Salgueiro Zuzidor



Salgueiro Zuzidor

Harry adorara as semanas em casa dos Malfoy, principalmente, quando pensava na sua vida em Privet Drive. Sentia saudades de Hogwarts, mas o Verão terminara demasiado depressa.


Tinham partidas planeadas para os primeiros dias, e estavam cheios de expectativas para o novo ano.


Na verdade, a única coisa para a qual Harry não fazia expectativas era para as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, uma vez que não gostara nada de o conhecer na Flourish and Blotts. 


O último jantar em casa dos Malfoy foi animado. Os jovens falavam do que esperavam, e os adultos partilhavam algumas histórias dos seus tempos em Hogwarts.


Harry e Lucius deram por si sozinhos à mesa, no final do jantar.


- Acreditas na pureza do sangue dos feiticeiros, Harry? – Foi Lucius quem puxou o assunto, o seu olhar era avaliador.


- Não acho que os feiticeiros vindos de linhagens puro-sangue sejam necessariamente melhores do que os outros, senhor. – Harry respondeu, com sinceridade, mesmo sabendo que não era o que Mr. Malfoy queria ouvir.


- Sabes porque não mostramos o nosso mundo aos muggles, Harry?


- Porque eles temeriam o nosso poder, e tentariam destruir-nos.


- Exactamente. E essa é a razão pela qual Slytherin não queria nascidos-muggles em Hogwarts, porque isso seria expor a nossa escola aos pais e familiares deles, mostrar parte do nosso mundo a quem não compreende o nosso poder. – Lucius falou. – Eles são uma ameaça. Assim, como é uma ameaça sempre que um feiticeiro resolve acasalar com um muggle.


- Não seria mais perigoso deixar crescer feiticeiros sem orientação, senhor? – Harry perguntou.


- De certo modo… - Lucius acenou. – Mas eu não te vou impor a minha posição, Harry. Tu ainda és jovem, e há ideias que só compreenderás totalmente com a idade.


- Sim, senhor. – Harry disse educadamente. Mas na sua mente Mr. Malfoy estava a esquecer-se de um ponto essencial ‘A sua mãe era uma nascida-muggle’. – Eu vou acabar a minha mala. Boa noite, senhor.


- Boa noite, Harry. – Lucius disse. ‘Uma pena’ pensava Lucius Malfoy ‘Mas ele é um Slytherin, e o sangue acabará por contar, mais tarde ou mais cedo’.


E, no dia seguinte, acordaram cedo, para apanharem o comboio em King's Cross. 


- Sabes conduzir, Harry? – Perguntou Mr. Malfoy, na manhã de dia 1 de Setembro.


- Sei, Mr. Malfoy…- Harry acenou.


A verdade é que aprendera a conduzir mal tivera altura para chegar aos pedais. Os rapazes mais velhos do seu clube de boxe costumavam dar-lhe boleia para casa, e ensinaram-no, e deixaram-no conduzir os seus jipes umas quantas vezes. 


- Podes levar um dos carros. – Sorriu Lucius Malfoy.


E para espanto de Harry, dois Aston Martins pretos esperavam-nos na entrada.


- Uau. Obrigado, Mr. Malfoy. – Harry saltou no ar. 


- Eu vou com o K. – Draco disse, entusiasmado. 


Daphne e Blaise foram com Mr. e Miss. Malfoy. Chegaram ao mesmo tempo a King’s Cross, Draco e Harry falavam animadamente sobre os planos que tinham para este ano, que acabaram por ficar um pouco para trás.


- Harry, Draco, despachem-se. – Chamou Mr. Malfoy, quando já todos os jovens tinham passado.


- Certo. Passem primeiro. Nós estamos a ir. – Draco gritou, acelerando um pouco o passo.


Lucius e Narcisa passaram a barreira. Entretanto, os Weasley chegaram e ultrapassaram Harry e Draco. E só mesmo para o irritarem, os Slytherin insistiram em pôr-se à frente de Ronald Weasley, que ficara para último da sua família, também.


Harry correu contra a parede entre as plataformas nove e dez. Mas em vez de passar, como acontecera o ano passado, embateu contra os tijolos. Draco aproximou-se mais devagar e bateu na barreir com a mão. “Está bloqueada” Murmurou Draco. 


Ainda faltavam cinco minutos para as onze, mas a barreira não abriu. E o comboio partiu sem eles.


- Há outra maneira de irmos para Hogwarts? – Draco perguntou.


- Temos o carro. – Harry disse, exibindo as chaves do Aston Martin.


Draco e Harry correram para o pé do carro, e Weasley seguiu-os a uma distância prudente.


- Sabes encantá-lo? – Perguntou Draco a Harry.


- Para quê?


- Para voar. – Draco respondeu, como se fosse óbvio. – Assim, poderemos seguir o comboio.


- Sei. – Harry acenou afirmativamente.


Harry encantou o carro para que voasse. Sentou-se no lugar do condutor e rodou a chave. Draco adicionou um feitiço de invisibilidade.


- Queres boleia, Weasley? – Harry perguntou, sarcástico, achando que o ruivo ia recusar.


Mas, surpreendentemente, entrou para o banco do passageiro. Foi a primeira vez que Harry reparou que Weasley tinha um rato.


- Não acredito, K. – Murmurou Draco.


- Não estava à espera que ele aceitasse…- Harry suspirou.


- És um idiota. – Riu-se Draco.


Arrancaram, e subiram. Cedo, passaram as nuvens, e moviam-se no vasto céu azul. Harry e Draco conversaram e riram o caminho todo. Weasley ia calado no banco de trás. Confirmavam a posição do comboio e iam direccionando o carro. 


Harry reforçou o Encantamento de voar algumas vezes durante a viagem, que, como era uma magia relativamente avançada e Harry não a dominava completamente, tinha tendência para falhar.


O feitiço falhou perto de Hogwarts, quando Harry se distraiu por um tempo. E apesar de ter conseguido repô-lo, depois de terem perdido um bocado de altitude, o Weasley entrara em pânico. Agitara a varinha no ar, e murmurara um monte de palavras, sem sentido. Ouviu-se um estrondo! O motor do carro desligou-se e começou a deitar vapor. E conseguira anular o feitiço de Harry, de alguma maneira.


Malfoy estava completamente agarrado ao acento, enquanto a queda recomeçava, directos ao lago. Harry tinha a varinha na mão, e tentava reparar o que quer que Weasley tivesse feito. Weasley estava pálido, e gritava “PÁRA”, batendo com a varinha no carro, o que não estava a ajudar.


Harry conseguiu que o carro subisse uns metros, novamente, evitando o que Draco chamaria mais tarde “morte certa”. Mas não tinham controlo sobre o volante, para se desviarem de uma enorme árvore no seu caminho. Aterraram na copa. A varinha de Weasley partiu-se com o impacto.


A árvore começou a bater no carro com os seus diversos ramos, e esmagou-lhes o capô. Weasley ficara sem voz, Draco mantinha-se calmo, respirando devagar. Harry estava de olhos fechados e varinha erguida, sussurrando feitços. De repente, agarrou-se ao volante e arrancou. “Recuperei parte do motor” Disse, entusiasmado e surpreendido consigo mesmo.


Parou à porta da escola, desligou o carro e respirou fundo, encostando-se ao banco. Depois, virou-se para trás e limitou-se a dizer: “És um idiota, Weasley”.


Ronald Weasley estava branco como o cal, e a tremer de medo. Abriu a porta do carro e vomitou-se no relvado. “Desgraçado” Comentou Malfoy com desdém, e Harry riu - era o nome que os Slytherin tinham atribuído ao ruivo, no ano anterior.


Saíram do carro. Quando Harry olhou para trás a árvore ainda agitava os ramos ameaçadoramente, mas a sua visão fixou-se no amolgado, riscado e de vidros partidos Aston Martin de Lucius Malfoy, e engoliu o seco.


- O teu pai vai matar-me. – Harry disse.


- O carro devia estar invisível. – Draco disse, quase sem voz.


Harry empalideceu. Se tivessem sido vistos por Muggles enquanto voavam atrás do comboio,enfrentariam sérios problemas (para além, dos que já esperavam enfrentar).

- Provavelmente, o feitiço quebrou-se quando o Weasley resolveu tentar fazer magia. – Harry respondeu.


Draco acenou. Os três caminharam para o castelo, arrastando a respectiva bagagem. Os Slytherin à frente, com Weasley atrás deles, o rato que tinha no ombro, parecia ter empalidecido tanto como o seu dono.


- Uh. Vão começar a Selecção – Draco disse, ao espreitar por uma janela iluminada, no final da escadaria, onde pousaram as malas.


Harry percorreu o Salão com os olhos, vendo os seus colegas sentados na mesa dos Slytherin, e desejou estar no meio deles. Os primeiros anos estavam reunidos em frente do banco do chapéu seleccionador, e a Professora McGonagall a desenrolar o pregaminho com os seus nomes. Gilderoy Lockhart sussurrava para Flitwick, que não parecia estar a ouvir. Mas havia um lugar livre na mesa dos Professores...

- Onde estará o Snape? - Perguntou Malfoy.


- Provavelmente, a escolher a poção mais difícil para nos perguntar o procedimento na aula…- Harry sorriu soturno. Snape era o seu professor preferido, e o Chefe de Slytherin. – Ou a envenenar o Lockhart para  ficar com o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas...


- Ou então foi corrido…- Disse o Weasley, rabugento. – Afinal, toda a gente o detesta…


- Ou talvez – Disse uma voz gelada atrás deles – Esteja à espera que vocês lhe expliquem por que motivo não vieram no comboio da escola.


Harry mesmo antes de se virar e enfrentar o olhar frio do Mestre de Poções, teve a certeza de que tinham arranjado sérios problemas. 


- Sigam-me. – Ordenou Snape.


Obedeceram sem uma palavra, e sem se atreverem a olhar uns para os outros. Foram conduzidos até ao gabinete do professor, nas masmorras.

- Chegar à escola no comboio não é suficientemente bom para vocês os três? - Snape perguntou, num tom gelado.  – Queriam uma entrada digna do grande herói do mundo mágico, e do herdeiro dos Malfoy, era? E, tu Weasley, não podias deixar que os Gryffindor ficassem atrás dos Slytherin em estilo, ou assim, não?

Snape só falara com tanto ódio a Harry na sua primeira aula de poções. Harry nunca descobrira porquê, mas parecia que o ódio estava, subitamente, de volta. Weasley baixou a cabeça, Draco pareceu desejoso de ripostar, mas Harry deu-lhe um pontapé, discretamente, para que se mantivesse calado, sabia que o tempo de explicar chegaria. 


- Potter, dá-me as chaves do carro. - Snape ordenou. E Harry pousou as chaves na mão estendida sem hesitar. - Sabem a sorte que tiveram por o vosso pequeno carro voador não ter sido visto por nenhum muggle? 


- Na realidade, aplicámos um feitiço de invisibilidade, senhor. – Malfoy disse, num murmúrio. E Harry desejou que ele tivesse ficado calado. 


- Silêncio. E não estão cientes de que não podem praticar magia fora da escola? – Snape continuou, ainda com mais rispidez. – Têm noção do risco em que colocaram as vossas vidas? Foi bastante clara a ineficácia dos vossos feitiços a julgar pela vossa aterragem. Para não mencionar os estragos que causaram no Salgueiro Zuzidor.


- Acho que podemos agradecer ao Weasley a aterragem. – Malfoy sibilou. 


- Como é possível causarem tantos problemas antes de sequer as aulas começarem? – Snape sibilou, ignorando o comentário de Malfoy.

O silêncio reinou por alguns momentos. Snape avaliou a postura dos três. Weasley queria responder, mas estava demasiado nervoso e assustado, para se conseguir concentrar. Malfoy revoltado com o ataque verbal do professor. O Potter estava calado, e estranhamente calmo. 

- Expliquem-se. - Snape, finalmente, murmurou. 


- A barreira bloqueou, senhor. E perdemos o comboio. – Harry falou, pela primeira vez. – Tentámos arranjar uma alternativa.


- E suponho que enviar uma coruja não servisse como alternativa, Potter? – Snape perguntou, sarcástico. Mas, pelo menos, não fora simplesmente 'porque sim', como ele pensara: que Harry agira como o seu pai era capaz de ter agido. 


O silêncio dos três alunos deu a Snape todas as respostas. Claro que perante a possibilidade de voarem num carro, não lhes ocorrera enviar uma coruja. 


- Se fossem todos Slytherin, garanto que estavam todos no comboio de regresso a casa ainda esta noite. – Snape sibilou. Harry e Draco ficaram, por uma vez, felizes por terem trazido Weasley com eles. – Não o sendo, vou buscar quem tem poder para tratar do assunto.


Quando Snape voltou, Dumbledore e McGonagall estavam com ele. Dumbledore pediu-lhes que se explicassem. Foi Draco quem falou, e não omitiu a parte da aterragem. Os olhos de Snape faiscaram num misto de diversão e desprezo, quando ouviu como Weasley conseguira quase matá-los a todos.


- Nós vamos buscar as nossas coisas. – Ron suspirou, no fim.


- Ainda não vamos expulsar-vos, Mr. Weasley. Damo-vos mais uma oportunidade. – Disse McGonagall. – O senhor venha comigo até ao meu gabinete.


Weasley levantou-se. Dumbledore virou-se para Snape: “Eu tenho que voltar ao banquete. Tenho a certeza que consegues lidar com esses dois.”. Snape acenou.


- O Professor Dumbledore escreverá às vossas famílias…. – Snape murmurou, mas o seu ódio parecia diminuído.


Harry não se importava minimamente que Dumbledore escrevesse para os Dursley, por outro lado, sentiu-se mal por Draco, imaginando a desilusão de Lucius Malfoy.


- Senhor…- Harry murmurou. – Não será possível…


- Espero que não estejas a sugerir que eu não informe Mr. Malfoy que espatifaste o carro dele, Potter. – Snape cortou. Harry calou-se. – Vocês têm sorte de não ter sido expulsos, e o vosso comportamento tem de ser impecável durante os próximos tempos, ou serão definitivamente expulsos.


‘Lá se vão as partidas que tínhamos planeado para os primeiros dias de aulas’ Foi tudo o que Harry conseguiu pensar.


- Sim, senhor. – Harry e Draco murmuraram.


- Além disso, terão, também, um castigo ainda por decidir. Depois, serão informados da data. Podem sair. – Snape disse.


- Senhor, será possível irmos ver a Selecção? – Perguntou Harry, cautelosamente.


- A Selecção terminou. E eu sugiro que vão directos para os dormitórios de Slytherin…- Snape disse. – Por falar em Slytherin…


- Senhor, o ano lectivo ainda não começara quando quebrámos as regras. Não me parece justo que os Slytherin percam pontos. – Harry disse, expectante. Draco sorriu. 


- Passem nas cozinhas, e peçam alguma comida. – Snape disse. – Sei que vocês os dois sabem como lá ir.


Claro que sabiam. Harry, Draco e Daphne tinham passado demasiadas noites a explorar o castelo para não conhecerem os seus segredos. 

_________________________________________________________________________

Xandevf: O Harry ainda só tem 12 anos, pareceu-me um bocado cedo para ter uma verdadeira discussão com o Malfoy, mas introduzi o tópico como sugeriu. =). Que tal ficou?
 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.