precisa descançar.
Os garotos assentiram mas ficaram confusos com o pedido de "por favor" do professor.
–Laís...- falou Giselle correndo para a maca da amiga - Tá tudo bem?O que aconteceu?
–Eu só tive uma dor de cabeça muito forte e desmaiei.Nada mais - falou Laís olhando para o rosto apreensivo de Antônio
–Que bom - falou Pamela - Você quase me matou do coração.
–Desculpe-me - falou Laís rindo 
Eles ficaram rindo e conversando,enquanto Snape,Dumbledore e Minerva os observavam.Snape sorriu e Laís viu.Ela sorriu de volta e clareou os olhos.Os amigos perguntaram como ela fazia isso e ela explicou devagar e calmamente a história de Oclumência.
Depois disso,lançou a Snape um olhar suplicando por um tempo á sós com ele.Ele entendeu e se aproximou.
–Bom,acho que vocês já conversaram bastante.Agora deixem a Srtª Tenaviald descançar.
Eles deram tchau para Laís e saíram da ala hospitalar.
–Bem melhor - Laís suspirou
–Como se sente? - perguntou Snape
–Estou melhor.Só preciso conversar com você...
Snape se aproximou da maca.
–Não! - falou Laís - Aqui não.Na sua sala.
Madame Pomfrey permitiu,Laís vestiu suas roupas e seguiu junto ao seu padrinho para a sala dele.Quando chegaram ele fechou a porta e a menina pulou em seus braços.Snape abraçou-a de volta,beijando sua cabeça e acariciando os seus cabelos.
–Fico feliz que esteja melhor,Laís.
–Professor - disse ela se soltando do abraço - O que aconteceu comigo?
Ele suspirou e disse:
–Eu não sei,Laís.Mas o que importa é que você está bem e ...
–Que você me ama - disse a menina sorrindo
–O que... -começou Snape envergonhado
–Eu ouvi o senhor dizer "Eu te amo" para mim,professor.
Snape ficou mais envergonhado ainda.
–Ora,é claro que eu te amo,Laís.
Laís ficou surpresa com a frase do professor,mas falou:
–Eu também te amo,professor.O senhor foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
–Não Laís - disse Snape sorrindo - Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.Olhe,vou lhe contar uma coisa: Dumbledore me disse que você foi para a Sonseriana por ser minha filha...
–Sua filha...Como assim? - disse Laís
–Como você acabou de dizer,eu lhe amo e você me ama,e como sabe,temos uma relação mágica muito poderosa,e como temos uma relação pai e filha,você acabou se tornando a minha filha.
–Eu não acredito.Você se tornou o meu pai.Ai meu Deus.
Snape sorriu ao ver a reação de Laís.Ela o abraçou e falou:
–Eu te amo,pai.
–Eu também te amo...filha.
Os dois riram.Era a situação mais esquisita da vida dos dois.
–Acho que está na hora de você ir para a cama.
–Certo - falou ela - Até amanhã,professor. - dando-lhe um beijo na bocheca
–Até amanhã.
A menina saiu da sala e caminhou até o dormitório saltitando de felicidade.Snape ficou ali parado,pensando em tudo o que aconteceu.O susto que Laís lhe deu deixou-o cansado.Nunca tinha sentido nada comparado ao que sentia agora.Tinha se tornado pai sem querer.Ficou muito feliz sabendo que a garota estava bem.Ele precisava cuidar da menina mais do que nunca.Sua vida tinha dado uma volta enorme e agora estava parado,pensando,pensando e pensando.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.