Hate

- Hate -

 

Olhou para os lados mais uma vez antes de puxar a varinha das vestes e destrancar a porta.

Entrou no quarto rapidamente e fechou como de costume a porta. Caminhou até o espelho e puxou o lençol, jogando-o de lado como há anos fazia. Encarou o reflexo no espelho e quase sorriu ao notar que continuava tão bela quanto sempre fora. Passou uma mão pelo tecido de veludo preto de seu vestido, como tentasse se livrar dos vestígios de poeira que pudessem tirar seu brilho, e com a outra empunhou a varinha em direção ao espelho.

- Espelho, espelho meu, quem é a mais bela de todas?

O rosto que conhecia bem surgiu no centro do espelho e Bellatriz pode ouvir sua voz grave outra vez.

- Você é bela senhora, isso é verdade...

Não esperava ouvir outra resposta. Sabia que era a mais bela de todas. Tinha tirado do seu caminhou a pedra que lhe incomodava.

- Mas Hermione Black possui beleza maior.

Arregalou os olhos.

Hermione Black estava morta, não estava? O próprio caçador que contratara tinha trazido o coração dela e lhe mostrado. Na verdade, a cozinheira estava preparando o coração da menina para lhe ser servido no jantar. A garota estava morta. Entretanto, o espelho não mentia.

Não se enganava.

Isso só podia significar uma coisa...

- Ela está viva. – Murmurou com ódio.

Levantou a cabeça e encarou o espelho. Viu sua expressão de raiva e em um surto apontou a varinha para o espelho e o explodiu, fazendo com que vários cacos de vidros flutuassem pelo cômodo.

- NÃO! – Gritou.

 

---X---X---

 

Parou perto de um lago.

Precisava descansar e Maurice não aguentaria cavalgar por mais tempo se não bebesse um pouco de água. Harry havia se afastado dos outros. Estavam na floresta que o caçador Snape havia dito onde tinha deixado à garota Hermione Black. Abandonado seria o termo mais correto, porém não poderia dizê-lo na frente de Draco. Seu amigo agora confiava no tal caçador, pois ele era a única chance de encontrar a menina que amava, e Snape liderava a tropa que fora designada para procurar por ela. Desceu de seu cavalo e o levou até a beira do lago. Deixou-o se deliciar com a água cristalina e olhou ao redor, observando o belo lugar. Sua atenção foi tomada por um ponto incomum. Sorriu ao notar que uma garota tentava pegar uma maçã em uma parte mais alta de uma macieira. Não havia percebido a presença da mesma antes. Deu de ombros e foi ajuda-la, afinal de contas um cavalheiro como ele não poderia negar ajuda a uma dama, mesmo que ela não o tivesse pedido. Aproximou-se e levantando os braços, pegou com facilidade a fruta que a menina tanto ansiava ter em mãos.

- Mas o que...

- Sua fruta jovem dama. – Harry esticou o braço na direção da menina de forma educada e um tanto charmosa demais. A garota era bonita, não negava, mas o que chamada sua atenção eram os cabelos ruivos. Eram lindos e de repente Harry sentiu a vontade acaricia-los, de toca-los. Oras bolas! O que era isso?

Mas a garota apenas o encarava presunçosa.

- Pode ficar com a maçã para si. – Disse-lhe seca – Não lembro-me de ter pedido sua ajuda. Sou completamente capaz de conseguir pegar uma fruta em uma simples árvore. – E deu-lhe as costas caminhando em direção a um cesto que continha outras maçãs.

Harry ficou paralisado.

Geralmente as garotas sempre eram educadas e lhe davam sorrisos, eram sempre doces e meigas quando falavam com ele.

E essa garota tinha sido um pouco... Grossa demais.

- Você sabe que essa não é a forma mais adequada de uma dama se dirigir a um cavalheiro? – Perguntou caminhando atrás dela. A garota parou ao ouvir a sua voz e quando se virou para ele, Harry poder ver sua raiva.

- E agora vai querer dizer como devo falar? Quem é você e por que pensa que tem o direito de falar assim comigo? – Perguntou irritada.

- Bem, só acho que você deve ser mais simpática ao falar com os outros, quero dizer, deveria agir como as outras jovens de sua idade. – Harry falou do mesmo jeito que um professor fala com seu aluno. – Eu só estava querendo ajudar e você nem sequer agradeceu. – Disse um pouco ressentido.

A garota jogou os cabelos ruivos para trás e olhou para Harry com desprezo. Depois, assumiu um ar angelical.

- Pensando bem, você está certo meu querido. – Ela falou docemente – Perdoe-me pela minha falta de educação com vossa... – Ela parou de falar e olhou sugestivamente para Harry, como se pedisse para o garoto dizer seu nome.

- Majestade. Chamo-me Harry. Príncipe Harry Potter. – Ele notou que a expressão da menina não mudou ao saber de seu título nobre. Estranho, normalmente as jovens se derretiam e seus olhos brilhavam.

- Entendo alteza, perdoe-me pela minha falta de educação. Se me permitir, pretendo recompensar-lhe por minha atitude grotesca. Peço apenas uma oportunidade. – Ela disse com meiguice.

- Oportunidade concedida. – Harry falou sorrindo.

Foi então que a menina enfiou uma das mãos na cesta de começou a tirar as maçãs de dentro da mesma e joga-las na direção dele.

- Mas...! – Harry chocou-se pela atitude da menina enquanto tentava se proteger das maçãs.

- Nunca mais diga nada sobre mim! Isso é para você nunca mais dizer que como Gina Lovegood deve se portar diante de uma pessoa tão desprezível como você! – Gina estava irritada. Aquele maldito príncipe tinha lhe tirado do sério.

- Pare! Estás a me machucar! – Disse Harry enquanto se afastava.

- Isso, vá embora e nunca mais volte aqui! – Gina falou enquanto jogava a última maçã no rapaz que se afastava. Olhou para o cesto vazio e bufou de raiva. – Ótimo! Fiquei sem maçãs!

 

---X---X---

 

- O bosque está diferente! – Luna falou enquanto olhava por uma janela um coelho correr assustado. – Os animais estão agitados demais. – Virou-se para Hermione. – Há alguma coisa de errado. Espero que Gina volte logo.

Hermione concordou.

Não queria que algo de errado acontecesse com Gina ou com Luna. Elas haviam lhe acolhido e eram boas pessoas, apesar dos problemas pelos quais já haviam passado. Acabou descobrindo com os dias que passou na companhia delas que Gina e Luna eram irmãs e que seus pais haviam morrido há muito tempo, deixando-as sozinhas. Pelo menos elas não tiveram que viver com uma madrasta que as maltratavam, porém a vida delas não haviam sido fáceis. Gina era a mais velha e desde que perdera os pais era ela quem caçava e fazia de tudo para dar uma vida boa a Luna. Hermione chegou à conclusão que deveria ser por isso que Gina não confiava muito nas pessoas ou então era grossa às vezes. Ela tinha se tornado forte pelas circunstâncias da vida e sempre deveria ficar em alerta. Entretanto, Gina era uma boa pessoa e Hermione a admirava por sua coragem e por não deixar que ninguém lhe dissesse o que deveria fazer.

Luna era mais meiga e sempre via a bondade nas pessoas. Hermione achava que essa não era uma boa qualidade, pois pessoas ruins como Bellatriz saberiam como se aproveitar de Luna. Porém, ela não se deixava enganar. Luna também era muito forte, da maneira dela, mas era. Hermione não conseguia esquecer que se não fosse pela coragem de Luna, ela poderia estar vagando sozinha pela floresta e quem sabe poderia estar morta. Seria sempre agradecida as irmãs Lovegood. Sempre.

A única coisa que não gostava era dos cabelos de Luna. Não que tivesse alguma coisa contra, mas era que ao ver os cabelos loiros da amiga, Hermione lembrava-se do dia em que encontrara o garoto loiro e de olhos azuis no bosque. O garoto estava presente em seus pensamentos e sonhos. Ela queria saber o nome dele e vê-lo mais uma vez. Vivia se perguntando se ele pensava nela ou se estaria a sua procura. Hmm... Achou difícil. Por que um garoto como aquele iria perder tempo à procura dela? Tudo bem, estava se vestindo melhor graças as roupas que Gina havia lhe dado e não era tratada mais como uma escrava.  Agora estava mais apresentável, mas será que ele gostara de Hermione? Por que quanto mais pensava nele, mais Hermione chegava à conclusão que estava gostando do garoto o que era um absurdo, uma vez que ela só o tinha visto uma vez.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho que veio do lado de fora da casa. Seus olhos se abriram e encontraram os de Luna, abertos iguais aos seus.

- O que foi isso? – Perguntou temerosa. – Será que Bellatriz me encontrou?

- Não pode ser Hermione, ela não teria como lhe encontrar aqui. Esse som foi forte demais. Talvez Gina tenha deixado seu cesto cair no chão ou então... Oh Deus! Ela pode ter se machucado. – Luna foi em direção à porta e a abriu. – Venha Hermione, vamos ver o que houve.

Hermione e Luna correram alguns metros e pararam quando um cavalo agitado passou por elas.

- Um cavalo selado? Por aqui? – Luna perguntou sem entender – Oh meu Deus, Hermione! Talvez a pessoa que o montava esteja ferida.

Ela estava certa. Há apenas alguns centímetros delas estava um corpo caído no chão. Aproximaram-se e Hermione viu um jovem de cabelos ruivos desacordado. Ele estava com corte na testa que sangrava muito. Luna se aproximou dele e acariciou os cabelos ruivos.

- Venha Hermione, me ajude! Precisamos leva-lo até a nossa casa. – Ela disse quando notou que Hermione estava encostada, amedrontada, a uma árvore. - Hermione?

- Luna, e se esse for mais um dos caçadores de Bellatriz? Ele deve está atrás de mim. Pode está querendo me matar! Vamos deixa-lo aí! – Disse nervosa.

Luna compreendeu o que a amiga queria dizer, mas ao olhar as vestes do rapaz, notou que havia o símbolo da família real.

- Não Hermione! Ele não é um caçador. Veja – Ela disse apontando para o símbolo – Ele pertence à família real britânica. Devemos ajuda-lo.

Mesmo receosa Hermione ajudou a amiga a levar o garoto para a cabana. Não soube explicar como conseguiram, pois o mesmo pesava toneladas, mas assim que se abriram a porta da casa, encontraram uma Gina possessa.

- Onde vocês estavam? – Perguntou. – Cheguei há alguns minutos e imaginem a minha surpresa quando não as encontrei em casa? Pensei que a bruxa da Bellatriz tivesse aparecido e levado voc... – Seus olhos caíram sobre o rapaz – Mas o que é isso?

- Nos ajude Gina! – Exclamou Luna com o rosto vermelho pelo esforço que fazia.

- O encontramos caído na floresta e Luna achou melhor trazê-lo para cá.  – Disse Hermione, que estava na mesma situação que a loira.

- Você e essa sua mania de ajudar os outros Luna! Como tens a coragem de trazer um rapaz para dentro de nossa casa? Não sabemos quem ele é! – Ralhou Gina, mas ajudou as outras duas a levar o garoto para uma das camas.

 

---X---X---

 

A sala de jantar estava silenciosa e a única luz que iluminava o ambiente eram as velas dos castiçais. Bellatriz jantava com uma expressão de ódio em seu rosto. Uma empregada estava encostada a parede, esperando qualquer ordem de sua senhora. Escutaram galopes de cavalos na rua e Bellatriz fechou os olhos com raiva.

- Que diabos essa maldita cidade tem que não para de me atormentar?  - Perguntou com uma voz gélida.

A empregada engoliu em seco. Sabia que sua senhora saberia uma hora, mas não queria está presente quando isso acontecesse. Não era burra e desde que a menina Hermione sumira que ela sabia que tinha sido Bellatriz que havia feito alguma coisa a pobre menina. Tudo ficou claro quando viu sua senhora entregando moedas de ouro ao caçador Snape. E devia ter feito alguma coisa, devia sim. Mas teve medo. Se sua senhora fez algo a sua enteada, o que não faria com ela? Mas ficou feliz ao saber que o príncipe herdeiro estava atrás da menina Hermione. Ela poderia ser salva então.

- Eu lhe fiz uma pergunta verme. Responda-me!

- A cidade está agitada por que... Por que...

- Fale logo de uma vez! – Gritou Bellatriz jogando o vinho de sua taça no rosto da criada.

- A cidade está agitada por que o príncipe herdeiro está à procura da menina Hermione. Dizem que ele está apaixonado pela menina e que o caçador Severo Snape foi contratado para procurar a jovem. – Disse entre o choro.

As unhas de Bellatriz cravaram a madeira da mesa.

- Sabes de mais alguma coisa?  - Perguntou mais não ouve resposta. – EU PERGUNTEI SE SABES DE MAIS ALGUMA COISA!

- Dizem que a menina está perdida no bosque. É a única coisa que sei.

Bellatriz brincou com os dedos nas chamas de uma vela. Havia um ditado que dizia que se quiser uma coisa bem feita, tens que fazer você mesmo.

Estava na hora dela agir.

 

 

 

 

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