A dura realidade



A musica abaixo faz parte do capitulo, para ouvi-la, clique no player.


 


 


*Capitulo Quarenta: A dura realidade*


“palavras certas podem concertar um erro, mas são os erros que fazem as palavras.”


 


 


Lá estava ela, como jamais estivera antes, sentindo-se como jamais se sentira antes, era como se estivesse no meio de um sonho, e com os olhos fechados, como estava naquele momento, poderia até mesmo visualizar por completo o sonho.


O sol estava brilhando forte no céu acima, as poucas nuvens deslizavam pela imensidão azul acima, a beira do abismo ela podia sentir o vento soprando contra seu rosto, enquanto o som da cascata de águas invadia todos os seus sentidos, silenciando todo o resto, até mesmo seus pensamentos. Nunca se sentira tão livre antes, podia sentir o próprio corpo seminu, a pele arrepiada pelo calor intenso, mas levemente refrescado pelas gotas de água que espirravam da queda da cachoeira contra si. Seu coração disparava ao peito, mas a sensação de liberdade era mais intensa que todo o resto, sentia-se como se fosse um pássaro, que pudesse abrir as asas a qualquer momento e então levantar vôo, ganhar os céus e chegar ao paraíso. Estava quase lá, muito perto do paraíso.


Os lábios de Thiago deslizaram por sobre a pele do pescoço, arrepiando a pele tanto quanto a água fria da cachoeira de seus sonhos poderia fazer, e isso a trouxe de volta a realidade, mas tirando o cenário deslumbrante, em todo o resto, ela sentia-se exatamente igual: Livre.


Sua respiração falhou quando os lábios de Thiago roçaram o lóbulo da orelha, mordiscando-o de leve e a fazendo arrepiar, sentia vontade de rir, era incrível como ele a fazia se sentir completa, como se tivesse nascido pra ele.


— Eu te amo, Lilly. – A voz de Thiago soou baixa ao pé do ouvido de Lilian e ela sentiu seu ser enchendo-se de um sentimento jamais sentido antes, era capaz de chegar à lua e voltar, de inchar como um peixe boi, tamanha felicidade que sapateava sobre seu coração, sentia vontade de rir, pular e gritar de alegria, e ainda seria pouco.


O corpo de Thiago encaixou-se mais entre o seu, fazendo-a sentir um calor percorrer o corpo como se estivesse sob um sol de 40º graus, mas era um calor completamente diferente de tudo que já sentira na vida. Suas próprias mãos deslizavam pelas costas macias, arranhando-o à medida que seu próprio desejo controlava a si mesma, será que ela conseguiria se conter por muito mais tempo? Será que estava pronta?


A mão de Thiago deslizou por sobre a perna de Lilian, apertando-a e seguindo em direção ao zíper, provavelmente em questão de minutos estaria nua sobre o macio tapete persa da sala de Thiago, e tal pensamento a fez estremecer de ansiedade e medo. Deus, por que ele tinha que fazê-la se sentir tão bem até mesmo num momento como aquele, em que ela deveria ter certeza de que estava pronta e não se deixar levar pelas sensações?


Um arrepio percorreu seu corpo quando a mão quente de Thiago roçou a pele de sua barriga, abrindo o botão da calça jeans e deslizando aos poucos o zíper, Lilian tinha certeza que em breve estaria tremendo-se inteira de nervoso, mas não teve tempo de pensar em mais nada, pois os lábios de Thiago grudaram-se contra os seus, a beijando intensamente como se inconscientemente tivesse a intenção de fazê-la esquecer todo o resto e deixar, de maneira menos tensa, que ele a livrasse das peças de roupas. E se essa era a intenção dele, estava conseguindo.


A mão de Lilian deslizou das costas de Thiago até os cabelos, segurando-os firmemente enquanto Thiago aprofundava o beijo, desejando que seu corpo, se possível, se unisse cada vez mais ao dela, como se pudessem se tornar um só. Perderiam o ar certamente, se não fossem despertos por outro som que invadiu a sala, tornando-se cada vez mais impossível ignorá-lo.


“Para-para-paradise.Para-para-paradise


Every time she closed her eyes”


 


— Ah não. – Disse Thiago entre o beijo, quando o celular recomeçou a tocar, aumentando drasticamente o som da musica a maneira que a pessoa do outro lado da linha insistia na chamada. Putaquepariu, pensou Thiago, tanto tempo pra ligarem pra ele, e tinham que ligar justo naquele momento?


Lilian riu entre o beijo, afastando levemente o rosto para encarar o maroto, que apoiou as duas mãos ao chão, erguendo o corpo sobre o de Lilian.


— É melhor você atender. – Thiago fez uma careta ao comentário de Lilian, e negou a cabeça em seguida.


— Não, que se foda o mundo, só quero você agora. – Seus lábios selaram contra os de Lilian, iniciando um beijo suave e apaixonado.


“Para-para-paradise.Para-para-paradise


Every time she closed her eyes”


 


— Que droga. – Lilian riu diante da irritação do namorado, esticando a mão para tentar encontrar o celular, que parecia caído em algum lugar do tapete. Quando sua mão se fechou em torno do smartphone, Thiago percebeu que não poderia mais ignorar o celular.


— Toma, atende, é o seu pai. – Thiago pegou o celular e encarou o nome “pai” com um imenso nó se formando na garganta, milhões de coisas se passaram por sua cabeça e nenhuma delas eram boas. Num impulso ele levantou-se seguindo em direção a cozinha, talvez fosse melhor não atender perto de Lilian, ele tinha uma sensação ruim de sobre o que poderia ser o assunto.


   — Alo. – Thiago encostou-se no balcão da cozinha enquanto observava Lilian sentando-se sobre o tapete e se vestindo, excelente, mais uma vez acabavam com o clima entre ele e Lilian, será que não teria sorte nunca?


“Até que enfim, onde você ta que não atende esse telefone?” – Thiago respirou fundo. Sempre adorara o pai, pois o mesmo sempre fora gentil, esperto, legal e o melhor de tudo, um excelente amigo, que o entendia, que o apoiava e sempre estava ali quando ele precisava, mas ultimamente o pai de Thiago estava parecendo muito com o pai de Patsy, e isso não era nada bom, será que a megerinha da Mayara era alguma bruxa e hipnotizara seu pai pra ele ficar do lado daquela cobra? Não havia outra explicação.


— Agora você pode falar, eu acabei de atender o celular, pai. – Lilian não precisava encarar o namorado para saber que o mesmo estava com uma cara de tédio e raiva no rosto, ela sabia, mas não sabia por que exatamente, as coisas não andavam bem entre Thiago e o pai nos últimos tempos.


Ela terminou de vestir a blusa, depois de ajeitar o sutiã no corpo, e levantou-se, ajeitando a calça e observando as feições irritadas de Thiago, que passavam de irritadas para raiva e incredulidade em segundos.


— O que? Como assim caiu da escada? – Lilian pegou a bolsa, ajeitando-a no corpo enquanto rapidamente enfiava os pés na sapatilha, ficando pronta pra sair, pela conversa alguma coisa séria havia acontecido, talvez a mãe de Thiago caíra da escada, ou algo assim, pelo que ela entendia da conversa.


— Ela perdeu o... – Thiago bufou irritado e soltou um “droga”, virando-se para não encarar Lilian nos olhos, enquanto tentava terminar a conversa o mais rápido possível. Era só o que faltava pra ele, aquela cobra se jogar da escada, devia ter morrido.


“Estamos no Hospital Santa Catarina, você sabe onde é, é melhor você vir pra cá logo, entendeu?”


— Pra que? Você já ta ai, não precisa de mim.


Thiago Potter, o filho é seu, então assuma suas responsabilidades, entendeu? Venha já pra esse hospital agora, se não...”


— Se não o que? Vai me botar pra fora de casa? – Thiago soltou uma risada nervosa, negando a cabeça, indignado. Se ele visse aquela menina na frente dele naquele momento, ele era capaz de jogar ela, não da escada, mas do ultimo andar do prédio, com certeza.


— Thiago. – Lilian sussurrou ao seu lado, apoiando a mão em seu ombro e Thiago sentiu-se aliviado e ao mesmo tempo desesperado, perderia Lilian em breve, e não sabia o que fazer para evitar isso por causa de uma coisa que, pela primeira vez, não era sua culpa. Sorte, muita sorte mesmo, pra não dizer o contrario.


— Droga, eu to indo. – Sem esperar o pai dizer mais alguma coisa, das milhares que ele estivera dizendo sem que Thiago entendesse, ele desligou o celular e virou, apoiando o celular no balcão antes que ele o jogasse contra a parede mais próxima.


Afundando o rosto nas mãos ele sentiu seus olhos encherem-se de lagrimas, se era possível chorar de raiva, ele o fazia naquele momento, como poderia resolver tudo sem que perdesse Lilian no meio de todas essas mentiras?


Sentindo as mãos delicadas da namorada em seus ombros, Thiago respirou fundo, se não fosse naquele hospital, seu pai não lhe daria paz pelo resto do dia, do mês, do ano, provavelmente.


— Thiago o que houve? Por que você esta assim? – Respirando fundo, Thiago segurou a mão de Lilian, virando-se para encará-la, em algum momento daquele dia, ele teria de ser sincero com ela e contar tudo, ele só teria que criar coragem e esperar o momento certo, mas não haveria outra escolha, poderia perdê-la, mas pelo menos ele lhe contaria tudo, toda a verdade, antes que Mayara acabasse com sua vida da pior maneira possível fazendo a mulher que ele mais amava odiá-lo pelo resto da vida.


— Precisamos ir pro hospital. – Ele disse meio rouco, tentando controlar o choro de raiva, e sem conseguir responder a pergunta da ruiva, ainda não era o momento de dizer nada.


Soltando a mão de Lilian, Thiago encaminhou-se até a sala, desligando a TV e pegando a chave do carro sobre a mesinha de centro.


— Quem caiu da escada? – Thiago tinha vontade de dizer “eu”, pois diante de tudo aquilo parecia ser ele caindo num buraco imenso e sem fim. Encarando o tapete persa vazio lembrou-se que há minutos atrás estava no paraíso, e agora seguia em direção ao inferno, como isso era possível?


— Depois te conto tudo, mas agora precisamos ir. – Ao sair do apartamento, Thiago encarou mais uma vez seu novo lar, na boca do estomago ele sentia que as coisas ruins só estavam começando. Sempre diziam que a verdade prevalece, naquele dia, ele teria a certeza se aquilo era mesmo verdade ou não, e ele tinha a sensação de que não era bem do jeito que as pessoas diziam.


 


 


                                                           ***


 


A televisão estava ligada, o som baixo invadia o quarto silencioso tornando-se mais alto do que aparentava. As imagens que se desenrolavam pela tela do televisor tornavam a escuridão do quarto menos intensa enquanto nos olhos azuis podiam-se ver as imagens refletidas, mesmo que os olhos não estivessem de fato prestando atenção ao que via, sua mente na verdade viajava muito alem daquela novela patética que tentava retratar da pior maneira possível a realidade deturpada das pessoas que a assistiam. Mas ela não estava realmente interessada em nada daquilo, sua mente pensava em outra coisa, outra casa, outro quarto, outra televisão, e foi por esse pensamento que ela finalmente levantou-se da cama e caminhou até o guarda roupa, vestindo outra coisa alem daquele pijama. Amarrou os longos cabelos num rabo de cavalo e o mais silenciosamente abriu a porta do quarto, descendo as escadas e logo alcançando a saída, em segundos ela estava na rua, em segundos ela estava ali, em frente ao portão de sua casa, em frente ao local onde tudo acontecera.


Como podiam querer que ela esquecesse tudo quando tudo estava ali, bem ali, do lado da casa de sua amiga, do lado, tão perto que ela podia sentir o cheiro do sangue mesmo estando no quarto de visita da casa de Lilian.


Quando ergueu a mão para abrir o portão, sentiu-se tremula, seu coração como a bateria de uma escola de samba começava a disparar freneticamente ao peito, impossibilitando-a de respirar por segundos.


O portão rangeu e abriu-se a sua frente quando ela o empurrou, e antes que alguém a impedisse, ela respirou fundo, prendeu a respiração por segundos e adentrou rapidamente, fechando o portão atrás de si.


A escuridão impregnava todo o jardim frontal, como naquela mesma noite, trazendo novamente as lembranças que raramente a deixavam em paz.


Em passos trêmulos ela se encaminhou até a porta de entrada. Podia sentir o vento açoitando a pele, a chuva castigando as janelas e o medo pulsando forte em seu peito, mas em segundos se deu conta de que nada daquilo era verdade, eram apenas recordações, não era mais a realidade, era passado, já havia acontecido, e ela precisava tentar superar, era por isso que ela estava ali, iria definitivamente se despedir daquelas lembranças, daquela dor, de tudo aquilo. Precisava se livrar de tudo aquilo, precisava.


Seus passos ecoaram pelo chão de madeira quando ela finalmente adentrou a sala de entrada. Como um filme, ela podia reviver tudo de novo, detalhe por detalhe, daquela noite. O silencio, a chuva castigando o telhado, a escuridão causada pelo apagão, o tremor de seu corpo devido ao frio, a chuva e pela dor causada pelo maroto, até então ele era o único capaz de causar uma dor tão grande dentro de si, até aquele dia.


Como se estivesse vivendo tudo novamente, ela tirou os sapatos e os segurou nas mãos ao adentrar a sala e pisar sobre o tapete macio da sala que abafava seus passos.


E se, como naquele dia, os bandidos assassinos estivessem lá em cima de novo? Soltando os sapatos sobre o tapete ela seguiu em direção as escadas, ouvindo o som dos próprios passos ao subir pela escada de madeira. Seu coração batia descompassado no peito, e à medida que alcançava o topo da escada, seu corpo tremia cada vez mais, como se estivesse invadindo a Antártida sem nenhuma blusa de frio.


Seus olhos caíram sobre o corredor e então seu coração congelou por segundos.


BUM.


Um vulto iluminou-se ao final do corredor. Passos pesados ecoando. Uma voz grossa ecoou no corredor vazio.


 


Suas pernas bambearam e ela sentiu uma dor invadindo seus joelhos quando caiu de frente no carpete do corredor, as mãos apoiando-se no mesmo enquanto a respiração ofegava e os olhos perdiam o foco de tudo. Uma dor latejante começava a perfurar seu peito como se alguém estivesse fazendo um furo com uma furadeira, daqueles que se faziam em paredes quando queriam pendurar um quadro. Uma dor latejante.


Erguendo os olhos ela encarou o corredor, vivenciando tudo novamente. Podia se lembrar com clareza de ter corrido para o quarto e agarrado a pobre cachorrinha que saindo debaixo da cama correu para pular em seu colo. Estaria morta se não tivesse se escondido no guarda roupa, mas sua covardia custara a vida de seus pais, será que algum dia se perdoaria por isso?


Tremula, ela apoiou-se na parede e ergueu-se. Seus passos incertos e temerosos custaram a seguir adiante, enquanto as lagrimas brotavam em seus olhos escorrendo pela maça do rosto e seguindo em direção ao colo suave da garota, mas tudo que ela via era o corredor agora embaçado pelas lagrimas, e a porta do quarto de seus pais, cada vez mais próximo.


— Lia? Lia, sou eu, o Sirius.  – Ele acariciou-lhe o rosto, secando as lagrimas que escorriam sem parar pelo rosto.


Um dia minha princesa, outros olhos azuis ajudarão você a se levantar, então nesse dia você vai saber que encontrou o seu príncipe encantado.


As lembranças invadiam-na como se estivesse vivendo os últimos segundos de sua vida, e de repente pudesse ver em sua mente toda sua vida num segundo, mas aquele não era o fim de sua vida, e aquelas lembranças não eram apenas momentos que recordaria quando morresse, aqueles eram os momentos que ela se recordaria todos os dias de sua vida, por mais que tentasse esquecê-los.


As lagrimas rolavam por seu rosto como gotas de júpiter caindo de imensas nuvens do céu, se perdendo pelo infinito como ela em seus pensamentos, mal percebendo quando finalmente alcançou a porta do quarto dos pais, que se encontrava fechada.


Lia, não” Dissera uma voz em sua mente, como se fosse a voz de Sirius, como naquela noite em que ele tentara impedi-la de adentrar o quarto, mas ela não deu ouvidos a voz, e com as mãos tremulas ela girou a maçaneta e empurrou a porta.


Tudo estava exatamente igual ao que era antes. A cortina da porta de vidro da sacada continuava entreaberta, e até mesmo a porta não parecia trancada, os enfeites do quarto estavam exatamente nos mesmos lugares na estante de livros que o pai adorava, o vaso de flores a entrada do closet de sua mãe, e se não fosse pelas flores agora murchas, Lia acreditaria que tudo era um sonho, e que sua mãe continuava cuidando da flor que ganhara de seu pai no ultimo aniversário de casamento, até mesmo o paletó de seu pai, aquele marrom, grande, estilo sobretudo inglês que ele adorava, estava lá pendurado no cabideiro como se ele tivesse chego do trabalho a pouco e o pendurado ali antes de descer para o jantar.


Podia se lembrar da ultima vez que jantara com os pais na sala de jantar, da risada de seu pai ecoando pela casa como um trovejão engraçado, lembrou-se de quando era criança e seu pai contava historias sobre os deuses antes dela dormir, ela costumava imaginar Zeus como seu pai, os cabelos brancos, a risada alta e forte e aquele sorriso amistoso nos lábios, do tipo que só tinha uma aparência de bravo, mas que no fundo era mais derretido do que mulherzinha assistindo final de novela.


Ao invés de rir com tais lembranças, Lia sentiu mais lagrimas rolarem por seu rosto, Deus como daria tudo, tudo o que tinha para tê-los ali de novo, para poder abraçar seu pai com força e ouvir sua voz de trovão lhe dizendo que rapaz algum poderia jamais partir aquele coraçãozinho de ouro do papai, e poder deitar em sua cama e ver sua mãe sentada a beira, sorrindo e lhe dizendo que no outro dia a levaria para fazer compras como se fossem duas amigas passeando. Deus, ela daria tudo, até mesmo a própria vida por eles, e por que aquilo tinha que ter acontecido? Por quê?


Seus olhos embaçados pelas lagrimas encararam a cama vazia, ali estava a prova de que nada fora um sonho, era a única coisa no quarto que não continuava normal, com o colchão imenso e macio em colchas brancas, aquela cama que desde pequena ela sempre adorara pular em cima enquanto a mãe brigava para descer. Mas não estava ali o colchão, a cama vazia ocupava o espaço de sempre, como se não fosse mais nada.


Com o corpo tremulo, Lia sentou-se no chão de madeira e sentiu o corpo inteiro sacudir-se enquanto era invadida pelo choro e pelo desespero.


Daria tudo para voltar atrás e mudar tudo, e trazê-los de volta, mas nada mais podia ser feito. Eles haviam partido, haviam a deixado sozinha naquele mundo imenso, com um buraco oco dentro do peito e uma dor lancinante que não parecia passar nunca.


Eles a haviam deixado pra sempre.


O corpo frágil deitou-se sobre o chão, o mesmo chão, o mesmo lugar que seu pai estivera morto dias atrás e finalmente deixou-se chorar toda a dor que havia dentro de si. Não tinha problema, ela não tinha pressa de ir embora, não tinha mais casa para ir, nem pais para ver no final do dia, nem o beijo na testa de boa noite de seu pai, nem o abraço carinhoso de sua mãe antes de dormir, não tinha mais nada, poderia ficar ali pra sempre, até que sua dor passasse, até que tivesse coragem de seguir em frente, mas por enquanto, tudo que ela queria era ficar ali, debruçada sobre as lembranças de momentos que jamais se repetiriam.


Os cabelos louros caíram sobre o chão de madeira e o corpo frágil sacudiu-se pelo choro e pelas lagrimas, enquanto pela porta de vidro da sacada, um par de olhos frios a observava em silencio.


 


                                                                       ***


 


Suas mãos tremiam tanto que ela mal conseguiu se vestir, o nervoso tomava conta de todo o seu corpo, enquanto os pensamentos mais loucos invadiam sua mente. Será que ele descobrira tudo? E se ele a levasse num hospital e a obrigasse a fazer algum exame? Ou até mesmo um ultra-som, como ela escaparia? E o que ele faria se descobrisse que ela estava grávida?


Patsy tremia, tremia tanto que sem querer deixou cair o vidro de perfume ao chão, vendo o mesmo espatifar-se pelo chão do banheiro.


— Pat? Filha, o que foi isso? – A voz de sua mãe ecoou pela casa e Patsy voltou correndo para o quarto, pegando a bolsa e colocando-a no ombro, antes que os gritos impacientes do seu pai viessem a deixá-la ainda mais nervosa.


— Nada mãe, só... Só deixei cair sem querer o vidro de perfume. – O sorriso carinhoso da mãe a deixou ainda mais nervosa ao invés de tranqüilizá-la, e quando a mãe a abraçou, à porta de seu quarto, Patsy sentiu que começaria a chorar a qualquer momento.


Controle-se. Disse a si mesma. Ele não disse nada, talvez ele não saiba de nada e você não pode entregar o ouro de bandeja.


— Vai dar tudo certo, querida, não precisa ficar nervosa.


— Mas onde ele vai me levar? Por que a senhora não vem junto? – Karen Kensit sorriu e acariciou o rosto da filha, o que a deixou ainda mais nervosa, por que todo aquele mistério?


— É segredo, querida.


Era só isso que faltava, um segredo para acabar de vez com seu estomago e coração que em breve perderiam o controle novamente.


Sentindo a mão da mãe envolvendo sua cintura, ela se encaminhou até a sala, sentindo o coração pulsando forte no peito, quase saindo pela boca.


Adeus lar, doce lar. Pensou ela ironicamente, antes de seguir em direção ao elevador que a levaria diretamente ao subsolo onde seu pai já esperava no carro.


Se ele queria acabar com tudo aquilo de uma vez, então ele iria acabar com tudo de uma vez, pensou Patsy ao caminho do estacionamento. Ela o deixaria descobrir tudo, e veria o que ele faria, não era nada que ela já não imaginasse, de castigo pelo resto da vida, proibida de ver o Remo pelo resto da eternidade, esse dia não demoraria a chegar, ela sabia disso, estivera pensando sobre isso todos esses dias, e agora chegara o momento tão indesejado, mas nada havia a ser feito, se não encará-lo, e era melhor acabar com aquela tortura de uma vez.


Patsy desceu no subsolo e seguiu direto ao carro do pai, abrindo a porta e entrando sem dizer uma palavra. Fechou o cinto de segurança e observou pela janela do carro o estacionamento e logo a rua, tentando não pensar em nada, tentando pensar em qualquer bobeira que a impedisse de pensar no que aconteceria depois, sofrer por antecipação não a deixaria melhor e nem faria seu estomago sossegar.


— Esta se sentindo bem? – Perguntou Thomas Kensit, e Patsy sentiu-se enregelar no banco de couro.


— Ó-ótima. – Gaguejou, sem desviar os olhos da janela do carro por onde ela podia ver a avenida paulista à frente, imensa e agitada como sempre.


— Lembra de como você costumava adorar a Paulista? – Patsy sacudiu a cabeça afirmamente, sem entender o porquê daquela conversa justo agora, antes de acabar com sua vida, ele queria demonstrar que ainda se lembrava de que um dia fora um pai de verdade?


— Patsy... – Estavam parado num farol, ele viraria a direita e finalmente estariam na Avenida Paulista, mas para onde seguiriam, ela não tinha certeza mais, assim como não tinha muita certeza das palavras que viriam a seguir. – O que vamos fazer hoje é muito importante, quero que entenda que...


Thomas Kensit engoliu em seco e finalmente acelerou o carro, seguindo pelo farol verde e virando na Paulista, como ela previra.


— Com tudo o que andou acontecendo, eu continuo sendo o seu pai, continuo me preocupando com você e com seu futuro.


Tudo o que Patsy conseguiu fazer foi assentir com a cabeça, sem conseguir encarar o pai, diante de tudo que vinha passando, ouvi-lo dizer que se preocupava com ela, lhe enchia de tanta raiva que se o olhasse talvez fosse capaz de lhe dar um soco na cara, mas obviamente não poderia fazer isso, bem ou mal, ele ainda era seu pai, e aprendera, por ele mesmo, que não existia nada pior do que desrespeitar ou agredir os pais. Até mesmo quando eles mereciam.


“Vamos acabar logo com isso”, ela pensou, respirando fundo e fechando os olhos por segundos, enquanto Thomas Kensit diminuía a velocidade do carro, obrigando Patsy a abrir os olhos e sentir seu estomago afundando.


Pronto, estava tudo acabado.


A placa na entrada de um prédio a frente dizia visivelmente:


“ BIOCELL LABORATÓRIO DE ANALISES ”


 


                                                           ***


 


Por todo o percurso, Lilian não parou de encarar Thiago que mal conseguia olhar para a ruiva direito, pensava, durante todo o caminho, a melhor maneira de contar tudo a Lilian, mas não conseguia descobrir como faria isso. Será que ela acreditaria nele?


O hospital Santa Catarina era próximo razoavelmente da casa de Thiago, como ficava na Paulista, a única coisa que tornava o caminho mais longo era o transito, mas aquilo não era nenhum problema a Thiago, já que ele tentava atrasar cada vez mais a chegada ao hospital.


— Lilly. – Quando o carro finalmente adentrou o estacionamento do hospital e Thiago desligou o carro, ele respirou fundo e apoiou a testa sobre o volante do carro, criando coragem pra tentar dizer alguma coisa a Lilian que a fizesse acreditar nele, independente do que acontecesse dentro daquele hospital.


— Ai Meu Deus, Thiago, você ta me deixando desesperada. Me fala, o que aconteceu? Foi sua mãe? Ela caiu da escada? Ou foi a Lia? Ou a Pat? Ou...


— Lilly. – Thiago virou-se e apoiou a mão na perna de Lilian, fazendo-a encará-lo. Seus olhos verdes brilhavam de preocupação e Thiago percebeu que só estava piorando as coisas.


— Não se preocupe, ninguém importante caiu da escada, foi só... – Ele parou, passando as mãos no cabelo, nervoso, sem conseguir continuar. – Olha, eu só vim aqui por que preciso resolver uma coisa, mas vou precisar que faça um favor pra mim.


Lilian assentiu, preocupadamente, se bem conhecia o namorado, não era nada muito agradável que teria lá dentro, ou ele não estaria tão nervoso daquele jeito. Mas o que poderia ser para deixá-lo tão preocupado?


— Claro, amor, o que precisar, estou do seu lado, você sabe disso. – Thiago respirou fundo, não teria coragem de contar a ela agora, na verdade, ele não sabia nem quando teria coragem de contar, talvez fosse melhor resolver toda essa situação primeiro, e então ele contaria tudo a Lilian, quando estivesse mais calmo, num lugar mais tranqüilo e relaxado. Isso, seria assim, era melhor.


— Você tem que acreditar em mim, ouviu? – Lilian franziu a testa diante das palavras de Thiago?


— Como assim?


— Lilly... – Thiago segurou as mãos de Lilian e levou-a aos lábios, tremulo, o nervoso percorrendo suas veias como um vulcão em erupção, furiosamente. – Não importa o que ouça lá dentro, não importa o que ouça meu pai falar, ou qualquer outra pessoa, é tudo mentira. Você tem que acreditar em mim, ta?


— Thiago, o que aconteceu? Por que seu pai mentiria pra mim? – Thiago respirou fundo, estava ficando cada vez mais difícil, como passaria por aquilo sem que Lilian percebesse o que estava acontecendo?


Talvez fosse melhor ela não ir com ele, e então ele resolveria aquela merda toda, e iria com ela pra qualquer outro lugar e resolveria com ela toda essa situação.


Melhor ainda.


— Olha, por que você não vai no Mc’Donnalds aqui perto e come alguma coisa enquanto eu converso com meu pai? É melhor, é só... é só um negocio da... da empresa, é, ele ta inventando umas coisas pra me forçar a trabalhar lá e eu não to afim, e eu vou acabar brigando com ele, e não quero que você fique no meio.


Thiago respirou, aliviado, aliviado apenas por ter conseguido pensar em alguma coisa que tirasse Lilian dali e ele tivesse tempo suficiente de resolver tudo.


— Era isso? Por que você não me disse nada antes? – Thiago deu um sorriso sem jeito, enquanto a namorada acariciava seu rosto, carinhosamente. – E quem caiu da escada?


Thiago deu de ombros.


— Sei lá, a secretaria dele, eu acho, ele só queria que eu viesse pra discutirmos de novo esse assunto, e eu to muito puto com ele, vou acabar falando merda, não quero que você veja, só isso. Desculpa.


Lilian sorriu e puxou o maroto pra um abraço, beijando suavemente o pescoço do namorado enquanto dizia.


— Tudo bem, eu vou esperar no Mc’Donnalds, mas não briga com o seu pai, ta? Tenta ouvir o que ele tem a dizer, ele é seu pai, quer o seu bem, ta bom?


Ela afastou-se para encarar aqueles olhos castanhos esverdeados e sorriu gentilmente, fazendo Thiago afundar-se por dentro.


Droga, estava mentindo de novo pra Lilian, se odiava por isso, odiava a Mayara por isso, mas era a ultima vez que mentia pra Lilian, era a  ultima vez que teria medo de perde-la por causa de uma garota ridícula e idiota como a Mayara, sua vida não era novela, e se ele bem entendia de novela, quanto mais se mente, pior ficam as coisas, mesmo quando você não esta errado.


Selou seus lábios nos de Lilian e respirou aliviado, iria resolver tudo de uma vez por todas e ficar com sua ruivinha pra sempre.


 


 


                                                           ***


 


Se há um ano alguém lhe contasse tudo que iria acontecer, Sirius riria de se acabar e chamaria o cara de retardado mental, por que era sem chances de tanta coisa acontecer com ele desse jeito, até por que sua vida nunca fora assim tão agitada, claro que não contava as baladas, mulheres e bebedeiras como agitação, não comparado as verdadeiras agitações que vinham acontecendo na sua vida, e olha que nem todas eram tão boas assim. Pensando bem mesmo, a única coisa boa que acontecera naquele ano era ter conhecido Lia e seu time ter ganhado a libertadores da América e ser campeão mundial. Com tal pensamento ele riu, pensando bem, ele não estava mesmo afim de ir pra casa e ele mal tivera como comemorar o titulo, talvez aquele fosse o momento.


Errando, propositalmente, o caminho de casa, Sirius seguiu direto para uma baladinha na Rua Augusta, estava precisando beber umas e relaxar, comemorar o titulo do Corinthians, esquecer as desgraças de sua vida, e tudo o que Lia vinha passando, o que, obviamente, o afetava e muito, também.


Estacionou no estacionamento ao lado e entrou na baladinha, seguindo direto para o balcão, onde sentou-se e pediu a bebida mais forte da casa, estava muito errado aquele que dizia que bebida não fazia esquecer as coisas, fazia sim, e muito bem, por isso ele virou o copo pra mais da metade de uma vez só, se esquecer era tudo que ele queria, beber era certamente a solução.


Não estava afim de ficar com ninguém, por isso quando uma garota bonita e charmosa, sentou ao seu lado jogando-lhe uns olhares nada indiscretos, Sirius virou o resto de sua bebida e resolveu dar uma volta pelo lugar, talvez um bate cabeça o fizesse ficar bêbado mais rápido. Rindo, ele seguiu para o meio da multidão, tudo o que queria era esquecer quem ele era e onde estava, e qualquer outra coisa que existisse no mundo.


 


 


 


— Sim, Ana Maria, eu quero vender tudo. Tudo.


A voz não estava mais tremula, lagrimas não rolavam mais por sobre a pele de pêssego e o corpo já não estava mais tremulo, como antes.


Sentada na poltrona de seu pai, no quarto que era de seus pais, Lia encarava tudo calmamente, depois de ter chorado até sentir que a cabeça iria explodir, ela desceu à cozinha, achou um comprimido pra dor de cabeça na primeira gaveta do balcão e o tomou com um copo de água com açúcar. Então, finalmente calma, ela voltou ao quarto, sentou na poltrona de seu pai, encarando o quarto vazio e quase intocável e discou para a advogada da família, era o momento de fazer o que devia fazer. Faria tudo, e depois provavelmente viraria uma garrafa de vodka inteirinha do barzinho da casa pra esquecer todo o resto.


— Sim, tudo, os móveis, as roupas, tudo. Veja se alguém se interessa por comprar a casa mobiliada, ou então doa tudo pros pobres, eu não me importo, eu só quero que você venda tudo.


“ Lia, querida, eu entendo que você queira vender tudo agora, mas você pode se arrepender mais tarde, são as coisas dos seus pais, querida!”


Lia fechou os olhos por segundos, tudo o que ela levaria dos pais, estavam sobre seu colo naquele momento, o resto... Eram só objetos que não tinham mais a menor importância.


“Além do mais, Lia querida, acho que vai ser meio difícil vendermos a casa logo agora, quer dizer, as pessoas sabem que...”


Ana Maria, a advogada da família não continuou, mas Lia entendera muito bem o que ela queria dizer.


— Eu sei, eu sei que vai ser difícil vender, mas por favor, tente vender tudo, não importa o preço, ou dê de graça pra alguém, eu só não quero mais essa casa, nada. Okay?


Lia suspirou e desligou o celular. Era hora de seguir em frente, talvez fosse cedo demais pra isso, mas não importava, ela só queria esquecer tudo que acontecera, longe dali poderia viver como se os pais ainda fossem vivos e estivessem viajando, dentro daquela casa, ela jamais esqueceria o terror que passou, jamais.


Ela se levantou e saiu do quarto, descendo as escadas e alcançando a saída rapidamente, tudo que precisava agora era esquecer tudo. Sua vida tinha virado de cabeça pra baixo, e agora, definitivamente, as coisas iriam mudar.


Na escuridão da noite, escondido pela noite na sacada do quarto, o par de olhos frios observavam a loira se despedir da casa que um dia fora dela, e agora ele tinha uma certeza, as coisas estavam saindo exatamente como ele previra. Exatamente.


— Não se preocupe, queridinha, você vai conseguir vender a casa mais fácil do que imagina.


 


                                                           ***


 


O coração de Thiago parecia que ia sair pela boca, batia tão descompassado ao peito que chegava a doer. Apesar de ter convencido Lilian a ir ao Mcdonalds, ele ainda se sentia nervoso por estar ali, nervoso diante de tudo aquilo que não deveria estar acontecendo com ele, quer dizer, se ele pelo menos fosse realmente pai dessa criança, mas ele nunca tivera nem sequer dormido com a menina, como ela podia ser tão cara de pau de mentir assim sabendo que ele sabia a verdade? Ela não andara assistindo muitas novelas por ai, aprendera muito pouco.


Com o celular na mão, Thiago saiu do elevador no andar que seu pai indicara, não queria nem pensar na ceninha que a garota faria quando o visse.


Santo Deus, daí me paciência, por que se me der forças, eu juro que mato.


Respirando fundo, ele girou a maçaneta da porta e entrou.


Como imaginara, seu pai estava sentado num sofá de um só lugar ao canto, enquanto Mayara, aparentemente sem nenhum arranhão, estava levemente deitada, as costas apoiadas na cabeceira da cama, apoiadas num travesseiro, e conversando normalmente com ele.


Ótimo, pensou Thiago, não esta morrendo, então poderei sair rápido daqui.


— Que pena que você não morreu, por um segundo imaginei isso e tive a maior alegria da minha vida.


— Também é muito bom ver você, Thi. – Thiago ignorou o comentário da garota, assim como ignorou a cara feia do pai, fechando a porta e encostando-se na mesma.


— Então, pai, ela não morreu, pelo jeito parece muito bem, por que eu tinha que vir aqui?


— Olha a maneira que você fala da mãe do seu filho. – Thiago revirou os olhos e respirou fundo.


— Na verdade, Thi, fui eu que pedi pro seu pai te chamar. Queria aproveitar que você esta aqui e fazer um ultra-som.


— Um o que? – Thiago parou por um segundo pra entender o que ela dizia e então começou a rir. – Um ultra-som? Ta falando serio?


Thiago não conseguiu controlar o riso, era impossível, como essa garota podia ser tão dissimulada desse jeito?


— Claro, claro, que tal chamarmos o verdadeiro pai do seu filho pra acompanhar o ultra-som?


— Potter.


— Qual é, pai? Você acha que eu sou idiota o suficiente pra fingir que esse filho não é meu? Eu posso ser um moleque como você diz, mas se ela tivesse mesmo esperando um filho MEU, eu assumiria. Se ao menos eu tivesse comido ela...


— Potter, olha a boca. – Charles tentou dar uma bronca em Thiago, mas o maroto ignorou o pai por completo.


—Eu te diria que tenho minhas duvidas, mas eu nunca, tipo NUNCA comi essa garota, e ela sabe disso. – Thiago virou-se para encarar a garota que continuava com cara de tacho no maior teatro ridículo que ele já vira.


— O que você ta querendo? Grana? Se você e eu sabemos que nunca transamos e que é impossível você estar grávida de mim, por que você continua nesse joguinho?


— Thiago, eu não... – Ela começou, mas Thiago não deixou que ela terminasse.


— Você sabe que eu NUNCA vou ficar com você, agora, depois disso tudo, pior ainda. Se você ta querendo me separar da Lilly pra ficar comigo, esquece, por que eu fico sozinho no mundo, mas não fico com você, garota. Olha a merda que você ta fazendo, mentindo na minha cara pra todo mundo sobre uma coisa que eu sei que não é verdade.


Thiago riu nervoso, e dessa vez seu pai não disse nada, era como se ele tivesse, pela primeira vez acreditando no filho, pelo menos era isso que Thiago esperava, afinal de contas, seu pai nunca fora burro como estava parecendo.


— Mas Thiago, eu amo você... – Lagrimas rolavam pelo rosto da garota, e Thiago bufou irritado, o teatrinho não acabava nunca.


— Mas que porra de amor é esse, garota? Eu falei pra você no dia do baile, não falei? Eu disse que não amava você...


— Nã-Não, você disse que se não tivesse namorada, você ficaria comigo. – Thiago riu nervoso, passando a mão pelos cabelos.


— Ótimo, você entendeu tudo errado, realmente ótimo. E daí resolve ir na minha casa, mentir pra todo mundo e fazer esse teatrinho todo na minha cara, pra tentar ficar comigo? – Thiago deu uma gargalhada nervosa, voltando a encarar a menina, incrédulo. – Você realmente achou que eu ia ficar com você depois disso tudo?


— Thi... Thi eu... eu só ment... – Começou a garota, prestes a dizer que era tudo mentira, mas não conseguiu terminar a frase.


— PARA! Chega de teatrinho, Mayara, chega.


— Thiago, meu filho, acalme-se. – Charles Potter, se aproximou da cama, entregando um copo de água pra garota, que chorava e soluçava desconsoladamente, talvez o choro não fosse teatrinho, ela parecia realmente que iria morrer de tanto chorar, mas foda-se pensou Thiago, ela só estivera fudendo a vida dele nos últimos dias, ele não tinha por que ter dó dela.


— Olha, me desculpe, okay, se você gosta de mim realmente, quer dizer, aquele dia, no baile, eu não quis realmente dizer que ficaria com você se não tivesse com a Lilly, eu só queria te mostrar que você podia arrumar outros caras por ai que realmente te quisessem, por que eu não quero, eu não amo você, eu amo a Lílian, e ela é a única garota nesse mundo com quem eu quero ficar.


A garota de cabelos vermelho-cebola encarou Thiago, colocando o copo, com as mãos tremulas, de lado, percebendo então uma coisa que parecia que ninguém havia notado.


— Mas e o beijo? Você disse tudo aquilo, mas seu beijo disse outra coisa, a maneira como você me agarrou no banheiro, foi tão... Você não pode negar isso, isso você não pode negar, Thi, foi bom, não foi? Você gostou, você teria ficado comigo o resto da noite, se não fosse...


Thiago chacoalhava a cabeça, nervoso, agora entendia tudo, um erro seu, fez a garota imaginar tudo errado, tudo errado.


— Não, Mayara, eu só... – Thiago passou a mão pelos cabelos, nervosamente. – foi um erro, aquilo, esquece isso, eu não gosto de você, não quero ficar com você, eu amo a Lilian.


— Tudo bem. – Mayara disse, e Thiago parou para encará-la. Aleluia, irmão, ela entendera alguma coisa, pelo menos não era então tão burra quanto parecia.


— Tudo bem? Vai acabar o teatrinho? – Thiago estava quase rindo de felicidade, era bom demais pra ser verdade.


— É, tudo bem. Você não quer ficar comigo, eu entendo, você gosta dela, e eu não vou atrapalhar isso. – Ela virou o rosto para, constrangidamente, encarar o pai de Thiago.


— Sr. Potter, tudo bem se eu fizer o ultra-som outro dia?


— O que? – Thiago arregalou os olhos, atônito. Como assim? Ela não disse ‘tudo bem’? Ela não ia acabar com o teatrinho? Ela não tinha entendido tudo?


— Eu disse que tudo bem, Thi, se você não quer ficar comigo, tudo bem, mas ainda continuo esperando um filho seu, acho que seus pais, pelo menos vão querer assistir a ultra-som.


O queixo de Thiago caiu.


— Mas que porra...? – Começou Thiago, mas não conseguiu terminar, pois naquele momento a porta do quarto se abria e Thiago virava-se para encarar uma Lilian branca como cera.


 


                                                           ***     


 


— Eu já não vi você aqui antes?


Ela virou-se para encarar um par de olhos azuis estranhamente conhecidos. Incerta ela riu e negou a cabeça.


— Não, na verdade nunca vim aqui antes, mas você... Eu não te conheço?


Ele riu, uma risada musical, que mexeu estranhamente com as lembranças dela, sim, ela já o vira, e mais, já o conhecera, por que aquela risada não era estranha, e aquela voz... uma sombra perpassou por seu coração e ela virou o copo que estava nas mãos, tomando um grande gole. Era melhor não pensar demais.


— Eu adoro essa cantada, mas vou entender que não foi uma cantada. – Ele riu, dando uma piscadela pra ela, e ela riu de volta.


Já se perguntava afinal de contas, o que ela estava fazendo ali, mas se lembrou quando tomou mais um grande gole do enorme copo de vodka com red bul: Esquecer, esse era o real motivo dela estar ali.


Quando saiu de sua antiga casa, a casa que ela não queria voltar nunca mais, decidiu que precisava esquecer quem ela era, e nada melhor pra isso do que um lugar cheio de gente desconhecida e muita bebida com gosto horrível, sim, quanto mais horrível o gosto, mais rápido a deixaria bêbada e mais rápido ela esqueceria de tudo, incluindo quem ela era.


Nunca estivera naquela balada, mas estava começando a gostar dali, sempre fora uma menina certinha, até certo ponto, não costumava aprontar, não costumava freqüentar baladas assim, nem beber demais, talvez esse fosse o momento de mudar isso tudo.


— Okay, gato, vamos fingir que já nos conhecemos então. Eu sou Lia. – Ela sorriu esticando a mão, que ele segurou e beijou suavemente, antes de dizer.


— Tom Riddle.


 


Long handwritten note, deep in your pocket
Longas anotações manuscritas, dentro de seu bolso


Words, how little they mean, when you're a little too late
Palavras, como elas significam pouco quando é tarde demais


 


— Lilly? – Thiago sentiu seu mundo desabando.


Droga, droga, droga, por que ela estava ali? Quanto ela tinha ouvido? Mas que merda, por que aquilo sempre acontecia com ele?


— Filho? – A voz de Lilian saiu rouca e baixa, enquanto lagrimas escorriam por seu rosto, provavelmente ela ouvira mais do que a parte do filho, que Mayara dissera.


— Lilly, não, não, é mentira dela, eu não... Eu não sou pai de filho nenhum... É mentira, lembra que eu te disse que você precisava acreditar em mim?


Lilian encarou os olhos castanhos esverdeados de Thiago e sentiu a raiva brotando em seu peito.


— Acreditar em você? Você mentiu pra mim, Thiago, mentiu em tudo, como quer que eu acredite em você?


Sem esperar que Thiago respondesse alguma coisa, Lilian saiu pisando fundo, enquanto Thiago segurava os cabelos com as mãos.


— Parabéns, era isso que você queria, não era?  - Com um ódio pulsando nas veias, ele saiu batendo a porta com toda a força que sentia, antes de sair correndo atrás de Lilian pelo corredor do hospital.


 


 


In dreams, I meet you in warm conversation
Em sonhos, te encontro em uma conversa quente


We both wake in lonely beds, different cities
Nós dois acordamos sozinhos, em cidades diferentes


And time is taking it's sweet time erasing you
E o tempo está passando e apagando você suavemente


 


Ela já não sabia mais nem quantos copos de vodka com red bul ela tomara. Na verdade, ela já havia tomado muito mais coisas além de vodka com red bul, mas ela não estava realmente preocupada com isso, pois segurando sua cintura fortemente e roçando os lábios em seu pescoço, estava o homem mais bonito que ela já vira na vida, e ela tinha certeza que já o tinha visto em algum lugar que ela não sabia exatamente onde, mas isso não fazia a menor diferença naquele momento.


— Você é a coisa mais linda que eu já vi na vida. – A voz dele soou baixa e rouca ao pé do ouvido de Lia, fazendo-a rir e afastar-se levemente para virar mais um grande gole de sua bebida.


Excelente, ela nem se lembrava mais de quem era, ou de por que ela estava bebendo, tudo que ela queria era beber mais e dançar, ah ela queria dançar e dançar e dançar até o mundo acabar.


— Eu quero DANÇARRRRR. – Ela gritou, empurrando o bonitão e seguindo em direção a pista de dança, fazendo-o rir e segui-la até o meio, onde ela com o copo na mão, agitava-se sensualmente, ou descontroladamente, ou os dois pra ser mais exato, sem se preocupar com mais nada.


Sua cabeça rodava, tudo o que ela via era um borrão de luzes, misturado com a escuridão da balada, e o som, aquela musica ensurdecedora, invadindo seus ouvidos, sua mente, seu corpo, tornando impossível que ela pensasse, e aquele era um exercício muito, muito bom, não pensar, só deixar o corpo reagir ao som da musica.


As mãos do bonitão roçaram em sua cintura, fazendo-a girar em seus braços e ela riu, uma gargalhada alta que mal era ouvida diante da musica que ecoava nas alturas dentro do ambiente, mas não muito longe dali, um par de olhos azuis acinzentados notou a risada e o corpo que se sacudia no meio do salão.


Não era possível, não podia ser.


— Lia?


A loira encarou os olhos azuis acinzentados e sentiu como se alguma coisa estivesse tentando trazê-la de volta a realidade, mas ela não queria a realidade, por isso ela virou o resto do copo e voltou a encarar aqueles olhos.


— Eu te conheço? – A risada alta voltou a ecoar pelo ambiente, enquanto ela voltava a se virar, dançando animadamente e envolvendo as mãos no pescoço de Tom, se ela não o conhecia, então não havia mal algum em fazer aquilo, havia?


E sem pensar duas vezes, ela fechou os olhos e o beijou, sentindo a mão de Tom Riddle envolvendo sua cintura e a erguendo do chão, fazendo-a esquecer-se completamente de quem era e de onde estava.


E Sirius ficou ali, estático, olhando Lia ser levada por outro, aos beijos, entre a multidão frenética.


 


Cause we had a beautiful magic love there
Porque nós tivemos um lindo e mágico amor lá


What a sad beautiful tragic love affair
Mas que triste, lindo e trágico caso de amor


 


— Lilian, Lilian, espera, por favor. – Correndo, ele alcançou Lilian que andava apressada, as lagrimas descendo fartas por seu rosto, quase impedindo-a de enxergar o caminho a sua frente.


— Vai embora. – Thiago puxou Lilian pelo pulso, forçando-a a virar-se e encarar o maroto.


— Lilly, me ouve, por favor, me ouve. – Ela forçou o pulso para se soltar e poder se afastar dele, mas não conseguiu, Thiago era muito mais forte do que ela.


— Me solta. Mentiroso. Você mentiu pra mim, Thiago, você mentiu, era tudo mentira, não era?


— Não Lilly...


— Você só queria me levar pra cama, só isso né, e então você faria o mesmo que fez com ela, não é? Seu mentiroso.


— Não, Lilly, Lilly, me ouve, por favor, me ouve. – Ele soltou o pulso da ruiva, para segura-la pelos ombros, tentando fazer com que ela o encarasse, tentando fazer com que ela acreditasse nele. Deus, ela tinha que acreditar nele. – Eu amo você, eu não queria só te levar pra cama, eu quero você, hoje, amanhã, pra sempre, Lilly.


— Então por que mentiu, Thiago? Como posso acreditar em você? – O rosto de Lilian estava encharcado pelas lagrimas que rolavam fartas, descendo por seu queixo e pingando em seu colo, molhando a blusa levemente.


— Lilly, eu, eu tava tentando achar um jeito de te contar, só não tive coragem, eu ia te contar, só não queria que você visse o teatrinho todo daquela menina, mas eu amo você Lilly, é você que eu amo, é com você que eu quero ficar.


Lilian negou com a cabeça, se soltando de Thiago e dando alguns passos pra trás.


— Ela ta gra-gravida de...


— Não, Lilly, não é meu filho, não é meu, ela ta mentindo, eu nunca, nunca dormi com aquela garota na minha vida, ela sabe disso, ela só ta tentando separar a gente, só isso.


Lilian secou as lagrimas com a face da mão, mas não conseguiu um bom resultado, pois as lagrimas continuavam a descer incontroláveis por seu rosto.


— Você realmente ficou com ela no baile? – Os olhos verdes que Thiago tanto amava encararam os seus, e ele sentiu o estomago afundando, agora tinha certeza absoluta, perderia Lilian pra sempre.


 


 


Kiss me, try to fix it,could you just try to listen?
Beije-me, tente consertar isso, você pode só tentar ouvir?


Hang up, give up,and for the life of us we can't get back
Desista, Ceda para termos nossa vida de volta


 


 


Os lábios dele deslizavam por sua pele, por seu pescoço, mas ela não conseguia ver nada, sua cabeça rodava e aquelas luzes vermelhas piscando e rodando não estava ajudando em nada.


Seu estomago revirava-se por dentro e quando os lábios dele encontraram-se novamente com os seus, ela sentiu a vertigem diminuir, isso era bom, a fazia esquecer todo o resto agora, inclusive as luzes girando e o enjôo que começava a incomodá-la.


Mas aquilo não durou muito.


Ela só devia estar de brincadeira, pensou Sirius, quando viu Lia e o tal cara aos agarros na parede próximos ao banheiro, o que ela ia fazer agora? Ia transar bêbada com o desconhecido no banheiro da balada? Era só o que faltava.


Sem pensar duas vezes, Sirius alcançou os dois, para depois puxar o cara pelo ombro e dar-lhe um murro no rosto, fazendo-o tropeçar e cair por cima de algumas pessoas que passavam pelo caminho.


— Hey. – Gritou o cara, mas Sirius não deu a mínima, segurando Lia pelo braço ele a arrastou em direção ao banheiro mais próximo.


— O que você pensa que ta fazendo, Lia? – Bufando irritado, Sirius fechou a porta do banheiro antes de dar um murro contra a porta, sentindo toda a raiva fervendo em suas veias. Sabia que se visse aquele cara agarrando ela mais um segundo, era capaz de matá-lo.


— FICOU LOUCA, É? ACHA MESMO QUE ENCHER A CARA VAI FAZER SUPERAR A MORTE DOS SEUS PAIS?


Dando um chute contra a porta, ele virou-se para observar uma Lia que se apoiava contra a pia, mal conseguindo se equilibrar em pé, antes de começar a vomitar. Seus pés escorregaram no chão molhado e ela caiu de bunda ao chão, apoiando as mãos no chão encardido e voltando a vomitar a frente.


Respirando fundo, Sirius afundou o rosto nas mãos por segundos, enquanto Lia tentava enxugar a boca com a face da mão e deslizava de costas no chão, deitando-se no mesmo.


Ótimo, pensou Sirius, agora ela era uma bêbada que vomitava e dormia no chão encardido do banheiro de uma balada. Realmente ótimo.


— Droga. – Ele se ajoelhou ao lado de Lia, e passou o braço por baixo da cabeça dela, erguendo-a levemente.


— Lia, por que você fez isso? – Com os olhos quase fechando, o hálito cheirando a pinga, Sirius ouviu ela sussurrar antes de desmaiar em seus braços.


— Eu só queria esquecer.


 


Distance, timing, breakdown, fighting
Distância, tempo, separações, brigas


Silence, the train runs off its tracks
Silêncio, o trem saiu do trilho


 


 


— Você realmente ficou com ela no baile?


Thiago deu um passo à frente, segurando a mão de Lilian, tinha que ter um jeito de aquilo não terminar do jeito que Mayara planejara. Tudo bem, ele errara, ele realmente havia ficado com Mayara, mas foi só um momento de fraqueza, Thiago sabia que aquilo jamais aconteceria novamente, não podia perder Lilian por causa disso. Não podia.


— Lilly, não é bem assim.


— Ficou? Só responda, Thiago, sim ou não? – Thiago vacilou, baixou os olhos, sem conseguir dizer nada, sentia seu corpo inteiro tremendo, sua garganta secando. Como sairia daquilo?


— Lilly... – Lilian afastou as mãos de Thiago e deu dois passos pra trás, negando a cabeça levemente, as lagrimas voltando a encharcar seu rosto.


— Não acredito...


— Lilly, ela me agarrou, eu juro, eu tava no banheiro, ela veio me agarrando por trás, eu nem, eu nem sei por que eu fiz aquilo, era mais necessidade do que qualquer outra coisa, eu juro.


— Necessidade? – Lilian riu, nervosamente. – Que tipo de necessidade, Potter?


Thiago negou levemente com a cabeça.


— Lilly, desculpa, mas você tem que acreditar em mim, por favor.


Lilian negou com a cabeça, dando outro passo pra trás, incapaz de acreditar em tudo aquilo. Então Thiago ficara com Mayara no baile, e agora ela estava grávida dele? Ou não estava grávida? Não sabia mais em que acreditar? Era um pesadelo tudo aquilo, um imenso pesadelo.


— Lilly, por favor, não faz isso. – Lilian negou a cabeça mais uma vez, as lagrimas rolando por seu rosto, descontroladamente. – Lilly... por favor.


— Você mentiu pra mim, você ficou com ela, você..,. você me traiu, como teve coragem?


— Lilly... – Thiago deu alguns passos a frente, segurando a mão de Lilian, mas ela se afastou, se livrando dele.


— Não, Thiago, acabou. Acabou.


— Lilly, por favor, eu... amo você, não faz isso. – Lilian ergueu os olhos pra ver que lagrimas escorriam pelo rosto de Thiago. Nunca na vida vira um homem chorar por ela, mas como poderia se balançar com essa cena depois do que ele fizera a ela?


— Quem sabe você aprende agora?  - Então Lilian virou-se e saiu correndo, deixando Thiago atônito, as lagrimas rolando fartas por seu rosto.


— Lilian. LILIAN. – Mas já era tarde demais, ela desaparecera, deixando Thiago ali, como se uma faca estivesse sendo cravada em seu peito.


Sem conseguir pensar em nada ele encostou-se na parede e chorou, seu corpo escorregou pela parede até ele cair sentado ao chão, o corpo sacudindo-se pelo choro, ele afundou o rosto entre as mãos e chorou. Pela primeira vez, Thiago chorara por que perdera uma mulher, e não importava se dissessem que homem não chorava, não havia como não chorar quando a mulher de sua vida ia embora, não havia como.


Sem que pudesse esperar, sentiu uma mão em seus ombros, e então ele ergueu o rosto para ver seu pai, sentado ao seu lado, as costas contra a parede e o rosto franzido em tristeza encarando o filho, e então Thiago o abraçou e chorou, como um garotinho, nos braços do pai.


 


A beautiful magic love there
Um lindo e mágico amor lá


What a sad beautiful tragic, beautiful tragic, beautiful
Mas que triste, linda tragédia, linda tragédia, linda


we had a beautiful magic love there
Porque nós tivemos um lindo e mágico amor lá


What a sad beautiful tragic love affair
Mas que triste, lindo e trágico caso de amor


 


 


 


*N/A:


AAAAAleluiaa, AAAleluia, Aleluia, Aleluia, Aleeeeluiaaa


Realmente merecia até musiquinha de aleluia né, eu postando um capitulo depois de quase quatro meses \z


Okay, eu tenho alguns álibis ao meu favor, eu me mudei pra são Paulo, morando sozinha, trabalhando o dia inteiro, imagina, saio de casa as 6 e chego as 8 e meia da noite, não me sobra muito tempo, daí nos fins de semana tenho que limpar casa, lavar roupa, não é fácil não. E também demorou mais de um mês pra colocar internet em casa, alem da preguiça e cansaço, confesso, mas agora estou de férias na minha antiga casa, ou seja, casa da mamãe, e ainda demorei um pouco por causa das visitas que não me deixam ficar no PC ¬¬, e amanha tem mais visita pra atrapalhar, que saco, mas fazer o que né


Eu seiiii que vão me chingar por causa da briga da Lilian com o Thiago, mas não tinha como escapar disso, mas não se preocupem, coisas boas estão por vir pra todos, pelo menos por um tempinho e uma coisa fatal esta por vir, se preparem.


Alias, prometo tentar escrever mais ano que vem, o que acho que vou fazer mesmo, escrever essa e minhas outras fics, preciso parar de pensar em certas pessoas e coisas sabe, estou meio desiludida com as pessoas do mundo, então vou escrever, aqui pelo menos tudo é melhor, pelo menos aqui eu sei que amizade e amor de verdade existem, e que tudo termina bem em algum momento, diferente da vida real


Enfim, espero que tenham gostado do capitulo, posto o próximo até no maaaaximo sábado que vem, é que se não der pra escrever até a passagem de ano, eu escrevo quando voltar pra casa, okay.


 


Ahh antes de ir uma ultima coisa


postei o primeiro capitulo da fic Better than revenge


http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=44179


comente,.




Então é isso, comentem, me xinguem, façam criticas, digam que esta tudo uma merda, mas comentemmmmmmmm


 


Ps. a musica do capitulo é uma musica linda, perfeita, que nao da pra ouvir uma vez só, vc tem que ouvir repetidamente sem parar, é


"Sad Beautiful Tragic" Da Taylor Swift


Bom, é isso.


Beijos e feliz ano novo a todos. E nesse ano que começa, vamos mudar, vamos parar de dar importância pra tudo que não nos faz bem, é o que eu vou fazer =)


Beijos


Lanah Black


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (5)

  • Chrys Malfoy

    Deus, eu juro que se pudesse estrangularia essa tal de Mayara. Que garota mais pentelha cara, fala sério! :@EU SABIAAAA que o Tom Riddle tava metido na história! EU SABIA! É bom ele não fazer nada demais com a Lia, ou o encanto que eu tinha por ele morre.  Eeeei, cadê a Pat e o Remo? Pq eles não apareceram no cap? Senti falta!!Deixa eu ir antes que eu infarte. Beijos

    2013-01-17
  • annalimaa_

    OMG, estive viajando esse fim e ano e logo em seguida tive vestibular agora entrei e vi que tinha DOIS capítulos, caraca surteiii!!! AI MEU DEUS!! Eu penso que finalmente vai dar certo pro lado deles essa música maldita (sim maldita porque era do meu telefone até me irritar), juro que da vonatde de matar. Cara esa vadiazinha consegue ferrar tudo até de longe, o pai dele está me irritando e James está parecendo meu irmão.E sim é possível chorar de raiva porque é o único jeito que eu consigo chorar (sem ser lendo). Ou cair da escada doi porque eu já caí.Se eu fosse Lily eu ficaria puta, sério ele esta levando ela pra ver a vadia no hospital. Sim você tem o dom de conseguir me fazer chorar, meus olhos se encheram de lágrimas com a cena dela voltando, mas no lugar dela eu sairia do país, fugiria de tudo por um tempo. Eu vejo muito meu pai no lugar do pai dela e eu não suportaria perde-lo. Minha amiga fez exatamente isso quando o pai dela morreu, ela deitou do lado dele e ficou la chorando, não tinha ninguém que a tirasse de lá. Não acho que ele tenha descoberto. Se ele dissese a verdade de uma vez pra Lily seria bem melhor, o estrago não seria tão grande. BATE AI CARA!! BI CAMPEÕES!!! O que uma mulher não faz com um cara. Me chame de querida que arrebento a cara. QUEM É??? O deio mulher que se faz de idiota e fica se arrastando por um cara, tenho nojo. O pai dele viu que bancou o idiota. CARALHO FIQUEI COM RAIVA AGORA!! VADIA ESSA MENINA, desculpa mas fuqie puta mesmo. TOM RIDDLE!!! É DISSO QUE ESTOU FALANDO MINHA GENTE. Mas ainda sou Team Six, não vou suportar eles separados. Ela não fez isso com o Sirius! Eu estou escrevendo assim mas com vontade d escrever tudo no Caps sério. Eu disse que seria pior se ele não contasse. ISSO SIX CUIDA DO QUE É SEU. Me fez chorar de novo, vamos ver se o idiota do pai dele acredita agora. Beijos, Ana.

    2013-01-12
  • Amy Peverell

    Muuuuito demais!! adorei! vc escreve muito bem, que isso... perfeito, que raiva da mayara!!!! to muito curiosa com o negocio da Patsy, espero que a Lia se resolva de vez com o Sirius, tadinho do Thiagoo!!! :(((( hahaha, feliz ano novoo!! 

    2012-12-31
  • Larissa Helena

    Thiago e Lily tem que ficar juntos! Eu sei que você já disse que tudo faz parte do script,mas é triste ver eles assim! Tomara que você possa postar logo,pq você ficou quase 4 meses fora do ar,né? kkkkkk,Fezli Ano! E que você tenha muita inspiração para escrever todas as suas fics! Ah,ficar na casa da mamãe é tão bom... *_* Bjus Lanah,até o proximo capítulo!

    2012-12-30
  • Sah Espósito

    EiiiiiSou leitora fiel e voce sabechoreiiii com o Tiago viunao e justoo ele e a Lily merecem ser felizesA Patsy tbm ta me deixando ansiosasirius e Lia vao se resolver neahquem e o assassinoocuriosa demaisbjs e ate!Feliz Ano Novoo 

    2012-12-29
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.