A Câmara dos Segredos



N/A: A Net é rara, mas pelo menos é menos de 1 semana. 
Xandevf: valeu a demora?
 
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A prisão de Hagrid não alterou o ambiente da escola. As aulas continuaram. O horário restringido. E os professores mais vigilantes do que nunca. Parecia que Hogwarts se preparava para um último ataque do Herdeiro, uma morte, que significaria o absoluto encerramento da escola. A ausência de Dumbledore contribuía para a ausência de moral.


Os únicos que caminhavam despreocupados pelos corredores eram os Slytherin. Os alunos desviavam-se de Harry nos corredores, e até o olhar quando ele passava. Temiam-no. Continuava a ser o principal suspeito de ser o Herdeiro de Slytherin.


As únicas aulas suportáveis eram as de poções. Snape era o único professor que não lhe lançava olhares desconfiados e avaliadores.


- Finningan, tenho a certeza que o Potter não te vai matar no meio da minha aula, importas-te de parar de olhar para ele? – Snape perguntou, calmamente.


Finningan corou e voltou à sua poção. Harry, espantado, olhou para Snape, que inclinou ligeiramente a cabeça, num aceno. Harry sorriu, agradecido, e voltou à sua poção.


Draco Malfoy estava num fim de tarde, deitado na sua cama, a queixar-se da ausência de treinos de Quidditch, enquanto brincava com uma quaffle, quando os seus olhos se cruzaram com o primeiro volume do Príncipe do Amanhecer que repousava na mesa-de-cabeceira de Nott. Harry emprestara-lhe o livro.


- Potter, é Apófis! – Malfoy levantou-se de um salto, e agarrando no livro.


- O quê? – Harry perguntou, não fazia a menor ideia ao que o amigo se referia.


- O monstro de Slytherin. – Draco afirmou, como se fosse óbvio.


- Mitologia Egípcia em Hogwarts? Porque é que isso me parece improvável? – Daphne perguntou, cheia de sarcasmo.


A sala comum estava cheia de gente, portanto Harry e Daphne tinham vindo jogar xadrez para a cama de Harry.


- Não é isso. – Draco explicou. – Quando os feiticeiros viram pela primeira vez este animal, disseram que Apófis, a serpente-demónio do Egipto, teria pertencido a esta espécie.


- Isso soa tudo extremamente cromo, sabias? – Daphne replicou. – Que espécie é essa afinal?


- O Basilisk, o Rei das Serpentes. – Harry sorriu, percebendo onde Draco chegara. Draco acenou. – Temos de confirmar isso. Venham daí.


Correram para a biblioteca, mas o livro onde esperavam ler sobre o basilisk tinha uma página arrancada. Harry lembrou-se subitamente que Granger viera à biblioteca antes de ser petrificada, se ela desconfiara que era um basilisk poderia ter o papel com ela.


- Não acredito que a Granger chegou a essa conclusão antes de nós. – Suspirou Draco, enquanto se encaminhavam para a biblioteca. – Mas, afinal, como é que um basilisk poderia andar por aí sem ninguém o ver?


- Se a voz vem de dentro das paredes, é porque ele usa a canalização. – Daphne disse, com simplicidade.


Granger estava imóvel, deitada numa cama, a mão esticada ao nível do rosto e tinha um espelho na mesa-de-cabeceira. Os olhos de Daphne viram, imediatamente, o papel na mão estendida, fez sinal a Harry, mas Weasley e Longbottom estavam por perto.


- O que vieste aqui fazer? – Weasley cerrou os punhos. – Acabar o trabalho.


- Viemos ver a Hermione. – Daphne sorriu, enquanto se aproximava da cama.


- Desde quando é que lhe chamas Hermione? – Weasley pareceu irritado por a tratarem pelo nome.


- Preferes sabe-tudo Granger? – Draco perguntou, sarcástico.


Harry teve tempo de alcançar o papel, enquanto Draco e Daphne entretinham os Gryffindor. Mas Longbottom reparou mesmo no último momento. “O que estás a fazer?” E, no segundo seguinte, Weasley arrancara-lhe o papel das mãos. Começou a lê-lo, e Draco leu ao mesmo tempo, conseguia ler de cabeça para baixo com extrema facilidade.


- Foi, por isso, que aqui vieste não foi, Potter? Para teres a certeza que a informação sobre o vosso precioso monstro não se espalhava. Não é? – Weasley quase que gritava, e tinha um sorriso confiante nos lábios, como se tivesse apanhado Harry em flagrante.


- Só reparei que ela tinha um papel na mão. – Harry encolheu os ombros. – Deixa lá, Weasley. Adeus.


Harry virou costas. Draco e Daphne fizeram o mesmo. Quando já estavam suficientemente longe, Draco resumiu a informação: “Mata com o olhar. O seu único inimigo é o galo. As aranhas temem-no. É a maior das serpentes”.


- Encaixa. – Sussurrou Daphne. – Ninguém morreu, porque ninguém o olhou directamente. Foi pura sorte ninguém ter morrido até agora.


- Sabemos que o Tom Riddle controla a Ginny Weasley através daquele diário, porque não a denunciamos? – Draco propôs. – Eles vão fechar Hogwarts, se não houver um culpado. Nem eu quero que Hogwarts feche.


- Porque não temos provas. Ela facilmente esconde o diário, se dissermos alguma coisa. – Harry disse.


- E se recuperarmos o diário? – Sugeriu Daphne.


-Acusam-nos de abrirmos a Câmara dos Segredos. Se recuperarmos o diário, e o mostrámos, não conseguimos provar que era a Ginny Weasley que o tinha, mas vamos mostrar que estávamos conscientes do seu poder, e tínhamo-lo em nossa posse. Vão achar que tentamos tramar a Weasley, ou assim. – Draco disse, muito seguro das suas palavras.


- Tem de haver uma solução…- Suspirou Harry.


Mas umas quantas semanas passaram até novas ideias ocorrerem. Lockhart era o único que acreditava que Hagrid era culpado dos ataques, e gabava-se de saber a entrada para a Câmara dos Segredos. Daphne não resistiu em pregar-lhe uma partida. Obrigou Harry a preparar uma poção de queda de cabelo, e deixou-lhe uma caneca de café em cima da secretária, com um bilhete anónimo, onde se lia: “Para o meu professor preferido”. As madeixas começaram a cair, os alunos contiveram o riso, e os retractos ganharam expressões horrorizadas. Lockhart só reparou, quando já metade do seu cabelo abandonara a sua cabeça, e saiu a correr da sala, extremamente embaraçado. Os Slytherin tiveram a iniciativa de irem para o dormitório sozinhos, depois de esperarem um bocado, após o final da aula. Daphne puxou Draco e Harry para trás.


- Lembram-se de eu ter dito que era mais fácil se a miúda que morreu tivesse virado fantasma? E se ela tivesse mesmo virado fantasma? – Daphne perguntou, enquanto caminhavam atrás dela. – Já repararam que o segundo andar está sempre inundado durante os ataques?


- Estás a falar da Murta Queixosa? – Draco perguntou, com um sorriso.


- Yup. – Daphne acenou.


Aceleraram o passo, quase que corriam, tal era a adrenalina que sentiam. Mas mal chegaram ao segundo andar, a voz da Professora McGonagall ecoou nos corredores: “Todos os alunos devem voltar aos dormitórios, imediatamente”. De seguida, um grupo de professores aproximou-se, e Harry puxou Draco e Daphne para trás de uma coluna.


Uma aluna tinha sido levada para a Câmara, e uma nova mensagem cintilava por baixo da anterior “O ESQUELETO DELA FICARÁ PARA SEMPRE NA CÂMARA DOS SEGREDOS”.


- Quem é a aluna, Minerva? – Snape perguntou, notava-se a gravidade na sua voz.


- Ginny Weasley. – McGonagall suspirou.


- Eles deram Carta Branca ao Lockhart? Ao Lockhart? – Draco repetia incrédulo.


- Não faz sentido, porque é que o Riddle haveria de levar a Weasley para a Câmara? – Daphne não estava interessada em Lockhart.


- É óbvio, não é? – Draco suspirou. – Ele quer que o Harry vá atrás dela….ele quer matá-lo, mas não antes de o avaliar. Ele é o Senhor das Trevas, e quer saber como é que o Harry lhe conseguiu sobreviver.


- Porque é que eu haveria de ir atrás da Weasley…- Harry calou-se a meio da sua própria frase. Sabia perfeitamente que iria atrás da Weasley, mesmo que isso significasse ter de enfrentar Lord Voldemort.


- Porque farás tudo para impedir que Hogwarts feche. – Daphne suspirou. - Ele levou a Weasley, porque ela era a mais fácil de manipular.


- Vamos. – Harry levantou-se. – Talvez tenhamos descoberto onde fica a Câmara dos Segredos.


Seguiram para a Casa de Banho. Por entre muitas lágrimas e soluços, Murta contou-lhes como morrera. O Basilisk viera do lavatório. Harry descobriu uma serpente esculpida numa das torneiras, e sibilou “abre-te” em serpentes. O lavatório moveu-se revelando uma passagem, tinham descoberto a entrada para a Câmara dos Segredos.


- Não te atrevas a descer, Harry. – Daphne pôs-lhe uma mão no ombro. – É o que ele quer.


- Eu tenho de enfrentá-lo. Não me posso esconder atrás dos professores, quando é a mim que ele quer matar. – Harry murmurou, friamente. – Eu vou descer.


- Nós vamos contigo. – Draco acenou, ligeiramente.


- Não. – Harry sibilou. – Se morrermos, o segredo morreria connosco. Ninguém saberia como parar o Riddle… Drak, tu tens de contar ao Snape tudo o que descobrimos. Daph, escreve para o Dumbledore. Diz-lhe que tem de voltar ao Castelo o mais rapidamente possível.


- Mas…- Daphne começou.


- Até já, Potter. – Disse Malfoy com um aceno, cortando a frase de Daphne. Draco sabia que nada mudaria a mente de Harry naquele momento.


Harry deslizou pelos túneis. Passou por uma pele de basilisk, que confirmou as suas suspeitas. Utilizou o serpentês para abrir um segundo alçapão, e encontrou-se, finalmente, na Câmara dos Segredos.


Ginny Weasley estava deitada no chão, pálida e fria, com o diário preso por entre os braços cruzados, no fundo de um corredor ladeado por serpentes. Atrás dela, estava um lago, onde se erguia uma enorme estátua de Salazar Slytherin.


Harry correu para ela, e ajoelhou-se. Morria lentamente, estava quase sem pulso. Era realmente bonita, Draco tinha razão, foi tudo o que Harry conseguiu pensar. Nesse momento, Tom Riddle apareceu, e sorriu ao vê-lo. Baixou-se para apanhar alguma coisa, e Harry viu a sua varinha no chão. Agarrou-a, antes de Tom a conseguir alcançar, e levantou-se com a varinha erguida.


- Tom Riddle…Ou devo dizer Lord Voldemort? – Harry sibilou.


Os olhos do Herdeiro de Slytherin abriram-se em sinal de espanto. Era óbvio que não contava que Harry soubesse que ele era mais do que Tom Riddle, brilhante aluno de Hogwarts.


- Achaste mesmo que eu acreditava que fora o Hagrid a abrir a Câmara dos Segredos. – Harry sorriu, cinicamente. – Nem todos somos tão inocentes como a Ginny Weasley. Esqueceste-te que eu sou serpentês, soube desde o início que o monstro de Slytherin era uma serpente, não uma acromântula.


-Então…percebeste, uh? Muito bem, Harry Potter, és mais inteligente do que eu pensava. Admito. Percebeste que era eu o Herdeiro de Slytherin, e que agora controlava a Weasley através do diário?


- Exactamente. – Harry acenou, friamente.


- Ela falava-me sobre a vida dela, da sua enfadonha vida escolar, das suas brigas com os irmãos e da sua enorme panca pelo famoso Harry Potter. Devias ver a felicidade dela quando a beijaste pela primeira…Foi tão ridículo. Mas ela sentia-se sozinha, e eu mostrei-me simpático e prestável. Ela dizia que eu era o único que a compreendia…


- Fortaleceste-te com a alma dela. Ela expôs-se ao poder do diário, e tu lentamente apoderaste-te da mente e da alma dela, não foi? Manipulaste-a para comandar o teu basilisk, escrever mensagens nas paredes e estrangular os galos da escola. Eu sei.


- Ah…Precisamente. Ela começou a perceber o que fazia. O poder do diário começou a assustá-la. E quem havia de o encontrar senão tu, a pessoa que eu mais queria conhecer? A Ginny Weasley contou-me tudo a teu respeito.


- Eu fiz com que a Ginny Weasley se assustasse com o poder do diário, Riddle. Eu quis que o Diário me viesse parar às mãos. Porque deixaste pistas, cometeste erros.


Os olhos de Riddle cintilaram de fúria. Odiava cometer erros, e dar parte do controlo do jogo a outras pessoas.


- Nem imaginas a minha desilusão, quando vi que era a Ginny Weasley a escrever novamente no diário. Ela estava tão preocupada que o seu amado Harry Potter descobrisse a verdade.


- Porque querias usar o diário para me conhecer. Por isso, obrigaste-a a descer e a escrever a própria sentença de morte na parede, não foi? Porque sabias que eu viria atrás dela. – Harry sibilou. – Eu sei, Riddle.


- Diz-me, Harry Potter, como foi que um rapaz sem qualquer magia ou talento especial conseguiu vencer o maior feiticeiro de todos os tempos? – Tom Riddle murmurou. – E escapar com apenas uma cicatriz?


- Não és propriamente modesto, pois não? – Harry replicou. – E muitos consideram o Dumbledore superior a ti.


- O Dumbledore foi afastado do Castelo pelo poder da minha simples memória.


- Porque não te atrevias a continuar com ele na escola. Sempre o temeste. Mesmo nos tempos em que eras estudante, não era? Por isso, é que culpaste o Hagrid e decidiste conservar o teu poder num diário, porque o Dumbledore suspeitava de ti.


Os olhos de Riddle pareciam tremer de raiva. Harry sorriu e continuou: “Contudo, com ou sem Dumbledore no castelo, a Câmara dos Segredos acaba hoje.”


- O que queres dizer com isso, Potter?


- A localização da Câmara foi revelada, Riddle. Mesmo que eu morra, isto acaba hoje. Fui o suficientemente bom para te parar, mesmo sem nenhum talento especial, que tal, Riddle? A minha mãe morreu por mim, Riddle. Foi isso que me protegeu de ti.


- Ah. Não és o suficiente para me parar. – Riddle sorria. – É um encantamento poderoso, esse que a tua mãe usou para te proteger. Mas não te vai salvar hoje. A cada momento que a Ginny Weasley enfraquece, eu fico mais forte. Eu recupero a minha alma, em troca da dela. Lord Voldemort vai voltar Harry Potter, mais poderoso do que nunca.


Nem por um momento lhe ocorrera que o Diário tinha uma qualquer alma que aparentemente podia ser recuperada. Riddle vencera-o, no final.


- Harry Potter...achaste mesmo que conhecias todo o jogo? Eu desvendei segredos e mistérios da magia, eu sei muito mais do que tu. – Riddle sorria. – Vamos comparar os poderes de Lord Voldemort, Herdeiro de Salazar Slytherin, com os do famoso Harry Potter.


Riddle virou-se para a estátua de Slytherin e sibilou “Ergue-te Slytherin, o maior dos quatro de Hogwarts”. Um enorme basilisk deslizou pela boca da estátua.


- O serpentês não pode salvar-te, Potter. Ele só me obedece a mim. – Riddle riu-se.


Harry lançava feitiços sem efeito. Corria o mais que podia, mas a enorme serpente estava cada vez mais próxima. Saltou para a frente, para se desviar dos dentes e caiu ao chão. Instintivamente, rodou para o lado. Os dentes esmagaram parcialmente a perna direita. Um dos dentes ficou parcialmente cravado no seu joelho. Harry fechou os olhos. E naquele momento, por entre dor e puro medo, Harry lembrou-se da lenda de Medusa. Com a varinha conjugou um espelho. Um “Não” de Riddle ecoou na Câmara, agora mais silenciosa.


Harry atreveu-se a abrir os olhos. O enorme basilisk fora petrificado. A sua perna sangrava abundantemente. Arrancou o dente preso no seu joelho, e caminhou na direcção de Ginny Weasley.


- Uma pena. – Murmurou Riddle, quando Harry se sentou ao lado de Ginny. – Tu és parecido comigo, Harry Potter. E falas serpentês… Eu querer-te-ia entre os meus seguidores, se não fosses o meu inimigo mortal.


Harry não disse nada. Tirou o diário dos braços de Ginny e um dos dentes de basilisk da sua perna. E espetou o dente de basilisk no diário. Tinta jorrou e misturou-se com o seu sangue que escorria da sua perna. A expressão de Riddle antes de se desfazer em mil peças de luz, fez com que Harry sorrisse. Ao seu lado, Ginny Weasley acordou.


 


 


 

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