Doença



Chegaram na casa dela rápido. Hermione não se queixava de nada, mas Harry percebeu que ela estava piorando, estava suando (imaginava ele, suando frio) e um pouco mais pálida do que realmente era.



-Venha – ele a segurava pelo braço. – tem algum remédio que você toma quando tá assim?



-Tem sim... – estava com uma dor tão grande que achava que ia ficar cega. – no meu banheiro... Acho que ainda tem um frasco de... Hmmm – ela segurou a cabeça fechando os olhos, sem agüentar mais.



Ele entendia muito bem o que era dor de cabeça...

Com cuidado a pegou no colo.



-Harry tá tudo bem comigo... – ela abriu devagar os olhos e falava baixo, não estava agüentando nem sua voz, a sua cabeça estava estrondando. – pode me soltar.



Harry nem se deu ao trabalho de responder a coisa absurda que Mione falara. Ela não estava quente, estava queimando!



Ele a sentou na cama, e foi ao banheiro dela (que tinha no quarto), procurar um remédio. Voltou em menos de um minuto, não queria deixá-la sozinha.



-Tome. Ficará melhor... – pôs o comprimido em sua boca e lhe deu água.



Harry ficou ali, ao seu lado, de tempo em tempo verificando a temperatura da amiga. Sua febre só fazia aumentar, o remédio não adiantara em nada, e Harry já estava cogitando a idéia de levá-la a algum hospital.



-Harry me beija...? – pediu já delirando.



-Claro... – lhe deu um beijinho na testa.



-Não. Não é do meu modo – ela puxou seu pescoço e juntou seus lábios no dele, Harry tentou se afastar, mas quando a língua da mulher encontrou a sua, ele realmente não teve muitos pensamentos coerentes... “Assim!”.



Harry a empurrou calmamente para na cama, ficando em cima de Mione. E seus beijos estavam cada vez mais fortes.

Hermione sentia-se (mais) quente com Harry sobre seu corpo e estava realmente extasiada por essa aproximação, por seus beijos, por seu toque...

Harry se afastou respirando fundo.



-Me desculpe... – sentou no canto oposto da cama.



Ela deu um sorriso – não precisa pedir desculpas – Hermione foi até ele e pegou sua mão, percebeu estar fria, em contraste com a sua que parecia queimar. – Harry... Fica aqui. – então ela o puxou e deitou, fechou os olhos e dormir, com seus dedos entrelaçados nos dele. Harry suspirou e foi ver sua temperatura, não baixara em nada...



-=Lembrança do Harry=-



Cem dias me fizeram mais velho

Desde a última vez que eu vi seu lindo rosto

Mil mentiras me fizeram mais frio

E eu não sei se eu posso ver isso da mesma maneira



Depois da guerra, onde muitos saíram feridos e outros nem saíram... Harry estava com a cabeça um pouco confusa...

Céus... Quantas mortes, quanta destruição. Tudo por culpa de Voldemort, ao menos Harry Tinha a consciência de que o outro não mais poderia trazer mais desventuras aos seus...

Ele tinha sua parcela, não conseguia esquecer das perdas, das duras horas de terror, de sofrimento, de seu sangue escorrendo, dos de seus amigos e companheiros de batalha. Chegou a pensar que aquela seria sua última batalha... Certamente estava enganado.



Depois de pensar decidiu ficar longe de tudo e de todos, se reorganizar, quase como quisesse se reciclar. Dito e feito, quando saíra de seu exilo, mudara, a diferença era visível.

Tornara-se alguém mais tranqüilo (ou tentara), mais paciente. Guardava seu sarcasmo para as pessoas que realmente mereciam. Era provocante quando instigado. Respeitava a todos, mesmo que estes pisassem em seus calos, e sua timidez evaporou, saiu por terra... Seus olhos algumas vez brilhavam em malícia ou eram simplesmente lindos e verdes olhos. O sorriso demonstrava seus sentimentos, mas quase ninguém os entendia (poucos tinham o privilégio). Tornara-se por um tempo paquerador, mas esta fase ele não achou que combinasse consigo, no entanto achara divertido.



Contudo antes de toda essa mudança ele sofreu um ‘pouquinho’...



Todos os quilômetros que nos separam

Agora desaparecem quando eu sonho com você

Eu estou aqui sem você querida

Mas você ainda está em minha memória

Eu penso e sonho com você o tempo todo querida

Eu estou aqui sem você

Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E hoje à noite, há apenas você e eu

Os quilômetros simplesmente continuam a correr

Como as pessoas que deixaram seus caminhos para dizer olá

Eu ouvi que essa vida é superestimada

Mas eu espero que ela continue bem enquanto nós caminhamos



Os primeiros dias foram cansativos, estressantes, morgado.

A culpa o perturbava...

Será que realmente não fora dele a culpa de todas aquelas mortes? E quem poderia lhe responder? Se não o próprio coração? Se não o próprio sofrimento, se não ele mesmo?

Por isso necessitava de ‘um tempo’. Organizar nunca fez mal, e estava tão quebrado por dentro que realmente estava precisando dar uma ‘geral’ em si. Não poderia continuar a vida sem fazer esse balanço, no futuro sentiria falta (se não o fizesse).

Superado este caso, percebeu, felizmente, que fizera o que foi possível e tentara também o impossível. Agora, era só rezar para que aquelas almas descansassem em paz...



A saudade o irritava. Era má, era traiçoeira. Os dias passavam arrastados como se quisessem enlouquecê-lo, como se quisessem que Harry achasse que estava a mais tempo do que verdadeiramente estava lá...

Nas noites sonhava sempre a mesma coisa (ou quase). Não decidira qual era pior. Sonhar com seus amigos e pela manhã ver que seu real estado é diferente, passar o tempo sem eles ou o isolamento...

Ah! Mas à noite... Tudo era esquecido, suas frustrações, suas ânsias...



*Harry estava com ela, e esta sorria, o mais belo sorriso que já vira. Os cabelos soltos, o vestido azul céu que ficava divino na jovem mulher, sandálias na mão. E eles andavam na beira da praia, deserta, conversando tudo e nada, de mãos enlaçadas, o vento lambendo seus cabelos e o sol poente os observando*.



Algumas vezes o sonho era tão realmente que o homem assustava-se quando acordava. Tinha a impressão que tivera uma conversa ao por do sol com sua amiga, com Hermione. Algumas vezes até discutiam, outras brincavam e ainda houve um sonho onde eles, apenas, sentavam-se em um monte para ver o pôr do sol. Sempre o pôr do sol... Sempre Hermione... Sempre ela...



E por quê?

Por que não o Rony ou Gina?

E tudo que seu coração respondia era: Pense...



***

Eu estou aqui sem você

Mas você ainda está em minha memória

Eu penso e sonho com você o tempo todo querida

Eu estou aqui sem você

Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E hoje a noite garota, há apenas você e eu

Tudo que eu sei, e em qualquer lugar que eu vou

É difícil, mas isso não acabar com o meu amor

E quando a última pessoa disser, quando tudo estiver dito e

feito



Amar? Claro que sim. Sua melhor amiga era uma pessoa especial, difícil não querer que ela fique perto de si. Ela tinha um lugar reservado em seu coração, assim como Gina, Tonks, e Sra. Weasley...

Só não pensara nela, assim, do modo como olha outras garotas. Hermione sempre esteve ao seu lado, era até estranho pensar nisso. Ainda porque ela mesma lhe ajudava em suas conquistas, desde, desde... Sempre. Aconselhava-lhe, lhe escutava e muitas vezes dava o braço a torcer por ele (e isso com certeza era impressionante, visto que, aquela menina, aquela amiga, aquela jovem mulher, era um poço de teimosia, assim como ele).

Nunca negou que Mione fosse bela, era uma das mais lindas do colégio, não era cego, só usava óculos... E também a mais inteligente. Não iria enumerar suas qualidades, tinha diversas, acabaria passando horas e mais horas num discurso. Assim como também conhecia seus defeitos, não julgava ‘defeitos’, mas sim ‘manias’, pequenas imperfeições... Adora o jeitinho dela, todo pessoal e peculiar. Ama suas mãos e simplesmente é apaixonado por seu olhar, e seu sorriso é o mais sincero que conhece e quando está nervosa, tem aquela mania de morder o lábio inferior... Ainda não disse nada sobre as pernas (‘céus! Estou pensando nas pernas dela! Nas pernas da minha amiga! São... Perfeitas. São tão... Estou sem palavras’).



E toda essa abstinência poderia estar o machucando, mas também o curava. Ele precisava desse tempo, dessa estranha liberdade. Não que esquecesse de tudo que lhe esperava quando saísse, de tudo que viveu, de seus amigos, de Hermione, de suas manias.



E por quê ela? – perguntou pela última vez a seu coração.

Este quase num suspiro respondeu: “Você não vê? Não entende? A resposta é simples: Porque você quer assim!”.



***



Chegara a hora de voltar, de emergir. De viver...



É difícil, mas isso não vai tirar o meu amor

Eu estou aqui sem você querida

Mas você ainda está em minha memória

Eu penso em você e sonho com você o tempo todo querida

Eu estou aqui sem você

Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E hoje à noite, há apenas você e eu



-Senti saudades – disse beijando-lhe o rosto. Ela pareceu desabar, mas ao contrário, o abraçou firmemente, suas mãos em volta do pescoço dele.



-Não queria estar assim e nem lhe falar isso, – murmurou – mas eu também senti saudade suas, seu ingrato! – sorriu fazendo biquinho e ao se separar dele cruzou os braços e bateu o pé, como se quisesse explicações. – Então?



-O quê?



-Ora! Não vai me contar nada? Esperava mais de você Potter. – ergueu a sobrancelha - Primeiramente, por exemplo, que se ajoelhasse a mim e pedisse perdão! – exclamou matreira.



-Veja só! – apontou pra a jovem mulher a sua frente. – Mas que impertinência! – riu-se.



-Eu quero saber de tudo.



-Mas tudo eu não posso contar – ele sorriu maliciosamente.



Hermione estreitou os olhos perigosamente. – Então... – disse lentamente. – O que pode contar?



-Que eu estava realmente com saudades dessa minha amiga tão mandona, e agora me pergunto o porquê meu Deus! Porquê? – ela lhe deu um tapa. – Ah! Sim – disse se afastando. – eu amo suas tapas... E suas reclamações e...



-Mocinho é bom que seja um elogio!



-E... Eu não consegui ficar um instante sem ver o sorriso dela, nem consigo me concentrar se ela não está ao meu lado lendo um livro grotescamente grande. E, infelizmente – ele deu um suspiro penoso (fingido) - não vivo sem seus conselhos, Srta. Granger. É ainda Senhorita não?



-Harry você, não tem... Jeito – disse puxando-o para mais um abraço. – Não passamos tanto tempo longe assim. – e assim escondendo uma lágrima que caia solitariamente.



-Cem dias, quatorze horas, trinta e cinco minutos e – ele consultou o relógio. Mas Hermione não o deixou prosseguir.



-Seu bobo!



-Não! – fingiu-se de ofendido – Sou o amor da sua vida – falou como se fosse um sabia, erguendo a cabeça, em sinal de superioridade.



Hermione apenas riu satírica.



-Admita Mione! Não adianta – ainda continuava no mesmo tom. – Eu amo você e você me ama - a mulher só fez virar a cabeça para o lado e dar um sorrisinho terno.



-=Fim da lembrança=-



Olhando-a de lado, pôde ver cada traço já tanto conhecido por ele... Aquele rosto tão dele... Com a mão livre, lentamente acariciou os lábios dela, Hermione suspirou prazerosamente. Era tão maravilhoso observá-la dormir... Sem se conter, passou a acariciar a sua face. Ela protestou com a súbita parada dele. Harry havia tirado a mão do rosto da amiga. ‘O que estou fazendo?’, quando nesse momento estava acariciando o cabelo dela, visivelmente a mulher ficou mais calma.



-Droga de... amor – murmurou. Hesitando, tirou a mão dos cabelos dela. Ele suspirou e tentando, sem sucesso, tirar a outra mão das da amiga, acabou por ficar observando-a dormir calmamente a noite inteira...



Quando Harry percebeu estar amanhecendo, se afastou de Mione lentamente, para não acordá-la. E desceu as escadas (depois de tomar um banho rápido no banheiro do quarto da amiga) para preparar seu (dela) café da manhã. Subiu as escadas com a bandeja que tinha de frutas a leite quente. E esperou até que acordasse, não demorou muito.



-Hã. Harry me desculpe se fiz alguma coisa com você. – falou sentando-se na cama. - Quando fico delirante tenho esse costume – ela sorriu sem graça. Lembrava muito bem do que tinha feito. Não que se arrependesse completamente, e esse pensamento que lhe causava algum transtorno.



Harry apenas sorriu medindo sua temperatura. – Você não fez nada demais Mione. Só confundiu Edwiges com um monstro de duas cabeças. – ela arregalou os olhos. – brincadeira.



A jovem mulher ainda queimava em febre.



-Então...? Qual é minha temperatura.



-Está melhor – disse simplesmente. – Agora você tem que se alimentar – ela balançou a cabeça negativamente. - Fiz algumas coisas.



-Não quero comer... – falou com voz enjoada – Não...



-Você tem que se esforçar – disse em tom que não admitia desculpas. - E depois tomar banho.



Forçadamente comeu um pedaço de pão, um pedaço de queijo, um copo de café e depois uma maçã.



-Consegue ficar de pé?



-É claro que eu consigo ficar... – suas pernas não obedeceram.



-De pé?! – ele a segurou.



-Harry... Eu to com vontade de...



O tapete ficou todo sujo. E Harry rapidamente a levou para o banheiro. A colocando de fronte ao vaso sanitário. Quando viu que ela tinha posto tudo para fora, ele a levantou cuidadosamente e lavou sua boca. Logo depois abriu a porta do Box do banheiro e a despiu, para que pudesse tomar banho, deixou a água fria cair por todo seu corpo (que ardia em febre) e depois a enrolou numa toalha e a pegou no colo, colocando-a na cama...

Buscou no armário de Hermione roupas: calcinha, sutiã, bermudão e uma blusa. E a vestiu.



-Mione... O que você tem...? – suspirou preocupado, enquanto ela dormia novamente. – Será que ficou tão irritada assim?



Ele estava esgotado ao fim daquele dia, mas feliz a febre já havia passado.



Hermione abriu os olhos com um pouco de dificuldade. Esfregando-os, tentou outra vez. Desta conseguiu ver estreitando os olhos o vislumbre do local. Ao se acostumar com a luz que vinha da janela aberta, observou com mais atenção o quarto. Estava todo limpo, organizado, como ela sempre deixava. A não ser por um corpo no sofá dali estava tudo OK. Percebeu depois que o corpo não passava de Harry dormindo precariamente ali.



-Coitado... – anelou – acho que dei trabalho. Ao menos, pelo jeito, dessa vez não fiz nenhum objeto voar, quebrar, rasgar...



Hermione, às vezes, tinha esse problema quando ficava irritada ou nervosa (não sempre). Mas nunca durava um dia inteiro, na maioria das vezes eram só algumas horas.

Então ela elaborou uma hipótese, onde culpava também Harry, que estava muito ‘próximo’ a ela, aquecendo-a, beijando-a (não se lembrava de ter sido forçada, mas isto era um mero detalhe). Resumindo: se irritou com Eric lá na festa, com suas amigas (“Eu estava com ciúmes de Harry? Hã... Sim?!”), com Cathy que quase pulou no pescoço de Harry, nervosa com o plano e estava nervosa por não saber se Harry havia sentido tudo e o mais um pouco que a mesma sentiu. Juntando tudo, resultava em cor de cabeça, febre e vomito. E ainda tinha a parte que ela não lembrou, Harry havia lhe banhado!



-É acordá-lo. Pelo menos para ir para cama...



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