O funeral



   *Capitulo Trinta e oito: O funeral*


  “Afasto as sombras ainda que muitas vezes me sobre a solidão, afinal, são poucas as pessoas realmente vivas.”


 


 O sol brilhava intensamente no alto do céu, iluminando a grama verde, se olhasse alem aquela paisagem pareceria um lindo jardim, ou talvez o alto de uma montanha,  onde uma arvorezinha destacava-se solitária na paisagem quase perfeita, porem as lapides dos túmulos que espalhavam-se pelos gramados não deixava-se ter tais pensamentos, mas era assim que ela se lembrava daquele lugar, não que ela realmente estivesse prestando atenção aonde pisava ou ao que tinha a sua volta. Varias pessoas caminhavam logo atrás dela, acompanhando o funeral que prosseguia em direção ao local escolhido ha alguns anos pela família, e era daquele dia que Lia se lembrava.


Era um dia ensolarado, como se o dia não se importasse com o que se passava dentro daquelas pessoas que caminhavam pelos gramados, acompanhando o funeral do padrinho de Lia, morrera tão jovem e tão inesperadamente, era o que todos diziam, ela nem sequer parecia estar realmente ciente, como agora, ela não tinha total certeza do que acontecia a sua volta, mas fora naquele dia ensolarado que seu pai dissera “─ A gente nunca sabe o dia de amanhã.”, e naquele mesmo dia, após o enterro, ele comprara o lugar que agora era destinado a sua família.


            Ela sentiu lagrimas rolarem por seu rosto e viu-se voltar-se a realidade, o dia, porém, não era como em sua lembrança, o céu estava escurecido por causa das nuvens densas e uma garoa fina caia sobre os gramados, unindo-se também as lagrimas que continuavam a escorrer pesarosas pelo rosto da garota.


O céu, pensara ela, sentia-se tão desolado quanto ela se sentia naquele momento em que todos paravam diante de um buraco profundo o bastante pra caber os caixões de toda sua família. Porque não era profundo o suficiente pra caber o dela também?


            Palavras foram ditas, gestos de conforto foram lhe oferecido, mãos apertavam suas mãos e seus ombros, pessoas a abraçavam, soluços eram ecoados, mas ela parecia tão distante de tudo, como se ali estivesse apenas seu corpo, não mais a sua alma, talvez essa fosse realmente à verdade, sua alma não estava mais ali com ela, sua alma estava sendo enterrada junto com sua mãe e seu pai. Como aquilo era possível? Sua alma sendo enterrada com toda sua família e ninguém mais poderia ver?


            Pouco a pouco as pessoas foram sumindo, sumindo, ate não restar mais quase ninguém, muito distante Lia podia ouvir uma voz lhe chamando, pedindo pra ela ir embora, não havia mais porque permanecer ali, não havia porque ficar olhando um gramado agora cheio de terra por cima, onde embaixo dele estava enterrada sua família, ela sabia, eles não voltariam, mas permaneceu ali, ate que a voz desaparecesse junto com todo mundo.


A chuva parecia engrossar levemente, mas ela permaneceu ali, olhando pro chão, sua mente vazia, seu coração incapaz de sentir qualquer coisa, como se ela estivesse completamente oca, tudo parecia tão irreal pra ela, nada parecia de verdade fazer sentido, na verdade tudo parecia um pesadelo terrível, daqueles que você tem certeza que é só um sonho e você vai acordar a qualquer minuto, claro, porque aquilo só podia ser um pesadelo, aquela lápide, aquelas frases, aquela terra abatida a sua frente, nada era real, era surreal demais pra ela acreditar, e ela não podia mais continuar ali, ela caminharia para o mais longe possível o quanto fosse necessário, até que finalmente acordasse, e aquela frase à sua frente se apagasse completamente e pra sempre de sua memória.


 “ Família Andrews –


‘ Onde estiveres estará também o meu coração.’ ”


 


***


 — POTTER.


Thiago estava parado em frente ao espelho, seus olhos observavam, sem prestar atenção, a própria imagem, as vestes negras ao luto daqueles últimos dias e os olhos avermelhados, já não sabia dizer se sofria pela situação, por ver Lia no estado em que se encontrava ou pelo sofrimento de Lilian que tentava a todo custo ser forte perante a amiga, mas desabava quando estava sozinha com Thiago. É, aqueles não estavam sendo dias fáceis, por isso ele respirou fundo e tentou manter a voz firme quando voltou a se pronunciar enquanto ouvia a voz chorosa de Lilian do outro lado da linha.


— Com o tempo tudo vai se resolver, Lilly, não fica assim. Olha, eu estou indo pra ai, daqui uns dez minutos eu chego, e prometo que não vou sair do lado de vocês por nada no mundo, okay?


— POTTER. – Thiago ouviu mais uma vez a voz de seu pai gritando do andar de baixo e sentiu vontade de xingar, já sabia, desde pequeno, que quando o pai gritava “Potter”, coisa boa não era.


“ — Acabamos de chegar no velório, o Sirius já ta aqui, não demora ta.”


— Eu prometo que já já to ai. – Mas algumas coisa estranhamente lhe dizia que ele não cumpriria aquela promessa.


— “Te amo.” – Thiago sorriu ao ouvir aquelas palavras, sussurrando um “eu te amo mais”, antes de desligar o celular no momento em que outro grito era ecoado pela casa.


— THIAGO POTTER.


— Droga, mas o que é? – Thiago saiu pisando fundo do quarto e logo alcançou o topo da escada, irritado, será que seu pai esquecera que aquele era um dia delicado demais pra atormentá-lo?


Estava no meio da escada quando parou, de chofre, sentindo o choque e a surpresa invadindo seu corpo, mas que diabos ela estava fazendo ali?


— O que você ta fazendo aqui? – Rudemente as palavras saíram de sua boca, seu instinto gritava desesperado dentro de si que coisa boa não era, mas o que aquela garota queria parada ali, no meio da sala da casa de Thiago?


Seus pés desceram em passos firmes e irritados alcançando a menina em segundo e a encarando enquanto sentia o sangue correndo quente nas veias.


— Ta fazendo o que aqui? – Thiago segurou firmemente o braço da garota puxando-a em direção a saída, mas parou quando a voz, nada calma, de seu pai ecoou firmemente por todo o ambiente.


— Essa senhorita acabou de me contar uma coisa super interessante. – Thiago sentiu o sangue congelar, soltando o braço da garota ele virou-se para encarar o pai que estava sentado na poltrona da sala e voltou os olhos rapidamente a garota, que parecia trêmula, os braços cruzados contra o corpo como se desejasse abraçar a si mesma para se proteger do frio.


— O que... – Começou Thiago.


Milhares de coisas passaram pela cabeça de Thiago quando ele finalmente virou-se e encarou a menina de frente, o que de pior poderia acontecer naquela semana?


— Eu... Eu to grávida.


 


                                                                                                      *


 Como ver quando seus olhos não conseguem enxergar?


Como sentir com um coração que morto está?


 


O vento uivava enquanto grossas gotas de chuva castigavam os vidros das janelas fechadas, enquanto outras abertas se sacudiam debatendo-se como um animal ferido, um baque surdo e único, repetidamente, como se fosse às batidas de um coração.


Coração, ela não conseguia sentir o próprio, talvez parara, talvez silenciara-se para ouvir o uivar triste do vento, como um lamento infinito.


Lágrimas silenciosas escorriam por sobre a pele branca como neve, branca de neve com as bochechas transparentes rosadas pelo frio que nem mais sentia.


Nada sentia.


Uma voz rouca ecoou baixinho, mas ela nada ouvia, a mente estava vazia, o coração num batimento único, como uma bateria num único solo, incessantemente.


O corpo delicado deslizou pelo corpo gélido e se rastejou como um animal ferido, como uma cobra, mas sem o bote, ferida demais para conseguir distinguir as presas, ferida demais para conseguir atacar.


Atacar.


O som ensurdecedor do desespero ainda ecoava em sua mente, desesperador como a dor que latejava em seu peito, como se uma faca tivesse sido cravada e fosse impossível remove-la.


Ensangüentada.


As mãos trêmulas se rastejaram pelo piso de madeira, mãos a tocavam, a seguravam, a amparavam, mas ela nada sentia. Insensível ela alcançou a cama de casal, insensível as mãos tremulas escalaram a madeira de mogno e como um animal caído desabou sobre o tecido úmido e pegajoso.


Nada sentia.


Ensangüentadas as mãos insensíveis deslizaram sobre a pele gélida, delicada, amada.


— Mãe...


                                                                                          ***


 


Parecia uma reunião de amigos, se não fossem pequenos detalhes cruciais que deixavam claro que aquela não era uma reunião alegre e muito menos festiva entre amigos. Talvez isso se devesse as vestes negras, os lenços úmidos, os cochichos e lamentações baixinhas que se espalhavam pelo ambiente, ou pelos dois caixões que se dispunham no meio do salão, rodeado de pessoas e disposto de alguns bancos e cadeiras à volta, onde algumas pessoas se sentavam para consolar umas as outras.


Uma reunião triste de amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos.


— Tem certeza que quer ficar aqui? – A voz de Lilian soou baixa e carinhosa, a preocupação impressa em cada letra, em cada gesto, era aquela voz que todos entoavam quando se perdia alguém, por que será que eram sempre essas vozes?


Lia sentou-se ao lado de um dos caixões, mas seus olhos estavam vagos, sua mente distante, era como se não houvesse ninguém ali além do corpo branco, pálido, vestido de preto, com os cabelos louros escovados e prendidos num coque. Sem cor, sem sinal, sem vida, como se ela estivesse morta como os pais que se dispunham deitados nos caixões a sua frente.


— Lia? – Aquela voz de velório de Lilian ecoou novamente, mas Lia novamente não respondeu.


— Tá tudo bem, Lilly, se ela quer ficar aqui, deixa ela ficar aqui. – Sirius, com a voz normal, disse à ruiva, enquanto sentava-se ao lado de Lia a abraçando pelos ombros.


            — O Thiago ta demorando.  – Lilian sentou-se do outro lado de Lia, que recostou a cabeça no ombro de Sirius enquanto o maroto acariciava-lhe as madeixas loiras carinhosamente.


Sua mente estava vagando longe, era como se ela não estivesse ali, era como se não fosse o velório de seus pais, e não fossem eles ali, naqueles caixões. Era como se tudo aquilo fosse irreal ou um sonho, ou talvez só o velório de algum desconhecido que seus pais a obrigaram a ir por etiqueta da sociedade ou qualquer coisa assim.


Qualquer coisa assim.


Seus olhos se desviaram do nada para observar uma moça que adentrava o salão e sentava-se do outro lado, alem dos dois caixões. Os cabelos marrom chocolate caiam em cachos não muito cuidados pelos ombros, enquanto ela jogava a bolsa lateral que estava presa ao corpo sobre o colo depois de finalmente desabar no banco, recostando-se a parede.


As vestes não eram negras e os olhos não estavam sequer fingidamente vermelhos ou inchados, e quando ela tirou uma caderneta da bolsa surrada e uma caneta e passou a escrever, Lia sentiu-se curiosa por saber o que exatamente aquela mulher estava fazendo ali, era como se ela estivesse no colégio ou no banco de alguma faculdade fazendo anotações pro trabalho do dia seguinte.


Talvez fosse só uma jornalista, pensou Lia antes de voltar à reclusão de sua mente, a última coisa que ela queria era pensar na manchete do dia seguinte.


 


“Empresário e esposa são assassinatos misteriosamente em sua residência, única sobrevivente: a única filha do casal. Será ela a nova Suzanne Richthofen?”


 


 


— Eu... Eu to grávida.


— Mas que porra é essa? – Aquela só devia ser uma brincadeira de mau gosto, mas de muito mau gosto mesmo, será que ela tirara o dia só pra infernizar a vida dele?


— Olha os modos, Thiago, não foi assim que eu te ensinei...


— Pai, essa garota ta louca, é mentira! – Uma raiva percorria as veias de Thiago, aquilo só podia ser brincadeira, não era possível, como ela tinha coragem de dizer que estava grávida dele? Não podia estar grávida dele, não tinha como estar.


Um soluço começou a ecoar pela sala e Thiago sentiu as próprias mãos agarrando-se aos seus cabelos quando a voz chorosa da garota começou a ecoar em seus ouvidos como uma diarréia, fazendo-o sentir ânsia e nojo de cada palavra, de cada mínimo som daquela voz irritante.


Senhor, o que ele tinha feito para merecer?


— N-Não é mentira, você sabe, te-teve aquele dia que-que vo-você disse que me amava, Thiago, lembra?


“Que? Mas que porra será que essa garota cheirou?”


— Vo-você só disse aquilo pra ti-tirar mi-minha pureza.


“Pureza? De quem será que ela ta falando?”


— Ah meu Deus, meu Pai vai me matar. – Um soluço alto ecoou pela sala fazendo Thiago encolher-se. Sentia o sangue correndo tão rápido e tão quente nas veias que pensava que daqui a pouco sairia fumaça de seus ouvidos, um desejo incontrolável percorria seus músculos de grudar naquela garota e afundar a cabeça dela no rio tiete pra ver se alguma coisa além de merda entrasse lá dentro, por que merda pelo jeito já havia demais.


— Você ta louca? O que deu em você? Você sabe muito bem que a gente nunca...


— D-desculpa, Sr. Potter, eu não quero causar nada, eu só-só to desesperada, se meu pai souber ele-ele vai me colocar pra fora de casa e eu não-não tenho pra onde...


Um soluço alto ecoou novamente pela sala e Thiago sentiu toda sua ira se transformando em desespero, sempre pensara que seu pai fosse um homem culto e esperto, experiente da vida, que acreditaria no filho, então por que ele não percebia que tudo aquilo e aquele choro irritante eram uma farsa?


— Não se preocupe querida, você pode vir pra cá, se quiser.


— O QUE? Essa louca morar na minha casa? Pai você só deve estar maluco, qual é, todo mundo tirou o dia pra enlouquecer?


— Você fez, Thiago Potter, agora você assume.


— EU NÃO FIZ PORRA NENHUMA! Essa menina ta louca, LOUCA. Você não vê? – O sangue subiu pela cabeça e Thiago sentiu que explodiria, que de preferência, isso acontecesse contra aquela louca paranóica e mentirosa. — Eu nunca comi essa garota, ela não ta grávida porra nenhuma!


Quando o som de um papel se fez presente, Thiago sentiu seu estomago afundando, desesperadamente, antes do som irritante da menina ecoar em seus ouvidos como descarga.


— Eu trouxe o exame.


Thiago virou-se para encarar a menina que esticava a frente um pedaço de papel amarelado e sentiu o mundo desabando sobre sua cabeça.


Definitivamente, aqueles não eram dias fáceis.


 


 


“Pai nosso que estais no céu, Santificado seja o vosso nome”


 


A oração universal ecoava pelos aposentos onde acontecia o velório da família Andrews. Empresários, amigos, deputados, vereadores, pessoas importantes estavam presentes, mas assim como Lia, seus amigos sabiam que se tivesse presente apenas os verdadeiros amigos, nada mais seria realmente importante ou necessário. Assim como não eram para Lia, aquelas pessoas eram totalmente insignificantes para elas, assim como suas palavras vazias de consolo.


Sentem muito? Sentem o que? O que eles sentem muito? Sentem muita dor? Sentem muita solidão? Vazio? Desespero?


O que afinal de contas eles sentem muito que tanto dizem a ela?


Quando Patsy adentrou o aposento com Remo, pensou a mesma coisa, era totalmente desnecessário tantas pessoas que nem sequer eram importantes à única pessoa que importava naquele ambiente: Lia Andrews.


Com as mãos apertadas contra a de Remo, eles adentraram o local e se encaminharam até Lia e os amigos. Sirius estava ao lado da loira que mantinha a cabeça recostada ao ombro dele, e Lilian estava sentada do outro lado, a mão acariciando carinhosamente o braço da amiga, como uma forma de demonstrar que estaria sempre ali, acontecesse o que quer que fosse.


Aquele cheiro comum de flores invadia todo o lugar, dando um leve mal estar no estomago já enjoada de Patsy, mas ela tentou não pensar nisso, havia outras coisas mais importantes naquele momento do que um enjôo qualquer.


— Lilly... – A voz de Patsy saiu baixa e rouca quando se aproximou, mas foi o suficiente para Lilian ouvi-la e erguer os olhos, sorrindo tristemente. Ambas já haviam conversado pela manhã a respeito da preocupação que sentiam por Lia, por isso elas apenas se entreolharam, antes de Patsy caminhar até a frente de Lia, segurando a mão da amiga que estava sobre os joelhos e segurando firmemente.


— Estamos aqui com você. Sempre estaremos. – Os olhos de Lia pareciam sem vida quando encararam Patsy, ela podia sentir em si mesma a dor e o sentimento de incredulidade em Lia, mas aquele não era o momento de dizer nada, nada no mundo que fosse dito poderia mudar alguma coisa. Aquele era o momento em que palavras não eram necessárias, mas apenas sentimentos, apenas estar ali, o conforto, a presença, a segurança, o apoio verdadeiro. Nada mais.


Acariciando mais uma vez a mão da amiga, ela se ergueu, sentando-se em seguida ao lado de Lilian com Remo ao seu lado.


— Esta se sentindo bem, amor? – A voz carinhosa de Remo ecoou baixa ao pé do ouvido de Patsy, e ela abaixou o rosto sorrindo fracamente. Em meio a todo aquele desespero, ela o tinha, graças a Deus, ela ainda o tinha.


Podia se lembrar com clareza o dia da tragédia, o dia em que Remo ajoelhara a sua frente e lhe pedira em casamento. Aquilo era loucura, ela sabia disso, mas sentia uma felicidade borbulhar em seu estomago apenas ao se recordar, fora uma loucura, mas a loucura mais perfeita que já presenciara em sua vida.


— Estou sim amor, estou bem. – Ele apertou sua mão contra a dela, erguendo-a e depositando um beijo suave e carinhoso na face da mão da namorada, antes de erguer os olhos e sentir o sangue congelando na veia, no instante em que a voz de Lilian ecoava um pouco mais alta ao lado.


— Pat, aquele não é o seu pai?


 


 


Só pode estar de brincadeira.


Essas foram as primeiras palavras que passaram pela cabeça de Thiago.


Aquilo tudo só podia ser brincadeira.


Ela trouxera um exame, mas que piada era aquela?


Clichê, aquilo tudo era tão clichê, por que ela não escolhera uma forma diferente de separá-lo de Lilian, será que as mulheres perderam a criatividade na arte de separar casais? Ou ela andara vendo novela demais, não haveria outra explicação.


 Ele virou-se e encarou a menina com a pior cara que conseguira fazer, o que não era nada difícil já que a vontade dele era de matá-la ali mesmo.


O papel estava esticado a frente, seguro pela mão trêmula da garota. Ótima performance, pensou Thiago, deixando tal pensamento escapar em voz alta.


— Ótima performance. Você fez aula de teatro ou é expert em ser mau caráter e cara de pau?


— Thiago Potter, eu não vou repetir que mantenha seus modos. – Disse o pai irritado erguendo o tom de voz mais uma vez, Thiago estava começando a perder a linha de vez até mesmo com o pai, desde quando seu pai era tão burro assim?


— O que esta acontecendo aqui? – Thiago puxou o papel da mão da garota e encaminhou-se firmemente em direção a mãe que acabara de descer os últimos degraus da escada.


— Isso é verdadeiro, mãe? A senhora pode saber? – As mãos de Thiago tremiam, mas de nervoso quando entregou o papel a mãe que entreabriu os lábios, surpresa, olhando do papel para o marido, e do papel, novamente, para o filho, incrédula.


— Thiago, meu filho...


— Mãe, é verdadeiro? Por que não pode ser, e se for, não pode ser meu... – Começou o maroto com a certeza que poderia pelo menos contar com a compreensão da mãe, ela acreditaria nele, não acreditaria?


— Thiago meu filho, parece verdadeiro, mas... – Thiago agarrou os cabelos e sentiu um urro saindo dos próprios lábios, a vontade dele era de grudar as mãos naquela garota e matá-la. Como ela tinha coragem?


— Então pronto, está decidido, ela virá morar aqui e você ira assumir essa criança...


— Mãe, não é meu. Eu juro por Deus, ela não pode estar...


— THIAGO POTTER QUANTAS VEZES VOU TER QUE REPETIR? – O grito do pai ecoou pela sala tão inesperadamente que fez a garota pular para trás e a mãe de Thiago olhar surpresa para o marido, enquanto um Thiago, trêmulo de nervoso virava-se para encarar o pai. – Você vai assumir você querendo ou não. Você fez, não fez?


— EU NÃO FIZ PORRA NENHUMA, EU NUNCA COMI ELA PAI, EU SEI MUITO BEM ONDE EU ENFIO O MEU PAU E NÃO FOI NESSA LOUCA.


— THIAGO POTTER!


Mas Thiago não estava ouvindo nem mais os berros do pai, sentindo todo o ódio percorrendo seu corpo ele chutou longe a mesa de centro da sala, o delicado vaso de flor que estava sobre a mesa de centro voou pela sala se espatifando contra a parede, fazendo a mãe de Thiago levar as mãos aos lábios, assustada.


— Thiago, meu filho, se acalme. – Thiago encarou a mãe enquanto o ódio pulsava em suas veias como um vulcão prestes a entrar em erupção e destruir tudo em seu caminho.


— Me acalmar? Essa desgraçada mente, vocês acreditam e querem que eu fique calmo? Vocês estão loucos, só podem.


Em passos irritados ele se aproximou da garota, parando a sua frente e erguendo o dedo na cara dela, sua vontade era de quebrá-la em mil pedaços se pudesse.


— Você me paga, Mayara, eu juro por Deus que você me paga.


 


 


— Pat, aquele não é o seu pai?


A cor do rosto de Patsy sumiu como se ela fosse um desenho que fora apagado, deixando apenas o branco no papel. Era como se o sangue tivesse sumido de seu corpo, o desespero tomou conta de si de tal maneira que ela mal conseguiu grudar no braço de Remo ao ouvir aquelas palavras. Só podia ser um pesadelo, certo? Ela acordaria em seguida e veria que na verdade ela estava dormindo e o velório nem começara, por sorte nem haveria velório, os pais de Lia ainda estivessem vivos e tudo fora apenas um pesadelo.


Ela ouviu a voz de Remo ecoando alto, mas não conseguiu entender direito, seus olhos agora desesperados encaravam tudo ao redor até encontrar o pai parado a enorme porta de mogno. Pesadelo, pesadelo, aquilo era só um pesadelo.


— Aqui não.


— Deixe que eu resolvo, meu filho. – Patsy mal percebera que o Sr. Lupin se aproximara e que em seguida caminhava em direção ao seu pai, que não parecia sozinho.


Que droga, será que nem mesmo no velório dos pais de sua melhor amiga ela teria paz? Será que até lá ele teria coragem de arrumar encrenca? Será que ele não respeitava nem mesmo os mortos?


Fora o mesmo que o pai de Remo pensara ao se aproximar de Thomas Kensit.


— Espero que tenha respeito pelos mortos ao menos, Tom.


— Respeito? Olha quem esta falando em respeito pelos mortos. – Thomas Kensit riu maliciosamente, virando-se para encarar o policial que encontrava-se atrás dele.


— Não se preocupe, nós só viemos buscar a minha filha e nem você, nem seu filhinho e nenhum morto vai me impedir disso.


 


 — Eu vou ver o que esta acontecendo.


— Remo, não.


Mas já era tarde, Remo se levantara no momento em que Thomas Kensit passava por seu pai, forçando-o a dar alguns passos para trás.


Mas que droga, aquele maldito não respeitava nada nem ninguém.


Remo caminhou firmemente, tentando alcançar o sogro antes que o mesmo invadisse o velório e desrespeitasse a dor de Lia, e isso ele não o deixaria fazer.


— Por favor, aqui não.  – Disse Remo, parando a frente do homem e o encarando pacificamente, mas como sempre, os olhos de Thomas Kensit demonstravam que passividade não era algo que ele costumava possuir.


— Eu só vim buscar a minha filha.


— Sr. Kensit, aqui não, peço, por favor, que respeite a dor de nossa amiga que perdeu os pais. – Remo tentava manter a calma e a educação que seus pais lhe deram, mas ele tinha a nítida impressão que educação não servia muito para lidar com aquele senhor.


— Eu não vou repetir. Eu só vim buscar a minha filha.


— Sr. Thomas... – Tentou Remo mais uma vez, mas Thomas passou por ele, esbarrando em seus ombros e caminhando a frente, Remo sem pensar duas vezes segurou o homem pelo braço e o puxou de volta.


— Seu filho da... – A mão fechada em punho voou na direção de Remo que desviou, empurrando o homem na direção da porta.


Ah não. Droga.


Pensou Patsy desesperada, levantando-se e correndo em direção aos dois no momento em que varias pessoas olhavam assustadas para os dois.


— Parem vocês dois. – Disse Gregório Lupim puxando Thomas para fora do salão.


— Me larga seu filho da puta, desgraçado. – Thomas Kensit se sacudia preso pelos braços de Gregório que o prendeu firmemente por trás, mantendo-o longe de Remo que o encarava furioso. Como ele tinha coragem de invadir o velório dos pais de Lia e querer botar a moral?


— Papai, por favor. – Patsy correu até Remo, segurando no braço do maroto e encarando o pai com os olhos cheios de lagrimas e medo.


— Vamos embora agora. Acabou sua brincadeirinha, Patsy Kensit, você vai pra casa agora.


— Não! Eu não vou pra casa.


— Se você não for pra casa agora, esse policial vai prender esses dois por seqüestro.


Patsy tremeu, seu corpo inteiro tremia, o que faria, o que faria agora? Não podia deixar o pai de Remo ser preso, e se, e se os pais de Remo estivessem cansados de tudo aquilo, de todo aquele inferno que seu pai estava fazendo? E se eles não a quisessem mais?


Sentindo as lagrimas deslizando por seu rosto, ela ergueu os olhos para encarar o namorado.


— Remo...  – Sua voz saiu tão baixa e tão rouca que temeu que Remo não ouvisse.


— Não Pat, você não vai, entendeu? Você não vai!


— Thomas, não podem nos prender por seqüestro, sua filha não está em nossa casa contra a vontade dela, mas sim por  medo de você.


— Não me interessa. Ela vai comigo. Patsy anda!


— Não. – Suas mãos grudaram mais no braço de Remo e um soluço escapou dos seus lábios, não poderia ir pra casa, não poderia ficar ao lado daquele que quase a matara, que quase matara seus amigos, seu amor. Não poderia. – Eu não vou.


— Eu sou seu pai, eu estou mandando.


— Não, eu na-não posso. – Seu estômago se revirava dentro de si, era como se tivesse um ser se contorcendo dentro de seu organismo, louco para sair, ela podia sentir o gosto do vômito em sua boca, por isso levou uma das mãos a boca rapidamente, tentando controlar a si mesma.


— Você vai, Patsy Kensit, vamos pra casa AGORA!


— Ela não vai. – Remo disse firmemente, puxando Patsy para si e a abraçando. – Nós vamos nos casar.


—Seu filho da puta... – Thomas avançou em direção a Remo e Patsy arregalou os olhos, ela podia ver o pai partindo pra cima de Remo, acertando, machucando-o, fazendo Remo cair ao chão, ensangüentado, o que mais seu pai poderia fazer para ferir seu amado?


Antes que aquilo acontecesse, sem pensar duas vezes, Patsy soltou-se de Remo e deu dois passos a frente, forçando o pai a parar e encará-la, furioso.


— Sua desgraçada, você vai pra casa, entendeu?


— Pat, não, você não pode.


Patsy sentiu as lagrimas rolando por seu rosto desesperadamente, tal que mal conseguia enxergar o rosto do pai à frente, as lagrimas borravam sua visão e entalavam as palavras em sua garganta.


Soluçando ela engoliu o choro e sentiu as palavras saindo de sua boca.


— Se eu for você promete deixar a família Lupin em paz para sempre?


— Pat , NÃO. Você não pode. – Ela sentiu as mãos de Remo segurando em seus braços e fazendo ela se virar para encará-lo, mas ela abaixou os olhos, não poderia encarar Remo, não poderia olhar nos olhos dele antes de ir embora. – Pat, Pat, olha pra mim, olha pra mim, você não pode fazer isso, entendeu?


— Remo...


— Pat, por favor, você não pode, ele é um louco.Você não pode...


— Remo... – A voz de Patsy estava embargada, mas ela tentou mantê-la firme quando ergueu os olhos para encarar o homem que ela mais amava no mundo. – Eu preciso ir.


— Não, você não precisa, você não tem que fazer isso, nós vamos te manter em segurança, eu te prometo.


— Remo, eu preciso, eu não posso mais fazer isso com vocês.


As mãos de Remo soltaram-se dos braços de Patsy para segurar-lhe carinhosamente o rosto fazendo-a encará-lo firmemente.


— Pat, eu não vou deixar você fazer isso, não vou, entendeu?


— Remo... – Um soluço ecoou alto e Patsy deu dois passos pra trás, afastando-se de Remo que deu um passo a frente rapidamente, a encarando.


— Pat...


— Anda logo com isso, vamos embora.


A voz de Thomas Kensit ecoou irritada, mas nem Patsy e nem Remo o ouviram, os dois se entreolhavam como se o mundo estivesse prestes a acabar e ambos estivessem um em cada lado de um imenso abismo, impossíveis de estarem juntos uma ultima vez.


As duas mãos delicadas da garota deslizaram pela barriga parando sobre o ventre, e então ela soluçou alto, abaixando os olhos por segundos antes de erguê-los e encarar Remo.


— Remo eu preciso ir, tem outras coisas em jogo, eu não posso continuar nisso, eu não...


— Não Pat, isso não vai acontecer, nós vamos nos casar, esqueceu? Tudo vai ficar bem, eu prometo.


Ela soluçou alto, sentindo mais lagrimas rolando por seu rosto e caindo por seu colo, molhando sua pele suave.


— Chega dessa baboseira. Vamos embora logo. – Thomas segurou firmemente o braço de Patsy e a puxou.


— NÃO. – Remo foi mais rápido e pegou a outra mão de Patsy, impedindo-a de seguir.


— Para com isso, moleque, ela vai embora agora, entendeu?


— Pat, você não pode ir, não pode.


— Anda logo. – Thomas puxou Patsy pela mão, mas Remo segurou firmemente a outra, mantendo-a entre os dois.


— Pat...


— Remo, me larga, eu preciso ir, eu preciso ir. – Os olhos avermelhados e cheios de lagrimas encararam Remo com tristeza.


— Não...


— Me larga, Remo, me solta, vai embora.


— O que você ta fazendo?


Ela sentiu todo o seu ser sendo esmagado quando a voz embargada de Remo ecoou por seus sentidos.


— Me solta, eu vou embora.


A mão de Remo soltou-se do pulso de Patsy e ela sentiu as lagrimas embaçando sua vista sem conseguir ver pela ultima vez o rosto de seu amado.


— Desculpa, eu preciso ir... – A voz de Patsy sai baixa e rouca, e Remo a encarou sentindo as lagrimas rolando por seu rosto.


— Não precisa.


— Preciso, Remo, preciso... – Ela puxou a mão soltando-a da mão do pai e se virou sem conseguir encará-lo. - Vamos, papai.


Triunfante, Thomas Kensit encarou Gregório e em seguida Remo, antes de seguir em direção ao seu carro.


— Pat... – A voz de Remo saiu suplicante, mas a garota apenas negou com a cabeça.


— Desculpa... Eu te amo.


Remo não sabia o que fazer quando Patsy finalmente se virou e caminhou alguns passos, parando em seguida para encarar o chão, talvez ela sentisse o mundo desabando sobre sua cabeça, ou se perdendo sob seus pés, como ele se sentia, ele desejava imensamente que ela sentisse o mesmo, como se seu coração estivesse sendo esfaqueado e estivesse morrendo aos poucos, mas por que droga ela estava fazendo aquilo?


Antes que pudesse pensar numa resposta ele a viu se virar e encará-lo como se fosse a ultima vez, então seus lábios se abriram e uma frase se formou, antes de ela se virar e ir embora, deixando Remo ali, parado, estático, sentindo os pés perderem o chão.


— Eu to grávida.


 


***


 


O parque Burle Marx estava calmo, quase quieto, sendo acordado por sons de aves em algum lugar distante e o chacoalhar das arvores que sacudiam-se pelo vento deixando as folhas verdes caírem pelo chão úmido.


As árvores pareciam um pouco mais unidas do que no começo do parque, as sombras das frondosas arvores cobriam quase todo o caminho, o deixando mais úmido, o que as grossas gotas da chuva ajudavam ainda mais.


O vento soprava gelado, fazendo a pele arrepiar-se, as folhas secas caíam pelo chão de terra e o único som mais presente naquele momento, eram das mesmas folhas secas sendo esmagadas por um par de sapatos, que caminhava lentamente por entre as arvores, como se estivesse fazendo um passeio distraído, o que, com a chuva que caia, era quase impossível.


Sua mente estava vazia, distante, os olhos nem percebiam os caminhos que seus pés percorriam, nas mãos uma fotografia era segurada com tanta força que rasgava-se em alguns pontos, mas ainda mantinha-se presa e amassada na mão delicada, os óculos escuros já meio embaçados por conta da neblina que começava a subir pelo parque enquanto a noite começava a cair, não percebia que adentrava cada vez mais por entre as arvores, a única coisa que ela queria era se esquecer de todo o resto, esquecer que sua vida mudaria dali em diante, esquecer que existia um mundo em algum lugar, o que naquele momento, não era difícil, afinal seu coração pesaroso demais, não a deixava ver nada mais alem da própria dor.


Ela não queria estar ali, ela queria sumir, ela queria desaparecer.


Ela queria simplesmente não mais existir.


Nada mais.


                                                                                         *


 “Venha a nós o vosso Reino, Seja feita a vossa vontade”


 Não poderia ser a vontade de Deus, era o que todos realmente pensavam enquanto o padre rezava o pai nosso e o coveiro jogava a terra vermelha e úmida sobre os caixões, deixando apenas um montante de terra abatido para ser olhado.


Uma chuva que já não era uma garoa fina caia sobre eles, congelando-os aos poucos, mas eles perceberam que por mais que aquilo os incomodasse, a única pessoa realmente importante ali não estava preocupada com isso, na verdade eles se perguntavam se ela estava realmente preocupada com alguma coisa agora, era como se ela estivesse morta, enquanto ainda se mantinha viva.


As palavras do padre continuaram até o coveiro terminar de abater a terra vermelha sobre os caixões, e Lia permanecia parada onde estava, a beira do buraco que agora já não mais existia, imóvel, os olhos encarando o montante de terra como se dali pudesse sair alguma coisa inesperadamente, talvez no fundo ela desejasse que alguma coisa começasse a se debater ali de dentro e eles percebessem que fora tudo um erro e seus pais ainda estivessem vivos, sendo enterrados sem querer, por um estúpido e idiota engano.


Mas aquilo não aconteceria.


Sirius acariciou o braço gélido de Lia e sussurrou baixinho em seu ouvido que era melhor eles irem embora. Já havia acabado, nada havia mais ali, não tinha por que continuar ali debaixo daquela chuva que engrossava cada vez mais. Mas ela não se manifestou, mas ela não se moveu, permaneceu onde estava, alheia a tudo, os olhos fixos na terra abatida a frente e na lápide que fora posta acima do montante de terra. Um dia ali seria um lindo gramado onde ela poderia sentar-se e apreciar a lápide de concreto, mas apreciar uma lápide jamais seria o mesmo que apreciar os rostos de seus pais, e Sirius sabia disso, por isso ele beijou o ombro de Lia carinhosamente e se afastou. Era melhor deixá-la sozinha por um tempo.


 


 — A chuva esta aumentando.


Sirius estava sentado na poltrona ao lado da porta, olhando a grama verde encharcada ao longe, dali ele ainda podia ver Lia, parada encarando o montante de terra. Ou ele achasse que fosse ela.


— Até quando ela vai ficar lá? – Os olhos de Lilian seguiram o de Sirius e ele deu de ombros, voltando a encarar o nada a sua frente, assim como Lia, ele não estava realmente prestando muita atenção as coisas a sua volta.


— Talvez ela precise ficar um pouco sozinha.


— Mas Thiago, esta frio lá fora e ela deve estar encharcada.


— A Lilian tem razão. Sirius é melhor você ir lá buscá-la. – Disse Remo que parecia mais abatido do que nunca, mas ninguém tivera coragem o suficiente de perguntar quando o maroto voltara sozinho para o enterro, já imaginavam, infelizmente, o que acontecera.


— Como vocês acham que ela esta se sentindo? – A voz de Sirius saiu baixa e rouca e todos se entreolharam como se aquela fosse a pergunta mais idiota e banal do mundo.


— Como você acha que ela esta se sentindo? – Indagou Lilian, quase de forma grosseira. – Como você se sentiria se seus pais morressem?


— Feliz, herdaria a casa toda pra mim já que sou o filho mais velho.


— Sirius! – Thiago riu fracamente, e abraçou Lilian pelos ombros.


— Lilly, ta tudo bem, o Sirius não gosta muito dos pais dele, esqueceu?


Lilian revirou os olhos quando o maroto levantou-se e se encaminhou em direção à saída.


— É melhor você levar um guarda-chuva. Tome. – Sirius virou-se e pegou o guarda-chuva encarando Lilian por segundos. Ele estava realmente mal, talvez por não saber exatamente como Lia se sentia, talvez por querer ajudar a loira, que todos sabiam que ele amava, mas não poder fazer nada para aliviar-lhe a dor. Talvez não tivesse nada pior no mundo do que você ver quem você ama sofrer e não poder fazer nada.


— Obrigado, Lilly.


— Ele me disse obrigado! Tadinho, ele ta mal mesmo.


Thiago e Remo se entreolharam e riram.


 


 Sirius saiu pela grama encharcada, seus sapatos de couro expeliam as grossas gotas de chuva que caiam da beira do guarda chuva, mas ele não estava preocupado com isso, sua preocupação era em Lia, debaixo daquela chuva que agora estava muito mais intensa do que quando ele a deixara lá.


Ele podia ver a lápide de longe e a terra abatida, agora encharcada, mas não havia ninguém a volta mais. Tudo estava vazio e deserto.


Sirius olhou a volta e viu uma arvore próxima, uma arvore na paisagem negra e deserta de um cemitério encharcado pela chuva. Aonde ela se metera afinal?


Um pensamento desesperador passou por sua cabeça e Sirius virou-se encarando o nada. Não seria possível, ela não teria coragem, teria?


Desesperado Sirius saiu correndo, enquanto o vento gelado puxava o guarda chuva, levando-o pra trás, sem que Sirius se importasse com isso. Quem se importaria com um guarda-chuva quando a mulher de sua vida havia sumido dentro de um cemitério? Talvez não houvesse no mundo lugar mais deprimente do que um cemitério, e se toda aquela tristeza, e se todo o desespero de Lia a tivesse levado a fazer algo contra si própria?


Ele não poderia pensar nisso, não poderia.


Quando seus sapatos ecoaram pelo granito da pequena sala de espera do cemitério, todos se levantaram num pulo.


— O que aconteceu?


Ofegante, Sirius encarou os amigos, sentindo o desespero esmagando-o por dentro.


— A Lia sumiu.


 


 


*N/A:  Dois meses, eu demorei dois meses pra escrever, vocês tem toda razão em querer me matarem, fiquem a vontade \z


Foi mal, pessoal, serio mesmo, eu demorei demais pra escrever, e acho que boa parte disso foi por que eu não estava conseguindo escrever esse capitulo, e daí de repente, num dia em que é domingo, a preguiça bate, e minha cabeça ta meio latejante por que acho que estou com começo de gripe (odeio ficar gripada), daí de repente a inspiração bendita volta, tudo bem que ela não voltou linda e maravilhosa como sempre, mas já é alguma coisa, ela ter voltado já é um grande sinal para o bem da humanidade


E olha que ela não sumiu por desilusão amorosa, ao contrario, minha vida amorosa e sexual nos últimos dois meses foram muito bons, diga-se de passagem =P


Talvez seja isso gente, desilusão gera inspiração, e como eu fiquei até que bem, a inspiração foi dar uma voltinha, inspiração chata viu ¬¬


Enfim, perdoem então o capitulo que não ficou tão bom assim, vou tentar escrever o próximo e posta-lo até o fim de semana que vem, não vou prometer por que toda vez que eu prometo, eu não cumpro \z


 


Ah aproveitando, vou deixar o link do meu blog, ando escrevendo bastante nele,  os últimos textos todos são de minha autoria, agora  eu ando desabafando o que sinto em textos sobre as pessoas, ta virando uma mania \z


Deem uma olhadinha


www.lanahblack.blogspot.com.br


 


Enfim, é isso


Perdoem a demora.


 Beijos


Lanah Black

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Comentários (4)

  • Chrys Malfoy

    Mayara filha da puta! Não tinha uma hora pior pra ela aparecer?? To muuito triste polos pai da Lia e com uma raiva tão grande do pai da Pat que eu poderia matá-lo só com um olhar. Mas enfim, o cap tá perfo como sempre!!!

    2012-10-07
  • Chrys

    Finalmente o capitulooo!!!!Ficou bom, mas continuo esperando coisas boas acontecerem!!!!!E naum vou comentar nada sobre a vaca da Mayara! Bjoo!Naum demora pra postaar!!! 

    2012-08-13
  • annalimaa_

    MEUU essa garota é uma vadia, sempre acabando com tudo.Meu a mãe dela também??Perder os pais não deve ser fácil, semana passada o pai da minha melhor amiga morreu também, ela estava em estado de choque não reagia, todo mundo não sabia o que fazer.Juro que ainda arranco a cabeça dessa garota, essa puta não pode estar falando a verdade e isso também não garante que o filho seja dele, e ainda mais ele pode não ter que ficar com ela, é um filho não um casamento.Começo a chorar só de lembar o dia em eu estav no lugar de Pat.CARA ELA É UMA BURRA OU O QUE???O porque de ela estar grávida é mais um motivo de ela ficar com Remo, ou ela pensa que seu querido ``papai`` vai deixar ela com o filho a salvo???Lia está com medo e assustada, todo mundo que ela pensou existir caiu, mas saindo desse jeito sem avisar ainda com os assassinos a solta é muito ruim.Capítulo menos do que o costume, mas pelo menos você postou, beijos até o próximo.

    2012-08-13
  • Sah Espósito

    Fiquei tao feliz quando vi atualizado!!!Mayara de novo separando Thiago e Lilian... ta de sacanageme o pai de Patsy aparecendo e mais sacanagem ainda, principalmente pq ela ta gravida!Onde a Lia se meteu heinposta logo okbjs!

    2012-08-13
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