Recomeço



Eliza subia as escadas das masmorras vagarosamente, sendo acompanhada por Serena, que estava um pouco mais à frente, rumo ao Salão Principal para o jantar.


                ‘-Serena, o que houve ontem?’ – perguntou uma Elizabeth preocupada, lembrando de ter ouvido a colega de quarto correr para o banheiro de madrugada, provavelmente para vomitar – ‘E você vomitou durante a noite.’


                ‘-Não foi nada, Eliza, você deve ter sonhado com isso.’


                ‘-Serena, olhe para mim.’ – a loira lançou um olhar duro e penetrante, duvidando da amiga – ‘Eu não sou boba. Você não está bem, disse isso pra mim ontem, e você bebeu muito vinho. O que está acontecendo? Você faltou a todas as aulas de hoje porque estava de ressaca! Isso é ridículo!’


                ‘-Eu não preciso tomar um sermão, Eliza. Essa é a melhor parte de não ter pais, e não será você que vai me repreender. Eu já lembrei de como tomar um porre é péssimo no dia seguinte, mas essa não foi a primeira vez que isso acontece. Fique tranqüila, Elizabeth, eu não cresci tomando champanhe no natal com a mamãe.’ – Serena soltou tudo de uma vez. Sua cabeça latejava, e inconscientemente queria ferir Eliza, queria que ela parasse de se preocupar com ela, queria mostrar como a vida delas tinha sido diferente até ali, onde se encontravam; e mais do que tudo, queria ter tido aquela vida pacata de Eliza, cercada por mimos e carinhos.


                ‘-Eu não... er, eu...Serena, eu sei que sua vida não deve ser fácil. Me perdoe, eu tenho pais e família, eu realmente não consigo imaginar como eu viveria sem eles. Mas ainda assim acho que você não deve beber mais, beber não resolve nada.’ – os olhos de Eliza estavam preocupados, esperando a reação da outra, a loira mordia de leve o lábio inferior.


                Serena não acreditava. Eliza era mesmo incrível, e tinha uma capacidade de compreensão fora do comum. A morena falara tudo aquilo para irritá-la, queria discutir, brigar, expelir toda a bagunça que ela era por dentro, mas Elizabeth simplesmente tirara a essência daquele comportamento, e a entendia. Isso parecia ser impossível.


                ‘-Está bem, Eliza, está bem. Minha dor de cabeça faz com que eu me arrependa imenso, não vou tomar outro porre tão cedo. Só não se preocupe desse jeito, tá certo? Não gosto disso.’


                ‘-Você é minha amiga, Serena, é claro que eu vou me preocupar se as coisas não estiverem certas. É que você não está acostumada à isso.’ – Elizabeth falou docemente, olhando sorridente para a amiga, e abraçando os ombros dela de leve. Serena recuou um pouco do abraço, franzindo o nariz, mas Eliza puxou-a e apertou mais seus ombros.


                Elas adentraram o Salão Principal quando quase todos já estavam acomodados em seus devidos lugares, então dirigiram-se rapidamente para a mesa da Sonserina. O feriado de natal estava se aproximando cada vez mais, e com isso a euforia dos alunos aumentava a cada dia, todos discutindo afazeres e fazendo planos.


                ‘-Você vai ficar no castelo durante o feriado, Serena?’ – perguntou Eliza, limpando a boca no guardanapo branco como uma lady.


                ‘-Nem tinha pensado nisso ainda. Esqueci que o feriado estava próximo. Mas acho que sim, ou é isso ou voltar para o orfanato.’


                ‘-Você poderia passar na minha casa... Minha mãe simplesmente te adorou, disse que deu uma palavrinha com você na Ala Hospitalar. Mas você precisaria de uma autorização do orfanato.’


                Serena engoliu em seco. Mal sabia Eliza o que as “palavrinhas” de sua mãe significavam.


                ‘-Quem sabe nas férias então?’ – Serena sorriu amarelo. Não queria ir para lugar algum; não queria deixar Hogwarts.


                A morena continuou a comer vagarosamente sua coxa de frango, devaneando sobre suas possibilidades. Por Merlim, a única coisa que queira mesmo era estar do lado de fora, com o cérebro congelado de tanto frio, só fazendo anjos na neve!


 


                Senhorita Serena,


Sua presença é solicitada em meu escritório o mais urgente possível.


- Severo Snape


               


                Serena surpreendeu-se ao ver o bilhete ser solto por uma coruja das torres bem acima de sua cabeça, no Salão Comunal. O bilhete estava formal demais, mais formal do que qualquer uma das vezes em que o mestre de Poções lhe deixara algo. Era sobre as aulas, decerto, ela faltara a duas aulas do período da manhã e uma à tarde, totalizando três aulas perdidas de Poções.


                O único caminho agora era comparecer ao escritório do professor e levar o segundo sermão do dia.


 


               


                ‘-Professor?’ – Serena afastou cuidadosamente a pesada porta do escritório nas masmorras.


                ‘-Entre.’ – foi o que ela ouviu, em um tom baixo e levemente apreensivo.


                A garota caminhou lentamente , rumando para a cadeira defronte à mesa do Mestre de Poções, e este indicou-lhe com a cabeça para sentar-se. Serena acomodou-se, desconfiada; Snape estava estranho, estranhamente nervoso, com olhos especuladores.


                ‘-Professor, eu realmente não pude comparecer às aulas hoje, eu não estava me sentindo bem, e...’ – ela começou, mexendo furiosamente em seu cabelo preso em um rabo de cavalo.


                ‘-Não vou lhe aplicar nenhuma detenção por isso, senhorita. Acalme-se, esse não é o motivo pelo qual lhe chamei até aqui.’ – ele disse, sisudo, sustentando a face completamente sem emoções, os braços apoiados na mesa de uma forma desigual. Estava, definitivamente, agindo de modo esquisito: não haviam movimentos rápidos, claros e precisos, nem tampouco rigidez em suas palavras, ou mesmo algum sarcasmo – ‘Sugiro que sentemos em um lugar mais apropriado,senhorita Serena, se quiser me acompanhar.’ – disse, e saiu, indicando-lhe a porta que a garota sabia dar diretamente em seus aposentos.


                Esse Severo estava estranho, displicente demais, nervoso, Serena percebia-o inquieto.


                Adentraram a pequena e confortável sala de estar, com as enormes estantes cobertas de livros. Serena sentiu um calor invadir-lhe o peito: era tão estranho estar ali novamente! Aquele lugar parecia-lhe tão familiar quanto Hogwarts.


                Severo acomodou-se em um dos sofás, e a garota rapidamente ocupou o outro. Estavam ali, sentados se encarando. Olhos negros contra azuis; era de novo a eterna batalha retomada. Dessa vez, porém, não havia ódio, nem raiva, desdém ou deboche, nada de sobrancelhas arqueadas ou olhares gelados. Havia ali dois Snapes se encarando, nenhum dos dois sabendo ao certo como agir. Os anos e a mágoa tinha feito a vida de duas pessoas muito mais difícil do que poderia teria sido.


                ‘-Serena, eu andei tendo algumas conversas muito importantes com Dumbledore, e elas envolvem você.’ – começou Severo, afinal fora ele que chamara a menina até ali, e ele era o adulto, teria de se controlar e conversar com calma com a garota. – ‘Professor Dumbledore me disse que você não poderia passar o feriado em Hogwarts, senhorita.’


                ‘-Mas então eu tenho que voltar para o orfanato, é isso?’ – ela perguntou, estupefata, encarando o professor com desespero evidente nos olhos azuis que outrora só demonstraram frieza – ‘Depois desses meses aqui em Hogwarts eu terei de voltar para lá?’


                Snape estava quebrado por dentro ao ver o desespero da filha. Como ele tivera coragem de deixá-la em um lugar onde ela não queria, de forma alguma, passar um curto feriado?


                ‘-Dumbledore acha melhor que você passe o feriado lá, porque teria de voltar para lá de qualquer forma durante o verão. Ele quer que você se prepare neste feriado.’


                ‘-Snape, por favor, me ajude a convencer professor Dumbledore para que ele me deixe ficar aqui! Eu simplesmente não posso voltar para aquele lugar!’ – o desespero evidente fez Severo querer confortá-la. Poucas vezes a vira tão vulnerável quanto agora, os olhos tomando um contorno avermelhado pelas lágrimas que, lentamente, brotavam.


                ‘-Também eu acho que seria melhor assim, Serena. Senão, quando você tiver que voltar lá pelo verão, as coisas serão piores.’ – o olhar dela ainda era de súplica, e a garota não disse mais nada. Se Severo não lhe propusesse o que desejava agora, nunca mais teria coragem; respirou profundamente e direcionou seu olhar para Serena: ela era apenas uma adolescente, uma adolescente desesperada, não havia nada o que temer – ‘Serena, há outra opção’ – ele começou, e suspirou ao ver como os olhos dela cintilaram ao ouvir as palavras que tanto desejava – ‘, mas vou logo avisando que talvez não lhe pareça algo melhor do que o orfanato.’


A garota apertou os olhos e franziu o cenho, tentando imaginar que outra opção teria, que lugar estaria entre a gelada Escócia e o subúrbio da Londres trouxa?


‘-Eu conversei muito com Dumbledore, como já lhe disse, e certa vez perguntei-lhe se você não poderia ficar comigo, em minha casa.’ – Serena arregalou os olhos azuis, muito surpresa, e sentiu um frio na barriga. Severo também estava nervoso ao ver as emoções passearem pelo rosto alvo da filha, faltava-lhe fôlego para continuar a falar, mas mesmo assim prosseguiu – ‘Alvo me disse que era plenamente possível, devido às condições que eu te deixei lá, à morte prematura de Alexia, e disse-me também que o processo seria rápido, mas seria necessário um advobruxo, e o seu consentimento.’


A mente de Serena estava processando tudo muito rápido; sua boca agora estava entreaberta, os olhos desfocados, concentrados em um único ponto acima da cabeça de Snape.


‘-Serena, se você quiser passar o feriado comigo garanto-lhe que não será uma prisão: você poderá sair, se quiser, eu não vou mantê-la enjaulada. Mas agora, olhe para mim Serena,’ – Severo pediu-lhe com calma, olhando nos olhos da garota – ‘é preciso que você pense bem, porque se você optar por isso, eu vou entrar com um processo requerendo sua guarda, e a partir daí a minha casa será a sua casa oficial, eu serei seu guardião legal, e não mais o orfanato, e você então passará os feriados e férias comigo.’


Serena abriu a boca para falar, mas nada saía. Estava chocada.


‘-E você quer isso, professor, hum, er, Snape? Eu digo, você está disposto a isso?’ – ela perguntou, confusa.


‘-Se eu não estivesse disposto não estaria aqui, Serena, propondo-lhe isso.’ – Severo irritou-se brevemente; ela não iria mesmo, fora tolice da parte dele vir perguntar isso a ela – ‘Eu não estou te obrigando a nada, é uma escolha que você deve fazer, porque é definitiva. Eu gostaria de dar-lhe mais tempo para responder, mas temo que terá que responder-me ainda hoje.’


A vida da garota veio toda de repente à cabeça dela: as noites solitárias passadas na janela do orfanato, os sonhos constantes com pais sem rosto, todos os pedidos de aniversários em que ela implorava para sair daquele lugar, a vista do subúrbio de Londres... Se fosse com Snape talvez pudesse pelo menos ficar quieta em um canto perto do fogo, sem dizer nem fazer nada, apenas aconchegada em um lugar melhor, ou poderia ainda visitar Eliza e quem sabe passear um pouco com a prima.


‘-Eu, eu aceito, aceito ficar com o senhor.’ – ela respondeu nervosa, aquilo era um noite escura para os dois: tudo era total e completamente desconhecido.


Severo sentiu o coração ficar mais leve, e um sorriso quase apareceu em seus lábios – sua menina não voltaria nunca mais para aquele lugar horrível. Mas outro peso comprimiu-lhe e causou uma sensação engraçada na barriga: ansiedade; agora tinha responsabilidade oficial por Serena, sua vida toda mudaria completamente.


‘-Você tem a certeza, Serena? Lembre-se de tudo o que eu lhe falei.’


‘-Tenho, professor, er, senhor. Qualquer lugar é melhor que o orfanato.’


Serena, após aceitar a proposta de Snape, ficara mais confusa que nunca em sua vida. Moraria com Snape daqui em diante.  Ela aceitara, mas simplesmente não acreditava. Parecia que o ódio era tão recíproco entre eles no começo de tudo, e agora estavam os dois cedendo ao inimaginável, vencendo os fantasmas do passado.


O professor sentiu-se um pouco incomodado depois da fala da garota; ela aceitara somente porque era melhor que o orfanato. Mas, afinal, não era isso que ele queria? Tirá-la do orfanato, e só. No fundo, porém, sabia que seu íntimo desejava que Serena aceitasse porque queria conhecê-lo, porque queria que as coisas mudassem.


‘-Serena, vou perguntar-lhe uma vez mais. Você está completamente certa disso?’ – ele questionou, franzindo o cenho exatamente como Serena fazia.


‘-Sim, sim, eu estou.’ – ela encarou, a certeza em suas palavras, mas o medo nos olhos.


‘-Eu prometo que não será tão torturante quanto deve parecer à você.’ – Snape disse, um tanto quanto sem jeito, frente a resposta da garota.


Serena acenou com a cabeça, apenas.


‘-O feriado está realmente próximo; falarei com Dumbledore ainda hoje, e é bom que você organize as coisas que vai levar o mais rápido possível. Assim que a decisão do processo sair, iremos até o orfanato buscar o resto de suas coisas e seus documentos, pois sim?’ – perguntou, polido.


‘-Sim, professor.’ – respondeu ela automaticamente.


O modo como Snape falara sobre buscar suas coisas no orfanato tornava tudo mais real. E mais assustador – pensava Serena. Aquilo de repente a comprimia e a fazia ter uma ligeira pontada de medo.


                As coisas precisavam funcionar bem naquele feriado, pensou Severo, ele não queria que Serena se arrependesse de ter optado por ficar com ele. Ele não teria se arrependido se tivesse escolhido ficar com ela desde o começo, ao invés de mandá-la para o orfanato; arrependia-se agora, pelos anos sofridos que passaram separados.


                ‘-Serena, quero que as coisas fiquem bem neste feriado.’ – a garota fitou-o com seus grandes olhos azuis sem pestanejar.


                ‘-É o mesmo que eu quero, professor. Não vou atrapalhar seu feriado, te garanto.’


                A resposta da morena foi pronta, exata, mostrando que ela não compreendera plenamente o que Snape queria dizer.


                ‘-Também estou certo que não, Serena, mas não é sobre isso. Só não quero mais discussões.’


                ‘-Está bem.’ – respondeu, abrindo um sorriso torto, porém seus olhos demonstravam uma pontada de medo e infantilidade.


                ‘-Antes de recolher-se, poderia me tirar uma dúvida, senhorita?’ – Serena acenou afirmativamente – ‘Por que temia tanto voltar ao orfanato?’


                Snape acabara de encontrar o calcanhar de Aquiles. Serena suspirou, nem sabia ao certo como responder aquela pergunta, tudo aquilo eram águas tão profundas, e a garota tinha medo de mergulhar novamente.


                ‘-Aquele lugar era horrível.’ – foi somente o que ela disse, em um sussurro cabisbaixo.


                ‘-Eles lhe tratavam mal?’ – arriscou Severo.


                ‘-Não é exatamente isso, é mais o fato de ter estado lá porque ninguém me quis. É como um depósito de crianças abandonadas; é impossível ser feliz lá, professor.’ – ela, mais uma vez, suspirou, e Snape pela primeira vez pôde ver a sinceridade piscando à toda nos olhos dela, as palavras tranqüilas, sem ironia ou sarcasmo; a verdade apenas.


                Severo demorou para assimilar, estava concentrado em tudo que os olhos de Serena diziam. Ela, notando que o pai não responderia, tomou a frente.


                ‘-Não preciso que sinta pena de mim, Snape.’ – disse, a máscara de gelo cobrindo mais uma vez sua face, e a tornando mais mulher do que menina – ‘Aprendi muito bem a me cuidar sozinha, não preciso da piedade de ninguém.’


                Ao invés de enraivecer-se com a menina, o que Severo sentiu foi compaixão. Ele repugnava o sentimento de pena tanto quanto ela; todos os que sabiam da ligação dele e Alexia sentiram pena dele por muitos anos. Era, talvez, o sentimento mais desprezível de todos.


                Serena não era uma garotinha como as da idade dela, não era como a prima Elizabeth ou qualquer uma das colegas da mesma idade. A vida áspera do orfanato a fizera amadurecer mais cedo, assim como ter autonomia em todos os sentidos. Serena não sabia como era ser cuidada por alguém, já que desde sempre cuidara de si mesma. Severo a admirava por isso, mas também arrependia-se por ter deixado a vida ser tão dura com ela.


                ‘-Não é pena o que sinto, Serena.’ – ele afirmou, ajeitando-se no sofá – ‘Desprezo este sentimento tanto quanto você. E temo que agora já tenha passado do toque de recolher, é melhor que vá se deitar logo, senhorita.’ – ele disse, passivamente, olhando no antigo e refinado relógio trouxa que havia na sala.


                Serena levantou-se, mais calma e mais leve de espírito. Queria que as coisas com Snape se ajeitassem.


                ‘-Venha cá, vou acompanhar-te até o dormitório. Aquela gata velha adora soltar bolas de pêlo nas masmorras a essa hora, e nenhum de nós dois quer Flich aqui.’


                Severo então colocou um dos braços sobre os ombros da garota e a guiou até a porta do Salão Comunal, reconfortando-a.


                ‘-Tenha uma boa noite, Serena.’


                Ele despediu-se trocando um olhar afetivo com a filha e ganhando em troca o primeiro sorriso verdadeiro de Serena para ele; um sorriso pequeno, deveras, mas sincero e caloroso, como os de Alexia.


                ‘-Boa noite, Severo.’ – Serena respondeu, não achando um termo menos formal para tratar o professor.


                


N/A: Tá aí gente, resolvi tomar vergonha na cara e postar. Um capítulo curtinho e ligeiramente fofo. As coisas estão mudando para os nossos protagonistas... no que será que isso vai dar?


Me deixem reviews, quero saber como está a fic, fora que uma riview faz o dia de uma autora mais feliz ;)


Beijo, L.

PS: Esse esquema de parágrafos não tá dando certo, né? Mas é que eu escrevo assim no word, e na hora de colar esse esquema do potterish é um parto.......prometo que vou tentar organizar o próximo capítulo, organizar com mais calma, mas dá um trabalho horreeeendo. 

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Comentários (1)

  • JuhSnape

    AMEI O CAP.!!!!!FICOU MUITO LINDO!!!!NÃO DEMORE MAIS ASSIM!!!!!BJS.P.S: AMO SUA FIC! 

    2012-06-28
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