Lost In Love



Capítulo 17: Lost in love

N/A: Em 1º lugar quero agradecer a tds que deixaram reviews, elas são realmente importantes para mim. Esse capítulo dedicado a Dani Sly que sempre manda reviews lindas e quilométricas e a nc é dedicada a Apê Malfoy, já que foi ela que me convenceu a escrever uma nesse cap.

In my place, in my place,
(Em meu lugar, em meu lugar,)
were lines that I couldn't change,
(Eram fronteiras que eu não poderia mudar,)
I was lost, oh yeah.
(Eu estava perdido, oh sim.)
and I was lost, I was lost,
(E eu estava perdido, eu estava perdido,)
Crossed lines I shouldn't have crossed,
(Ultrapassei barreiras que eu não deveria ter ultrapassado,)
I was lost, oh yeah.
(Eu estava perdido, oh sim.)
[In my place – Coldplay]

Virginia Weasley tinha um sorriso bobo estampado na face e a respiração ainda um tanto ofegante. Na cama, deitado a seu lado, Draco Malfoy parecia altamente satisfeito. Estavam no apartamento da advobruxa e provavelmente já passava das 10h da noite.
Gina beijou o peitoral de Malfoy antes de deitar a cabeça sobre o mesmo. Estavam em silêncio, mas não era desconfortável para eles. Muitos pensamentos passavam pela mente de ambos e eles sabiam que mais cedo ou mais tarde teriam que externá-los. Escolheram mais cedo e por coincidência ao mesmo tempo:
-Draco...
-Virgínia...
Olharam-se, surpresos:
-Pode falar, Virginia. Primeiro as damas. –murmurou galante.
-Não, obrigada. Fale primeiro, Draco. –refusou.
-Bem...A Parvati volta amanhã do cruzeiro...
-E você vai dizer a ela que quer o divórcio?
-Sim, mas preciso achar o momento apropriado para isso. Não é tão fácil assim...
-Mas por favor não demore muito, eu não quero continuar sendo a outra. O certo era eu nem estar aqui com você enquanto não estivesse divorciado, mas...
-Mas? –ele incentivou.
-Eu não consigo mais manter distância de você, Draco. –ela confessou e suas bochechas coraram.
-Eu também não e por isso vou me divorciar da Parvati. Eu quero ficar com você. É algo tão estranho, tão forte e tão improvável, mas ainda assim eu quero. –falou, começando a beijar o pescoço e o ombro dela que estava mais próximo de si.
A ruiva fechou os olhos momentaneamente, curtindo a sensação dos lábios de Draco sua pele, mas então se lembrou do que tinha que falar para ele:
-Draco, o que eu queria te falar é que amanhã de noite a gente não vai poder se encontrar. Eu vou sair pra jantar com o David Harrison.
O loiro fechou a cara e parou com os beijos:
-Ele que não ouse encostar as patas em você. –reivindicou –Você é só minha.
A ruiva riu do ciúme dele:
-Nossa, que possessivo.
-Eu não estou brincando, Virginia. Eu não divido o que é meu. –disse como o velho Draco diria, o que serviu como um balde de água fria na cabeça da ruiva, fazendo-a lembrar de quem ele realmente era.
Ela ficou séria também:
-Você fala como se eu fosse uma de suas propriedades, Malfoy. Sabe muito bem que eu não gosto de ser tratada assim.
-O que mais você quer? Eu não te entendo, Weasley! Eu faço de tudo por você. Será que não enxerga? Eu me escondi debaixo da cama, eu cozinhei, eu contei histórias para a Evelyn, tive que suportar o Potter naquele almoço e eu até matei o Nott por você.
Vindo de Draco Malfoy, aquilo parecia ser uma declaração de amor incondicional. Naquele instante ela percebeu que ele deveria estar tão envolvido naquela relação quanto ela. Inexplicavelmente sentiu uma grande alegria apoderar-se dela e beijou Malfoy com a sede de um viajante que encontrou um oásis no deserto. Draco puxou o corpo da ruiva, fazendo com que ela sentasse de frente para si e então finalizou o beijo. Ela fez cara de que não tinha entendido o porquê dele ter parado. Draco deu um sorriso malicioso:
-Que tal continuarmos isso na banheira?
-Ah, mas a minha banheira é pequena, diferente das muito caras que deve ter na sua Mansão.
-Eu não me importo com o tamanho de uma banheira se estou bem acompanhado... –sussurrou ao ouvido dela de maneira insinuante, para em seguida morder o lóbulo da orelha dela.
Um arrepio percorreu o corpo da Weasley e ela perguntou-se pela milésima vez como ele podia causar tal efeito em seu corpo em máxima intensidade e por tantas vezes. Pensamentos libidinosos invadiram a mente da advobruxa, nem parecia que já estivera na cama bem ocupada com o loiro naquela mesma noite.
“Merlin! Será que o Draco me transformou numa ninfomaníaca?” esse pensamento passou vagamente por sua cabeça antes que o loiro beijasse sua garganta de maneira possessiva, fazendo-a esquecer qualquer pensamento coerente.
-Draco... –ela murmurou e o loiro sentiu em seus lábios a vibração das cordas vocais dela.
Malfoy levantou-se da cama, carregando Gina consigo, mas não sem antes pegar sua varinha em cima da mesa de cabeceira:
-Espero que você não esteja cansada. –o loiro comentou em um tom picante.
Ela riu:
-Por incrível que pareça não estou. Você é incrível, Draco Malfoy.
Draco sorriu presunçoso:
-Nada que eu não soubesse... –comentou e ganhou um tapa nas costas, desferido pela ruiva que ainda estava carregando.
-O que é isso, ruiva? Sadomasoquismo? –perguntou de maneira pervertida –Outra das suas fantasias sexuais? Vai querer que eu conjure um chicote ou o quê?
-Chicote? Eu quero uma marreta de uma vez. –falou e fez Draco arregalar os olhos –Calma, é brincadeira. Eu não tenho coragem de machucar esse seu corpo...
Chegaram ao banheiro. Malfoy usou sua varinha para colocar água e aquecê-la. Em seguida colocou a ruiva dentro da banheira.
-Você tem champanhe, Virginia? –perguntou e ela assentiu.
Draco então convocou uma garrafa e duas taças. Após servir a bebida espumante nas duas, entrou na banheira e com alguma dificuldade sentou-se atrás da advobruxa, tendo o corpo dela entre suas pernas.
-Obrigada. –ela agradeceu, quando Draco entregou-lhe a taça de champanhe –Vamos brindar a quê?
-Aos momentos bons que passamos juntos, concorda?
-Sim. A esses momentos. –e ergueu a taça, batendo levemente com a do loiro.
Assim que terminaram de tomar a bebida e colocaram as taças do lado de fora da banheira, Malfoy enlaçou o corpo da ruiva. Gina pousou a cabeça no peito dele, sentindo-se protegida por aqueles braços fortes. Ficaram assim em silêncio por um tempo, cientes da presença um do outro.
Draco deslizou suas mãos pelas curvas do corpo da Weasley, uma delas indo parar entre as pernas da ruiva. Gina estremeceu diante do contato íntimo e sentiu que Draco havia afastado seu cabelo para um lado enquanto beijava sua nuca e ombro. A cada demonstração de prazer de Virginia, um suspiro, gemido, os beijos dele intensificavam-se e ela sabia que ele sentia prazer em dar prazer a ela. No entanto, propositadamente, antes que a ruiva chegasse ao ápice, Draco parou.
A respiração de Gina estava acelerada e ela aconchegou-se ainda mais contra Malfoy, entrelaçando seus dedos nos dele. Depois de um tempo ela disse:
-Eu sei porque você costuma parar antes.
-Ah é? –perguntou, um tanto zombeteiro.
-Porque você adora me provocar e porque você gosta de gozar junto comigo. –explicou como se fosse Hermione respondendo a uma pergunta de um professor –Surpreso por eu ter notado isso?
Ele sorriu:
-Você realmente é única, Virginia. Bastante observadora. Tem razão. Não é à toa que você é a melhor advobruxa.
-E você é um ótimo empresário. Mas vamos parar a sessão de elogios ou o seu ego vai inflar tanto que não vou mais caber aqui dentro dessa banheira.
-Sei...Por que o seu ego também não é nem um pouco elevado, não é? –perguntou ironicamente.
-Ah, só de vez em quando. –e fez uma pausa –Eu sei que você quis vir pra essa banheira com segundas intenções, mas eu queria voltar pra cama.
-Já com sono, Virginia? Eu sou demais pra você por acaso?
-Tire esse seu sorrisinho convencido do rosto. Eu tenho planos para a cama, se é o que quer saber.
O loiro ergueu uma sobrancelha:
-Que tipo de planos?
-Você só vai saber se confiar em mim cegamente. –ela respondeu, misteriosa e levantou-se em seguida, saindo da banheira e alcançando uma toalha para secar-se.
Draco também saiu da banheira e também pegou uma toalha:
-Hum...então você quer brincar. Ok, vamos jogar de acordo com suas regras pervertidas.
A ruiva ficou vermelha, mas ainda assim disse:
-Vou ter que te vendar e como a sua varinha está mais perto que a minha, eu vou usar a sua, tá?
O loiro deu de ombros:
-Você nunca pára de me surpreender, Virginia. –falou assim que uma venda foi posta em seus olhos.
-Eu vou te guiar, Draco. –falou e passou a frente dele, puxando-o pelas duas mãos.
Assim que chegaram à cama, os dois subiram na mesma. Ela fez com que Draco deitasse no meio da cama e virado para cima. Gina aproximou-se dos lábios dele e deu um selinho e em seguida conjurou algemas, prendendo os pulsos de Draco na cabeceira da cama.
-Tá me deixando curioso...
Ela riu:
-Eu já volto, tudo bem?
-Desde que você não demore e de que não vá buscar fotógrafos para me fotografarem nessa situação e vender minhas fotos para o Profeta Diário, daí sim está tudo bem.
-Nossa, você me deu uma idéia ótima. Vou ligar para o meu irmão, ele conhece gente do jornal.
-Virginia!
-Eu tô brincando. Não faria uma coisa dessas com você. –falou antes de sair da cama.
Pouco tempo depois voltou com chocolate derretido em uma tigela e morangos na outra, deixando as duas sobre a mesa de cabeceira. Subiu em cima de Draco e pegou um morango. Mastigou calmamente e por fim engoliu:
-Eu acabei de comer algo que você adora, vai ter que adivinhar o que é.
-E como é que eu vou ter que adivinhar?
-Assim. –ela falou e beijou-o demoradamente –E então? –perguntou após o término do beijo.
-Morango? –ele lambeu os próprios lábios.
-Acertou.
Gina pegou um dos morangos e colocou-o na boca do loiro. Enquanto ele comia, a ruiva observava e corria levemente um dedo pelo peitoral dele.
-E agora?
Virginia riu e despejou um pouco de chocolate sobre onde ela estivera passando o dedo e lambeu o local, enquanto passeava suas mãos pelo corpo dele.
Estar com os olhos vendados fazia Draco apurar mais os outros sentidos. Podia sentir melhor os toques dela sobre sua pele e estava sentindo cheiro de...
-É chocolate que você está lambendo?
-Nossa, Draco. Como você adivinhou?
-O cheiro. –ele explicou.
-Bom, você merece um prêmio e não me pergunte qual é. Sinta o prêmio...
Gina despejou um pouco de chocolate sobre o pênis dele e instantaneamente o loiro sabia o que viria a seguir. Um sorriso safado no rosto dele foi a última coisa que a ruiva viu antes de começar a consumir o chocolate. Podia até imaginar os olhos acinzentados cheios de luxúria. O chocolate rapidamente acabou, mas ela estava se divertindo, notando o que causava no loiro com os movimentos de sua língua e lábios. Draco tentava soltar-se das algemas, mas não conseguia. Ele ofegava e gemia de maneira cada vez mais intensa:
-Aaaah, Gina...
Virginia parou e observou o estrago que tinha feito em Draco. O cabelo loiro dele estava bagunçado, havia marcas vermelhas nos pulsos dele devido às tentativas fracassadas de soltar-se e a respiração dele estava ofegante. Ela deu um sorriso satisfeito e montou novamente sobre o loiro, mas dessa vez permitiu que ele a penetrasse. Ficou parada, admirando-o. Naquele instante ela detinha total controle sobre Draco Malfoy, sentiu-se poderosa por isso. Perguntava-se se ele já tinha deixado alguma mulher mandar na cama daquele jeito.
Gina decidiu tirar a venda dos olhos dele e as algemas dos pulsos. Ela massageou e beijou a área vermelha dos pulsos dele:
-Desculpe... –ela murmurou timidamente.
-Não foi nada. –ele respondeu e então virou o jogo –Ainda temos assuntos inacabados. –falou insinuante e começou a mover-se dentro dela.
Draco entrelaçara os dedos com os dela. Isso juntamente com o brilho dos olhos dele, fazia-a sentir que não fazia mais apenas sexo com ele e sim amor. Não que ela tivesse dito a si mesma que amava Draco Malfoy. Apenas sabia que o que sentia por ele já tinha passado da fase de exclusivamente atração. Mal sabia que de fato já estava irremediavelmente apaixonada por ele.
Suspiros, gemidos e palavras desconexas eram emitidos pelo casal em rumo ao êxtase completo. Era escusado dizer que ambos não desejariam estar em outro lugar ou em outra companhia. Ainda era um mistério que os surpreendia as sensações extremas que podiam causar um no outro. Eram pessoas bem diferentes, mas ainda assim iguais. Descobriram que o ponto de intersecção era a cama e daí foi se expandindo...Da atração inevitável para a paixão avassaladora e quem sabe algum dia admitiriam que dessa paixão nasceu um amor imprevisível. Não estava nos planos de nenhum dos dois chegar a nutrir sentimentos tão fortes um pelo outro. Travavam uma incessante batalha consigo mesmos. Draco que planejara dispensar a Weasley de maneira cruel, agora nem conseguia imaginar um dia em que isso pudesse acontecer. Gina que ainda continuava fazendo o dossiê contra Malfoy, mas que a cada dia sentia um peso maior na consciência por estar hesitando no plano de entregá-lo a justiça bruxa. Ela sabia que como advobruxa era sua obrigação fazer Draco pagar pelos crimes cometidos...Mas então por que se sentia péssima ao pensar em trancafiar Malfoy em Azkaban?
Chegaram ao ápice juntos, gemendo o nome um do outro. Cada vez que faziam sexo parecia ser mais intenso que a vez anterior. A conexão entre eles era perfeita. Viviam um dia de cada vez, mas com a intensidade do último.
Draco desabou ao lado de Gina na cama. Os corpos suados e os cabelos bagunçados, mas o que se destacava era a expressão idêntica de satisfação e felicidade mal contida no rosto deles. Também se podiam notar marcas que Hermione chamaria “marcas do amor”...Arranhões nas costas de Draco e marcas avermelhadas nos corpos dos dois. Decididamente tinham sorte por serem bruxos e poderem tirá-las com magia.
A ruiva ergueu-se, apoiando-se nos cotovelos e olhou para Draco. Tirou uma mecha de cabelo de cima dos olhos dele:
-O que foi, Virginia? –perguntou suavemente.
Ela ficou um pouco vermelha:
-Estava me perguntando o que você achou da venda e etc...
Ele riu:
-E agora é que você fica encabulada?
-Bem… É que eu nunca tinha feito aquilo…
-Foi excitante e singular. A venda trouxe o elemento surpresa e fez com que eu sentisse mais intensamente os seus toques. No quesito morango e chocolate, você sabe que eu adoro. E quanto às algemas... –fez cara de mau –Foi uma vingança por aquela vez que você usou, não é? Agora eu entendo o que você sentiu. É uma sensação agridoce. Ao mesmo tempo em que eu queria me soltar para poder te tocar e te possuir de uma só vez, eu queria continuar ali sentindo o seu ritmo “torturante”.
Virginia sorriu:
-Nossa, que avaliação detalhada. Você é tão racional, Draco. –falou e tentou esconder a ponta inexplicável de tristeza que a última frase havia trazido.
-Nem tanto... –ele respirou profundamente.
“Eu costumava ser mais racional...O que você foi fazer comigo, Virginia?”
A Wealey deitou a cabeça sobre o peito dele e estava esperando ele dizer que tinha que ir embora. Já estava acostumada, por várias vezes ele ia embora. Mas não pôde deixar de reparar que ultimamente ele raramente não passava a noite inteira com ela. Após um tempo de silêncio, ela perguntou hesitante:
-Você não vai embora?
-Está me expulsando, Virginia? –perguntou, não deixando transparecer qualquer emoção por sua voz.
-Não, Draco. Apenas estou surpresa.
-Positivamente surpresa?
-Sim, eu adoro que você fique a noite inteira comigo. Assim quando eu acordo a primeira coisa que vejo é você...
-Claro, uma bela visão para começar o dia com o pé direito. –respondeu em tom divertido.
A ruiva revirou os olhos:
-Aposto que o espelho da sua casa deve até estar gasto de tanto que você fica se olhando nele.
-Eu estou brincando. Não precisa ficar nervosinha. Quando eu durmo com você olhar para o espelho não é a primeira coisa que eu faço. –disse, enrolando uma mecha do cabelo dela em seus dedos.
-Então o que você faz? –perguntou curiosa.
-Nada de mais. –retrucou rápido, rápido demais para quem realmente não estava escondendo nada.
-Mentiroso.
“Droga! Eu não posso dizer que fico admirando-a dormir por vários minutos ou eu vou parecer a merda de um apaixonado...O que eu não sou!” pensou, indignado.
-Era uma piadinha idiota em que eu tinha pensado. A primeira coisa que eu faço quando acordo é abrir os olhos. Eu ia responder isso. –mentiu.
-Hum. –a ruiva respondeu e bocejou.
Logo em seguida Draco também:
-Nossa, nem tinha percebido antes que tô com sono. Ah, amanhã vai ser um dia cheio. E ainda vou ter que buscar a Parvati no porto, ela faz questão que eu vá.
À menção da mulher de Draco, uma mistura de sentimentos aflorou em Virginia. Ela saiu de cima do peito de Draco, deitando-se de costas para ele. Sentia culpa, vergonha e...ciúmes.
-O que houve, Virginia?
-Nada, está tudo ótimo.
Draco abraçou Gina por trás e disse:
-Você sabe que eu tenho que fazer isso, Virginia. Em breve a gente não vai precisar ficar se escondendo. Eu só preciso achar o momento certo para falar com a Parvati. Como eu já te disse, ela me ama. Eu não quero magoá-la...
-Não magoá-la? Você sabe que isso vai ser impossível, Draco. –a ruiva retrucou –Hum...Você vai contar a ela sobre nós?
-Não sei se seria apropriado, mas sei que ela vai perguntar o porquê do divórcio. Eu não vou contar que estivemos nos encontrando às escondidas. Deixe comigo. Agora durma, você precisa descansar. –ele falou e beijou o topo da cabeça dela.
Gina deu um profundo suspiro e aninhou-se melhor nos braços do loiro:
-Boa noite, Draco.
Demoraram tanto para dormir pensando em suas preocupações que não conseguiram acordar no horário certo no dia seguinte. Foram surpreendidos por Adelina Vance, a qual levou às mãos à boca para não gritar com a surpresa. Não era surpresa para ela que Draco Malfoy era mulherengo, mas ela certamente não esperava vê-lo na cama da certinha advobruxa Virginia Weasley. Ela aproximou-se vagarosamente do loiro e cutucou o ombro dele. Imediatamente Draco abriu seus olhos cinzentos e num primeiro instante pareceu confuso e sentou-se na cama:
-O que você faz aqui, Vance? –perguntou baixinho, para não acordar a ruiva.
-Eu trabalho aqui, esqueceu? –ela revirou os olhos –Eu deveria perguntar o que você faz aqui.
Draco deu um sorriso malicioso:
-Acho que é um pouco óbvio, não?
-Eu apenas não esperava que a Virginia...
-Menos, Vance. Apenas fique calada sobre esse assunto. Vá preparar o café da manhã.
Adelina bufou, mas foi fazer o que Draco tinha mandado.
Assim que a empregada retirou-se do quarto, Draco entrou no banheiro. Depois disso vestiu a roupa que usara no dia anterior e foi até a cozinha e Adelina ainda estava preparando o café da manhã.
-Hem, hem. –o loiro pigarreou para se fazer presente e a morena virou-se de frente para ele –Vance, aqui tem o que eu te pago mensalmente e mais um extra. Não quero que conte a alguém sobre a cena que viu, entendeu?
Ela deu um suspiro impaciente:
-Tá bom, Draco.
-Sr. Malfoy pra você. Está muito atrevida no modo em que fala comigo.
O fato era que Draco Malfoy irritava profundamente Adelina Vance. O por quê? Porque ela sentia-se com o ego ferido por ele nunca ter demonstrado intenções de querer dormir com ela. Vance era atraente, muitos homens diziam isso. Mas como Draco a achava fácil demais nunca se interessou.
“Um dia ele ainda vai se arrepender por não ter me dado o devido valor.” Prometeu a si mesma “A vingança é um prato que se come frio. Pode não ser hoje nem amanhã, mas algum dia ela virá...”
Adelina continuou seus afazeres, quieta e fervendo de raiva por dentro. Draco apenas a observava. Quando a morena terminou, o loiro falou:
-Pegue uma bandeja.
-Mas a Virginia costuma tomar café na mesa.
-Não importa. Eu vou levar pra ela e aposto que ela vai gostar.
Adelina foi pegar a bandeja e colocou-a sobre a mesa. O próprio Draco fez questão de colocar as coisas sobre a bandeja: Um copo de suco, algumas torradas e uma tigela com salada de frutas. Depois disso carregou a bandeja até o quarto. A ruiva ainda dormia. O cabelo dela estava espalhado como um véu vermelho e fazia um grande contraste com o branco dos travesseiros e cobertas. A expressão no rosto dela parecia serena. Draco, despercebidamente, estava hipnotizado por essa visão. Um pensamento involuntário e repentino cruzou a mente dele. Um que dizia que ele adoraria ver essa cena todas as manhãs. Então Malfoy voltou a si e afastou tais pensamentos estúpidos. Respirou profundamente antes de chamar:
-Virginia. Acorde.
A ruiva espreguiçou-se e então abriu os olhos. Ao ver Draco sentado na beira da cama, segurando uma bandeja com o café dela, não pôde deixar de sorrir:
-Você nunca fez isso antes, Draco. –ela falou e deu um selinho nele, tomando o cuidado de esconder seu corpo nu debaixo das cobertas.
-Não sei por que você se dá ao trabalho, eu já vi tudo o que tem debaixo desse edredom. –falou marotamente, enquanto passava a bandeja para ela, a qual agradeceu.
-Draco, você não acha que seria melhor você ir antes que a Adelina chegasse?
-Tsc. Tarde demais. Quando ela chegou, eu ainda dormia. Foi ela quem me acordou.
Uma expressão de preocupação surgiu no rosto da ruiva:
-E agora? –perguntou, apreensiva –Daqui a pouco a história vai se espalhar. Eu não quero que...
-Calma, Gina. Está tudo bem. Eu paguei pelo silêncio da Adelina, não se preocupe.
Ela revirou os olhos:
-Você pensa que tudo no mundo se resolve com dinheiro e que cada um tem um preço, não é mesmo?
-E se eu pensar assim? –ele desafiou.
-Então deve pensar que estou com você porque é rico.
Foi a vez de ele revirar os olhos:
-Dinheiro para você nunca contou muito, eu sei. Sua mentalidade Weasley não te deixa ser ambiciosa. Está comigo porque sente uma atração incontrolável. E antes que me atire pedras, permita-me dizer que a atração é mútua.
O estômago da advobruxa pareceu ter afundado. Ela não entendia porque ouvir esse tipo de coisa dele, fazia-a se sentir tão desconfortável.
-É só sexo? –perguntou, sem deixar transparecer qualquer sentimento.
-O quê? –ela pegou-o de surpresa com a pergunta tão repentina.
-O nosso caso… -ela odiou ter que dizer aquela palavra –Significa apenas sexo para você?
Draco analisou-a meticulosamente. Virginia Weasley era um caderno em branco quando assim desejava. O loiro não podia desvendar nenhuma emoção pelo olhar ou pela expressão no rosto dela. A parte racional dele queria dizer que era apenas sexo, mas ele sabia que era mentira. Não adiantava querer enganá-la, muito menos enganar a si mesmo:
-Você deveria saber que não. Acho que já dei provas mais que suficientes disso.
A ruiva desviou o olhar do dele:
-Desculpe. –e tratou de começar a comer –Eu não queria insinuar nada, só que...
-O quê? –perguntou curioso.
Gina terminou de mastigar e encarou-o:
-Apenas queria a certeza de que você está tão envolvido quanto eu e que não estou investindo em algo que não vale a pena.
Draco encostou seus lábios nos da ruiva brevemente e em seguida pôs-se em pé:
-Eu, Draco Malfoy, perito em avaliar investimentos, digo que é o investimento mais lucrativo que poderia fazer. –deu um sorriso de lado, confiante –Tenho que passar na Mansão para tomar um banho e me trocar. Depois vou direto para a M Corporation. Até mais, Virginia. –informou e saiu andando a passos rápidos.
Gina deu um suspiro que para ela não tinha motivo aparente. Ela podia jurar que Draco não se atrasaria e chegaria no horário de sempre em sua empresa.
“Ele poderia muito bem ser um daqueles chefes folgados que chegam quase na hora do almoço e vão embora no meio da tarde. Mas não, mesmo já tendo tanto dinheiro, ele continua a trabalhar com o mesmo empenho. Pena que ele se empenhe também em negócios ilícitos...Mas Draco Malfoy é realmente um homem fascinante.” Pensou, apressando-se para terminar seu café “Eu não ficaria surpresa se ele me desse uma bronca por chegar atrasada, do jeito que ele é exigente. Mas eu sempre fui uma funcionária mais que eficiente, não é porque eu e o Draco...hum, eu não vou tirar proveito. Tenho que chegar na hora, como qualquer outro funcionário.”
Assim que terminou sua refeição, correu para o banheiro e fez sua higiene matinal. Depois se arrumou e pegou a maleta que costumava levar ao trabalho, além de ter levado a bandeja para a cozinha:
-Bom dia, Virginia. –Adelina disse o mais maliciosamente possível.
Gina corou profundamente ao imaginar a cena que ela teria visto:
-B-bom dia, Adelina. –tentou soar normal.
-Teve uma boa noite? –e antes que a ruiva pudesse responder, ela continuou –Mas que pergunta idiota a minha. É mais que óbvio que teve uma noite maravilhosa...
-Pare com isso. –a ruiva ralhou –O que eu faço da minha vida pessoal não é da sua conta. –respondeu, brava.
Normalmente, Gina não perderia a paciência dessa maneira.
“Deve ser a TPM.” Pensou, mas não pediu desculpas “Ela bem mereceu. Quem mandou ficar querendo se intrometer na minha vida?”
Adelina não respondeu à ruiva, mas tinha um olhar mortal. Olhar de quem jura silenciosamente vingança...
Quando pegou o elevador no prédio da M Corporation, cumprimentou Samantha Parker. As duas eram as únicas no elevador:
-Bom dia, Samantha.
-Bom dia, Virginia. –respondeu um tanto friamente.
-Algum problema? Se quiser eu posso ajudá-la no que estiver ao meu alcance. –ofereceu-se, prestativa.
“O problema é o que está ao seu alcance, Weasley. Aliás, quem está. Como você pôde ousar roubar o Draco de mim?!? A Parvati eu até aceito, já que ela é casada com ele. Mas você não! O Draco é meu. Ninguém o ama mais nesse mundo do que eu. Você é uma farça, uma intrusa! Chega com essa cara de santinha e por debaixo dos panos faz coisas que até Merlin duvida. Eu não acreditaria se tivessem me contado. Mas eu vi vocês dois. A boca do Draco tinha resquícios do seu gloss, vocês dois estavam com as roupas um pouco fora do lugar e amassadas. Além do mais, a sua atitude foi suspeita, evitou me encarar. Para o seu azar, Virginia Weasley, eu sou uma pessoa muito observadora. Você não vai ficar com o Draco por muito tempo. Eu vou tirar ele de você custe o que custar e até sei quem vai me ajudar nisso...” eram os pensamentos que passavam pela mente da secretária.
A despeito do que estava pensando, Samantha abriu um sorriso e murmurou:
-Não foi nada. –assegurou e assim que chegou o andar em que ambas desceriam, acrescentou –Tenha um bom dia, querida. –e Gina não foi capaz de reconhecer a leve ironia que havia nas palavras da secretária.
Aquela manhã fora produtiva para Virginia. Conseguira finalizar a abordagem que adotaria no julgamento de dois casos completamente diferentes e complicados. Ao invés de ter esgotado a mente da ruiva, a noite que ela passara com Draco aguçou sua perspicácia, entre outras características que a faziam uma advovruxa de renome. Era sempre assim. Draco Malfoy transformara-se no seu ópio. Estava viciada e rendida e isso incrivelmente aumentava sua produtividade no trabalho. Talvez pelo fato dele fazê-la sentir-se bem de alguma forma ou porque ela trabalhava com mais afinco porque era para ele. Não sabia ao certo, mas começava a assustar-se com isso. Ela estava indo longe demais. Tinha caminhado para longe de suas convicções que um dia foram semeadas com tanta confiança. Mal ela sabia que era tarde demais para voltar atrás. Aquele era um caminho sem volta. Virginia Weasley caíra sobre a teia de Draco Malfoy, mas nem imaginava que o próprio Draco estava tão encurralado nessa teia quanto ela.
Quando deu a hora do almoço, caminhou tranqüilamente para fora de sua sala e então em direção ao elevador. Estava esperando o mesmo, quando sentiu uma mão masculina sobre seu ombro. Sabia que era Malfoy antes mesmo de virar-se. A fragrância do perfume dele era marcante e inconfundível:
-Indo almoçar? –o loiro perguntou, tirando a mão de cima do ombro dela.
-Sim. Por quê? Precisa que eu fique para adiantar algum trabalho?
-Não, você já trabalha mais que o suficiente. Só não entreguei o prêmio de funcionária do mês nos últimos dois meses para você, porque senão iam pensar que eu estava te protegendo por...você sabe. Iriam desconfiar de nós.
-E você? Vai almoçar?
-Sim, mas antes tenho que ir buscar a Parvati.
O elevador chegou e ambos entraram. Foram para o fundo do elevador e a mão de Draco passou pela cintura da ruiva, para depois escorregar para as nádegas. Gina já ia ralhar com ele, mas o elevador parou e o loiro adotou sua postura indiferente, com os braços cruzados e apoiado contra a parede. Era como se ele nunca tivesse encostado na advobruxa.
Quem entrou no elevador fora uma mulher em seus vinte e tantos anos. Cabelos loiro-escuros e olhos esverdeados. Gina não a conhecia, mas pelo visto Draco sim:
-Olá, Jéssica. Como vai o RH?
-Bem. –respondeu animadamente e a ruiva percebeu rapidamente o quanto a loira era comunicativa –Você sabe que pode confiar em mim parar dirigir o departamento, né, Draco? –piscou para ele e em seguida virou-se para Gina, levando a mão à boca –Virginia Weasley! –exclamou excitadamente e abraçou uma ruiva atônita –Eu sou sua fã! Será que você não pode me dar seu autógrafo? Todo esse tempo você trabalhando aqui e ainda não tinha tido a chance de falar com você. O que me diz? –falou tudo muito rapidamente.
-Hum, eu não trouxe pergaminho ou pena comigo.
-Ah, não faz mal. Eu tenho. –disse radiante, e pegou num dos bolsos de suas vestes.
Gina assinou o pergaminho, apoiando-o contra a parede do elevador e em seguida entregou para a loira:
-Aqui está.
-Muito obrigada. Ai, agora tenho que descer nesse andar. Espero que a gente se cruze por aí. Tchau gente. –e saiu do elevador, não sem antes quase tropeçar.
Mais uma vez os dois estavam sozinhos:
-Ela é um pouco excêntrica, não acha? –Gina perguntou.
-Sim, mas ela sabe como escolher os melhores para trabalharem para mim. Mas não vamos falar nas maluquices da Jéssica. – e enlaçou a cintura da advobruxa –Pelo painel, esse elevador não vai parar até chegar ao térreo. Ainda temos 10 andares. –deu um sorriso safado antes de alcançar os lábios dela.
Draco empurrou Gina contra a parede do fundo do elevador e prensou o corpo dela com o dele. Como se fosse algo possível, Virginia puxou o loiro ainda mais contra ela e beijou-o como se não houvesse amanhã.
“E talvez não haja...E se ele decidir que não quer se separar da mulher dele? Então eu nunca mais poderei beijá-lo, nem...No que é que estou pensando?!? Não há futuro para nós...” pensou e beijou-o ainda mais intensamente.
“Bem que esse elevador podia parar e não chegar nunca ao térreo. Como eu vou dizer para a Parvati? Eu preciso fazer isso, mas não tenho a mínima idéia de qual é a melhor forma de fazer isso.”
Ouviram então o som que indicava que o elevador tinha chegado ao destino. Imediatamente se soltaram e tentaram arrumar suas aparências o máximo possível.
-Tchau, Draco. –disse um tanto apreensiva.
-Bom almoço, Gina. –respondeu, parecendo pensativo.
O loiro foi até o estacionamento e desacionou o alarme, para depois abrir a porta de seu jaguar prata. Hoje tinha vindo dirigindo para a M Corporation porque sabia que teria que buscar Parvati e se fosse de limusine tinha certeza que ela o agarraria no banco de trás. Tinha escolhido o Jaguar porque era o carro que ele tinha preferido por ela e Draco não queria aborrecer a mulher.
“Quem sabe fazendo alguns gostos dela fique mais fácil para ela aceitar o divórcio.”
Ficou com metade da atenção no caminho que fazia e com a outra metade perdido em pensamentos. Ao chegar no Porto, o loiro estacionou o carro e viu que o navio de Parvati já tinha chegado e as pessoas desembarcavam.
-Hey, Draco! –era a voz de Blás Zabini, o qual se aproximava do loiro.
-Ah, oi, Blás. Tinha esquecido que você vinha buscar a Lilá.
Ambos apertaram as mãos:
-Aquela ruiva tá te fazendo mal, meu amigo.
Draco revirou os olhos:
-Não tem nada a ver com a Virginia. –mentiu.
-Não, é? –deu um muxoxo de incredulidade –Mas e agora que a Parvati voltou? A Virginia não vai continuar querendo ser a outra.
-Eu sei disso, Blás.
-E o que você vai fazer a esse respeito para convencer a Weasley a ficar com você.
-Nada. –respondeu com calma demais para o gosto de Zabini.
-Como?-perguntou, completamente incrédulo.
Draco revirou os olhos e respirou profundamente antes de responder:
-Eu empenhei a minha palavra, Blás. –e o outro continuou com cara de interrogação –Eu prometi que vou me divorciar da Parvati. –acrescentou após ver que não tinha ninguém relativamente perto deles.
Por alguns instantes o queixo do consiglieri caiu:
-C-Como? Draco, a Weasley te fez uma lavagem cerebral?!? Pra começar já estava achando estranho, porque pelo que me consta você não ficou com qualquer outra mulher que não fosse a Weasley desde que voltou de Las Vegas. Esse não é você.
Os olhos do loiro escureceram consideravelmente, tornando-se cinza chumbo:
-Olha aqui, Blás. Eu te considero muito. Você é meu melhor amigo, mas eu não vou permitir que me diga o que fazer ou não com a minha vida pessoal, entendeu?
Blás deu um suspiro profundo e encarou Draco:
-Você a ama, não é?
-Não! –respondeu rapidamente como se estivesse indignado com a opinião do outro.
-Encare os fatos, Draco. Ela te fisgou. Me diga outra vez que você prometeu deixar a Parvati? A não ser que foi uma falsa promessa para enrolar a Weasley...
-Não foi falsa. Eu realmente pretendo fazer isso. –murmurou.
-Por quê? –Blás perguntou, ainda surpreso.
-Porque eu prefiro ter a Virginia do que a Parvati e mais quantas eu quiser. E não me venha com esse papo de amor. É apenas felicidade. A minha felicidade. A minha satisfação pessoal.
O moreno revirou os olhos.
“Draco, seu asno! Quando vai admitir que isso é amor e dos fortes?!?” pensou, mas não foi o que disse.
-Está bem, não vou falar agora o que você não quiser ouvir. Mas que você é um maldito cabeça-dura, ah, isso é!
Draco não respondeu. Aquela conversa já estava começando a lhe dar dor-de-cabeça.
“Amor? Tsc, tsc…Até parece que o Blás não me conhece. Não há nada demais entre eu a Virginia. Bem, é intenso, mas não acho que vá durar muito. Nunca dura, por que dessa vez seria diferente?” pensou e antes que pudesse responder a si mesmo, ouviu a voz de Parvati.
-DRACO! –ela gritou, largando suas malas no chão e no segundo seguinte abraçava o loiro com força –Eu senti tanto sua falta, amor.
Malfoy estava estático. Quase tinha esquecido do quão bonita era sua mulher, mas não era essa a razão de sua impassividade. A morena estava demonstrando que realmente sentira a falta dele. E Draco? Mal tinha lembrado que ela existia, a não ser quando a advobruxa mencionava.
Antes que Draco pudesse dizer qualquer coisa, ela tinha ido com os lábios de encontro aos seus e forçava a língua para dentro da boca dele. O loiro correspondeu o beijo, mas sem grande vontade. Quando Parvati finalizou o beijo, soltou o pescoço dele, mas entrelaçou uma mão na dele:
-Você também sentiu minha falta? –perguntou, com os olhos brilhando.
-É, c-claro. –murmurou.
“É claro que eu sou um estúpido! Eu deveria ter dito no mínimo que depois conversaríamos sobre isso.” Chutou-se mentalmente.
Draco olhou para o lado. Blás e Lilá beijavam-se intensamente.
“Eu diria é que eles estão quase se engolindo ao se agarrar desse jeito.” O Malfoy pensou.
Parvati suspirou:
-A Lilá briga muito com o Blás, mas no fundo ela o ama. Nem sei quantas vezes ela reclamou dele não estar por perto.
Draco riu. Blás podia ter suas puladas de cerca, mas nunca sequer pensaria em se separar de Lilá. O loiro sempre soubera que não amava Parvati, mas tinha grande apreço por ela e por isso nunca pensara em deixá-la. No entanto, havia algo em Virginia Weasley que o instigava a cometer loucuras e querer acabar com o seu casamento estável e de conveniência estava entre elas.
Assim que o casal Zabini se soltou, Lilá, que estava bronzeada e com seu cabelo loiro preso num rabo-de-cavalo, veio cumprimentar Draco:
-Olá, Draco. –deu um beijo no rosto dele e um abraço caloroso, soltando-o em seguida –Eu e a Parvati nos divertimos muito no cruzeiro. Fico feliz que você tenha permitido que ela fosse comigo. –sorriu.
O loiro sorriu de volta:
-Imagine, não precisa agradecer. Agora se não se importam, eu e a Parvati temos que ir. Tenho que levá-la em casa antes de voltar para o trabalho. Se você quiser, Blás, pode tirar a tarde de folga.
-Obrigado, Draco. –o moreno respondeu e eles apertaram as mãos.
Depois dos quatro se despedirem, Draco e Parvati se dirigiram até o Jaguar. Como um perfeito, cavalheiro, o loiro abriu a porta para que a mulher entrasse. Esse gesto do marido, fez a morena maravilhar-se.
Quando o Malfoy deu a partida e começou a desestacionar o carro, Parvati, com um grande sorriso, perguntou:
-Você disse que tínhamos que ir logo embora por que assim como eu não vê a hora de fazermos amor, não é?
-Não, Parvati. Eu falei sério. Tenho realmente que ir trabalhar.
O sorriso dela se desfez instantaneamente:
-Eu não acredito nisso, Draco! Sou sua mulher. Eu fiquei semanas longe de você...
Draco cortou-a:
-Eu estou atolado de trabalho, Parvati. Entenda isso. –falou sério e inexpressivo.
Parvati olhou para fora da janela e mordeu o lábio inferior, impedindo as lágrimas de caírem.
“O Draco nunca recusou ir pra cama comigo por mais trabalho que ele tivesse. O que está acontecendo? Será que ele tem outra? Mas das outras vezes o fato dele ter amantes nunca tinha impedido ele de me por à frente delas. Eu não entendo...Mas seja o que ou quem for que tenha causado essa mudança no meu Draco...Eu vou resolver essa situação e irei até as últimas conseqüências. Draco Malfoy é meu para sempre e nada vai mudar isso.” Pensou, decidida.

***

Assim que voltou do almoço, não conseguiu trabalhar propriamente. Lia um relatório, mas o sentido das palavras não entrava em sua cabeça. Tentava ler outro e sua mente se dispersava facilmente. Ficava imaginando Draco e Parvati nus, na cama do quarto deles, no banheiro, na biblioteca, na sala de estar e até mesmo na piscina. Imaginava-os fazendo sexo e não conseguia tirar esses pensamentos da cabeça.
Não sabia quanto tempo havia passado desde que retornara de seu rápido almoço. Tudo o que sabia é que estava tentando ler mais outro relatório quando ouviu o barulho de alguém batendo à porta do escritório:
-Entre. –ela disse, determinada a não deixar quem quer que fosse perceber que havia algo errado com ela.
Era Samantha Parker. A morena entrou e foi até a mesa da advobruxa:
-Antes de sair o Draco pediu para que eu te entregasse a ficha desse cliente para ver se você aceita o caso.
-Hum, e ele não te disse do que o caso se tratava?
-Não. Suponho, que vai ter que esperar ele chegar ou ler. Mas acho que seria melhor que lesse, porque acho que o Draco vai demorar. Ele disse que iria buscar a esposa de uma viagem. –falou, aparentemente despreocupada, mas na verdade queria provocar ciúmes em Gina –Aliás, nem sei se o Draco vai voltar hoje para a M Corporation.
“Eu posso não gostar da idéia de que o Draco deve estar nesse exato instante com a Parvati. Mas eu simplesmente odeio a idéia dele estar com você.” Pensou perversamente.
-Tudo bem. –Virginia respondeu –Bem, não quero ser grossa nem nada. Mas eu realmente tenho muito trabalho a fazer, será que você poderia me deixar sozinha?
“Oh, será que ela vai chorar?!? Seria bem feito, que mandou querer roubar o MEU Draco?” pensou com raiva, mas sorriu complacente.
-Está tudo bem com você? –seu semblante demonstrava preocupação.
-Está. Não se preocupe.
-Ok então. Se precisar de algo, me chame. Até mais.
“Fica aí remoendo o quanto foi errado você se envolver com o Draco, é o melhor que você faz. Quem sabe Merlin manda uma luz e você se toca que o Draco não é para você, queridinha.” Foram seus últimos pensamentos antes de deixar a sala de Virgínia.
A ruiva apoiou os cotovelos na mesa, para em seguida abaixar a cabeça sobre suas mãos. Fechou os olhos e as imagens de Draco e Parvati pareciam ainda mais nítidas. Teve vontade de chorar, mas não o fez. Mordeu o lábio inferior como punição a si mesma por estar demonstrando tamanha fraqueza. Continuar de olhos fechados era uma faca de dois gumes. Por um lado, era mais eficiente para não deixar que lágrimas escapassem, por outro, as imagens que sua mente produzia eram mais vívidas do que nunca.
“Merlin, o que é que eu fui fazer da minha vida?!? Por que eu não fui forte o suficiente para resistir ao Draco?!? Agora eu estou ferrada! Eu sempre achei errado ter relacionamentos extraconjugais, eu não podia ter passado por cima disso. O Malfoy é um demônio! Só pode ser isso, ele me tentou tanto que conseguiu o que queria. E o pior é que eu realmente quero que ele se separe e quero ficar com ele. Eu só me meti em confusão. Tenho que entregá-lo à justiça. Tenho e vou, é minha obrigação. Mas eu sinto que quando eu fizer isso, vai me custar muito. Por que eu fui me envolver tanto com ele? Eu não consigo nem mais pensar que é só atração. Eu me preocupo com o Draco. Não posso me apaixonar por ele!”
Ainda não sabia -ou talvez tentava ignorar o fato- de já estar apaixonada por ele. Ela ainda não havia conscientemente o que ele causava nela e a falta que sentia dele a um sentimento tão forte quanto amor. Tarde. Tarde demais para se dar conta de tal risco e conseguir retroceder. Draco Malfoy estava irremediavelmente gravado em seu coração à ferro e fogo. Nem soube quanto tempo ficou perdida em pensamentos.
Um aroma conhecido alcançou as narinas da ruiva, ao mesmo tempo em que o barulho de uma porta se abrindo e fechando. Virginia não se deu ao trabalho de abrir os olhos, sabia que era Draco. Estava tensa. Podia sentir o coração bater em ritmo crescente e comparou a um rufar de tambores. Estava na hora de saber o que tinha acontecido no reencontro de Draco com Parvati. Abriu os olhos e reparou que ele estava bem próximo a sua mesa.
“Estou perdida!” pensou, antes de encarar o loiro com decisão.
-Draco, eu estava trabalhando. Então...
Ele cortou-a:
-Agora você criou a técnica de trabalhar de olhos fechados? –perguntou sarcasticamente -Poupe-me, Virginia. Não tem porque querer me evitar.
Ela suspirou:
-Suponho que você veio me contar como foi com a Parvati. Contou a ela?
Draco parecia calmo. Mas se a advobruxa pensava que ele estava confortável com aquela situação, estava muito enganada. O loiro tinha os punhos fechados e apoiados contra a mesa, como se assim pudesse conter um pouco de seu nervosismo:
-Não. Não era o momento oportuno. Ela parecia tão feliz e... –não continuou a frase.
-E o quê? –perguntou com um olhar enregelante que costumava usar nos tribunais.
-Não me olhe assim, Virginia. –Draco repreendeu-a –Ela estava feliz em me ver, está bem? E ela quer ir pra cama comigo. Eu evitei que isso acontecesse, mas se eu continuar evitando ela vai desconfiar.
Virginia levantou-se de repente de sua mesa e colocou as mãos na cintura. O rosto dela estava vermelho e a expressão dela demonstrava intensa raiva, assim como seus olhos pareciam faiscar perigosamente:
-Eu não deveria mesmo ter esperado outra coisa de você. –cuspiu as palavras e começou a cutucá-lo com seu dedo indicador no peito, em gesto de acusação –Eu fui mesmo uma idiota em pensar que algum dia você iria se separar da Parvati para ficar comigo.
Draco estava furioso com as acusações dela. Uma das únicas vezes em que ele estava sendo sincero e ela vinha com pedras na mão. Como poderia querer arriscar seu status social de homem bem casado por tal mulher impulsiva e tempestiva? Era o que ele se perguntava naquele instante. Sem pensar no que fazia segurou as duas mãos dela com força e puxou a ruiva contra si. Gina pensou em reclamar, mas ao ver o olhar perigoso que os olhos cinza do loiro exibiam, ela percebeu que estava pisando em areia movediça.
-Mude esse seu tom insolente ao falar comigo. Eu estou com a razão por aqui. Eu disse que precisava de tempo para achar um momento oportuno.
Ela soltou um muxoxo:
-Para nesse meio tempo dormir com as duas? Aí que você se engana, Draco Malfoy. É muita cara-de-pau sua. Se for o que você prefere, vá transar com a Parvati e não me procure mais. Está tudo acabado entre nós. –ela falou num acesso de fúria e tentava soltar suas mãos –Me larga!
Draco ignorou o pedido da ruiva e deu uma risada descrente antes de murmurar no ouvido de Gina:
-Você é que pensa, Virginia. Ninguém brinca com Draco Malfoy. –deu uma leve mordida no pescoço da advobruxa, o que fez ela arrepiar-se involuntariamente –Você é minha, não vou desistir de nós. –acrescentou e tomou a boca dela com fervor.
Gina tentou lutar contra ele. Debateu-se e tentou esmurrar o peitoral dele quando as mãos dele soltaram as suas para puxarem sua cintura com vigor. A cada segundo que seu corpo e lábios ficavam pressionados contra ele, era mais difícil resistir. Desistiu então temporariamente e agarrou-o pelo pescoço, correspondendo ao beijo. Draco sentiu-se vitorioso por ela ter cedido e encurralou-a contra a mesa. No entanto, antes que o loiro pudesse tornar aquele amasso mais ardente, ela parou-o e postou suas mãos contra o peito dele, mantendo-o a uma certa distância.
-Pára. Eu não mudei de idéia. Você só vai me ter de novo quando se divorciar. –falou seriamente.
Draco soltou-a:
-Não pode estar falando sério, Virginia. Eu pensei que confiasse em mim. –falou, indignado.
Ela suspirou:
-Como eu posso confiar cegamente em você, Draco? Eu só conheço de você o que você quer que eu conheça. Você não confia tanto assim em mim, por que eu deveria?
O loiro passou uma mão por seus cabelos, nervoso. Andou em círculos por alguns momentos, enquanto Gina o observava em silêncio.
“Será que fui longe demais?” perguntava-se, mas no fundo sabia que era algo necessário a se fazer.
A advobruxa foi tirada de seus devaneios quando sentiu a mão de Draco puxar a sua. Sentaram-se num dos sofás de couro branco.
-Está bem, Virginia. Está na hora de você conhecer o verdadeiro Draco Malfoy. –ele anunciou seriamente e Gina engoliu em seco –Não tenho sido completamente sincero com você. As acusações que você já chegou a fazer sobre mim não são falsas. Eu realmente não sou tão santo como tento parecer. Estou metido em atividades ilícitas, mas tenho um motivo maior do que apenas lucro. Não posso contar o verdadeiro motivo, é um Voto Perpétuo.
-Que tipo de atividades ilícitas? –perguntou, um tanto surpresa que ele estivesse confessando.
-Tudo o que a Chang te disse é verdade. –comentou, pesaroso de qual juízo ela passaria a fazer dele.
-E quanto a morte dela...?
-Eu não… -encarou a ruiva e desistiu de mentir ao ver a expressão incrédula que ela já ameaçava fazer caso ele dissesse que não tenha nada a ver –Eu fui o mandante. Mas você tem que me entender, Virginia... –segurou as mãos dela entre as suas.
-Oh, Draco, como você pôde? A Chang era sua amante e te amava. Imagine o que você não seria capaz de fazer comigo. –disse retirando suas mãos das dele.
-Eu não queria ser preso. Eu não merecia ser preso e eu…não posso te dizer muito sobre isso. Você vai ter que confiar em mim.
-Confiar em você, Draco? Você é um ex-comensal da morte, um assassino, cafetão, alicia menores, tá envolvido em tráfico, compra pessoas.
-Não estou pedindo para você apoiar o que eu faço. Apenas quero que me aceite do jeito que sou. Com as boas e as más qualidades. Sim, eu não sou apenas o monstro que você deve estar pensando. Eu ajudo pessoas a escaparem de apuros e seguirem seus sonhos, ajudo instituições filantrópicas, eu também tenho muitos negócios que são lícitos e você vê como eu trabalho com afinco e além do mais, você sabe o carinho que eu sinto pela Evelyn. Pense em tudo isso. Eu não sou tão ruim assim. Ninguém é totalmente bom ou mal. Cada um carrega trevas dentro de si, alguns mais outros menos. Talvez você pense que eu sou um idiota por ter te contado tudo isso, contado à pessoa que já tentou me mandar para Azkaban. Você não está trabalhando atualmente para o Ministério, então não precisa exatamente se sentir na obrigação de me mandar pra cadeia. Mas se você quiser, vá em frente.
“Ela não teria coragem de fazer isso. Não depois do que já passamos juntos.” O loiro pensou confiante.
A ruiva estava sem palavras. Draco tinha confessado a ela o que ela tinha tentado arrancar dele há meses.
“Merlin, ele confia mesmo tanto assim em mim?” perguntou-se enquanto sua consciência pesava mais e mais.
-Eu não sei o que dizer. –admitiu, respirando profundamente.
-Ok. Amanhã à tarde você vai sair comigo.
-N-não, Draco. Não vai dar, eu…
-Sem desculpas. Eu sou seu chefe e digo que amanhã de tarde sairemos. –o loiro disse em tom definitivo, levantando-se do sofá –Até lá você terá tempo para pensar melhor sobre isso. –saiu da sala, deixando a ruiva imersa em dúvidas.


***

David Harrison estava parado em frente a porta do apartamento de Virginia Weasley. O encontro estava marcado para às 20h, mas ele estava tão ansioso que chegara 15 minutos antes. Encostou as costas na parede. Vestia uma calça social cinza e uma camisa branca, que estava displicentemente dobrada até um pouco abaixo dos cotovelos. Os cabelos loiro-escuros foram penteados cuidadosamente, mas sem utilização de gel. Seus olhos azuis-esverdeados teimavam em mirar as flores que havia trazido. Queria comprar rosas, mas Hermione havia dito que Gina preferia tulipas. Então ele comprara tulipas vermelhas.
Respirava fundo, tentando controlar seu nervosismo. Admirava Virginia Weasley mesmo antes de ser apresentada a ele no hospital. Mas achou que ela era ainda mais bonita e imponente pessoalmente do que nos jornais. Além disso, ela se mostrara simpática e com um sorriso que o cativou. Após o breve encontro no hospital, David não conseguia tirá-la de sua mente. Até que resolveu ir até Hermione e confessar o quanto estava interessado na melhor amiga dela.
Olhou pelo que pareceu ser a décima vez em seu relógio de pulso e então bateu à porta. Ouviu uma voz feminina dizer que já estava indo e instantes depois a porta foi aberta. David teve que se controlar para não deixar seu queixo cair.
“Ela está simplesmente deslumbrante!”
Virginia vestia um vestido preto com detalhes bordados no bojo e na barra. Nos pés uma sandália de salto médio. Os cabelos estavam presos num coque, mas com algumas mechas soltas. Na bolsa também preta, carregava, entre outras coisas, sua varinha. Estava um tanto simples, mas elegante.
David sorriu:
-Boa noite, Virginia. –e beijou uma mão dela como um perfeito cavalheiro.
-Boa noite, doutor Harrison. –ela respondeu, sorrindo de volta.
O medibruxo ofereceu as flores a ela e o sorriso da advobruxa aumentou:
-Não precisava ter se incomodado, Sr. Harrison. –comentou, mas obviamente estava encantada com o gesto dele.
Com um gesto de sua varinha a flores levitaram para dentro do apartamento. David encarou-a e pediu:
-Por favor, nada de doutor ou senhor. Me chame de Dave, é meu apelido.
-Ok, Dave. –mas não acrescentou que ele poderia chamá-la de Gina, afinal não queria criar falsas esperanças para ele –Vamos? –perguntou assim que trancou a porta.
-Claro. –e ofereceu o braço a ela, que o aceitou –Fiz reservas no Gold Plate, espero que você goste.
-Sim, eu gosto.
Dave tinha um Volvo S80 preto. Era um belo carro e Gina imaginou que ele deveria ganhar bem como medibruxo. Harrison abriu a porta do lado do carona para a ruiva e fez sinal para que ela entrasse:
-Obrigada. –agradeceu.
David fechou a porta e em seguida entrou no carro pelo outro lado. Ao estar devidamente acomodado, deu a partida no carro.
-Gostaria de escutar alguma rádio?
-Não, obrigada.
-Só não falo de CD’s porque o único que tem por aqui está dentro do aparelho e é das Esquisitonas e você não parece ser o tipo que curte.
-Não pareço ser o tipo? Oras, eu sou fã de longa data!
-Eu também! –Dave sorriu –Nossa, que coincidência. –e ligou o toca CD’s.
Os dois ouviram e também cantaram vários dos sucessos da banda. Isso fez com que ficassem bem mais à vontade um com o outro, como se conhecessem há tempos.
No restaurante, Gina deixou que ele escolhesse os pratos e a bebida pelos dois.
Dave pediu minestroni, risoto de cogumelos, suflê de queijo, salmão dinamarquês. De sobremesa um pavê trufado e uma batida de pêssego para cada um.
Virginia tinha certeza que se fosse Draco, não pediria a mesma coisa. Ele estava sempre se gabando de ser requintado e saber fazer combinações perfeitas entre comidas, bebidas e sobremesas. No entanto, pensar em Malfoy não foi a mais sábia das idéias que a Weasley poderia ter tido. Pensava no que ele deveria estar fazendo naquele instante e não duvidou que provavelmente ele estivesse na cama com Parvati.
Deu um suspiro chateado e baixou o olhar. David percebeu a mudança em Virginia e colocou uma mão sua sobre a dela:
-Está tudo bem, Virginia? Eu disse alguma coisa errada? –perguntou, preocupado.
A ruiva levantou os olhos, ainda sem tirar sua mão da dele. Mirou os olhos azuis-esverdeados. Belos olhos que demonstravam sincera preocupação.
“O David parece mesmo ser um homem incrível. Lindo, gentil, atencioso e um perfeito cavalheiro. Ele será um ótimo marido para alguma mulher. Pena que não para mim. Por que, por Merlin o Malfoy não sai da minha cabeça?!?”
-Não, não. Está tudo bem. Mas então, como foi que você ficou amigo da Mione? –a ruiva desviou o assunto.
-Bem, ela me ajudou a superar o término do meu noivado. Você não acha que ela é uma ótima pessoa para se desabafar?
-Eu não poderia concordar mais. –Gina sorriu –A Hermione é minha melhor amiga há anos. Nos conhecemos desde Hogwarts. Ela sempre foi amiga do meu irmão Rony e do...Harry.
-Fiquei sabendo que o Potter vai casar com uma americana. Você ainda é sensível a esse assunto?
-Já passou. Eu já virei essa página. –falou automaticamente, sem perceber a alta veracidade daquilo –Acabou. Ele segue com a vida dele e eu com a minha.
-Hum...Não sei se você sabe, mas eu também estudei em Hogwarts.
-Ah é? Em qual Casa?
-Corvinal. Eu era do mesmo ano que seu irmão Percy. Meu pai era da Corvinal também, mas minha mãe era grifinória.
Gina sorriu:
-Como você deve bem saber, minha família é por gerações a se perder de vista da Grifinória.
Ele sorriu de volta:
-Sim, eu sei. Também Weasleys costumam se casar entre grifinórios. Quem sabe se mudassem isso...? –perguntou, aparentemente inocente, mas havia uma leve insinuação nisso.
-Hum...Meu irmão Percy é casado com uma Corvinal. Gui casou com uma francesa e Carlinhos com uma romena. Então não pode dizer que nós Weasleys escolhemos os cônjuges pela Casa em que estudaram. Se bem que nunca vi nenhum dos meus parentes mais próximos casarem com pessoas da sonserina. –e fez uma pausa –Você é especializado em que na medibruxaria?
-Obstetrícia e envenenamento por poções.
-Interessante. –ela comentou sinceramente.
Logo depois engataram uma conversa fervorosa sobre quadribol na defesa de seus respectivos times. Terminaram o jantar e a ruiva pediu que ele a levasse para casa, alegando cansaço. Ela não queria que ele a convidasse para irem para outro lugar. Não que ele não fosse uma companhia agradável, longe disso. A ruiva não queria dar falsas esperanças a ele. Seria mesquinho de sua parte se o fizesse.
Ao chegarem em frente ao prédio da advobruxa, David estacionou o carro. Pediu polidamente para acompanhá-la até a porta do apartamento. Gina concordou, visto ele ter se comportado como um cavalheiro o tempo todo.
Saíram do carro. David trancou as portas e acionou o alarme. Em seguida ofereceu mais uma vez o braço à ruiva. No percurso até a porta do apartamento dela, ele não fez nenhum sinal que indicaria que ele pretendia avançar o sinal.
Gina pegou a chave dentro de sua bolsa. Era hora de se despedirem. Ela não sabia exatamente o que dizer, então disse:
-Foi um jantar agradável.
Ele sorriu:
-Espero que possamos repetir mais vezes. Eu realmente acho que você é uma mulher fantástica, Virginia.
Um sorriso vacilante surgiu nos lábios da Weasley. Ela respirou profundamente antes de dizer o que precisava ser dito:
-Infelizmente isso não vai poder acontecer, Dave. –e o brilho nos olhos dele sumiu como um passe de mágica –Não me interprete mal, eu realmente gostei da sua companhia.
-É por causa do Potter? Eu posso te ajudar a esquecer ele. –se ofereceu.
-Não se trata do Harry e sim de outra pessoa.
-Você é comprometida, Virginia?
Como explicaria que era amante de Draco Malfoy? Não explicaria, é claro! Era melhor acabar com as esperanças dele de uma vez, mesmo que agora que brigara com Draco, Gina não sabia se ele poderia ter mudado de idéia quanto a se divorciar de Parvati. De qualquer forma, ela sabia que se ficasse com David para esquecer Draco, não iria funcionar.
-Sim. –mentiu –Eu apenas saí com você porque a Mione tinha prometido a você...
-Mas por que ela não me disse que você tinha um namorado? Eu não teria insistido. –o loiro não conseguia entender.
-Ela não sabe disso. Mione é minha melhor amiga, mas acho melhor você não contar a ela o real motivo de eu não sair mais com você. Ela provavelmente não entenderia. Mas então, amigos? –perguntou, um tanto apreensiva, estendendo uma mão.
-Amigos. –ele apertou a mão dela –Mas amigos podem sair juntos.
-Ele ia ficar com ciúmes. –deu um sorriso sem-graça –Me desculpe, Dave. Foi um prazer conhecê-lo, mas...Tchau. –e virou-se para entrar, trancando a porta rapidamente.
Fechou os olhos, respirando aliviada. Porém, seu alívio não durou muito:
-Belas tulipas. Se divertiu no jantar, Virginia? –a voz de Malfoy perguntou acidamente.
Imediatamente os olhos da ruiva se abriram:
-Draco! –exclamou, assustada, ao vê-lo sentado em seu sofá e olhando-a seriamente –O que você faz aqui?

***

Parvati tinha praticamente acabado de chegar na Mansão. Tinha mandado que os empregados desfizessem suas malas e tomado um banho. Estava na biblioteca lendo um romance açucarado quando a governanta chamou-a:
-Sra. Malfoy, telefone para a senhora. É uma mulher chamada Samantha Parker.
“O que a secretária do Draco quer comigo?” pensou, confusa.
Pelo sim e pelo não, resolveu atender. Estava mais do que curiosa. A governanta passou o telefone sem fio:
-Alô. Parvati Malfoy falando. –disse e fez sinal para que a governanta se retirasse.
-Sinto incomodar-lhe, Sra. Malfoy. –falou educadamente do outro lado da linha a voz de Samantha Parker –Mas tenho informações sobre o seu marido que podem interessar muito.
-Pode me chamar de Parvati. –disse o mais amigavelmente possível, a curiosidade de saber por que Draco tinha agido estranho a corroendo, apostava que Parker teria a resposta –Mas então, que tipo de informações?
-Não sei o mais aconselhável seria termos essa conversa por telefone. Mas também não posso sair agora da M Corporation...
-Não posso esperar até de noite. Vai ter que me contar agora. –foi incisiva –Creio que você saiba por que o Draco pareceu distante comigo. É alguma vagabunda que virou a cabeça dele, não é? Diga-me quem é e eu compro a safada pra nunca mais chegar perto do meu Draco!
-Calma, Parvati. Ficar tão nervosa assim não vai levar a...
-Não me diga para ter calma! Vai, fale de uma vez. Quem é a...
-Virginia Weasley. –Samantha cortou Parvati.
Por alguns instantes fez-se silêncio. Parvati abria e fechava a boca, totalmente perdida. Não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Não podia ser verdade!
“Não a Weasley! Ela sempre foi santinha e apaixonada pelo Potter. Ela tentou mandar o Draco pra Azkaban. Ela me disse que se o Draco tivesse uma amante me contaria... Isso é impossível! Eu devo ter ouvido mal.”
-Parvati? Ainda está aí? –Samantha perguntou, um tanto intrigada com o repentino silêncio da outra.
-Sim, estou. Mas o que foi que você disse? Eu penso ter ouvido errado.
-Eu disse Virginia Weasley. Ela está tendo um caso com o Draco. –disse em tom neutro, escondendo a amargura e o despeito por aquilo.
-Tem certeza disso, Samantha? –perguntou séria –Tem fundamento essa sua acusação?
-Uma vez eu entrei na sala do Draco e os dois estavam lá com a aparência de que tinham estado se agarrando e a Weasley tentou evitar me encarar, ficando de cabeça baixa e sabemos que isso não é do feitio dela.
-E por que está me contando isso?
-Porque é o correto a se fazer. Você é a mulher dele. Não é correto que o Sr. Malfoy fique com a Weasley. –mentiu.
-Hum...Então posso contar com você para separá-los?
-Claro. Farei o que estiver ao meu alcance.
Parvati sorriu maniacamente:
-Bom saber. Entrarei em contato. Até mais, Samantha. –e desligou o telefone.
“O Draco é meu. Não vai ser aquela Weasley quem vai tomá-lo de mim.Vou mostrar que não é apenas o Draco quem sabe jogar sujo.” Pensou maquiavélica.
Parvati planejava testar o loiro uma vez mais. Quando ele chegou na Mansão após o expediente na M Corporation ela o recebeu normalmente: com um grande sorriso nos lábios e um selinho carinhoso.
-Como foi o seu dia, meu amor? Espero que tenha conseguido colocar seu trabalho em dia.
-Mais ou menos. –ele resmungou –Estou cansado. Vou tomar banho.
Parvati deu tempo suficiente para que o loiro entrasse no chuveiro. Então subiu para o quarto e vestiu uma camisola vermelha, curta e um tanto transparente. Não colocou quaisquer roupas de baixo e deitou-se na cama, esperando o loiro. Claramente se ofereceria a ele e duvidava que ele iria recusar.
Em cerca de vinte minutos, Draco saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra sobre os ombros, esta ele utilizara para secar os cabelos. Olhou para a cama e viu sua mulher lá com um olhar intenso e faminto em sua direção:
-Eu senti saudades, Draco. –e como ele não fez nenhum movimento de quem andaria em direção a cama, ela ficou sentada na cama e fez um sinal com a mão, chamando-o –Eu preciso de você, amor. Agora. –acrescentou insinuante.
Primeiro o loiro ficou surpreso e depois teve pena. Parvati parecia realmente amá-lo e querer fazer de tudo para agradá-lo. Draco sabia o quanto ela era atraente, mas a vontade que tinha de transar com ela não era das maiores.
A morena assistiu o marido ir na direção do closet e então vestir uma cueca Box preta e uma calça de pijama. Depois ele foi colocar as toalhas no banheiro. Quando Parvati pensava em chamá-lo novamente, Draco aproximou-se da cama, sério:
-Você vai me deixar dormir ou não? Eu estou cansado.
-Cansado?!? –perguntou, indignada, como se nunca tivesse ouvido maior absurdo –Você, o insaciável Draco Malfoy, sem vontade de fazer sexo? Aliás, quem é você e o que fez com o verdadeiro Draco? –indagou em tom de zombaria.
Ele bufou:
-Me dá um tempo, Parvati. –retrucou, irritado -Se não quer me deixar dormir vou para um quarto de hóspedes. –ele virou de costas para ela e começou a andar em direção à porta do quarto.
Não, Parvati não desistiria tão fácil assim. Nem que para isso tivesse que usar a carta que tinha na manga. Não esperava ter que usar tão cedo...Mas se não havia escolha, assim o faria. O plano estava começando.
-Quem sabe alguma amante ruiva esgotou suas forças... –comentou, o mais casual que pôde.
Draco parou repentinamente de andar, sendo pego de surpresa.
“Será que ela sabe? Acho que ela não tem certeza.” pensou e não se deu ao trabalho de virar-se.
-Não sei do que está falando. –respondeu friamente.
-Ah, talvez eu não tenha sido clara o suficiente, querido. Pensa que apenas você possui seus informantes. Eu sei que está tendo um caso com Virginia Weasley.
Draco fechou os olhos e respirou profundamente antes de abri-los novamente e virar-se para a esposa:
-Quem foi que inventou tal coisa?
-Não se dê ao trabalho de negar, Draco. Se você se afastar dela vai ficar tudo bem. Eu vou te perdoar. Você sabe que eu te amo e que não há ninguém no mundo que pode te amar assim.
Sentia uma ponta de...culpa! Mas era Draco Malfoy e a sua felicidade vinha antes, mesmo que gostasse de Parvati. Sim, gostava dela. Mas não a amava.
“Mas eu também não amo a Virginia” uma voz disse em sua mente, ao que outra retrucou “Tem certeza? Então por que com ela é tudo diferente?” e a dúvida estava lançada.
-Parvati, você sempre soube que eu nunca te amei, certo? Mas eu sempre te considerei muito. Eu gosto e me preocupo com você. A Virginia também acha que não é certo ficar te enganando. Então...eu quero o divórcio.
Os olhos de Parvati arregalaram-se. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Draco pedindo divórcio? Era difícil de acreditar.
-Draco, você não pode estar falando sério! Eu não fui uma boa esposa? Não fiz todos os seus gostos? Não fui uma boa anfitriã? Não passei uma boa imagem de casamento estável e feliz?
O loiro sentiu-se um pouco triste por ela. Sabia que a resposta para todas as perguntas era afirmativa:
-Me desculpe, Parvati. Você é uma ótima esposa, mas não podemos continuar com isso. Eu quero ficar com a Virginia. –tentava ser delicado, falava as palavras de maneira suave.
Parvati ficou de joelhos na cama, seus olhos estavam marejados e ela tentava conter as lágrimas:
-Você a ama?
Ele se aproximou novamente da cama:
-N-não sei. –pretendera dizer que não, mas o “não sei” escapara de seus lábios.
-Ela o ama?
-Também não sei. –respondeu, sincero.
-E ainda assim você quer arriscar nosso casamento de anos por algo incerto?
-Sim, eu quero. –não era hora para fraquejar, tinha que continuar.
As lágrimas antes contidas escorreram pelo rosto de Parvati:
-S-se é c-com ela a sua felicidade...Então eu vou te dar o divórcio.
Draco passou o polegar pelo rosto dela, tentando enxugar as lágrimas, mas elas eram muitas:
-Você é uma mulher maravilhosa, Parvati. Espero que encontre algum dia alguém que te ame. Obrigado.
Parvati abraçou Draco com uma força surpreendente, as lágrimas continuavam e a voz dela estava abafada:
-Eu te amo tanto, Draco. Eu vou fazer o melhor p-pra você...snif. –e ficou abraçada a ele, até que as lágrimas cessassem.
-Você tá melhor? –ele perguntou, quando ela o soltou, e Parvati fez que sim –Eu não vou te deixar desamparada. Vou pagar uma mesada para você. Não vai te faltar nada. –ele falou e ela reprimiu a vontade de dizer que o que faria falta seria ele e isso era o pior.
-Eu vou voltar a morar com meus pais. Eles agora estão vivendo na Austrália. Eu preciso de cerca de um mês para ajeitar as coisas para ir para lá, tá?
-Um mês? Tá.
-Ah, e Draco? Eu posso te pedir um último favor? –e ele assentiu –Faz amor comigo? Pela última vez, pelos anos juntos...
Após pensar alguns instantes, Draco balançou a cabeça afirmativamente. Devia aquilo a ela, que sempre fora tão dedicada a ele. Era a última vez e pela consideração que tinha por ela, sentia que deveria conceder aquele último favor.
Parvati observou Draco arrancar a calça de seu pijama e a cueca. E em seguida subir na cama. A morena enlaçou o pescoço dele e o trouxe para um beijo. Draco fora gentil com ela na cama como quase nunca tinha sido. Ela desejava que aqueles momentos nunca mais acabassem, mas não foi o que aconteceu. Assim que o loiro saiu de cima dela, ela sentia-se ainda nas nuvens. No entanto, pouquíssimo tempo depois ele foi ao banheiro, tomou outro banho e depois de vestir-se, saiu sem dizer uma palavra a Parvati.
A morena fechou os olhos.
“Um mês deve ser o suficiente para executar a parte principal do plano. É Draco, vou fazer o melhor para você. Vou tirar a Weasley da sua vida. Você é meu. Apenas meu.” Pensou, desejando que Draco ainda estivesse na cama com ela “E se eu não puder ter o seu amor, ninguém vai.”

***

-Eu perguntei o que você está fazendo aqui. –ela repetiu.
-Não parece feliz em me ver. –havia uma leve pitada de rancor na voz dele –A noite com o Harrison foi tão boa assim para querer me expulsar do seu apartamento?
-Em primeiro lugar: Eu acabei de dispensar o David. Em segundo lugar: Como é que você pode ter entrado aqui? E em terceiro lugar: Pensei ter sido bem clara ao dizer que estava tudo acabado entre nós...
-Eu falei com a Parvati. –cortou-a.
-E o que ela disse?
-Ela sabia sobre nós. Não sei como, mas ela sabia.
Gina levou as mãos à boca:
-Oh, Merlin! Ela deve ter pensado que eu sou uma vaca. –desmoronou no sofá –E ainda deve ter falado que não ia deixar você ficar comigo.
-Não. Ela disse que vai me dar o divórcio. Em um mês. Ela disse que é o tempo que precisa pra arrumar as coisas pra ir morar na Austrália com os pais.
-Sério? Nossa, eu não pensei que ela fosse aceitar assim tão fácil.
-Eu também não. –e ele não pretendia contar sobre ter transado com ela uma última vez.
-Bem, é difícil acreditar... –ela murmurou, sem saber bem o que falar.
-O Harrison se comportou direitinho? Não tentou nenhuma gracinha? –perguntou, sério, mudando de assunto.
-Não se preocupe, ele foi um perfeito cavalheiro. Só ficou desapontado quando eu contei que não poderíamos sair mais porque eu era comprometida.
-Boa menina. –ele sorriu –Você é minha.
-Então você também é meu. –ela reivindicou –Ou nada feito.
Ele não respondeu, riu levemente antes de beijá-la.
-Que horas você tem que ir embora? –perguntou manhosa.
-Quero dormir com você, se não tiver objeções.
-Não, não tenho.
Foram para o quarto dela. Draco tirou suas roupas e cuidadosamente pendurou-as num cabide dentro do guarda-roupa, ficando apenas com sua Box preta. Gina estava apenas de lingerie e parecia indecisa se colocava uma camisola ou não.
-Pode colocar. Estou muito cansado. Vamos dormir mesmo.
-Hum. –Gina ficou um tanto surpresa, mas sorriu, escolhendo uma camisola de algodão que ia até os joelhos.
Na verdade o loiro não estava tão cansado apesar de ter sido um dia cheio. Apenas não se sentia bem em transar com Virginia logo depois de ter feito isso com Parvati.
Draco deitou-se na cama e em seguida, a ruiva fez o mesmo. Ele pegou uma mão dela e entrelaçou sues dedos nos dela:
-Sonhe comigo.
-Não preciso sonhar. Estou bem satisfeita tendo o Draco real. Sabe, eu andei pensando sobre as confissões que você me fez. Você confiou em mim e você falou com a Parvati. Eu não posso deixar isso nos separar.
-Que bom que pensa assim. –ele fechou os olhos.

***

Quinze dias depois...

***Flashback***

Sala do Draco, M Corporation

-Eu vou! –a ruiva repetia pela terceira vez.
-Não vai! –o loiro rebatia também pela terceira.
-E por quê não?
-Eu já disse que é perigoso, Virginia. –ele disse em tom óbvio.
-Se fazer negócios com traficantes colombianos é perigoso, então por que você vai?
-Porque eu preciso ir, oras!
-Então eu vou também!
Draco revirou os olhos.
“Mulher teimosa do caramba! Pelo menos mostra que está preocupada comigo...” pensou e isso fez com que ele desistisse de brigar com ela.
Respirou profundamente:
-Está bem, eu deixo você vir comigo.
-Obrigada, Draco. –ela abraçou-o e deu um selinho.

***Fim do Flashback***

Fora assim que Virginia o convencera a levá-la para a Colômbia. Estavam no jato de Draco e ela olhava pela janela do avião, perdida em pensamentos. Malfoy, por sua vez, estava lendo a parte de economia de um jornal.
“Pra variar.” A ruiva pensaria e reviraria os olhos.
Gina sabia que quando estava lendo, Draco gostava de ser deixado em paz. Uma das muitas coisas que aprendera sobre Malfoy. Surpreendera-se ao descobrir que ele podia ser romântico, mas não de uma maneira convencional. Nesses últimos dias o relacionamento deles parecia ter amadurecido. Claro que algumas brigas, implicâncias e ironias mal contidas continuavam. Mas ainda assim, pareciam compreender melhor um ao outro e suas necessidades.
Virginia ficara fascinada quando descobriu que o passeio misterioso a que Draco tinha intimado a ruiva ir com ele era a visita a um orfanato. Draco contou a ela que doava dinheiro para a instituição e após terem uma conversa amigável com a diretora do lugar, foram conhecer as crianças. Malfoy não parecia exatamente sociável com elas, mas também não fora rude com nenhuma delas e parecia conter um ar de orgulho pelos projetos dos quais aquelas crianças podiam participar graças às doações dele. Gina pensava como era incrível Draco possuir duas faces tão diferentes. O mesmo homem que fazia doações para causas nobres e dormia abraçado a ela também era capaz de matar e ser cruel. Ela desejava que ele não tivesse essa segunda, assim não seria forçada a mandá-lo para Azkaban. Finalmente tinha deixado de ser cega e percebido que estava realmente apaixonada por Malfoy.
“Eu estou perdida, Merlin. Deveria ter ficado quietinha no meu lugar e ter resistido a ele. Ultrapassei fronteiras que eu não deveria e agora estou nesse terrível impasse. Eu preciso mandar o Draco para Azkaban, mas eu sentiria TANTO a falta dele...” pensava e isso era capaz de lhe tirar horas de sono.
Suspirou profundamente, o que chamou a atenção do loiro:
-Pensando em mim? –perguntou com um sorrisinho convencido.
-Não vou inflar o seu ego, querido. –ela retrucou com toda dignidade que conseguiu juntar.
Ele revirou os olhos e então perguntou:
-Está entediada, ruivinha?
-Não use esse tom comigo, loirinho. Assim parece que está falando com uma criança. –ela reclamou.
Draco livrou-se do jornal:
-Parece que alguém por aqui está em crise. –e ela lhe lançou um olhar bravo –O que foi, Gina? –perguntou, tentando soar paciente.
-Acho que você está certo, estou entediada.
-Quer assistir TV?
-Talvez eu até quisesse antes. Mas agora que consegui fazer você parar de ler o jornal...Quer conversar?
-Conversar? Sobre o quê? Não está pensando em discutir a relação, está? –perguntou com visível desânimo.
-Não. –e riu da cara dele por ter estado com uma expressão um tanto desesperada –É só que você tem sido meio misterioso quanto essa viagem. Apenas sei que estamos indo para a Colômbia e que você vai negociar com um traficante de drogas trouxa chamado Raúl Moralez e um traficante de poções bruxo, que é bem conhecido, o Diego de La Torre.
-Bem, não exatamente para a Colômbia que vamos e sim para a Ilha de San Andres, que pertence à Colômbia. –o loiro explicou.
-San Andres? –ela sorriu –Ouvi dizer que há lugares lindos por lá.
Draco concordou:
-Com a sua companhia fica melhor ainda. –disse num tom, que pretendia ser malicioso, para esconder o que havia por trás daquelas palavras.
Virginia revirou os olhos:
-Será que você só pensa em me levar para a cama?
Draco sorriu inocentemente, antes de responder:
-Não. Também penso na banheira, na piscina, no sofá, na mesa... –e então riu com a cara de indignação da advobruxa –Eu estava apenas brincando. Foi hilária a sua expressão.
-Engraçadinho. –ela murmurou, cruzando os braços e voltando a olhar pela janela do jato.
Draco pegou de volta o jornal e recomeçou a ler. Ficaram assim até chegarem à ilha.
Pegaram um táxi, que não estava em seu melhor estado de conservação, mas durante o percurso perceberam que os outros estavam em situação semelhante. No entanto, não foi isso o que mais chamou a atenção de ambos. As praias eram as mais belas Virginia já tinha visto. O táxi foi subindo, levando-os até o monte Loma Do La, de onde era possível ter as vistas mais espetaculares do mar do Caribe, onde o contraste dos azuis e os verdes faziam uma complexa e maravilhosa mistura de cores.
Malfoy tinha alugado uma casa enorme e ao entrar dentro, a advobruxa pôde comprovar que também estava mobiliada. Tinham acabado de entrar quando ouviram uma voz de mulher dizer:
-Bienvenidos. Ustedes deben ser el Señor Malfoy e La Señorita Weasley. Hacen una bella pareja.
-Gracias Senõra... –o loiro dirigiu-se a mulher que parecia ter uns 60 anos e era a governanta, mas ele não lembrava do nome dela quando falara ao telefone.
-Soledad Gonzalez.
-Nosotros somos ingleses y La señorita no hablas español.
-Mi hira, veña acá. –chamou e pouco depois, uma mulher morena em seus 30 e tantos anos apareceu, seguida de um homem que parecia ter a mesma idade dela –Este es el señor que alquiló la casa por algunos dias. Elles son ingleses e La senõrita no hablas espanõl. Yo creio que usted e su marido son de más provecho em una conversa con elles que yo. –e retirou-se.
Gina estava completamente perdida naquela conversa. Ficou aliviada ao ouvir a voz da mulher morena dizer em inglês:
-Minha mãe não sabe falar inglês, mas eu e meu marido sim. Sou Graciela e este é meu marido, Juan.
-Prazer em conhecê-los. –Gina disse e cumprimentou os dois com um aperto de mão.
Draco acabou por fazer o mesmo e então perguntou:
-Podem nos mostrar a casa?
-Claro. –Juan respondeu prontamente e junto com sua esposa, guiaram Draco e Gina por todos os cômodos.
Havia 4 suítes e dois quartos para empregados, 5 banheiros, uma sala de estar, uma sala de TV, uma sala de visitas na qual havia um piano, uma biblioteca, um escritório, uma sala de jantar, uma cozinha espaçosa e uma lavanderia. Virginia estava impressionada, uma vez que aquela era uma das poucas casas luxuosas que havia visto pelo percurso de táxi.
O loiro abraçou Gina por trás e perguntou:
-Gostou da casa?
Ela sorriu para ele:
-E como poderia não gostar?
-Hem, hem. –fez Graciela –Estamos indo, se precisarem de algo nos chamem. –informou e seguiu para a cozinha junto com Juan.
Draco beijou a curva do pescoço dela, fazendo-a fechar os olhos e suspirar. Ele riu, ao dizer:
-Vamos para o quarto.
Rapidamente, Virginia ficou vermelha:
-Draco!
Ele revirou os olhos:
-Depois diz que eu que só penso em sexo. Eu estava querendo dizer para irmos para o quarto nos trocar e então dar um passeio, o que acha?
-Ah... –ficou um tanto sem graça pela insinuação dele -Acho uma ótima idéia. –respondeu por fim.
Subiram para o quarto. Draco vestiu uma sunga preta e para combinar com ele, a ruiva vestiu um biquíni de mesma cor. Virginia passou protetor solar, na verdade bloqueador, nele, que reclamou:
-Por que é que não inventam um feitiço pra nos livrarmos desse creme grudento trouxa.
-Até existe. Mas é complicado de se fazer e dura só 24h. Hum, a Hermione sabe fazer, mas também ela é medibruxa, não é de se espantar que ela saiba.
-Hum. A única coisa boa é que você é quem está passando em mim...
-Nada de ficar animadinho, Draco. –ela advertiu-o.
-Você tem mesmo a pior opinião sobre mim, não é mesmo. Como é que você deve pensar sobre mim? “Lá vem o loiro ninfomaníaco de novo”? –fez voz de falsete, tentando imitar a voz dela.
Gina levantou os cabelos para que ele pudesse ter melhor acesso a pele dela ao passar o bloqueador.
-Draco, eu não penso em você como um ninfomaníaco. –e ele lançou um olhar incrédulo –Ok, talvez ás vezes eu pense. –assumiu –Mas eu nunca reclamei, não é mesmo? Pelo menos não seriamente. –disse e Malfoy lhe deu um selinho, como que a comunicar que tinha gostado da resposta dela –Mas sem segundas intenções. –avisou ao sentir como as mãos dele passavam por seu corpo.
Draco fez cara de anjo:
-Eu só estou passando em você a meleca trouxa.
-Sei...
Alguns minutos e beijos depois, Draco e Gina saíram da casa. Ele vestia uma bermuda e uma camisa de mangas curtas enquanto ela tinha colocado um vestido florido. Ambos tinham sandálias nos pés e usavam óculos de sol. O clima do lugar era bem quente e Draco....não gostava disso! Estava apenas abrindo uma exceção por aquela tarde para sair do conforto de uma casa para debaixo do sol escaldante.
Havia uma motocicleta na garagem, a qual o loiro contou para Gina ter alugado.
Draco subiu na moto e perguntou, para a advobruxa:
-O que está esperando para subir?
-Hum, é que, Draco...Tem certeza que você sabe andar nessa coisa?
-Tenho, Virginia. –e ela olhou desconfiada –Jack, meu amigo de Marselha, lembra-se? Ele me ensinou.
Ainda meio receosa, Gina montou atrás de Draco e segurou com força a cintura dele:
-Calma, Gina. Eu não vou te deixar cair. –garantiu.
Antes de viajarem e sem que a ruiva soubesse, Draco já tinha visto o mapa da ilha e tinha decorado para quais lugares queria levar Virginia. Visitaram a Igreja Batista Emanuel, a mais antiga da América, construída por um missionário, em 1847, com madeira trazida do Alabama. Depois visitaram a Caverna de Morgan, uma gruta marinha na qual o corsário inglês Henry Morgan teria escondido seu tesouro, segunda a lenda. Também foram ver o Hoyo Soplador, espécie de gêiser formado por túneis subterrâneos que começam nos recifes de coral e terminam em um buraco a vários metros da água. Assim como o Hoyo Soplador, também no sul da ilha fica La Piscinita, uma piscina natural de formação rochosa com centenas de peixinhos coloridos. Gina ficou fascinada em poder nadar no meio dos peixinhos coloridos. Foram até a praia da Baía Sonora e lá estava sendo realizado um casamento:
-Que lugar original para se realizar um casamento. –Gina comentou.
-Sim, mas eu me casaria numa praia, mas de noite.
-Você já me disse que gosta de praias à noite. Mas a sua oportunidade de casar numa praia foi perdida.
-Talvez sim, talvez não. –deu de ombros e a tirou dali. Foram até onde Draco tinha estacionado a moto e um vendedor de flores apareceu.
-Uma flor para a senhorita? –perguntou a Draco que assentiu e pagou ao homem.
Gina sorriu:
-Nunca tinha visto uma rosa salpicada de vermelho e branco.
-Bem, eu já. Mas elas são muito raras. –subiu na moto, seguido por Gina –Vamos para um lado dessa praia que não esteja havendo nenhum casamento.
Logo Draco estacionou novamente a moto e eles seguiram para a praia. A areia branca e fina a acariciar languidamente os pés deles. Já era fim de tarde. O céu tingia-se de diversas cores e o sol, como uma gigantesca bola de fogo, ia baixando em direção ao mar. Sentaram-se lado a lado para observar tão magnífico ocaso. Gina deitou a cabeça no ombro do loiro e ele passou um braço por seus ombros. Aquele era um dos momentos mais românticos que ela já passara com ele. Teve dificuldades para acreditar que aquilo real, que realmente estavam ali. Após algum tempo levantou a cabeça e olhou-o. Os cabelos loiros claros dele ficavam dourados à luz do poente, assim como sua pele não parecia tão branca. Os olhos azuis-acinzentados focando o horizonte, ou melhor, focavam...já que ele logo indagou:
-Eu achei que tivéssemos vindo aqui para ver o pôr-do-sol. Por que você está olhando desse jeito para mim?
A ruiva não respondeu, apenas partiu para cima dele. Draco que não esperava por isso, caiu de costas deitado na areia e Gina riu antes de dizer:
-Desculpa, Draco.
Malfoy não deixou que ela saísse de cima de si e lançou um olhar falsamente sério:
-Sabe aquele ditado que diz “Ajoelhou tem que rezar?”. Criei a minha versão, sabe? “Derrubou tem que beijar”.
Gina encostou seus lábios nos dele levemente, mas Draco enlaçou fortemente a cintura dela e aprofundou o beijo. Estavam tão entretidos que quando se deram conta, já era de noite.
-Hum, perdemos o fim do poente. –a advobruxa comentou, levantando-se.
-A culpa não é exatamente minha. –defendeu-se e também se levantou –Ah, a praia à noite. –o loiro comentou satisfeito, observando o mar e sentindo uma leve brisa.
-Você quer ficar um tempo aqui? Eu não me importo, se for o que você quiser.
-Eu até gostaria, mas meu estômago não deixa. Estou morto de fome e você?
-Também tenho bastante fome se é o que quer saber.
-Ótimo, então vamos achar um lugar para comer.
Andaram de moto pela avenida da praia em velocidade reduzida. Logo chegaram à frente de um restaurante que Draco aprovou ao menos em princípio. Novamente ele estacionou a motocicleta. O restaurante possuía várias mesas do lado de fora assim como do lado de dentro. Podia-se ouvir o som de algum tipo de música que nenhum dos dois já tinha ouvido. Era o calipso, estilo de música bem conhecido dos habitantes daquela ilha.
Com alguma dificuldade, uma vez que o local estava consideravelmente cheio, encontraram uma mesa:
-O que acha de provarmos da culinária daqui? –Draco perguntou.
-Tudo bem.
Draco pediu Rondón e dois mojitos (3) e depois mais dois e mais dois...Até que ele e Gina resolveram levantar-se e juntar-se aos nativos no sensual movimento de corpos que faziam sob o som do calipso. Logo, mais estrangeiros também estavam tentando dançar. Quando o restaurante começou a esvaziar, Draco pagou a conta e os dois foram embora. Virginia estava um tanto “alegre” pela bebida e sussurrava provocações no ouvido dele:
-Você vai ou não me deixar dirigir, Virginia?!? Assim tá difícil. É melhor que você pare antes que eu pare e a gente faça na estrada mesmo.
Ela pareceu voltar um pouco a si ao ouvi-lo e ficou extremamente vermelha:
-Desculpe... –murmurou como uma menininha acuada.
Ele riu:
-Só se você realizar todas as suas provocações quando chegarmos. –comentou com segundas intenções.
Tiveram uma tórrida noite de amor e Virginia dormiu nos braços de Draco pensando que não se sentia tão feliz como naquele dia há um bom tempo. Aquele dia em San Andres fez com que eles esquecessem todos os problemas que tinham fora daquele paraíso caribenho.
No entanto, mais cedo ou mais tarde, a verdade sempre aparece com seu cruel balde de água fria...
Gina revirou-se na cama na manhã seguinte, aliás, nem certeza tinha de que ainda era de manhã. Abriu os olhos e não encontrou Draco na cama. No lugar dele havia uma bandeja de café-da-manhã suficiente para alimentar três pessoas e um bilhete com a caligrafia dele. A advobruxa resolveu que seria melhor antes ir ao banheiro e então ler o tal bilhete. E assim o fez. O que não esperava, era que ao ler o bilhete teria um ataque de fúria.

Querida Gina,

Eu fui resolver aquele assunto que você sabe, volto ainda hoje. Como você é muito teimosa e iria querer me acompanhar, eu não te acordei. E para garantir que você não me seguisse quando acordasse, eu coloquei um feitiço na porta e outro na janela, além de um à prova de som. Então não adianta você tentar fugir desse quarto ou chamar alguém para tirá-la daí. Por favor, não fique brava comigo. Eu estou fazendo isso para o seu bem. Aproveite bem o seu café-da-manhã.

Beijos nessa sua boca deliciosa

Ass: Draco

Virginia amassou o bilhete e arremessou longe:
-QUE RAIVA! QUE RAIVA! –gritou, sabendo que não seria ouvida –DRACO MALFOY, SEU CRETINO! ME TRANCAR NESSE QUARTO?!? QUE ABSURDO!!! VOCÊ VAI ME PAGAR! EU TE ODEIO, MALFOY. NUNCA MAIS VOU DEIXAR VOCÊ ENCOSTAR UM DEDO EM MIM! –e de seus olhos saíram lágrimas de frustração, as quais ela logo limpou.
Era Virginia Molly Weasley, a Dama Ruiva dos Tribunais e não era alguém tão...
“Idiota!” ela pensou.
...que a faria perder a cabeça...

***

Enquanto isso, Londres

Parvati bateu à porta do apartamento de Virginia e rapidamente foi atendida por Adelina:
-Olá Parvati, que rapidez em chegar aqui.
-Posso entrar?
-Claro. –abriu espaço.
-Adelina, é mesmo verdade? Eu trouxe o chaveiro bruxo. –e apontou pela primeira vez um homem baixinho de bigode à escovinha.
-Sim, eu sei que tem algo muito importante naquela gaveta. Ela sempre tranca.
Um sorriso diabólico sorriu nos lábios de Parvati Patil Malfoy. Tinha contatado Adelina para perguntar se ela sabia de algum “podre” de Gina para que ela pudesse usar contra ela e sentia que estava prestes a achar um muito bom. Subornar o chaveiro bruxo fora fácil. Era um trabalho importante na comunidade mágica, mas não era dado o devido valor tanto financeiro quanto em status.
-Mostre-nos a gaveta. –Parvati pediu, polidamente, tentando esconder o quanto estava ansiosa.
Adelina levou-os até a escrivaninha que ficava no quarto da ruiva e apontou:
-É esta. A segunda gaveta.
O chaveiro bruxo aproximou-se e examinou cuidadosamente a gaveta. Tentou diversos feitiços, até que finalmente conseguiu abrir a gaveta. Parvati viu uma pasta e logo a pegou. Abriu e...achou ouro.
-A Weasley ainda está tentando colocar o meu Draco atrás das grades. Ele é mesmo um idiota de acreditar nela. Preciso de uma cópia dessa pasta. –e então começou a fazê-la magicamente.
Quando terminou, Adelina perguntou com curiosidade:
-O que você vai fazer com o conteúdo dessa pasta?
-Bem, se o Draco não quiser mesmo largar a Weasley eu vou dar algumas razões por Ministério querer prendê-lo e vou fazer ele pensar que foi a Weasley. Mas como os crimes pelos quais o delatarei não serão tão graves, ele logo saíra de Azkaban, voltará para mim e acabará com a Weasley. –sorriu satisfeita –Ah, como Merlin é bom com aqueles que merecem...

***

Era fim de tarde e Draco estava dentro de um táxi, voltando de Bogotá, onde havia se encontrado com os traficantes e felizmente tudo tinha corrido bem.
“A Gina deve estar possessa comigo...Mas ela vai ter que entender que eu fiz o que fiz para protegê-la.”
Ao chegar na casa, Draco foi direto para o quarto. Hesitou um pouco em frente à porta do quarto e então desfez o feitiço de tranca. Gina, que estava sentada na cama, com os braços cruzados e as costas contra a cabeceira, logo se levantou ao ver o loiro. Clara como água, era visível a raiva em seus olhos.
-Gina...hum, está tudo bem com você?
-Tudo bem comigo?!? Seu cínico! Como ousou me trancar aqui?
-Calma, Virginia, eu... –tentou se aproximar dela.
-Não quero saber. –ela desviou dele e saiu pela porta –GRACIELA! –gritou e em poucos segundos a empregada veio a seu encontro.
-Sim, o que deseja Srta. Weasley?
-Bem, eu sei que está cedo, mas eu gostaria de jantar.
-Tudo bem.
Gina dirigiu-se até a sala de jantar e sentou-se numa das cadeiras. Pouco tempo depois, Draco sentou-se a sua frente:
-Virginia, não foi por mal. Você não entendeu os meus motivos no bilhete?
-Lálálá, eu não quero ouvir nada, não estou ouvindo nada.
-Não seja infantil. –ele retrucou, mas ela só parou quando ele se deu por vencido e parou de falar.
O silêncio entre ambos era desagradável, mas Gina estava decidida a dar um gelo nele. O jantar também foi silencioso. Draco terminou primeiro e levantou da mesa, não avisando para onde iria.
“Mas eu nem queria saber mesmo.” A ruiva pensou com teimosia.
Gina tinha uma expressão chateada e estava entediada, tomando mais que vagarosamente goles de vinho de sua taça. Até que começou a ouvir uma melodia muito bonita. Sabia que era som de piano, já que ela adorava o som que tal instrumento era capaz de produzir. Mas quem estaria tocando piano?
A curiosidade venceu-a e ela caminhou até a sala de piano, entrando vagarosamente. O pianista estava de costas para a porta, logo não vendo sua entrada. E qual não foi a surpresa de Gina ao perceber que era Draco tocando e agora que estava mais perto, percebia que ele também estava cantando.
-Only you, can make the world seem right. Only you, can make the darkness bright. Only you, and you alone, can thrill me like you do and fill my heart with love for only you. Only you, can make this change in me. For it’s true, you are my destiny. When you hold my hand I understand the magic that you do. You’re my dream come true. My one and only you. Only you can make this change in me. For it’s true, you are my destiny. When you hold my hand, I understand the magic that you do. You’re my dream come true my one and only you. One and only you…
Assim que o loiro terminou a música, Virginia bateu palmas. Ele virou-se rapidamente, surpreso por ela estar ali e então perguntou:
-Você me perdoou?
-Não, apenas assumo quando alguém é bom em algo.
-Hum...Obrigado pelo elogio. –agradeceu e levantou-se, tencionando aproximar-se da ruiva.
-Fique onde está.
Draco olhou para a porta e trancou-a:
-Alohomora. Você tem que me escutar, Virginia. Pensa que é brincadeira de criança? Eu já disse que te tranquei no quarto para te proteger. Traficantes não são bonzinhos e são muito inconstantes. Se eles quisessem fazer algo de mal para você eu nem sei o que faria.
-Não venha com esse papo furado, Draco. Eu não sou uma criancinha. Sou uma mulher e sei me defender muito bem sozinha, obrigada. –respondeu irritada –Não preciso que...
-Precisa sim! Entenda que foi para o seu bem!
-Eu não tenho nada para entender! Você não confia em mim o suficiente ou teria me levado.
-Quantas vezes eu tenho que te dizer que lá não era lugar para você e eu quis te proteger?!? –perguntou, perdendo a paciência.
-Eu não quero saber de merda de proteção nenhuma! Por que é que você iria querer me proteger caramba?!? –perguntou, seu rosto vermelho de raiva.
Draco perdeu completamente o controle e as palavras saíram de sua boca antes mesmo que ele pudesse pensar nelas:
-PORRA, VIRGINIA! EU TE AMO, SUA MULHER TEIMOSA!
Ao perceber o que tinha falado, Draco bateu a mão na testa como para castigar-se e desviou o olhar. A ruiva levou a mão na boca, completamente surpresa e estupefata. Sabia que Draco não era o tipo de homem que falava coisas assim da boca pra fora e que era a primeira a ouvir aquilo dele. O coração dela pareceu parar para depois voltar a bater a toda velocidade. Não conseguia dizer nada, não podia dizer nada. Responder a ele, era tornar real o fato de que ambos estavam apaixonados e Virginia Weasley não tinha coragem para isso.
Gina respirou profundamente e virou-se:
-Alohomora. –disse, apontando para a porta e saindo por ela e deixando um Draco confuso para trás.
A ruiva foi direto para o quarto e após colocar a primeira roupa de dormir que viu pela frente, deitou-se na cama. Envergonhou-se profundamente por ter fugido como uma garotinha acuada e ainda assim não tinha coragem de levantar-se e ir falar com Malfoy.
“Nem pareço uma grifinória. Ter medo é normal, mas fugir é o que os fracos e covardes fazem.” O pensamento martelava em sua cabeça.

***

Draco ficou um bom tempo sem ação. Repreendeu-se e achou que era o mais burro dos seres por deixar escapar o sentimento mais íntimo que já tivera. Sim, porque ele simplesmente sabia que era verdade. Amava Virginia Weasley. Nunca antes tinha se preocupado tanto com o bem-estar e a felicidade de uma mulher como se preocupava com ela. No entanto, não era um amor altruísta. Era um amor possessivo, que não media conseqüências e limites, isto é, um amor à la Draco Malfoy.
“Droga, o Blás realmente estava certo e eu odeio admitir isso. O pior de tudo é que ela nem me respondeu. Será que eu a assustei ou ela não sente o mesmo por mim?”
Draco odiava ficar na dúvida. Draco Malfoy não era inseguro! Porém, no momento, estava comportando-se como um. Ficou um bom tempo na sala de piano, sentado ao banco deste, mas sem ânimo para tocá-lo novamente. Por fim, quando pensou que Gina já deveria estar adormecida, resolveu levantar-se e seguir para o quarto.
A ruiva estava com os olhos fechados e deitada na cama. Parecia dormir, mas na verdade estava acordada ainda pensando no que se sucedera.
Draco deu um suspiro cansado e tirou as roupas, ficando apenas com uma samba-canção. Deitou-se ao lado da advobruxa, já começando a pensar o quanto ela tinha sido ingrata ao ignorar o que ele tinha dito.
Por sua vez, ao sentir a presença de Draco na cama, Gina resolveu finalmente deixar seu lado grifinório aflorar e chamou:
-Draco? –era apenas um sussurro e ela continuava de olhos fechados.
-O que foi? –ele perguntou, um tanto rancoroso, ela percebeu.
A ruiva abriu seus olhos castanhos e virou-se de frente para ele:
-É verdade o que você disse?
-Você não espera que eu repita, não é mesmo? Principalmente depois de ter saído de lá sem nada dizer. –falou seriamente, sem desviar o olhar.
Ela respirou profundamente:
-É que é complicado, Draco. Quando começamos a ficar juntos eu não pretendia me apaixonar...
-E você acha que eu pretendia?!? Apenas aconteceu e eu não posso mudar isso. Eu deveria saber que você ainda não esqueceu realmente o Potter... –e uma sombra de mágoa misturada à raiva passou pelos olhos dele.
-Não tem nada a ver com o Potter, ele é uma página virada na minha vida. Eu... –respirou fundo –Eu também te amo, Draco, mas eu tenho medo desse sentimento. Medo de me iludir e acabar pior do que aconteceu com o Harry.
-Eu não quero te magoar, Virginia. Você é importante demais para mim, não vejo como querer te fazer sofrer. Você quer um tempo para decidir se deve ou não ficar comigo? –perguntou e torceu para que a resposta dela fosse negativa e assim não tivesse que convencê-la do contrário.
Para o alívio do loiro, ela disse:
-Eu tenho a certeza que quero ficar com você. Você me faz feliz, Draco.
A ruiva acariciou o rosto dele e naquele momento era como se fossem apenas Draco e Gina, um casal apaixonado e não Draco Malfoy, o mafioso, e Virginia Weasley, a advobruxa implacável.
Malfoy ofereceu-lhe um sorriso genuíno e alcançou os lábios dela. De alguma forma, aquele beijo foi diferente de todos os outros. Era lento, profundo e carinhoso, sem deixar de conter certa lascívia. Agora definitivamente era amor. Cruzaram as barreiras da atração física e foram muito além. Eram barreiras que não deveriam ter sido cruzadas. Não havia volta e eles estavam completamente perdidos...

N/A1: Espero que tenham apreciado o cap, mas eu pessoalmente não me senti tão inspirada assim para escrevê-lo. Desculpem pelo espanhol se tiver muitos erros, eu não sou nenhuma especialista, sabe? E tb desculpe se eu deixei passar mtos erros de português, mas eu não tava a fim de revisar tão detalhadamente.
N/A2: Quem quiser ver o carro do David é http://quatrorodas.abril.com.br/imagem/562_volvo_abre.jpg
N/A3: Minestroni é uma sopa de origem italiana e um dos ingredientes é batata.
(3) Rondón é uma caldeirada de peixe e moluscos cozidos em leite de coco com banana e inhame. Mojito é um coquetel à base de rum branco e hortelã, é originário do Caribe.

Essa abaixo é a tradução da música q o Draco canta e toca
The Platters - Only You (traduzida)
The Platters
(Somente Você)

Somente você pode fazer este mundo parecer certo
Somente você pode fazer a escuridão brilhar
Somente você e você sozinha
Pode me excitar como você faz
E preencher meu coração com amor, somente por você

Somente você pode fazer essas mudanças em mim
Porque é verdade...você é meu destino
Quando você segura minha mão
Eu compreendo a mágica que você faz
Você é meu sonho realizado
Minha única e somente você

Somente você pode fazer essas mudanças em mim
Porque é verdade...você é meu destino
Quando você segura minha mão
Eu compreendo a mágica que você faz
Você é meu sonho realizado
Minha única e somente você

Única e somente você

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