Aragog



Aragog


 


A verdade é que existiam inúmeras serpentes com a capacidade de petrificar, e muitas tinhas as suas vítimas petrificadas, quando ataques mortais eram mal sucedidos – o que parecia ser o caso. De qualquer maneira, precisavam de mais informação.


Harry não estava preocupado. “Duvido que o Diário consiga manipular a Weasley à distância. Os ataques devem parar” Afirmou.


E pararam. O ambiente tornou-se mais leve em Hogwarts, e isso fez com que todos se relembrassem dos problemas “regulares”, as pequenas crises do dia-a-dia. Weasley voltara a beijar Harry, em jeito de desculpa, mas não conseguiram falar sobre o que acontecera.


Metade de Hogwarts achava, contudo, que os ataques tinham parado porque Harry era o Herdeiro de Slytherin, cometera um erro no Clube de Duelos, e, agora, não queria ser apanhado. Todos os que não eram Slytherin pareciam temê-lo.


- É melhor para nós se eles continuarem assustados com o Potter. – Comentou Draco. – É da maneira que ninguém se mete entre ele e a snitch.


Weasley e Longbottom continuavam convencidos que Daphne Greengrass era a Herdeira de Slytherin. Seguiam-na pelos corredores, e ela continuava a desaparecer no sexto andar.


Uma vez, Harry e Daphne sentaram-se num corredor vazio do sexto andar, sabendo que Weasley e Longbottom estavam por perto. Num caldeirão à frente de ambos fervia uma substância preta, de aspecto duvidoso. Daphne de braços erguidos sobre o caldeirão murmurava um monte de palavras sem necto, numa voz sibilante, o que parecia ser um longo e complexo feitiço. Daphne tinha um dom natural para imitações – Se Harry não soubesse a verdade, juraria que ela estava num qualquer estado de transe. Harry continuava a colocar ingredientes dentro do caldeirão, e a tratá-la por mesta. Weasley e Longbottom observavam-nos, esperando uma demonstração de Magia Negra.


- Weasley. – Daphne disse subitamente, o tom era mais irritado. Olhando na direcção de Weasley, mas sem o fintar directamente. – Como te atreves a espiar-nos?


Weasley e Longbottom tremeram de medo, literalmente.


- Acham-se poderosos para me defrontarem? – Daphne continuou. E ergueu as mãos na direcção de Weasley.


Harry estalou os dedos atrás das costas. Um relâmpago caiu mesmo junto dos dois Gryffindor. Um mini relâmpago na realidade – o Relógio da Tempestade era bastante útil. Weasley e Longbottom desataram a correr pelo corredor fora, com Longbottom a gritar “Perdão, Perdão”.


Harry e Daphne partiram-se a rir, encostados à parede. Snape apareceu nesse momento, com todo o ar de quem ouvira o que se passara.


- Potter, Greengrass, o que julgam que estão a fazer? – O Professor aproximou-se.


- A praticar, senhor. – Harry respondeu, apontando para o caldeirão. A poção preta continuava a borbulhar suavemente.


- Não creio já vos ter posto a preparar a Poção Regeneradora, Potter. – Snape sibilou. – Aliás, não creio que a vá ensinar até chegarem ao quarto ano.


- Ah….- Disse Daphne – Mas é bom praticarmos coisas mais avançadas, não é, professor?


A poção tinha que ser relativamente complexa para enganar os Gryffindor. Snape ignorou o uso do termo “coisas” para designar poções.


- Por muito que admire o vosso empenho, de futuro, limitem a preparação de poções à minha sala de aula. – Ordenou Snape. – E, Potter, quando isso tiver preparado, entrega-me um frasco.


- Sim, senhor. – Disseram Daphne e Harry em coro.


Harry após um momento de hesitação atreveu-se a interromper uma aula de Snape. Tinha de lhe entregar o frasco com a Poção Regeneradora. Era uma turma de quarto ano cheia de Gryffindor.


- Entra, Potter. – Snape disse, pegou no frasco e exibiu-o à turma. – Porque não te juntas a nós? Isto – Snape levantou o frasco – é uma perfeita poção regeneradora preparada por um aluno de segundo ano, feito que nenhum de vocês conseguiu alcançar a semana passada. O Potter vai-se juntar a nós hoje, e qualquer poção que fique mais imperfeita que a dele, custará pontos aos Gryffindor.


Harry viu-se sentado na primeira fila, a preparar uma Poção de Transfusão de Sangue. Os Gryffindor perderam imensos pontos, e os Slytherin idolatraram Harry durante semanas.  


Continuava a escrever no Diário de Tom Riddle, apesar de não confiar nele. Acreditava que era importante compreender o inimigo. Riddle era, definitivamente, brilhante. Mostrou-lhe outras memórias contidas no Diário, e Harry aprendeu muito sobre feitiços e magia.


Riddle parecia conhecê-lo, e Harry identifica-se com ele. O clima de paz sentindo em Hogwarts, durou quase até ao fim das férias da Páscoa.


A Páscoa era sempre divertida em Hogwarts. Ovos de chocolate eram descomunalmente consumidos. Ideias para partidas surgiam após muitas horas de convívio na sala comum.


O Cluedo dos Feiticeiros, que Harry só conheceu nessa Páscoa, depressa se tornou um dos seus jogos favoritos. O objectivo era descobrir quem era o assassino, que feitiço ou poção usara para matar, e em que loja da Diagon-Alley acontecera o assassinato. Quando se tocava na carta de uma personagem, vivia-se uma história, que dava pistas sobre o que não acontecera. A partir de perguntas, e lógica de exclusão, desvendava-se o mistério. Harry tornou-se imbatível no Cluedo, apesar de Daphne continuar a vencê-lo no xadrez.


Os alunos de segundo-ano tiveram, também, de escolher as disciplinas de Terceiro Ano. Harry escolheu três: Aritmancia, Runas Antigas e Cuidados com Criaturas Mágicas. Draco escolheu Cuidados e Adivinhação, juntamente com Blas e Pansy, enquanto Daphne, Theo e Millie escolheram Cuidados e Runas Antigas.


No final das férias, quando Harry voltou de um intenso e cansativo treino de Quidditch, deparou-se com os seus livros espalhados pelo dormitório, a roupa no chão e a cama virada do avesso.


- Alguém andava à procura de qualquer coisa. – Disse Draco, atrás de si.


- Quem? – Daphne perguntou, imediatamente.


- Ginny Weasley. – Harry respondeu, sem hesitar.


- Ela viu-te com o diário no corredor. Pode ter sido. – Concordou Draco.


- Ela não teria a senha. – Daphne contrapôs.


- Mas o irmão dela pode ter deixado escapar a senha que aprendeu no Natal. – Harry disse.


Daphne concordou com um aceno. Ronald Weasley aprendera a senha no episódio da Poção Polisuco.


Foi o roubo do Diário que permitiu a Harry perceber como ele funcionava. Sentia a falta do poder do Diário. Ginny Weasley confiara a Tom Riddle os seus segredos, e o diário fora absorvendo o poder dela e cedera-lhe o seu. Fora assim que Riddle a manipulara-a e controlara-a. E Weasley, com medo de ver os seus segredos revelados, quisera recuperar o Diário. E, talvez, ela tivesse alguma noção do que Riddle a fizera fazer.


 Decidiram que o melhor era investigarem o Hagrid.


- Ele estava no Castelo, quando tudo aconteceu. – Harry disse. – Todas as informações podem ser importantes.


À distância, tudo o que conseguiram descobrir foi que todos os galos tinham sido mortos. E Harry fez um plano para que conseguissem uma investigação, mais profunda.


Daphne concordou. E foram os dois para o sexto andar. Malfoy garantiu que Weasley os seguia, dizendo a Blaise, mais cedo nesse dia, que ele e Daphne estavam a planear um ataque brutal.  


- Não podes atacar o Hagrid. Só sangues de lama, lembras-te? – Harry dizia, numa voz sibilada, mas o suficientemente alta para Weasley ouvir.


- Mas será que não entendes? Se alguém suspeita de mim, é o Hagrid. – Daphne disse. – Se alguém consegue provas contra mim, é o Hagrid. O Hagrid tem de morrer. O mais cedo possível.


Era uma conversa sem muito nexo, mas esperavam que fosse suficiente. Depois, desapareceram debaixo do manto e deixaram os Gryffindor à procura da entrada para a Câmara.


Montaram uma vigia à Cabana, mas Weasley e Longbottom não apareceram durante semanas, e só descobriram o motivo mais tarde, quando Harry se cruzou com Granger à hora de almoço.


- Potter, vais-me arranjar problemas se continuares a gozar com o Neville e com o Ron. – Hermione disse. – Eles estão convencidos que o Hagrid tem provas contra vocês os dois, e querem ir confessar-lhe toda a história.


- Não sei do que falas, Granger…- Harry sorriu.


- Parem com isso, Potter. Ambos sabemos que nem tu nem a Greengrass são os herdeiros de Slytherin. – Hermione disse – Mas aqueles dois…ah. Eu não volto a meter o Neville e o Ron em quaisquer esquemas.


- O Malfoy pode ser preconceituoso, mas isso não faz dele um assassino a sangue-frio. – Harry encolheu os ombros. – Não foi a vossa melhor ideia.


- A quem o dizes…- Hermione suspirou.


- Não sabes de nenhuma serpente que petrifique com o olhar, e tenha medo de galos, não? – Harry perguntou, subitamente. Afinal Hermione Granger ainda era a “Sabe-Tudo”.


- Eu tenho de ir à Biblioteca. – Hermione disse, abrindo os olhos. E mudou de direcção.


- Mas…-Harry queria saber qual a ideia que lhe ocorrera.


- Até logo, Potter. – Despediu-se Granger, e começou a correr.


Harry teria ido atrás dela. Mas tinha treino de Quidditch. Quando estava a ir para o treino, ouviu de novo aquela voz fria: Matar, Matar, Rasgar. Não sabia, ainda, que caminhava para o último treino de Quidditch do ano.


Nessa tarde, o jogo de Quidditch Hufflepuff X Gryffindor foi cancelado. Um novo ataque ocorrera, Hermione Granger e uma Prefeita dos Ravenclaw tinham sido petrificadas junto à biblioteca.


Todos os alunos foram obrigados a regressar aos dormitórios.


Snape entrou nas Masmorras de Slytherin, com um rolo de pergaminho, mas não o desenrolou, parecia ter decorado o discurso.


- Têm de estar nos dormitórios até às seis horas da tarde. Nenhum aluno deve sair do dormitório depois disso. Quaisquer actividades nocturnas serão proibidas. Serão escoltados por um professor até às salas de aulas, e até às casas de banho. Todos os treinos de Quidditch serão suspensos. – Snape disse na sua voz murmurada – Se não se apanhar o culpado de todos os ataques, é provável que fechem a escola. Se alguém tiver alguma informação sobre os ataques, por favor, venha ter comigo.


Snape saiu, deixando uma onda de murmúrios de protesto atrás de si. Harry puxou Draco e Daphne para um canto.


- A Granger foi atacada. O Weasley e o Longbottom estão desesperados. – Harry disse. – Eles vão arriscar a única pista que têm: o Hagrid.


- Ou seja, a nossa vigia não pode terminar face às novas regras. – Daphne suspirou. – ‘Bora. Vamos a isto, rapazes.


Os três cobriram-se com o manto de invisibilidade, e escapuliram-se do castelo. Sentaram-se junto à janela de Hagrid. Weasley e Longbottom não tardaram a aparecer. Perguntaram a Hagrid o que ele sabia sobre a Câmara dos Segredos, mas tiveram de se esconder debaixo da mesa, sobre a qual Hagrid colocou uma toalha, quando entraram Dumbledore, Lucius Malfoy e um outro homem que nenhum dos três conhecia, mas numa questão de minutos perceberam que era Fudge, o Ministro da Magia.


Eles vinham para prender Hagrid. E Mr. Malfoy informou Dumbledore que, também, o haviam decidido afastar do Conselho.


- Não podem afastar o Dumbledore. – Daphne suspirou.


- O meu pai não gosta dele. E eles têm de fazer qualquer coisa. – Draco encolheu os ombros.


- Isto só vai aumentar os ataques. – Daphne replicou. – O Senhor das Trevas temia Dumbledore, aposto que o Riddle, também.


Uma ideia cruzou o cérebro de Harry nesse momento, uma ideia que o arrepiou. Escreveu TOM MARVOLO RIDDLE com a ponta da varinha. Analisou o nome durante um bocado, depois teve a certeza dos seus pensamentos, agitou a varinha e viu formar-se a frase I AM LORD VOLDEMORT.


Nenhum deles teve tempo de comentar. A porta abriu-se. Agacharam-se debaixo do manto, e Hagrid disse, misteriosamente: “Quem quiser saber alguma coisa, devia seguir as aranhas”.


Weasley e Longbottom seguiram as aranhas. O mesmo fizeram os Slytherin debaixo do manto de invisibilidade. Weasley tinha, claramente, medo de aranhas, mas surpreendentemente Longbottom obrigou-o a continuar:


- Queres parar a Greengrass ou não?


- Ainda bem que lhe dou incentivo. – Daphne murmurou, sarcástica.


Draco riu-se, e Harry levou o indicador aos lábio para que não fizessem barulho.


Seguiram os Gryffindor até à entrada de uma gruta, onde vivia uma acromântula. Era o monstro que Riddle lhes mostrara na memória. Weasley e Longbottom entraram e disseram que eram amigos do Hagrid, os Slytherin conseguiam ouvir perfeitamente no exterior.


Informações a reter:



  1. A Acromântula chamava-se Aragog, e fora criada por Hagrid na dispensa do Castelo. “Gigante Idiota” foi o comentário de Draco.

  2. Hagrid fora definitivamente tramado, e nunca abrira a Câmara dos Segredos.

  3. Cinquenta anos antes uma miúda aparecera morta na Casa de Banho. “Pena não ter virado fantasma, poderíamos fazer-lhe uma data de perguntas” Suspirou Daphne.

  4. As aranhas sabiam o que estava no Castelo, mas temiam-no tanto que não se atreviam a pronunciar o nome.


“É o Voldemort das Aranhas” Sussurrou Harry. Daphne riu-se.


“Não brinques com isso” Draco disse, arrepiado. Mas nem Harry nem Daphne tinham problemas com nomes.


 



  1. Weasley e Longbottom iam servir de refeição.


Harry, Daphne e Draco saíram debaixo do manto de invisibilidade, e puseram os capuzes para que os Gryffindor não os reconhecessem. A ideia de virem com mantos negros que se camuflassem na noite fora de Draco, o loiro era bastante prático. Weasley e Longbottom lançavam feitiços à toa, enquanto as aranhas os rodeavam.


- Aqueles dois precisam de um milagre. – Observou Draco.


- É tudo o que o Lockhart nos ensina nas aulas. – Daphne disse, cheia de perspicácia. – Qual é o plano?


- Luz solar. – Harry murmurou.


Jactos de luz saíram das suas varinhas. As aranhas começaram a recuar para o interior da gruta. Weasley e Longbottom saíram a correr. Aragog dissera que a as acromantulas gostavam de locais húmidos e escuros, o que fizera Harry lembrar-se da Armadilha do Diabo que havia enfrentado no ano anterior.


- Porque passamos a vida a salvar-lhes a vida? – Perguntou Draco.


- Porque assim podemos continuar a gozar com eles. – Respondeu Daphne, com simplicidade.


Harry e Draco riram-se. Meia dúzia de feitiços depois, estavam de volta ao Castelo. 

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N/A: Peço desculpa pela demora. Espero que tenham gostado do capitulo, e que continuem a comentar. Infelizmente, vou estar ausente mais uma semana, mas prometo que depois volto ao ritmo "normal". 

Xandevf: O trio amoroso é uma ideia engraçada, mas acho que já não vem a tempo da Câmara dos Segredos. Talvez desenvolva no Prisioneiro de Azkaban. O que acha?

Khao: Ansiosa pelo próximo comentário. Continuarei com o Terceiro, pois claro. Vá comentando, sim? :)
 

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Comentários (1)

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