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Capítulo IV – Red as Blood


- Help -


Crack.


Hermione estremeceu ao ouvir o barulho, mas não quis abrir os olhos ou mudar de posição.


Estava perdida no meio de uma floresta, sozinha e fraca demais para se mover. Mesmo que abrisse os olhos não conseguiria enxergar nada. Tudo estava escuro e fazia tanto frio que poderia sentir seus ossos tremerem.


Crack.


Apertou os olhos e protegeu o rosto com as mãos. Estava certa que algum animal já sentira seu cheiro e estava vindo em busca de comida fresca. O que ela poderia fazer? Subir em uma árvore? Não tinha força para tanto. Correr? Poderia até dar certo, mas não duraria três metros. Voltar para casa? Bellatriz ficaria muito feliz em ter seu coração em uma bandeja. Então que o pobre animal fosse o felizardo em ter seu coração. Entre Bellatriz e o animal, mataria a fome de um ser inocente.


Crack!


Hermione se encolheu e esperou.


E esperou, esperou, esperou... E ouviu vozes. Talvez o caçador tenha voltado atrás e estivesse lhe caçando.


- Quer parar de fazer tanto barulho?  - Disse uma voz suave.


- Desculpe se você me fez trocar uma cama quentinha e macia pela madrugada fria e escura de uma floresta. – Respondeu outra voz suave, porém apática.


- Eu já disse que ouvi alguma coisa! – Exclamou a primeira voz.


- Ah sim, vivemos no meio de uma floresta e seria estranho se você não ouvisse um barulho. Não me olhe assim! – Ralhou a segunda voz. Talvez a primeira tenha feito uma careta para a outra.


Por um momento Hermione ficou feliz. Isso não só significava que o caçador não tinha mudado de ideia como haviam pessoas vindo ao seu encontro. Estaria salva! Ou talvez Bellatriz já tivesse colocado outras pessoas para lhe caçar, mas, a julgar pelo diálogo que ouviu, essas vozes não aparentavam saber nada a seu respeito.


- Socorro! Alguém me ajude! – Hermione tentou gritar, mas o que ouviu foi apenas uma voz áspera e baixa.


- Você ouviu? – Perguntou a primeira voz e ouve uns instantes de silêncio até que a outra voz respondeu de um jeito emburrado:


- Ouvi.


- Vamos! Estamos perto.


Hermione ouviu passos se aproximando e viu ao longe duas bolas de luzes.


Espremeu os olhos e percebeu que as bolas de luzes eram na verdade dois candeeiros erguidos por braços finos.


- Achamos! – Gritou uma voz e as duas pessoas correram ao encontro de morena.


A última coisa que Hermione viu foram dois pares de olhos lhe encarando.


Depois, tudo ficou preto.


---X---X---


 


O cheiro de comida caseira penetrava suas narinas.


Era tão bom que não precisava nem provar a comida. O simples fato de sentir o aroma já a deixava completamente saciada. Sem contar que a cama onde estava deitada era quente e muito macia. Então a ficha lhe caiu: não estava na casa que fora de seu pai. A triste realidade do dia anterior explodiu em sua mente e uma pergunta surgiu em sua cabeça: onde estaria? A última coisa que lembrava era de ter ouvido vozes na floresta, local onde fora abandonada e passara momentos de terror, e de ter desmaiado ao ver dois pares de olhos. Será que os empregados de Bellatriz tinha lhe encontrado? Não, se realmente tivesse sido pega, não estaria sendo bem tratada.  Então, onde estava?


- Finalmente você acordou. – Disse uma garota com longos cabelos loiros acinzentados e olhos extremamente azuis. Exibia um largo sorriso em seu rosto sonhador. – Como se sente?


Hermione olhou para a menina temerosa e se encolheu na cama. A garota loira se aproximou um pouco de Hermione com o olhar terno.


- Calma, não precisa ter medo. Sou sua amiga. – Ela falou enquanto puxava uma cadeira presente no quarto e sentava-se ao lado da cama onde a morena estava.


Não havia motivos para Hermione ter medo dela, pois, se ela quisesse tê-la machucado, tivera a oportunidade perfeita de ter o feito enquanto ela estava desacordada. Sem contar que ela devia ter lhe trazido para esse lugar, qualquer quer fosse, e tinha cuidado dela. Hermione sentou-se na cama e fez menção de levantar, mas a loira impediu.


- Fique quietinha. Você ainda está fraca e deve está com fome. – Ela segurou Hermione e a fez voltar para a cama. – Gina – Gritou em direção à entrada da porta do quarto – Ela acordou. Importa-se de trazer o café da manhã?


- Sempre sobra para mim! Você deve achar que em minha testa tem cravada a palavra escrava. – Hermione ouviu uma voz meio irritada, meio controlada vim de algum outro cômodo.


- Não quero prejudicar ninguém. Eu nem estou com fome. – Mentirosa! Podia sentir o estômago seco e colado em seus ossos. Qual teria sido a última vez que tinha comido? No almoço antes de Bellatriz manda-la se arrumar? No café da manhã? Mas preferia morrer de fome a trazer trabalho para as pessoas que tinham lhe acolhido.


A garota a encarou com outro sorriso.


- Não se preocupe. Gina rosna, mas não morde. Ela não via a hora de você acordar. E a propósito, meu nome é Luna Lovegood¹.


Hermione riu com o comentário até sua atenção cair na garota que entrava no quarto. E não foi o cabelo de fogo ou os olhos castanhos claros e muito menos a pele clara com sardas em sua bochecha, mas sim na bandeja que tinha em suas mãos. Estava recheada com pães, maçãs e um cacho de uvas verdes. Tinha até uma tigela com azeitonas e algumas nozes.


- Imaginei que não estivesse com fome. – Ouviu Luna dizer enquanto sorria mais uma vez.


Gina colocou a bandeja cuidadosamente no colo de Hermione e depois a encarou.


- Você está melhor? – Perguntou e Hermione percebeu que havia preocupação em sua voz.


- Sim. – Hermione respondeu a pergunta de Gina e ficou a encarando com medo. Parecia que ela iria lhe colocar para fora daquela casa a qualquer momento.


- Você não me fez trazer essa bandeja de comida até aqui para não comer nada. Coma logo de uma vez antes que o pão esfrie ou eu mesma vou comer. – Gina falou por fim rindo.


 


---XX---XX---


 


Todos os aldeões pararam o que estavam fazendo ao ouvir o som da trombeta real tocar em plena praça principal e ficaram espantados ao ver que uma carruagem do castelo se aproximava ao abriram caminho para a passagem. A carruagem parou no centro da praça e o cocheiro que a conduzia desceu com um tapete vermelho nas mãos e o fez rolar da porta de entrada da carruagem até um ponto qualquer. Abriu da porta do veículo e, enquanto outro servo voltava a tocar a trombeta, Draco, Harry e Rony desceram da carruagem.


- Apresento-lhes Sua Alteza Real Príncipe Draco Black Malfoy Mountbatten-Windsor², Sua Alteza Real Príncipe Harry James Potter Mountbatten-Windor  e Sua Alteza Real Ronald Bílius Weasley de Ottery St. Catchpole³.


Todos os presentes se curvaram e várias jovens empurravam umas as outras para chegarem perto dos Príncipes. Era a chance que tinham de serem notadas e quem sabe ter a sorte de conquistar algum membro da família real. Claro que ajudava muito a ideia deles serem bonitos e charmosos.


Draco ajeitou sua roupa enquanto um servo colocava uma espécie de banco real para que o mesmo subisse e fizesse seu anúncio. Rony e Harry estavam ao seu lado e Harry desejou-lhe sorte. Talvez a garota chamada Hermione aparecesse e essa era a oportunidade de Draco.


 Assim que Draco subiu no banco a multidão, que cochichava (Não era todo dia que você via um príncipe em plena praça principal. Geralmente eram os servos que faziam os anúncios reais), o silêncio pairou. Draco pigarreou e ergueu a cabeça para encarar o seu povo.


- Povo britânico, meu povo, vocês devem estar se perguntando o que um membro da realeza faz na praça principal, se perguntando o motivo do príncipe herdeiro e outros dois membros da realeza britânica estarem fora do castelo, qual seria um motivo forte que os fizera agir assim? Eu vos digo meu povo. Venho aqui, em plena praça principal para pedir que façam um favor ao seu príncipe herdeiro, príncipe esse que um dia governará esse país com o mesmo amor, inteligência e coragem que meu pai, Rei Lucius. Um pedido que trará uma boa recompensa àquele que cumprir – Draco percebeu que a multidão se animava – sem contar a grande honra em ter ajudado seu príncipe. Venho pedir-vos que me ajudem a encontrar uma bela jovem – Muitas meninas suspiraram em desagrado. Então o príncipe já tinha alguém? – que encontrei em um dia iluminado por nosso santo Deus e que por obra do destino não tive a oportunidade de reencontrar. Uma jovem que roubou meus pensamentos e meu coração. – Agora as meninas suspiravam em sonho. Quem seria a moça que deixara o príncipe romântico e apaixonado? – Uma jovem com cabelos tão negros como uma noite de frio. Com a pele tão branca que pode ser comparada a neve e que tem os lábios da cor do sangue. Uma jovem, meu povo, cujo nome não sai dos meus pensamentos e é a única pista que tenho dela. Seu nome é Hermione e aquele que souber qualquer informação sobre essa jovem terá até o fim deste dia para comparecer ao castelo e dizer na presença do rei e da rainha tudo que sabe. Atendam ao apelo de seu príncipe meu povo e não vos arrependerão.


Ao terminar seu discurso, Draco desceu do banco e acenou para o povo enquanto entrava na carruagem seguido por Harry e Rony, que também acenavam (Rony chegou a jogar sua cartola para uma das moças que suspiravam). Enquanto o cocheiro chicoteava os cavalos para fazer a carruagem andar, Draco encostou sua cabeça no forro de veludo e Harry encarou Rony.


- O que foi?  - Perguntou sem entender.


- Você não perde uma oportunidade. – Falou.


- Está se referindo a cartola? – Rony perguntou presunçoso. – Bem, ela era minha e eu podia fazer o que quisesse com ela. – Riu.


- Será que dará certo? – Interrogou Draco sem notar o que os amigos diziam.


- Só nos resta esperar, não? – A pergunta de Rony soou mais como uma afirmação.


 


---XX---XX---


Luna encarava Hermione com pena.


- Então você viveu esses anos todos sendo tratada como uma escrava? Sem ter direito a sua herança? Hermione, isso é muito injusto! – Exclamou Gina irritada.


- Sei disso, mas o que eu poderia ter feito? Bellatriz poderia ter tentado me matar...


- Ela já está fazendo isso querida. – Luna segurou as mãos de Hermione.


- Eu só não entendo o motivo dela tentar isso agora. Quero dizer, todos esses anos ela me tratou como uma...


- Escrava! – Exclamou Gina.


- Sim, como uma escrava. Ela tomou tudo que era meu, apagou da casa que é minha por direito todos os resquícios da existência de meus pais e eu sempre vivi entre os ratos e quer saber de uma coisa? Nunca em minha vida eu reclamei. Nunca! Por sempre sentir medo dela, do que ela poderia fazer comigo, mas tentar me matar? O que eu poderia ter feito? Estou com medo e sou sozinha no mundo. O que será de mim agora? – Hermione perguntou nervosa. No canto do seu rosto pequenas lágrimas ameaçavam sair de seus olhos.


Luna e Gina se entreolharam e sentaram perto da garota.


- Calma Hermione – Luna disse afagando seus cabelos cacheados e pretos – Você não está sozinha.


- Você tem a nós agora e eu não vou deixar que nenhuma madrasta má faça algo contra você. Estarás  segura aqui conosco. – Gina lançou-lhe um sorriso amável.


Hermione olhou para as duas meninas ao seu lado. Então estaria segura agora? Teria encontrado pessoas que poderia chamar de família?


 


---XX---XX---


 


Era quase o por do sol e os raios de luz não iluminavam mais o palácio com a energia de quando nascera. Rony e Harry disputam uma pequena luta com suas espadas enquanto Draco apenas observava o sol se pondo. Estava desanimado. Quase nenhum de seus súditos tinham lhe trazido notícias sobre sua amada e os poucos que apareceram não passavam de mentirosos que queriam zombar de seus sentimentos em troca de umas moedas de ouro. Era certo, já não tinha esperanças de um dia reencontrar Hermione.


- Alteza – Um servo chamou a atenção de Draco – O rei e a rainha pedem a sua presença no grande salão. – O servo se retirou e Draco, Harry e Rony foram em direção ao grande salão.


As portas foram abertas e era possível ver o rei e a rainha sentados confortavelmente em seus tronos reais no fundo do salão e cercados por uma enorme guarda.  Draco notou que havia uma figura diferente, uma pessoa a mais ao centro do salão e sorriu ao perceber que só poderia se tratar de um assunto.


 - Meu filho – O rei Lucius olhou em direção a Draco, que tinha Rony e Harry atrás de si, como cães de guarda curiosos – Esse homem diz saber onde podemos encontrar a moça que tanto procuras.


Draco olhou em direção ao homem e o analisou. Pelas roupas que ele usava só podia ser um caçador e caçadores não poderiam ser confiáveis. Poderia ser mais um aproveitador.


- Meu pai – Draco virou-se de modo a ficar de frente para seus pais – Vejo que esse homem é um caçador. Não que eu queira fazer julgamentos, mas, seria apropriado confiar nas palavras de um...


- Caçador? – Interrompeu o homem com um sorriso debochado – Alteza, vossa majestade já está fazendo um julgamento. Por que não seriam as minhas palavras confiáveis? Sua desconfiança parte da observação que fez em minhas vestes ou por eu ser um homem a negociar com todo o tipo de pessoa? Ou ainda seria pelo fato, sem ofensas Majestade, do medo que vossa alteza tem em acreditar nas palavras de um homem que conhece cada canto Inglaterra?


- Que insulto! – Harry disse ultrajado – Como ousa você, um simples plebeu, direcionar-se assim com um membro da realeza! Com o seu futuro rei!


- Acalme-se Harry. – Disse a rainha Narcisa imperiosamente – Este homem tem suas razões. Meu filho o julgou sem ao menos ter ouvido o que ele tem a dizer. Não é assim que o futuro rei deve tratar seus súditos. – Ela olhou para o filho. Draco sentiu-se envergonhado.


- Hmm... Talvez eu tenha feito realmente um julgamento precipitado. Perdoe-me. – Draco falou para o homem.


- Onde já se viu um príncipe pedir desculpas a um súdito? É o fim do mundo. – Algum guarda sussurrou um tanto alto.


- Silêncio! – O rei Lucius exclamou e todos se calaram – Qual o seu nome caçador?


- Severo Snape. – Snape falou olhando para o rei. Todos poderiam ver o sorriso que aparecia no canto de sua boca.


- Diga quais os motivos que o trouxeram aqui. – Lucius ordenou.


- Primeiramente, o que chamou a minha atenção foi a recompensa...


- Conte-nos uma novidade. – Disse Rony.


- E depois por que acho que a menina precisa de ajuda. – Snape continuou a falar como se nunca tivesse sido interrompido.   


- Como precisa de ajuda? Hermione corre perigo? – Draco perguntou preocupado – DIGA-ME CAÇADOR! EU ORDENO!


Snape riu mais uma vez.


- Draco! – Narcisa censurou o filho. Ele não percebia que com atitudes como essa fariam apenas com que o caçador zombasse ainda mais dele? – Continue a falar. – Ordenou para Snape.


- A menina precisa de ajuda. Fui contratado para fazer um serviço com a garota.


- Serviço? Que tipo de serviço? – Perguntou o rei.


- Fui contratado para mata-la.


Os olhos de Draco arregalaram-se ao ouvir tais palavras.


 


 
 


Luna e Gina Lovegood¹ - No próximo capítulo será explicado de onde elas vieram e quem são.


Mountbatten-Windsor² - Família real Britânica. Achei que ficaria legal juntar os nomes dos personagens com  o da verdadeira família real.


Ottery St. Catchpole³ - Bem, se você é fã de verdade da saga deve saber que lugar é esse.


 


 


 

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Comentários (1)

  • sonimai

     Luna e Gina Weasley  são parentes do Rony,ou não................hmmmmmmmm muito curiosa,hehehe 

    2012-07-04
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