Sangue de Lama



O sol ainda mal surgira no horizonte, quando Flint entrou no dormitório dos Slytherin.


- Potter, Malfoy, levantem-se. – Marcus Flint disse, sorridente. – Temos treino.  


Harry foi, de seguida, sacudido por Lucian Bole, um dos beater. Peregrine Derrick, por outro lado, estava encostado à porta do dormitório, pálido, com enormes sombras negras debaixo dos olhos, de quem não tinha dormido o suficiente.


- Estás a gozar connosco, Flint? – Harry murmurou. Virando-se na cama e fechando os olhos, de novo.


- Vamos ganhar a taça, novamente, Potter. E isso exige que treinemos sempre que pudermos. Hoje, para começar. – Flint disse, e empurrou Harry que caiu no chão com um estrondo.


- Epah…calem-se. – Blaise murmurou. Os outros rapazes tinham, também, despertado.


- Podias pelo menos ter-nos avisado sobre este treino. – Harry comentou, enquanto se vestia, por entre bocejos. – Estaria mais preparado psicologicamente.


- Não reclames, Potter. – Replicou o capitão. – Quero ver o melhor de toda a gente, a tempo inteiro, sem necessidade de preparação psicológica.


- Quem ouve o Flint diria que não ganhámos a Taça o ano passado. – Derrick bocejou. Harry riu-se.


Os chaser Graham Montague e Adrian Pucey juntaram-se-lhes enquanto se dirigiam para o estádio. O pequeno-almoço ainda nem sequer abrira. Flint ia comentando a estratégias que planeara no Verão, mas Draco e Bole eram os únicos a prestar realmente atenção.


A surpresa foi os Gryffindor já lá estarem. Wood, o capitão e keeper adversário, correu na direcção dos Slytherin.


- Eu reservei o campo para hoje de manhã, Flint. Reservei-o.


- Calma, Wood. – Flint disse, num tom provocativamente descontraído – Há espaço para todos.


E estendeu-lhe um pergaminho, onde se lia: Eu, Professor Snape, dou autorização à equipa de Slytherin para utilizarem o campo hoje de manhã, devido à necessidade de treinarem o novo keeper.


- Têm um novo keeper? – Wood perguntou espantado. – Quem?


Flint apontou com o queixo para Draco. Bletchley acabara a sua formação em Junho, e Draco fora, de longe, o melhor nas provas.


- Tu não és o filho do Lucius Malfoy? – Perguntou Fred Weasley.


- Curioso que te refiras ao pai do Draco…- Flint falou num tom desdenhoso. – Admira a oferta que ele fez à nossa equipa.


Os sete Slytherin seguravam vassouras negras, onde, no cabo, a letras prateadas se podia ler Nimbus 2001. “Eu não acredito que o teu pai já me está a oferecer uma segunda vassoura topo de gama” Harry sorrira. “Desta vez, ele ofereceu-as à equipa. O Flint é que decidiu os jogadores. A Nimbus 2000 foi uma oferta pessoal” Draco respondera, seco. O dinheiro não era, definitivamente, um problema para os Malfoy, e Harry não tinha interesse em recusar.


- Ultrapassam, de longe, o modelo das 2000. – Flint continuava, no mesmo tom. – O Potter pode confirmar-vos isso. E, quanto às cleansweepers. Essas já só servem para varrer.


Os gémeos Weasley montavam ambos em cleansweepers, e rangeram os dentes de raiva. Montague lançou-lhes um sorriso de superioridade.


- Invasão de campo. – Anunciou Pucey, apontando para dois alunos que corriam na direcção das equipas.


Eram Hermione Granger e Neville Longbottom.


- O que se passa, Ron? – Hermione perguntou, olhando em redor.


E só, então, Harry reparou em Ronald Weasley, vestido em tons de escarlate e misturado na equipa dos Gryffindor.


- Estão a admirar as nossas novas vassouras. – Draco disse. – Uma oferta do meu pai.


Longbottom deixou cair o queixo de espanto.


- Pelo menos nos Gryffindor ninguém teve de comprar a sua admissão. – Afirmou Hermione, secamente. – Entraram todos por puro talento.


Pucey franziu o sobrolho. Derrick murmurou qualquer coisa do estilo: “O vosso talento não nos venceu o ano passado”. O pensamento de Harry foi: “Engolem essa, quando virem o Draco jogar”.


- Ninguém te pediu opinião, sangue de lama. – Draco disse, com um sorriso desdenhoso a balançar-lhe nos lábios.


Fred foi bloqueado por Harry, quando tentou agredir Malfoy. Angelina Johnson teve de agarrar George. Uma outra chaser, Alicia, gritou: “Como te atreves?”. Bole riu-se. Mas Ronald Weasley pegou na sua varinha, apontou-a para Draco: “Vais pagá-las, Malfoy. Come lesmas.”.


Um clarão de luz verde saiu da sua varinha, mas em vez de atingir Malfoy, virou-se contra o próprio Weasley, que caiu no chão, pálido e a tremer.


- Ron, Ron…- Granger correu para ele. – Estás bem?


Ele abriu a boca para falar, mas não foram palavras que saíram da sua boca. Um som de vómito, em vez, e um monte cintilante de lesmas caiu no seu colo. Derrick partiu-se a rir, Montague estava agarrado ao estômago, e Pucey já chorava, quando Weasley vomitou pela terceira vez. Nem mesmo os Gryffindor se atreviam a aproximar-se, tal era a repulsa.


- Desgraçado. – Sibilou Draco. O que levou Weasley a ficar vermelho de raiva.


Um miúdo de cabelos cor de palha, que vestia uma gravata dos Gryffindor, apareceu a correr, segurando uma máquina fotográfica.


- Whooa. Foste tu que fizeste isto, Harry? – Perguntou, entusiasmado, enquanto tirava uma fotografia a Weasley.


- Não. – Respondeu Harry friamente. – Quem és tu?


- Colin Creevey. – Respondeu o rapaz. – Sei tudo a teu respeito, é claro. Posso tirar-te uma fotografia?


E antes que Harry pudesse responder, o flash disparou. Malfoy riu-se desdenhosamente atrás de si.


- Diria que tens um fã, Potter. – Ele disse, sarcástico.


- Só mais um irritante Gryffindor, convencido que eu sou alguma espécie de herói. – Harry sorriu, desdenhosamente. Creevey pareceu magoado.


- Mas tu és um herói, Harry…


- É Potter para ti. – Harry afirmou. Malfoy sorria a cada palavra. – E deixa-me em paz, ok?


Depois, agarrou na sua varinha e apontou-a para Weasley. Com um sussurro, terminou com a maldição que Weasley lançara sobre si mesmo.


- Vai-te limpar, Weasley. És digno de pena. – Harry sibilou, friamente. – E não te atrevas a voltar a apontar a tua varinha aos meus amigos.


Quase a chorar de humilhação, Weasley levantou-se e saiu do campo de Quidditch, com Longbottom e Granger a correr atrás dele.


- Já que o vosso seeker não está aqui… Não estão aqui a fazer nada. – Harry disse para o resto da equipa dos Gryffindor, guardando a sua varinha, de seguida.


Os Gryffindor olharam uns para os outros, e acabaram por concordar com as palavras de Harry. Viraram costas. Harry virou-se para a sua equipa:


- Lamento ter acabado com o espectáculo, rapazes. Mas já que aqui estamos, e me arrancaram da cama. Eu quero treinar.


Derrick apontou o seu bastão para cima, e gritou: “Para o Ar, rapazes”.


- Hey…Harry, eu não queria ofender-te quando chamei aquilo à Granger…- sussurrou Malfoy, agarrando o braço de Harry, quando este ia levantar voo. – Eu sei que a tua mãe…


- Malfoy, não ofendeste. Eu sei que tu dás bué valor ao sangue-puro, e tal. Sou capaz de te aturar, mesmo não concordando – Harry sorriu, com um encolher de ombros.


Subiram. O treino foi duro, Flint exigiu perfeição em cada jogada e absoluto empenho em cada segundo. Mas, no final, cansados, desgastados até aos seus limites, sentiam, uma vez mais, que eram de longe a melhor equipa da escola.


- O campeonato é nosso, rapazes! – Disse Pucey nos vestiários, entusiasmados.


Drak e K chegaram ao pequeno-almoço, com sorrisos cansados e entusiasmados.


- Não é que nós namoremos, realmente, não é? – Daphne perguntou, quando se sentou. – Namorar é suposto ser mais do que dar uns beijinhos por cinco minutos do teu dia, certo?


Harry olhou para ela. Tinha um sorriso desenhado nos lábios, de quem estava a gozar com toda a situação.


- Namorar é de morte. – Draco disse.


- Isa…cof…bella…cof Rossi. – Harry tossicou forçosamente. Era a miúda com quem Draco tinha “namorado” no Verão. – Eu só recebia descrições do quão fantástica ela era, não é? Tão caidinho que estavas.


- Is…Tá bem…foi muito bom enquanto durou, mas já é passado. – Drak comentou.


- Adorava saber as descrições que o Blas faz de mim. – Daphne suspirou.


E Harry lembrou-se que muitas das cartas de Verão diziam “Não a entendo. E não entendo como é que tu a entendes.”. Harry não disse nada. Blaise não a podia compreender, sem a conhecer, e Blaise não a conhecia. O seu namorado não sabia da história de Hunter, não sabia da relação que ela tinha com os pais, ou das viagens que ela fizera no Verão…


- Sabes quem é que é gira, Harry? – Drak disse, com um sorriso. – A Weasley.


- Draco Malfoy interessado numa traidora de sangue? – Daphne perguntou, irónica.


- Interesses? – Pansy juntou-se à conversa. – Por falar em interesses, porque é que nunca ouvi falar de uma miúda que fosse mais do que uma amiga para Harry Potter?


- Teria que ser alguém especial. – Respondeu Harry, com um sorriso.


- Só para que conste, eu não estou interessado na Weasley. Ela não deixa de ser agradável á vista, por mais hediondo que o seu sangue seja. – Draco comentou.


- Tipo quem, Harry? – Pansy corou ligeiramente ao fazer a pergunta.


Harry sorriu, misterioso, e não respondeu. Daphne piscou-lhe o olho. Draco rolou os olhos e disse: “As gajas são todas iguais”.


- Não. Mas há rapazes que querem que assim seja. – Daphne respondeu, sarcástica.


E Harry soube que ela não estava magoada, estava cansada.


O método de Harry nas aulas de Lockhart era o mesmo que nas aulas de Quirrell no ano anterior. Sentar-se na última fila, e praticar feitiços debaixo da mesa, ou ler um livro. O resto da turma entretinha-se a ver os pequenos teatros que Lockhart fazia sobre as suas peças.


- Potter. – Chamou o Professor Snape, quando ele saiu da aula. Daphne e Draco estavam ao pé de Harry. – O que foi que fizeste ao Weasley?


- Depende do que está a falar, senhor. – Harry respondeu cuidadosa e educadamente.


- E que tal no Campo de Quidditch, hoje de manhã?


- Eu impedi que continuasse a vomitar larvas, senhor. Ele amaldiçoou-se a si próprio. – Harry disse no mesmo tom neutro.


- Quer dizer, que não estás de modo nenhum relacionado com a dor abdominal que o teu colega está a sentir? - Snape perguntou.


- Inocente até prova em contrário, senhor. – Harry sorriu. – Além disso, dor abdominal pode ser um dos efeitos da maldição, não pode?


Os olhos Snape faiscaram. O aluno estava a jogar um jogo perigoso. 


- O Weasley foi parar à Ala Hospitalar. – Snape disse. – Esperemos que te mantenhas inocente, Potter.


- Eu, também, o espero, senhor. – Harry disse, com um sorriso.


- De qualquer maneira, hoje à noite vais ajudar o Professor Lockhart a responder aos seus fãs. Ele requisitou-te especialmente. É o teu castigo…pelos acontecimentos do início deste ano. – Snape disse. – Malfoy, tu vais tratar de limpar a sala de troféus…em conjunto com o Weasley.


- Desde que ele não vomite…- Malfoy sorriu. – Er…Sim, senhor.


- Lá estarei, senhor. – Harry acenou.


Snape virou costas sem mais uma palavra, e afastou-se com o manto a flutuar atrás de si, que todos concordavam que lembrava as asas de um morcego.


- Professor Lockhart? – Harry ironizou. – Como se se pudesse chamar Professor àquilo. Ele faz teatro nas aulas! E os livros dele falam de poções para os dentes…


- Existe uma poção muito fixe que faz com te cresçam dentes de vampiro…- Daphne suspirou.


- Uma poção que não está nos livros dele…- Draco replicou. – As deles só abrangem o tópico do branqueamento…


- Dentes de Vampiro? – Harry sorriu soturno – Digam lá que isso não dava uma partida genial?


- Temos de concordar que o castigo do Harry é o pior. – Daphne deu uma palmadinha amigável nas costas de Harry.


- Entre o Weasley e o Lockhart? – Draco fez uma careta. – Existe mesmo um melhor?


Harry e Daphne riram-se.


- Mas espera lá, o que foi que fizeste com o Weasley, Potter? – Malfoy perguntou com um sorriso expectante.


- Quando o “curei”, adicionei uma maldição de dor estomacal silenciosa. Nenhum deles suspeitou. E saíram do campo, quando eu quis. – Harry disse. – Foi lindo.


- Génio. – Drak sorriu, impressionado.


Perderam-se os três na conversa, e a fazerem novos planos. Fizeram os trabalhos de casa, e tiveram Transfiguração ao fim da tarde. À noite, Harry dirigiu-se ao gabinete de Lockhart, enquanto Draco foi para a sala dos troféus.


Harry estava a responder às cartas dos fãs - que eram tão inúteis e fúteis, quanto os livros de Lockhart, e o Professor falava continuamente, apesar de Harry não o estar a ouvir, nem apresentar qualquer resposta – quando ouviu uma voz, sibilada e arrepiante, que parecia vir das próprias paredes.


Matar. Rasgar. Matar. Matar.


Lockhart não a ouvira. E Harry acabou por ser dispensado mais cedo. Tentou perseguir a voz, mas desapareceu. E Harry resolveu voltar para a sala comum. 

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Xandevf: Os génios das partidas da familia Weasley são os gémeos. Acho que posso desenvolver essa ideia a partir daí?
 

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Comentários (1)

  • Xandevf

    Realmente os gêmeos são gênios, mas a centralizadora da fámilia Wesley é a Gina, toda a fámilia sgue os paços dela, e o gênio dela ajuda, ela não liga pra opnião dos outros e se ela for amiga do Harry todos os outros Wesley a acompanham até o Ronald(tenho tido até pena do Rony), e tá na hora do Harry dar uma sacudida no Draco, gosto do humor negro dele, mas não gosto personagens preconceituosos demais. Mas por favor Harry x Pansy nãoooooooooo kkkkkkkk.

    2013-03-14
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