Hogwarts



                A garota arrumara suas poucas coisas em um malão preto, livros e algumas peças de roupa, era tudo o que possuía. Da quarta janela no prédio de cinco andares, ela via o subúrbio da Londres trouxa. Nada apreciável, é claro, porém bom passatempo nas noites solitárias.


                Recebera a carta há um mês, e agora, na última semana de férias, finalmente ingressaria na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.


                Ela tinha quinze anos, e não entendia o porquê de tê-la recebido somente agora, porém quando o sol raiasse haveria alguém mandado da escola para buscá-la. E era o que ela mais esperara na vida. Hospedar-se-ia no Beco Diagonal, mas alguém faria as compras por ela.


                Rúbeo Hagrid, o guarda-caça, viera buscá-la. Ele falava sobre coisas que estavam nos livros que ela lera, e coisas que também não estavam. E curiosamente ele lhe perguntou o porquê de ela não ter entrado no primeiro ano.


                Respondeu-lhe que não sabia, a carta só chegara há um mês. E mais nada. Hagrid, por sua vez, disse-lhe que precisaria falar com Dumbledore.


...


                De seu ponto de vista o castelo era esplêndido, encantador, impressionante. Mas acima de tudo era familiar.


Quando a porta do Salão Principal se abriu à sua frente, se sentiu acolhida, como nunca antes fora. Os estudantes dos outros anos já estavam sentados às mesas de suas respectivas casas, mas ela acompanhava os alunos do primeiro ano.


                Hagrid acompanhou-a e colocou-a no início da fila, ela nem se dera conta. Mesmo quando a fila começou a andar em direção ao chapéu seletor ela ainda estava abismada com o teto estrelado e os alunos sorrindo uns para os outros, trocando novidades, e teve raiva de quem a fizera ficar longe daquele lugar por tanto tempo.


                Se deu conta do que estava prestes a acontecer quando a fila parou e a mulher de cabelos negros e óculos puxou um pergaminho das vestes. Conhecia as casas, e a escola, já que lera ‘Hogwarts, uma história’, e sabia que eram duas suas opções: Grifinória e Sonserina, as casas inimigas. A única coisa que sempre soubera sobre seus pais era essa: sua mãe fora da Grifinória, e seu pai Sonserino. Particularmente nunca achara possível, ou mesmo plausível que fosse mandada para Grifinória, então o que houve a seguir não foi uma grande surpresa, mas deixou-a um tanto quanto intrigada.


                “-Serena Snape” – a voz de McGonagall soou pelo enorme salão, e de repente tudo se aquietou.


                Serena se aproximou, sob o olhar desconfiado de todas as Casas. O único som que se ouvia era a brisa suave que penetrava pela janela e fazia os estandartes das casas farfalharem enquanto a garota andava até a professora.


                Sentou-se no banquinho e Minerva McGonagall colocou o esfarrapado chapéu  sobre seu cabelo negro.


                ‘Hum...’ – foi a primeira coisa que disse o chapéu – ‘Mente ardilosa, decisão fácil. És corajosa, pois sim, porém tem o coração pesado, e a mente cheia de ambições, astuciosa... Declaro que és... SONSERINA!


                Serena deu um sorrisinho torto enquanto a mesa da Sonserina aplaudia, ainda receosa. A garota caminhou vagarosa até sua casa e sentou-se em um lugar vazio na mesa, sem importar-se com quem se faria vizinha.


                Severo Snape a observou, cauteloso, estranhando a presença da garota ali, já no quinto ano.  


               
                Após o banquete e o discurso de Dumbledore, os alunos de todas as casas se dirigiam para os dormitórios. Serena Snape acompanhava-os até as masmorras, quando uma mão fria tocou-lhe o ombro.


                ‘-Pois não?’ – respondeu-lhe a seu modo, erguendo os olhos azuis frios.


                ‘-Dumbledore quer falar com a senhorita. Acompanhe-me até a sala do diretor, por favor.’ – ele disse com a mesma frieza, e espantou-se com os olhos dela.


                Caminharam juntos até a gárgula que precedia a sala do diretor, sem trocarem uma só palavra. Dumbledore apresentara os diretores das Casas aos alunos do primeiro ano, portanto Serena sabia que Severo Snape era diretor da Sonserina, estranhou, certamente, os sobrenomes iguais, mas não deu importância ao fato.


                ‘-Aqui está, Srta. Serena. O diretor pediu privacidade, e creio que a Srta. saiba onde fica o dormitório, para lá depois retornar.’ – Snape disse – ‘Bafo de Dragão’ – A gárgula mostrou uma porta e ele virou-se, sua capa esvoaçando enquanto andava.


                Serena entrou, observando tudo. Passou por uma ante-sala e bateu duas vezes na porta. Dumbledore abriu-a logo em seguida.


                ‘-Com licença, o senhor gostaria de falar comigo?’

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