Los Emboscadores



Bem cedo os garotos foram até a cabana de Hagrid, mas estava vazia. Alvo deixou um bilhete.


–        Se Tiago está ajudando podíamos falar com ele... – sugeriu Rose.


–        Não.


–        Deixa de ser teimoso Alvo.


–        Quero falar com Hagrid! – disse Alvo tomando a frente de Rose e Escórpio.


Durante a aula de Herbologia Rose respondia um bilhete que Escórpio acabara de lhe mandar


–        Vou pedir a Kassin para me levar até Grope. – Alvo disse a prima. – Será que dá pra você prestar atenção?


–        Você vai pedir pra Kassin te levar até Grope! Satisfeito?


Ao final da aula de Transfiguração os garotos insistiram com o professor, mas Kassin disse que não podiam e pronto.


–        Não temos certeza do que ele tem, até sabermos mais as visitas estão proibidas. – disse Kassin aos três.


–        Mas meu irmão vai vê-lo!


–        Só para deixar Grope mais calmo, eles não têm contato direto. 


Vendo a preocupação sincera das crianças Kassin tentou acalmá-los.


–        Olhem, acredito que Grope vai se recuperar. Ele está sob cuidados de bruxos experientes e, graças à diretora McGonagall, tem todos os recursos de Hogwarts à disposição. Eu os manterei informados.


As palavras de Kassin não tiveram efeito em Alvo. Sem outra saída ele procurou o irmão na hora do almoço. Rodeado de amigos e sentado ao lado de Camile; Tiago custou a aceitar conversar com o irmão em particular.


–        Preciso de um favor. – disse Alvo.


–        Se for dinheiro pode esquecer. Gastei todo meu dinheiro...


–        Não é isso. Você tem ido ver Grope.


Tiago confirmou com um gesto de cabeça; não parecia disposto a conservar sobre o assunto.


–        Preciso que diga a Hagrid para não deixar Grope tomar nenhuma poção que tenha sido preparada por Slughorn.


Tiago encarou o irmão e começou a rir.


–        Claro! Uma poção preparada pelo mestre de poções de Hogwarts! Quem pensaria em permitir isso?


–        Sei que parece estranho...


–        Não parece estranho vindo de você.


–        Escute Tiago é sério, por favor, diga a Hagrid para não dar nenhuma poção a Grope pelo menos por enquanto.


–        E deixá-lo morrer mais depressa? Ele está muito mal! Tem espasmos... parece que está pirando!


–        Você não ouviu nenhum comentário dos professores sobre o que ele possa ter?


–        Kassin achou que ele pudesse ter comido alguma coisa envenenada na floresta, mas ele já teria melhorado a essa altura.


–        Alguma coisa incomoda Grope há meses. Lembra que ele atacou o Neffasto? E parecia não reconhecer nem eu ou Rose.


–        Seja o que for piorou muito!Por isso não nos deixam vê-lo; ele pode pirar a qualquer momento. Da última vez Kassin e Hagrid mal conseguiram segurá-lo.


–        Você sabe o que Slughorn deu a ele?


–        Não... Escute Alvo porque não aproveita seu tempo com coisas mais construtivas? Como tentar sair daquela lista!


–        Não mude de assunto!


–        Está bem! Continue a ser um idiota, mas não diga que não lhe avisei quando papai pegá-lo de jeito.


–        O que ele pode fazer? Não me dar uma vassoura nova no meu aniversário?


Tiago ficou muito vermelho e nervoso. Deixou o irmão e voltou ao grupo de amigos. Na saída para o pátio Alvo o viu cochichar alguma coisa no ouvido de Camile. A garota parou zangada e deixou Tiago falando sozinho.


Alvo foi se encontrar com os amigos no corujal. Escórpio despachava sua coruja semanal para casa.


–        Então como foi com Tiago? Ele vai dar o recado a Hagrid?


–        Não – Alvo respondeu secamente – tenho que dar um jeito de falar com Hagrid! Mas não da pra mandar uma coruja pra ele na floresta; ela não duraria cinco minutos lá.


A coruja marrom de Alvo despertou de seu cochilo; seu nome era Ventania; foi Lily que batizou porque ela batia as asas uma cem vezes ante de voar. Fazia tempo que Alvo não mandava nenhuma carta para casa e mesmo não dando atenção a coruja nos últimos dias ela saltou para o seu braço piando contente.


–        Desculpe nenhuma carta hoje. Talvez amanhã. – disse Alvo a acariciando.


–        Logo as cartas para nossos pais chegarão. Kassin me disse que só precisa de mim, e Cinthia essa semana; ele vai começar a elaborar os exames. Ainda temos tempo para por os deveres em dia.


–        Temos que começar a praticar. – disse Escórpio.


–        Não estou interessado em nenhuma matéria idiota! Herbologia, História da Magia e, principalmente, Poções.


–        Eu também não Alvo, mas se formos expulsos só vamos piorar tudo. – disse Escórpio sensatamente.


O professor Kassin cumpriu a palavra e manteve os garotos informados sobre Grope; embora o estado fosse estável ainda estavam tendo dificuldades em descobrir o que o gigante tinha. Hagrid não saia do lado do irmão para nada. Os garotos passavam pela cabana pela manha e no final da tarde e tudo permanecia fechado.


Sem muita opção começaram as revisões e tentavam colocar os deveres em dia. O que não era muito fácil já que a cada aula tinham um acréscimo razoável de novos feitiços, poções e datas para memorizarem. A Sala Particular nunca fora tão útil para praticarem longe dos olhos dos colegas. Rose tinha impressão que muitas pessoas estavam torcendo para que se dessem mal. Uma era certeza: Cinthia Oleson. A garota acabou causando um inconveniente a mais para os garotos. Terminada a ajuda ao professor Kassin; Escórpio e Alvo esperavam por Rose do lado de fora da sala; os três seguiam para a biblioteca quando Escórpio notou que estava sendo seguidos.


–        Ela não tem mais anda o que fazer? – perguntou Alvo dando uma rápida olhada por cima do ombro.


–        Talvez ela esteja entediada; não basta me perturbar no dormitório.


–        Acho melhor não irmos para a Sala Particular agora; ela pode ficar nos esperando do lado de fora e acabar nos ver saindo depois da biblioteca fechada. – disse Escórpio.


–        Então vamos levá-la por um tour grátis pela escola! – disse Alvo rindo.


Os três continuaram andar passando por grupos de alunos.


–        Duvido que ela nos siga por muito tempo, os corredores de Hogwarts são assustadores na primeira vez que se passa por eles.


–        Eu nunca tive medo de andar pela escola. – disse Escórpio.


–        Nem um pouquinho? – perguntou Rose.


–        Você está me confundindo com seu amigo Marc...


–        Parem de dizer que Marc é covarde!


–        Ele foi o primeiro a sair da sala da profª Duggan aquele dia.


–        Ela disse que quem quisesse podia sair. Podia ser qualquer um!


–        Por acaso foi ele. – disse Alvo.


Conforme os corredores iam ficando desertos Cinthia tinha dificuldades em disfarçar suas intenções. Passou a se esconder atrás de armaduras e estátuas.


–        Ah, essa garota é maluca! – disse Rose.


De repente Escórpio parou.


–        Estão ouvindo alguma coisa?


–        Não.  – respondeu Alvo, mas logo começou a ouvir também – Parece...


–        Já ouvi isso na ala hospitalar!


Depois de circularem pela escola acabaram no terceiro andar e o corredor parecia mais escuro que o normal, mesmo sob a luz dos archotes. .


–        É impressão ou a escuridão está mexendo? – perguntou Rose segurando Escórpio pelo braço.


–        Não só se mexendo, mas vindo em nossa direção! – respondeu Alvo.


Os três ficaram imóveis e pareceu que uma onda de escuridão quebrou sobre eles. Durou um segundo, mas parecia uma eternidade. Quando a luz voltou estavam assustados, mas nada mais grave acontecera.


–        O que foi isso? – perguntou Alvo assustado.


–        Ai está vocês!


Os garotos apontaram a varinha para Cinthia que surgia atrás deles.


–        Você! Que idéia é essa de nós seguir? – perguntou Rose zangada.


–        Sério que você vai querer discutir isso agora? Uma coisa acabou de nos atacar! – disse Alvo indo até Cinthia. – Você estava ai todo o tempo? Não viu a coisa passar?


–        Coisa? Que coisa? E abaixem essas varinhas!


–        Para onde foi? Mudou de direção depois que passou por nos! – disse Escórpio.


–        Do que vocês estão falando seus doidos?


–        Por que está nos seguindo!


–        Queria descobrir aonde vocês vão já que não ficam no Salão Comunal. Só isso.


–        Rose! Isso não é importante agora! – disse Alvo.


–        Essa ratazana me perturba desde o inicio do ano letivo! Me fez passar o maior vexame na aula de poções! Ela está armando alguma coisa. Fale! – disse Rose apontando a varinha para Cinthia com um olhar muito ameaçador.


–        Se lembra que comentei sobre você ficar mais tempo no Salão Comunal pra saber o que andam comentando?

–        Lembro.

–        Conhece Saffron?


–        Quem é essa? – perguntou Escórpio.


–        É uma garota da Grifinória do quinto ano; ela sempre me convidava para sentar com ela. E daí?


Zangada, mas assustada com a atitude de Rose, Cinthia acabou contando tudo.


–        Aquela repórter que não gosta da sua mãe a contratou para descobrir alguma coisa sobre vocês aqui em Hogwarts. Ela tentou se aproximar de você, mas não conseguiu então ofereceu dinheiro para as alunas do primeiro. Como vocês não se misturam e não são muito populares ela não conseguiu nada além do que tudo mundo já sabe! Vocês traírem Grifinória andando com Malfoy, seu irmão arrasando o coração da monitora e sua prima com o Teddy Lupin em Hogsmeade.


–        Você aceitou esse serviço sujo?


–        Eu não tive escolha. Vocês têm que acreditar em mim! Eu prefiro fazer qualquer outra coisa a ter que seguir vocês três.


–        Ótimo... – disse Alvo – mais essa agora!


–        Estão só esperando o final do ano letivo; depois que vocês levarem bomba e forem expulsos. Matéria de capa.


–        Diga a essa Saffron que já sabemos o que ela pretende e vamos contar a McGonagall e vocês duas é que serão expulsas!


–        Ajudaremos você a se livrar dela. – disse Alvo.


–        O que? Por quê? – perguntou Rose surpresa.


–        Odeio gente que ameaça as pessoas! Essa tal Saffron não me parece melhor do que o Neffasto.


–        Espere! Vocês vão me ajudar a me livrar de Saffron?


–        Mas você vai ter que nos ajudar também!


–        O que vocês querem? Não tenho dinheiro ou coisas legais. – disse Cinthia desconfiada.


–        Alvo... não...


–        Você tem anotações desde o do início do ano letivo de todas as matérias?


–        Sim, tenho.


–        Ótimo. Encontre-nos na biblioteca em quinze minutos para podermos copiá-las. E não fale com ninguém pelo caminho.


Enquanto os garotos copiavam suas anotações Cinthia observava Escórpio.


–        Você tem uma bela letra para um menino.


–        Obrigado.


Rose largou um pesado livro bem na frente dos dois.


–        Posso falar com vocês um minuto? – disse Alvo puxando a prima e fazendo sinal para Escórpio acompanhá-los.


Os três se reuniram não muito longe da garota.


–        Por que está sendo legal com ela? – perguntou Rose zangada.


–        Troquei duas palavras com ela até agora. – se justificou Escórpio.


–        Não fale com ela!


–        Rose seja mais compreensiva... – disse Alvo.


–        Compreensiva?


–        É claro que a tal Saffron ameaçou Cinthia de alguma forma. Ela não passa de uma garota sem graça e tão infeliz quanto nós aqui em Hogwarts.


–        Pelo menos temos um ao outro; ela não tem ninguém que se importe com ela. – disse Escórpio.


–        Sem contar que ela pode nos ajudar nos exames.


–        Como poderemos ajudá-la? Com a tal Saffron? – perguntou Rose para o primo.


–        Ainda não sei, mas pensarei em alguma coisa. Daqui a pouco Madame Pince vai nos expulsar daqui e não poderemos usar nossa sala hoje.


–        Precisamos descobrir alguma coisa sobre o que nos atacou no corredor, não parecia ser um feitiço de proteção aquele corredor é um corredor comum. – disse Escórpio.


–        Não é um feitiço. Não passou por Cinthia e ela estava a poucos metros de nós; aquilo simplesmente mudou de direção! – respondeu Rose.


–        E ainda tem o som que ouvimos isso deve dar uma pista, não? – comentou Escórpio.


–        Hey vocês! – chamou Cinthia da mesa que ocupava sozinha. – Vou levar minhas coisas embora!


–        Desculpe prima, mas por algum tempo Cinthia será nossa melhor amiga.


–        Estou quase preferindo um encontro com Neffasto.


–        Por favor, Rose é por pouco tempo... – pediu Escórpio.


Alvo sabia que Rose acabaria cedendo ao pedido de Escórpio. Então valia o esforço de ficar ali com os dois trocando sorrisos bobos.


Cinthia não parou de puxar conversa com Escórpio. Rose pegou a varinha e prometeu transformar Cinthia num parasita qualquer, mas Alvo a puxou para longe. Escórpio resolveu terminar os deveres no Salão Comunal da Sonserina antes que Rose realmente colocasse a idéia em pratica.


A presença de Cinthia causou muitos atritos a ponto de Rose não conversar com Alvo e Escórpio com ela presente. Pelo menos estavam finalmente alcançando a turma e melhorando o desempenho principalmente nas aulas de Feitiços e Herbologia.


O prof. Flitwick chamou Alvo para dizer que estava contente com a melhora.


–        Finalmente demonstrou um pouco de interesse nas aulas Sr. Potter! – disse o professor. – Bom, tenho uma boa noticia para o senhor e seus amigos; poderão visitar Grope hoje à noite! Estejam no Salão Principal às sete horas. Eu e Neville os levaremos.


–        Sim senhor! Estaremos lá!


Antes mesmo do horário marcado os garotos estavam no Salão Principal; Alvo e Escórpio iniciaram uma partida de xadrez para matar o tempo. A maioria dos alunos comentavam que Escórpio Malfoy estava sentado na mesa da Grifinória. Nenhum dos dois se incomodou com isso. Rose estava bem animada com idéia de rever Grope, mas logo seu humor mudou. Cinthia se juntou a eles reclamando que Saffron a estava pressionado de novo.


–        Não quero ser chata, mas temos um trato ou não?


–        Sim, claro! Você nos ajuda e não contamos a McGonagall sobre você nos espionar. – disse Rose.


–        Então devolvam minhas anotações!


–        Tome pode ficar e...


–        O que você quer? – perguntou Alvo gentilmente.


–        Saffron está no Salão Comunal e eu não posso ficar lá sozinha.


–        Rose ficará com você!


–        O que? Não!


–        Fique com ela no seu dormitório! Eu e Escórpio não podemos entrar lá; então você vai e faz companhia para Cinthia.


–        Não!


–        Com licença! – disse Alvo para Cinthia e ele e Escórpio puxaram Rose para longe da mesa. Cinthia riu por trás dos meninos. Gostava das reações de Rose à suas provocações.


–        Por favor, Rose!  Estamos quase no fim das revisões! Você só precisa passar algumas horas com ela! O que pode acontecer de tão horrível?


–        Quero ver Grope!


–        Diremos que você manda lembranças! E depois – Alvo acrescentou depressa – pensaremos num jeito de livrá-la da tal garota e ela nos deixará em paz!


–        Por que simplesmente não contamos a McGonagall o que elas tem feito?


–        Porque se forem expulsas ai sim poderão contar a todo mundo como estamos atrasados e nossas detenções.


–        Não se preocupe logo daremos um jeito, certo! – disse Escórpio.


Os três voltaram para a mesa.


–        Está bem. Eu fico com você no dormitório. – disse Rose como se estivesse concordando em acompanhar Cinthia a um funeral.


–        Vamos então! Tenho muita coisa para fazer!


Antes de sair Rose apontou a varinha para as peças de Escórpio.


–        Bispo em D4; mais dois lances e xeque. – disse dando as costas para os dois.


As peças obedeceram deixando Alvo sem saída no jogo.


–        Ela não deveria ficar brava com você também? – disse Alvo desanimado.


–        Ela gosta de mim, você mesmo disse.


Escórpio venceu o jogo facilmente.


O Salão Comunal da Grifinória estava lotado àquela hora. Rose se achou totalmente estranha naquele ambiente. As garotas a encararam; alguns rostos eram conhecidos; algumas amigas da prima, mas era só. Se pudesse sairia correndo para se refugiar na Sala Particular.


–        Ali naquela poltrona perto da lareira. Aquela é Saffron. – Cinthia apontou para Rose.


A tal Saffron era muito magra, falava alto e gesticulava muito. Rose a achou muito feia; com os braços cheios de pulseiras; o cabelo loiro cacheado preso de um jeito que parecia que a garota tinha um cacho de bananas colado na cabeça.


–        Parece bem desagradável.


–        Ela é sim. Por causa do contato com Skeeter ela sempre sabe alguma coisa horrível sobre alguém. Ela trouxe exemplares antigos do Profeta Diário com matérias sobre sua mãe.


–        Rita Skeeter sempre pegou no pé da minha mãe.


Saffron encarou as duas e cochichou com as colegas ao seu redor. Sorrindo ainda era mais feia. Naquele momento Rose se sentiu grata por sua aparência.


–        Ela nos viu! Agora sabe que estou me empenhando em arrancar alguma coisa de vocês.


–        Bom, se era só pra isso...


–        Não Weasley você não vai sair agora!


–        O que você quer?


–        Vamos conversar. Me fale do Malfoy.


–        Não.


–        Ele está livre?


–        Não é da sua conta.


–        Aqueles olhos verdes são estranhos no início...


–        Cinza esverdeado. Escute, se você já se exibiu pra essa garota eu vou embora.


Rose estava quase saindo do Salão Comunal quando encontrou Victorie.


–        Que surpresa você por aqui.


–        Já estou de saída.


–        Você viu Camile? Ela costuma estar aqui essa hora estudando.


–        Não, eu não a vi.


Alvo e Escórpio tinham acabado de chegar ao Salão Principal e trouxeram boas noticias: Grope já os reconhecia. Não foi só essa boa noticia que tiveram durante a semana. Os fantasmas estavam de volta e ficaram contentes com a revista que Escórpio mostrou a eles.


Mencionaram parcialmente o resultado da viagem que fizeram; os garotos até queriam saber mais, mas também tinham preocupações mais urgentes. Uma delas era se livrar de Cinthia antes que Rose tivesse um colapso nervoso. A garota insistia que Rose passasse um tempo com ela no dormitório das garotas e não parava de fazer perguntas sobre Escórpio.


Numa dessas noites Victorie tornou a perguntar sobre Camile. A poltrona que ela costumava ocupar estava rodeada de livros abertos, mas segundo Victorie, nenhum sobre matéria dos N.O.M´s. Rose reconheceu o livro Criaturas da América do Sul que Camile carregava no dia que Tiago foi atacado pelas ratazanas; não havia marca da biblioteca de Hogwarts na capa.


–        Ela não pegou esse livro da biblioteca... – comentou Rose.


–        Talvez seja um dos novos. – sugeriu Victorie.


–        Não, não é! Nós catalogamos todos durante nossa detenção.


–        Achei Camile meio estranha hoje. Imaginei que fosse por causa dos exames, Tiago ou com vocês três. Ela vive perdendo vocês no mapa...


–        Você sabia que Tiago deu o mapa a ela?


–        Tio Harry o enfeitiçou quando percebeu que Tiago o pegou. O mapa não funciona com ele e provavelmente nem com Alvo; esse é meu último ano eu não faria bom uso dele agora.


–        Por isso ele deu a Camile?


–        Na verdade ele iria dar pra você se você não andasse com o Malfoy.


Rose imaginou que a sombra que os engoliu no corredor apareceria no mapa. A idéia de Camile sair para investigar não era absurda principalmente se ela não os localizasse já que estavam na Sala Particular.


–        Acha que Camile se importaria se dermos uma olhada em suas anotações?


–        Não sei – disse Victorie apanhando pergaminhos soltos – mas é por uma boa causa não?


Quando começou a foliar o livro e papeis de Camile; Rose não percebeu que Cinthia se afastou discretamente.


–        Ninguém entende o esquema que Camile usa para estudar; por isso ninguém pede a ela para copiar suas anotações. – disse Victorie.


–        Sério? É perfeitamente claro para mim.


–        Como pode?


De fato era tão fácil que Rose não precisou de mais de alguns minutos para as coisas começam a clarear em sua mente. O comportamento de Grope, o sumiço de objetos no castelo e a sombra que passou por ela, Alvo e Escórpio no corredor.


–        Tenho que falar com os meninos!


–        Rose aonde vai com as coisas de Camile? O que vai fazer?


–        Eu explico outra hora! – disse a garota saindo correndo entre os estudantes.


De volta à Sala Particular quase sem fôlego Rose leu em voz alta o trecho grifado:


–        “Los Emboscadores, as sombras recortadas. Animais de grande porte têm medo deles, pois entram pelas orelhas e fazem um som infernal. As vilas do Peru se protegem colocando cinzas de animais mortos para espantá-los. saqueavam vilas inteiras...”.  Roubam coisas! Entenderam?


–        Essas coisas roubaram tudo no castelo todo esse tempo?  Mas isso não explica como a taça e a estátua reaparecerem. – disse Alvo franzindo a testa.


–        Camile deve ter visto essas coisas no mapa hoje de novo! – disse Escórpio. – Mas como essas coisas chegaram aqui!


–        Aposto que como todo o resto! Atraídas pelas flores do professor Neville! – respondeu Rose.


Encontraram Victorie e Tiago no Salão Principal; nervoso Tiago tirou do bolso das vestes o Mapa do Maroto. 


–        Encontrei no corredor do terceiro andar. Num lugar que costumávamos ficar; ela sabia que eu a procuraria lá. Ela deixou o mapa para que a encontrássemos!


–        O mapa não funciona com a gente.


Rapidamente Rose explicou aos primos com o que estavam lidando e entregou o mapa para Escórpio.


–        Tente você!


–        Não ele não! – protestou Tiago.


–        Deixe de ser idiota Tiago! Camile pode estar em perigo! – disse Victorie angustiada. – Tente você Malfoy. Repita comigo: Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom!


Escórpio repetiu as palavras e os aposentos e pessoas que estava em Hogwarts naquele momento apareceram parcialmente.


–        Está perdendo a força. – lamentou Tiago


–        Mesmo assim olhem! – apontou Victorie. – É Camile!


–        Ela está numa das escadas do outro lado do castelo! Vamos! – disse Alvo. – Rose?!


Rose não se mexeu observava Escórpio atenta. Já conhecia algumas expressões do garoto e sabia que naquele momento ele estava pensando em alguma coisa interessante e ela precisava saber o que era.


–        Vou ficar com Escórpio.


–        O que? – perguntou Tiago.


–        Deixe os dois! – disse Alvo ao irmão e a prima. Os três saíram correndo.


Escórpio explicou a Rose sua idéia: 


–        Vamos chamar pelos fantasmas eles podem chegar mais rápido até ela!


Na biblioteca chamaram por Guily, que acompanhado de Goliad, seguiram para a ala do castelo onde Camile estava.


Tiago, Alvo e Victorie acompanhavam a formação de uma mancha negra no mapa muito perto de Camile. A garota continuava parada.


–        Acho que ela está machucada! Ela não se mexe! – disse Tiago.


Goliad e Guily surgiram à frente deles. Alvo teve certeza que Escórpio os tinha avisado.


–        Ela está viva! Nós a vimos! – disse Guily.


–        Quem são vocês? – perguntou Tiago confuso.


–        São nossos amigos também. Guily você viu alguma coisa por perto dela?


–        Não, ela está sozinha, mas alguma coisa se aproxima de vocês! – Guily apontou para o corredor.


–        Isso já passou por nós e não nos fez nada!


–        Provavelmente tinham outros planos. Não vamos ficar no caminho deles. – disse Tiago puxando a prima e o irmão.


–        Vão! Fujam! – disse Goliad.


Tiago e Victorie correram para um lado, mas Alvo passou pelos fantasmas e foi direto para a sombra negra que vinha pelas paredes.


–        O que ele está fazendo? – gritou Victorie nervosa.


Alvo tirou a varinha; a sombra se espalhou e o garoto chegou até a escada onde Camile estava deitada; o estado da garota não era nada bom; seu rosto estava inchado e vermelho. Alvo tentou acordá-la, mas não conseguiu.


–        Você tem que sair daqui rápido! – disse Goliad ao seu lado!


–        Não vou deixá-la aqui! Goliad pode chamar alguém!


Guily e Goliad trocaram olhares nervosos.


–        Pegue a varinha dela vai precisar de ajuda! – disse Goliad.


–        Não está com ela! – disse Alvo vasculhando os bolsos de Camile. – Essas coisas devem ter pegado. Não consigo carregá-la...


–        Você é um garoto bem corajoso sabia disso? – disse Guily puxando Goliad pela parede.


–        Precisa de ajuda? – disse Escórpio ao pé da escada acompanhado de Rose.


–        Uma forcinha seria legal! – disse Alvo aliviado em vê-los, mas logo ficou aflito; ouvia o som de papel sendo amassado tão alto que não consegui evitar tapar os ouvidos. Viu uma macha negra atrás de Rose; apontou a varinha de onde saíram faíscas azuis que quase atingiram a prima no ombro.


–        Alvo o que está fazendo? – perguntou Escórpio surpreso puxando Rose.


–        Não se preocupe Rose – respondeu Alvo ficando de pé – eu cuido de você!


Alvo via nitidamente as sombras em volta de Rose; como se fossem engolir a garota.


–         Alvo pare! Está apontando a varinha para Escórpio!


Escórpio deu um passo atrás.


–        O que está vendo Alvo? – Escórpio perguntou.


–        Alvo – disse Rose bem devagar – está apontando a varinha para nosso amigo.


A garota tocou o braço de Escórpio, mas Alvo só a via envolta pela escuridão. O barulho o deixava nervoso e agitado.


A escada começou a se mover Escórpio tentou tomar a varinha de Alvo; e os dois se bateram as costas no corrimão e o quebraram. 


Os dois garotos ficaram dependurados. Alvo começou a se debater e quase atingiu Escórpio.


–        Alvo pare! – gritou Rose.


–        Ajude-o Rose! Puxe-o pra cima!


Rose colocou fogo num tapete e colocou entre os meninos; empurrou a fumaça para o rosto de Alvo. O garoto começou a tossir.


–        Agüenta ai mais um pouco Alvo! – disse Escórpio se esforçando para subir na escada.  – Olhe! A coisa está saindo!


As pequenas manchas negras sumiram pelos degraus. Surpreso em estar livre das vozes em sua cabeça o garoto se soltou, mas Escórpio e Rose conseguiram segurá-lo pelas vestes bem a tempo.


Com metade do corpo sobre a escada Escórpio usou de toda a força para segurar Alvo até que ele pudesse alcançar e se segurar no corrimão.


–        Agora sei o que Grope sentiu! – disse Alvo deitado nos degraus. – Desculpe Escórpio...


–        Tudo bem, ainda bem que Rose... bem é... Rose! – disse Escórpio sorrindo.


–        Por sorte li o que fazer.


–        Não é sorte! Você é genial prima!


–        Ah, parem! Graça a Deus vocês estão bem. Temos que nos concentrar em Camile.


–        Vocês ainda não estão a salvo! – disse Goliad


–        Certo, mas pra onde vamos? Pra cima ou para baixo?


–        Para cima! – disse Rose apontando as sombras deslizando de volta para atacá-los.


Escórpio colocou fogo no que restou do tapete e os três conseguiram erguer Camile.


–        Devíamos saber mais feitiços para uma situação dessas. – disse Alvo.


Vendo de perto as pequenas tiras negras; Rose chegou à conclusão que elas podiam se dividir em pedaços minúsculos o que os deixava em desvantagem. De repente sua varinha ficou negra até as pontas de seus dedos. Escórpio tentou tira-la de suas mãos, mas estava presa. De repente os olhos de Rose se encheram de lagrimas e ela não conseguia respirar. Alvo e Escórpio colocaram fogo em seus suéteres e a fumaça estava direto em seu rosto. Camile começou a recuperar a consciência.


–        O que está acontecendo?


–        Fique calma estamos salvando você! – explicou Alvo.


–        Estamos indo bem até agora, não? – disse Escórpio. – Precisamos de mais fumaça para espantá-los!


Os três fizeram pequenas fogueiras na escada os cercando; só não contavam que o fogo se alastrasse sem controle causando um pequeno incêndio. As sombras não podiam alcançá-los, mas eles também não podiam sair. Goliad e Guily se atiraram nas chamas para as crianças puderam descer as escadas.


–        Fantasmas são gelados o bastante para diminuir o fogo. – disse Rose.


Desceram devagar os degraus. Os fantasmas se juntaram aos garotos; os dois estavam cinza.


–        Não se preocupem! – disse Guily. – Um professor cuidou para controlar essas sombras nojentas e está vindo buscá-los.


Alvo observou o rosto de Camile; ela abriu levemente os olhos e sorriu muito fraco. Mesmo naquele estado Alvo continuava a achá-la a garota mais bonita de Hogwarts.


Os professores Longbottom e Flitwick a levaram à ala hospitalar.



–        Por que eu tenho que ficar aqui? – gritou Alvo quando Madame Pomfrey lhe passou um pijama.


–        Todos já se desintoxicarem da fumaça, mas o senhor, além da tosse, tem alguns cortes nas mãos! – respondeu a enfermeira.


–        Não sinto nada.


–        Logo sentirá! – respondeu a enfermeira. – Rápido tenho mais o que fazer!


–        Os fantasmas avisaram os professores?


–        Eles foram até a sala de McGonagall. – respondeu a enfermeira fechando a cortina para Alvo se trocar.


–        Como está Camile?


–        Sendo examinada; sua prima contou que ela tem alergia a insetos, então a diretora mandou que Slughorn preparasse uma série de poções para...


Alvo abriu a cortina.


–        Onde eles estão?


–        Na ultima cama, mas o que está fazendo garoto? Você nem acabou de se vestir!


Apenas de cueca Alvo pulou da cama e se meteu entre os professores em volta da cama de Camile; Slughorn tentava que a garota inconsciente bebesse um cálice cheio de um liquido fumegante.


–        Pare! – gritou Alvo e todos se assustaram.


–        O que está tentando fazer Sr. Potter? Matar sua colega! – exclamou a diretora McGonagall.


–        Não! Ele está! – respondeu Alvo apontando Slughorn.


–        O que está dizendo moleque!


–        Não me chame de moleque! O senhor usa ingredientes falsos nas poções! Se Camile tomar poderá piorar!


–        Se Camile não tomar essa poção morrerá!


–        Diretora McGonagall, estou dizendo a verdade.


–        Baseado em que diz isso Sr. Potter?


–        Loucura! Não a tempo para esse teatrinho desse moleque! Ele só quer a atenção que o pai teve!


–        Meu irmão diz a verdade! – disse Tiago surgindo entre os professores. – Ele descobriu que o senhor usa ingredientes falsos nas poções que faz. Alvo me contou e eu não deixei Grope tomar mais nenhuma poção preparada pelo senhor e ele melhorou.


–        Ajude-me com a garota Neville! – mandou Slughorn.


–        O senhor está mesmo disposto a arriscar a vida de uma aluna por vaidade? – perguntou Alvo. – Pode ser tarde demais quando perceberem que o quadro dela não mudou!


–        Neville! – ordenou a Slughorn.


Neville segurou o rosto de Camile e a profª Duggan delicadamente a fez abrir a boca. Slughorn observou Camile.


–        Por favor, professor! – disse Alvo quando Camile tomou o primeiro gole.


–        Tire os dois daqui. – ordenou McGonagall para Neville.


Neville puxou Alvo que lutava para se safar.


–        Ela parou de respirar! – disse a profª Duggan.


–        O que? – perguntou Neville soltando Alvo.


–        Camile! – gritou Alvo.


Os professores tiraram os irmãos de perto da garota. Madame Pomfrey os empurrou para fora. Ouviam os professores falando todos ao mesmo tempo. O primeiro a sair foi Slughorn enxugando o suor do rosto com um lenço. Logo em seguida a diretora McGonagall saiu com uma expressão assustada.


–        Ela está... – Tiago não conseguiu completar a frase.


–        Eu quero vê-la! – disse Alvo passando a força pela diretora.


Madame Pomfrey enxugava o rosto de Camile; não havia mais manchas e nem estava mais inchado. Alvo se aproximou e Camile abriu os olhos.


–        Você vai se resfriar assim Alvo; coloque um roupão... – a garota disse com voz sonolenta.


–        Ela é a melhor monitora de todas. – disse Tiago passando ao irmão um pijama.


Antes de tornarem a fechar a cortina em volta de Camile; os garotos viram em cima do criado mudo pétalas vermelhas.


–        Flores Astrais. – disse Madame Pomfrey novamente empurrando Alvo para cama.


–        Pelo jeito não só alunos que desrespeitam as regras. – comentou Tiago.


–        Obrigado. – disse Alvo. – Por acreditar em mim.


–        Não por isso... – respondeu Tiago displicente encolhendo os ombros.

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