O temporal



            *Capitulo Trinta e seis: O temporal*


                                   Como poderia ter explicado o modo como estava me desfazendo em pedaços, a maneira  como tinha de me encolher, como uma bola, para impedir que o buraco vazio me dilacerasse?”


  




O Salão estava repleto e ligeiramente escurecido, luzes esbranquiçadas e coloridas sobrevoavam pelo salão iluminando um canto ou outro que não queria ser iluminado por muito tempo. Jovens iam e vinham, taças percorriam de mão para bandejas e de bandejas para mãos que felizes se divertiam com o som alto que ecoava em todos os cantos do colégio.


Quando Lia saíra de casa naquele dia não pensou que pudesse realmente querer estar ali, muito menos imaginou que pensaria na hipótese daquele baile não ser um completo e total fiasco, mas ela estava começando a mudar de ideia, e talvez essa mudança repentina de humor tivesse a ver com um tal maroto que agora deslanchava pelo salão com aquele sorriso perfeito nos lábios e segurando sua mão de forma carinhosa e firme, como se não quisesse deixa-la escapar.


Era incrível como há exatos sessenta minutos atrás ela sequer quisesse ouvir falar no nome dele, muito menos ver seu rosto, ouvir sua voz ou admirar aquele sorriso estupendo, mas parecia que a vida surpreendia muito mais do que ela era capaz de imaginar, e pensando bem, ela não estava realmente chateada pela vida ter mudado seus planos daquela noite, que se ela fosse mesmo segui-lo estaria agora solitária e bêbada em algum canto do salão e tudo isso em menos de dois minutos.


Sirius pegou uma bebida de uma bandeja e entregou a Lia que sorriu, virando um gole e sentindo o doce sabor de champanhe nos seus lábios, pelo menos a escola não era daquelas antiquadas a modernidade que achava que jovens de dezessete anos não podiam ingerir bebidas alcoólicas, até por que champanhe não era considerado alcoólico, era? Ela sabia que existiam muitas outras bebidas servidas ali, contrabandeadas pelos alunos dos quais os professores sequer sabiam, mas quem se importava? O que importava era a diversão, e Lia poderia dizer que mesmo sem imaginar que aquilo fosse possível naquela noite, ela já estava se divertindo muito.


Sirius virou sua taça inteira num só gole e depositou sobre uma bandeja que passava por ele, antes de puxar Lia pela mão em direção a pista de dança.


A pista de dança estava repleta de casaizinhos enquanto uma musica lenta soava em alto som pelo salão, Sirius enlaçou Lia pela cintura, se livrando da taça dela, e puxando a garota pela cintura contra o corpo dele, e a rodopiando no salão fazendo-a rir enquanto envolvia as mãos ao pescoço do maroto.


— Sirius... – ela começou tentando lembrar-se o motivo pelo qual eles realmente haviam ficado brigados por tanto tempo, mas Sirius sorriu daquele jeito deslumbrante e fez um sonoro “Shiu”, antes de dizer:


—Vamos aproveitar. – Ele a apertou contra seu corpo, rodopiando-a e dançando lentamente a musica romântica que os entorpeciam.


— Por que você faz isso heim? – Sirius gargalhou e deslizou os dedos pelo rosto de Lia, acariciando-o, o toque quente fez o corpo de Lia arrepiar-se e estremecer-se, o que a fez rezar internamente para que ele não notasse. Seu corpo inteiro reagia de maneira que a fazia censurar-se o tempo todo por sentir-se daquela maneira a qualquer toque de Sirius, seu coração acelerava de maneira abrupta e de maneira tão desesperadora dentro do peito que lhe era impossível disfarçar, muito menos quando o corpo de Sirius estava tão colado ao seu, era certo que ele podia sentir seu coração palpitando fortemente ao peito, que droga, não queria parecer tão vulnerável assim a ele. Suas mãos, envoltas do pescoço do maroto suavam frias e quando Sirius deslizou a mão pelo braço de Lia até segurar em uma de suas mãos gélidas, ela sentiu o nó da contrariedade formar-se em sua garganta enquanto Sirius ria fracamente, beijando a mão dela carinhosamente antes de, ainda segurando-a, apoia-la ao peito.


— Esta com frio? – Ele indagou ainda com aquele sorriso que dizia claramente que ele sabia o motivo das mãos gélidas de Lia, e ela apenas negou com a cabeça, levemente atordoada, enquanto ele ria e roçava a lateral do rosto a face dela, fazendo-a engolir a seco. Ele estava deixando-a perturbada, aqueles toques, aquela proximidade, aquele cheiro inebriante dele a entorpecendo, fazendo-a perder noção de tudo, a estava levando a loucura, como ele podia ter tanto domínio sobre ela daquela maneira?


A mão firme de Sirius pressionava delicadamente as costas de Lia, permanecendo o corpo dela preso ao dele, fazendo-a sentir o roçar do corpo dele ao dela a cada movimento, fazendo-a perder o folego.


—Então por que esta tremendo? – A voz dele soou fraca e rouca ao ouvido de Lia, de maneira tão provocante que ela sentiu a respiração falhar e um arrepio percorrer a espinha, a estremecendo. Mordendo o lábio levemente, ela fechou os olhos e conteve todas as sensações e reações do corpo, ela sabia que se continuasse assim por muito mais tempo ficaria louca.


Os lábios de Sirius roçaram ao pé do ouvido de Lia e ela encolheu-se nos braços do maroto, enquanto a mão envolta do pescoço pressionava-se contra os fios que desciam pela nuca do maroto, ela podia sentir a respiração dele em sua pele, ressoando contra seu lóbulo, fazendo seus sentidos emudecerem para todo o resto que não fosse o corpo de Sirius, os lábios quentes dele em sua pele, a respiração soando fortemente em seu ouvido, a mão firme que apertava seu corpo e a outra que segurava de maneira possessiva sua nuca enquanto os lábios desciam por sobre a pele, deslizando pelo rosto até alcançar-lhe os lábios, então tudo desapareceu. O som da musica romântica silenciou-se, o vozerio a sua volta desapareceu, todos os seus pensamentos se aquietaram, como se de repente ela se elevasse, deslizando pelo vento com seus sapatinhos de salto alto até pisar nas nuvens, onde nenhum outro som os atingia, onde nada, além daqueles lábios importasse.


  




Seu vestido combinava com sua alma, cintilava e brilhava em alguns pontos quando a luz do globo de luz do salão refletiam nas lantejoulas que espalhavam-se por seu vestido. Ela se sentia exatamente como as lantejoulas, brilhantes e emanando luz e um brilho que se espalhava por ela naturalmente. Nunca se sentira tão feliz na vida, era incrível como as coisas poderiam às vezes ir de mal a pior e de repente dar uma guinada e tudo parecer maravilhoso de uma forma única na vida. Ela nunca imaginou que sua vida pudesse mudar tão radicalmente, nunca pensou que um dia viveria tudo que estava vivendo com Remo e se um tempo atrás alguém lhe contasse que tudo aquilo aconteceria, ela chamaria a pessoa de louca, pois com certeza, tudo parecia uma loucura.


Mas fosse loucura ou não, ela não queria exatamente pensar sobre aquilo, principalmente sobre como sua vida era antes de Remo aparecer, claro que nunca fora nada tão ruim, mas era certeza que não era nada tão excepcional e maravilhoso como naquele momento.


Aliás, Remo era a perfeição em forma de homem ao seu lado, seu smoking preto reluzindo, a gravata branca se destacando entre os tecidos negros, os cabelos louros bem arrumados, os lábios exibindo aquele sorriso maravilhoso, uma das mãos segurando a cintura da namorada, é, ele estava perfeito.


Uma melodia suave entoava pelo salão e Patsy sentiu-se deslizando ao lado de Remo, que a envolvia e rapidamente a rodopiava entre os outros alunos que em casaizinhos serpenteavam romanticamente pelo enorme salão de dança, ela adoraria ficar assim com ele por muito mais tempo, mas assim como seu vestido que rodopiava ao redor de seu corpo, seu estomago rodopiou quando Remo a girou no ar, abraçando-a contra seu corpo, dando-lhe uma horrível sensação de enjoo e mal estar na boca do estomago.


— Remo! – Ela advertiu, enquanto tentava controlar o incômodo enjoo. Ultimamente ela não estava muito disposta quanto à comida, desde os últimos acontecimentos seu estomago refletia seu estado emocional de uma forma nada agradável, com enjoos e reviravoltas horríveis que lhe dava sempre aquela sensação desagradável de estomago embrulhando, o que ultimamente nem mesmo os efervescentes estavam ajudando muito.


— Você esta maravilhosa hoje, sabia? – A voz de Remo soou rouca e suave ao pé do ouvido de Patsy, fazendo-a encolher-se levemente enquanto sorria abobalhadamente. – Aliás, você esta maravilhosa todos os dias.


Patsy riu e afastou o rosto para observar as feições do namorado, deslizando as pontas dos dedos pela face cuja barba recém nascida começa a pinicar levemente a palma de sua mão. Ele estava lindo, estava tão diferente daquele molequinho loirinho que lhe chamou a atenção quando ela o conheceu. Claro, afinal, Remo crescera, se tornara um homem lindo e desde que começaram a realmente se envolverem ele mudava cada vez mais, e cada vez mais pra melhor. Não poderia pedir coisa melhor, um homem lindo, que a amava imensamente assim como ela o amava mais que tudo, o que mais uma garota precisava ter?


— Eu sou uma garota de sorte. – Ela disse acariciando o rosto de Remo carinhosamente, fazendo-o beijar a palma de sua mão de forma carinhosa. Patsy sorriu quando Remo segurou sua mão entre as dele, beijando-a suavemente.


Era a chance que ele esperara, era a chance de lhe dizer tudo aquilo que viera pensando nos últimos dias, e ele precisava dizer a ela, precisava lhe contar tudo, se abrir, expor todos os problemas  que teriam e os que talvez não teriam, e como poderia ser a vida que ele imaginava dali em diante, fosse como fosse, ele precisava contar a ela, e aquele era o momento certo, enquanto a melodia suave ao fundo ainda ajudasse.


— Remo? Ta tudo bem? – Remo havia parado de dançar e segurava a mão de Patsy entre as suas, os olhos fixos nas mãos unidas dos dois, como se estivesse perdido no tempo ou talvez tivesse se dado conta de alguma coisa muito importante, mas tal silêncio de Remo começou a causar um certo pânico na boca do estomago, desesperando Patsy. – Remo? Você ta bem? Ta sentindo alguma coisa?


– Pat, eu... – Os olhos estavam fixos nos dedos delicados de Patsy, seu rosto estava vermelho e sua testa estava ensopada de suor, enquanto seu corpo tremia levemente. – Eu preciso te dizer uma coisa.


 


 


O corpo estava prensado contra a parede, o som quase inaudível que invadia o ambiente quase não deixava ouvir o som da respiração ofegante, enquanto os lábios se beijavam loucamente, aumentando o calor que não era causado pelo ambiente e nem pelas roupas de gala. Mãos apertavam-se contra coxas, costas, cabelos, pele, arranhando, apertando, enlouquecendo, aliás, enlouquecendo era uma palavra que definiria bem o estado de Thiago Potter, ferrado era outra palavra que o definiria quando a insanidade acabasse. Sim, ferrado e fudido, totalmente fudido quando Lilian descobrisse.


Com o pouco de sanidade que ainda lhe restava, Thiago deslizou os lábios por sobre a pele macia da garota, antes de afasta-los puxando o ar para os pulmões, numa tentativa frustrada de controlar a respiração ofegante. Seu corpo estava fervendo, poderia fritar um ovo se o quebrasse sobre sua pele, exagerando um pouco, Thiago tinha a sensação de que se poderia fazer um café da manhã completo com ovos mexidos e bacon sobre sua pele, que fervia como se estivesse sobre fogo.


Nunca sentira nada igual antes, mas talvez nunca tivesse passado por aquilo antes. Thiago sempre tivera a mulher que quisesse, e até a que não quisesse, a seus pés, falta nunca lhe fora o problema, muito menos daquilo que estava fazendo falta até demais pra ele, por isso resistir àquele desejo era quase impossível.


“Só amor demais faz isso” disse uma voz irritante em sua mente, que muito lhe lembrava o seu melhor amigo, Remo Lupin.


Amor demais? Ou medo de perder? E o desejo que estava o enlouquecendo? Se ele não fizesse algo mais do que “brincar”, explodiria, precisava de uma mulher, mesmo que só uma por diversão, Lilian não saberia, era só ele tomar os devidos cuidados, ela poderia nunca descobrir.


“Peraí, Lilian nunca descobrir? Impossível.”


A voz de Remo tinha razão. Thiago tinha certeza absoluta que se traísse Lilian, em menos de um minuto, aquilo chegaria aos seus ouvidos, principalmente se tratando da garota que ainda estava em seus braços, ou melhor dizendo, prensada contra a parede por seu corpo quente e suado.


“Quente e suado? Ela vai ficar sabendo disso.”


— Não. – Seus lábios ainda estavam rentes à pele, enquanto ele era trazido à realidade por lábios úmidos que roçavam ao lóbulo da sua orelha, deixando os dentes arranharem levemente na pele, causando um arrepio que não ajudava em nada Thiago.


Fala sério, é sacanagem demais isso comigo.


— Eu te quero tanto, sabia? – A voz soou mais rouca e sensual do que Thiago poderia esperar, o que, mais uma vez, lhe causou um arrepio que não ajudava em nada aquela situação. Ele tinha certeza absoluta que precisaria de um banho BEM gelado antes de ir ao jardim encontrar-se com Lilian.


— Não posso fazer isso. – Aquelas palavras saíram com um grande protesto de seu corpo, que desejava que ele dissesse o oposto, BEM o oposto. Não que ele tivesse realmente algum interesse nela, ou a achasse melhor ou mais bonita do que Lilian, não, jamais ele acharia isso, era algo que estava totalmente fora de cogitação, Lilian era muito melhor, muito mais bonita e ele desejava muito mais ela, Deus como ele a desejava, mas não poderia tê-la ainda, não do jeito que ele desejava naquele momento, e quando não se tinha o que precisava com a mulher que se ama... Bom, como dizem, quem não tem cão, caça com gato.


— Eu sei que você quer. – A voz soou novamente rouca e sensual ao pé do seu ouvido, enquanto ela deslizava os lábios pelo lóbulo da sua orelha fazendo o calor se tornar muito mais intenso. Certeza, daqui a pouco ele fritaria um bife sobre sua pele. – Posso sentir isso.


Inconscientemente Thiago apertou as mãos contra as coxas da garota, a prensando mais contra a parede, fazendo-a arquejar, soltando a respiração de modo sensual contra o lóbulo de sua orelha, tornando seu corpo em brasas tão quentes quanto de um vulcão.


— Não faz isso. – Ele perderia o controle a qualquer minuto, tinha certeza disso.


Que droga, que droga, que droga. Pensou Thiago desesperadamente, o que faria? Seguiria seus instintos ou a voz irritante do Remo que lhe dizia sem parar que se fizesse aquilo, nunca mais teria Lilian de volta?


“Uma noite ou uma vida inteira?”


Mas ele não teve tempo de pensar mais, os lábios quentes deslizavam por sua pele, beijando sua face e se arrastando como uma cobra pronta para dar o bote, em direção aos seus lábios, e antes que Thiago pudesse ter qualquer reação, a cobra atacou.


As mãos sorrateiras deslizaram por baixo da camisa branca de seda tocando a pele quente e macia onde as unhas grandes cravaram-se causando um desejo incontrolável no maroto, os lábios famintos beijava-o com tanto desejo que tudo que Thiago conseguiu fazer foi beijar a garota loucamente, segurando seu rosto com uma das mãos enquanto com a outra ele a segurava pela perna, prensando mais o corpo dela contra a parede, fazendo assim com que ele sentisse mais o corpo dela e fizesse o vestido da garota subir cada vez mais.


“Se continuar assim, daqui a pouco o vestido vai estar na cintura”


Daqui a pouco ela vai estar é sem vestido, isso sim. Mas quando a mão que segurava o rosto da garota desceu, deslizando ansiosa pelas coxas da garota e subindo até alcançar o tecido do vestido, pronta para erguê-lo e se livrar daquela peça indesejável...


PAF.


 




 Ela poderia jurar que estava nas nuvens, ou no paraíso, ou uma nuvem no paraíso, não, não, estava muito melhor do que em nuvens, estava nos braços de Sirius enquanto aqueles lábios perfeitos a fazia sonhar com nuvens e paraísos, ou qualquer lugar onde pudesse estar com ele, sempre nos braços dele.


A mão deslizou suavemente pela nuca de Lia, fazendo-a se arrepiar e rir fracamente entre o beijo. Os lábios de Sirius selaram os seus, deslizando pela face em direção ao pescoço, onde ele mordeu levemente, fazendo o riso tornar-se maior enquanto Lia encolhia-se nos braços de Sirius.


— Sirius! – Disse risonha, enquanto ele beijava carinhosamente o pescoço dela.


— Não posso te morder? Poxa, assim o vampiro vai morrer de fome. – Lia gargalhou, inclinando mais o pescoço para o lado.


— O vampiro ta com fome, é? – O nariz de Sirius roçou contra a pele macia e cheirosa, deixando a ponta da língua roçar em seguida a pele, fazendo Lia encolher-se ainda mais enquanto mordia o lábio inferior levemente.


— Você nem imagina o quanto. – O som da voz rouca de Sirius fez Lia arrepiar-se enquanto um calor percorria seu corpo inteiro. Já deveria estar acostumada com aquilo, as sensações que ele lhe causava, que apenas ele era capaz de fazer, mas nunca se acostumava com aquilo, surpreendia-se sempre com tudo que sentia aos toques de Sirius, as mãos em seu corpo, aos lábios em sua pele, a voz rouca que a fazia deseja-lo de uma maneira quase incontrolável. Talvez nunca se acostumasse com aquilo.


Apoiando a palma da mão ao peitoral de Sirius, Lia afastou-se levemente, tentando não encarar aqueles olhos acinzentados.


— Eu vou ao banheiro.


— Ta tudo bem? – A mão de Sirius apertou-se mais contra a cintura de Lia e ela sentiu seu corpo quase cedendo, era sorte, muita sorte que estivessem em meio a uma multidão.


— Ta, é que... Eu preciso fazer xixi. – Disse rapidamente a primeira coisa que lhe veio à mente, mas ao contrario do que ela imaginava, Sirius não a soltou de imediato, seus olhos acinzentados ficaram estudando os azuis, antes de aproximar o rosto do dela, obrigando-a a fechar os olhos antes de sentir o leve roçar dos lábios dele nos seus.


— Não demora, senão vou sentir saudade. – Era incrível como seu coração palpitava tanto a uma simples frase, tanto que ela pensou que poderia parar a qualquer momento, arritmia também mata, e ela corria esse grande risco quando estava nos braços daquele maroto.


— Não se preocupe, vai ser apenas o suficiente pra você ainda me querer quando eu voltar. – Lia riu, mas a mão de Sirius segurou delicadamente seu rosto, fazendo-a encara-lo.


— Eu sempre vou te querer, Lia.


— Sirius... – O polegar de Sirius deslizou pelo rosto de Lia até chegar aos lábios, fazendo-a entreabri-los involuntariamente.


— Nunca se esqueça disso, tá. Eu te quero e sempre vou te querer.


— Sirius... – Mas mais uma vez ele a impediu de terminar quando os lábios dele colaram-se aos seus, fazendo-a estremecer. O problema não era exatamente ele não a querer, mas o tanto que ela o queria, o tanto que ela precisava dele, do toque dele, do cheiro dele, do quanto ele fazia seu coração disparar de tal maneira que ela pensava que poderia morrer, esse era o problema. Era sentir tudo isso, mas não saber se o que ele sentia passava do ‘querer’, assim como o dela passava.


— Por que você faz isso? – Ela disse entre o beijo, fazendo-o sorrir e colar mais o corpo de Lia contra o seu.


— Isso o que? – Disse o maroto ingenuamente, fazendo-a revirar os olhos enquanto Sirius gargalhava.


— Isso é o que você faz comigo. – Ele a apertou mais em seus braços, sentindo o corpo macio de Lia e aquele cheiro de rosas o invadindo de tal maneira que o fazia se aquecer por dentro. – Por que você faz isso comigo?


Lia riu, se encolhendo nos braços de Sirius enquanto ele roçava a ponta do nariz pelo pescoço da loira, inalando aquele cheiro maravilhoso, apertando a mão contra o corpo dela e a puxando mais pra si, fazendo um calor anormal percorrer novamente o corpo de Lia. É, não tinha jeito, era melhor ela ir tomar um ar antes que não resistisse a Sirius por muito mais tempo, uma coisa era obvia, ela precisava aprender a se controlar, não podia ceder sempre ao charme e aos encantos dele.


— Sirius! – Ele riu quando ela deu um leve tapa em seu braço, se afastando levemente, obrigando o maroto a afastar-se do sensual pescoço da loira. – Eu vou ao banheiro.


— Tudo bem. – Disse ele por fim e com grande sacrifício, ainda sem soltar os braços que envolviam o corpo de Lia, prendendo-a a ele.


— Sirius! – Exclamou Lia, risonha, fazendo aquela risada rouca que mais parecia um latido ecoar aos ouvidos de Lia, então ela fechou os olhos por segundos, com um sorriso imenso nos lábios, enquanto saboreava o som daquela risada, aquela risada que era capaz de leva-la novamente a nuvem mais fofa do paraíso inalcançável.


— Ok, ok, você venceu. – Com uma careta de vencido, Sirius afrouxou os braços do corpo de Lia, que permanecia com as palmas da mão apoiada ao peitoral do maroto.


— Não vai arrumar outra enquanto eu estiver fora. – Apesar do ar risonho nas palavras de Lia, Sirius sentiu a verdade em cada palavra, era uma coisa muito clara pra ele agora, se ela o visse com qualquer outra garota, nunca mais o perdoaria, e ele faria de tudo pra isso não acontecer.


-- De maneira nenhuma, Sra. Black. – Lia gargalhou e deu um leve tapa, novamente, ao braço do maroto, enquanto se desvencilhava dos braços dele aos poucos, como se precisasse ir, mas não quisesse realmente se afastar dele.


Ele apertou os braços envolta do corpo de Lia, fazendo-a rir enquanto ele beijava o rosto macio da loira, deslizando sorrateiramente os lábios em direção aos lábios dela, até os encontra-los, selando-os carinhosamente.


— Sirius, eu não vou embora pra sempre. – Disse ela risonha entre o beijo, enquanto Sirius negava com a cabeça, colando mais seus lábios aos dela, que riu entre o beijo. – Eu vou voltar. – risonha, ela afastou o rosto, separando seus lábios dos lábios de Sirius.


— Promete? – Com uma carinha de cachorrinho sem dono, o maroto fez Lia gargalhar, batendo levemente no braço do maroto, enquanto se desvencilhava do corpo dele.


— Prometo. – Era estranho ver Sirius daquele jeito, mas de maneira nenhuma era ruim, ela gostaria de vê-lo assim com ela todos os dias, sem sombra de duvidas. Com tal pensamento, ela riu, selando seus lábios aos dele rapidamente e afastando seu corpo, prestes a seguir em direção ao banheiro, mas Sirius a deteve, segurando sua mão e beijando-a carinhosamente.


— Vou te esperar no bar, ok? – Ela assentiu, sorrindo, e então partiu, sumindo rapidamente entre a multidão e deixando um Sirius embriagado de Lia, com um sorriso bobo nos lábios.


— Não me diga que esse sorrisinho idiota é pra ela?


 


 


– Pat, eu... Eu preciso te dizer uma coisa.


As frases do gênero “Precisamos conversar”, “Eu preciso falar com você” e “eu preciso te contar uma coisa”, eram os tipos de frases fatais, daquelas que faziam você entrar em colapso nervoso, em desespero, ou ter um ataque cardíaco de medo ou ansiedade, daquelas que faziam você pensar em milhões de coisas, desde as mais sensatas até as mais insanas, improváveis e até impossíveis, desde as melhores coisas até as piores, na verdade, normalmente era sempre as piores. Por isso, Patsy sentiu um aperto desconfortável na boca do estomago quando ouviu aquelas palavras. O que poderia ter acontecido? O que Remo tinha feito? O que ela tinha feito? O que ela não tinha feito? Será que ele estava chateado com ela em alguma coisa? Ou pior, será que ele queria terminar o namoro? Será que ele se apaixonou por outra?


É, esse tipo de frase é capaz de levar qualquer ser humano a insanidade.


-- O... O q-que?


Remo segurou a mão de Patsy entre as suas, as palmas das mãos estavam suando frias e tal sensação fez Patsy estremecer levemente, temia o que poderia ser aquilo que ele diria que parecia o deixar tão nervoso, não poderia ser nada de tão ruim assim, poderia?


Patsy respirou fundo e fechou os olhos por segundos, numa tentativa de tentar se recompor, criar milhares de cenas e idéias ruins antes do namorado dizer qualquer coisa, era sofrer antecipadamente e talvez até em vão, talvez ele não tivesse nada de ruim para dizer e era nisso que ela tinha que pensar, mas bom, se ela criasse esperança de ser algo muito bom, mas fosse realmente algo ruim, isso a decepcionaria...


AARRG.... Nervosa, mais com os próprios pensamentos loucos do que com o suspense de Remo, Patsy soltou a mão do namorado e deu um passo pra trás, negando levemente a cabeça, ela não estava preparada pra ouvir, fosse o que quer que fosse, seu estomago começava a embrulhar de maneira desconfortável, quase a fazendo vomitar diante de tanto nervosismo e se continuasse com aquilo por mais um segundo, era capaz de soltar todo o nervosismo de uma maneira bem desagradável.


— Eu preciso ir no banheiro. – Ela disse rapidamente, dando alguns passos pra trás, desesperada pra sair dali o quanto antes.


— Pat... – Começou Remo segurando o braço da namorada, mas Patsy rapidamente negou com a cabeça, puxando o braço e saindo caminhando rapidamente entre a multidão.


Seu estômago estava na boca, literalmente, e ela precisava o quanto antes alcançar um banheiro, suas mãos tremiam nervosas, suando frias e seu vestido se arrastava levemente ao chão conforme ela corria por entre as pessoas.


— PAT... – Ela ouviu a voz de Remo, mesmo com o som alto de uma musica barulhenta demais, parecia estar vindo de algum lugar atrás de si, mas ela não parou para ele alcançá-la ou para ouvir o que ele tinha a dizer, ela não queria ouvir o que ele tinha a dizer, esse era o grande problema. Talvez estivesse sendo covarde, talvez aquilo fosse medo, puro e simples medo de que o sonho estivesse acabando, puro e simples medo de que no final de tudo seu pai estivesse certo, mas ela não queria que nenhum daqueles pensamentos loucos que a estavam matando fossem verdade, ela queria que fosse tudo ilusão da sua mente louca e perturbada demais por aquela barulheira que parecia fazer seu estômago se revoltar ainda mais. Uma coisa era certa, entre tudo aquilo, se ela não alcançasse um banheiro muito logo, ela vomitaria no meio de toda aquela gente.


Ela passou por dois casais, e esbarrou numa menina que parecia estar chorando, talvez se ela não estivesse prestes a vomitar todas as refeições do dia em cima do primeiro que a fizesse parar, ela até pararia pra saber o que acontecia com aquela menina que, se ela não se enganasse, estudava com ela nas aulas de inglês, mas Patsy precisava urgentemente encontrar um banheiro dentro daquele colégio, que parecia ter se transformado em outro lugar depois de toda aquela decoração pro baile de formatura.


Finalmente, quando ela virou à direita, ela viu algo que parecia conhecer muito bem, estava num corredor que, em dias de aula comum, levaria a sala de biologia e ela sabia que entre a sala de biologia e a de química havia um banheiro feminino, por isso ela segurou a barra do vestido e correu o mais rápido que conseguiu em direção ao banheiro, finalmente colocaria todo seu nervosismo pra fora.


Quando finalmente ela adentrou o banheiro e correu pra dentro de um dos Box  sanitários vazios, algo estranho aconteceu. Com os joelhos apoiados sobre o vestido que se espremia no chão sujo do banheiro, as mãos apoiadas na porcelana do vaso branco, ela viu o reflexo da lâmpada acima dela piscar várias vezes, antes de se inclinar sobre o vaso, sentindo aquela horrível sensação de que seu estomago, fígado e até coração saiam pela boca, enquanto as ânsias e vômitos a desejavam estar o mais longe possível daquele lugar horrível e daquele cheiro insuportável de urina.


 




 PAF.


O sangue congelou na veia, o coração disparou muito mais do que já estava, mas não de ansiedade ou de desejo, mas de medo. Os lábios se separaram e os olhos castanho-esverdeados se arregalaram, enquanto o gelo que congelara seu coração começava a descer sorrateiramente em direção ao pulmão e em seguida ao estomago, congelando tudo por dentro de Thiago. Estava ferrado, estava literalmente ferrado, fudido e mal pago, como costumavam dizer, não, pior do que isso, estava ferrado, fudido e sem Lilian.


Desesperadamente Thiago segurou a menina pelas pernas, fazendo-a soltar-se da cintura dele, antes de afastar-se dela. As mãos dela desenharam o contorno da gola da camisa de Thiago enquanto ele olhava a volta, desesperado, com milhares de imagens horríveis de Lilian o acusando, o xingando, gritando e mandando-o pro inferno, invadiam a mente dele fazendo-o quase perder o ar.


— Thi... – Começou a menina, tentando puxá-lo pela gola, mas Thiago foi mais rápido, segurando as mãos da menina e afastando-as dele.


— Desculpa, eu... - Ele engoliu em seco enquanto tentava respirar. Não era Lilian, não havia ninguém mais no banheiro. Livre das mãos da menina, das pernas, do corpo dela o atentando, Thiago girou sobre os sapatos lustrados para o baile para constatar que não havia nada, nem ninguém naquele banheiro imundo, além deles. Um cheiro de vomito, urina e suor invadiam suas narinas enquanto as luzes acima deles piscavam incessantes, mas Thiago não conseguiu prestar atenção a nada, aquilo deveria ser um sinal, um sinal de que era melhor ele sair dali antes que todas aquelas imagens horríveis que o invadiram realmente se tornassem realidade.


— Thi, foi só o meu sapato que caiu... – Ela riu, como se aquilo fosse engraçado, enquanto pegava o sapato de salto alto vermelho no chão, mas Thiago sabia que não era “só” isso, era seu juízo talvez lhe alertando, era, definitivamente, melhor ele sair dali.


Ele deu alguns passos em direção a porta, mas foi impedido de continuar quando uma mão segurou seu palitó o puxando.


— Thi... – Ele podia sentir a tristeza na voz da menina e até a sombra daquilo perpassando por seus olhos, mas ele nada podia fazer, não podia ir adiante com aquilo, não poderia trair Lilian, não poderia jamais trair Lilian, o que estava sentindo, o que sentira por ela fora apenas desejo, um desejo carnal que logo passaria, mas o que ele sentia por Lilian não passaria tão rapidamente, nunca sentira nada igual por garota nenhuma e não podia perder Lilian novamente por apenas um desejo.


— Mayara... – Ele respirou fundo, enquanto se virava e dava dois passos a frente, parando a frente da menina e levando a mão delicadamente ao rosto dela, enquanto pegava uma mecha do cabelo vermelho cor de vinho e colocava atrás da orelha, enquanto media as palavras para não magoá-la. Já havia magoado garotas demais em sua vida e não queria fazer isso novamente.


— Você é incrível, é serio, é linda e atraente, e eu sei que a gente, sei lá, já tivemos nossos momentos, mas... desculpa, não é com você, não é por você, nem nada, é que, eu não posso ficar com você.


— Thi... – Ela começou, mas Thiago sorriu, daquela maneira linda, enquanto negava levemente com a cabeça.


— Ma, é serio, eu tenho uma namorada agora e... Eu não posso ser um canalha com ela. Você é incrível, não se prenda a um cara idiota que nem eu, tenho certeza que tem vários garotos naquele salão que estão afim de você. Se eu fosse um deles, eu estaria, com certeza.


Ele riu, estava apenas tentando não deixá-la triste, mas ele nem sabia se era tão bom nisso, sempre fora bom em conquistar as garotas, mas dar um fora delicado, bom, ele nunca fizera isso antes, sua maneira de se livrar das garotas era desprezando-as até elas perceberem que ele não as queria mais, agora ele via como ele era um canalha, imbecil e idiota com as meninas.


— Você não me quer... – A voz dela saiu embargada e Thiago levou a mão aos cabelos, coçando-os nervoso, não queria vê-la chorando, se havia uma coisa que garotos não gostavam era ver garotas chorando, principalmente aquelas que eles estavam dando um fora.


— Não é isso, é que eu não posso. Eu tenho uma namorada, eu escolhi ela, e se eu escolhi ela pra que vou ficar com outras? Desculpa, de coração, não quero te magoar...


— Se você não tivesse uma namorada, você ficaria comigo? - Thiago coçou a cabeça, era obvio que ele não ficaria com ela nem se estivesse solteiro, claro que só com muita vontade mesmo e bom, do jeito que tinha acontecido há minutos atrás, se ele fosse solteiro, claro que teria ido até o fim, mas em sã consciência, não. Mas bom, ele não poderia dizer isso a ela, por isso ele sorriu daquele jeito que ele sabia que faziam todas as garotas derreterem e deu uma piscadinha sexy.


— Claro, com toda certeza. Você é muito... Nossa... – Ele indicou a parede, rindo em seguida, dando a entender que ele gostara muito do que haviam feito, e com isso a garota riu, envolvendo as mãos ao pescoço de Thiago enquanto fazia uma carinha de sapeca que fez o maroto engolir a seco.


— Eu posso... só... Te dar um ultimo beijo? – Thiago sentiu-se congelar novamente, o que será que as garotas tinham na cabeça? – Eu prometo que nunca mais...é só que... eu gosto de você, você sabe, só queria, uma ultima vez sabe...


As palavras emudeceram, o eco delas ainda permaneceram no ar por segundos, ou talvez estivessem ainda ecoando na mente de Thiago quando ele, sem pensar, deu um passo a frente, segurando o rosto da a garota e selando seus lábios aos dela, antes de por fim beijá-la intensamente.


 




  — Não me diga que esse sorrisinho idiota é pra ela?


Claro, como ele não tinha pensado nisso antes, era obvio que ela estaria ali e era obvio que ela iria querer estragar a alegria dele, como ela sempre fazia.


— Ta com ciúmes ou inveja? – Ele riu debochadamente enquanto saia andando entre a multidão sem dar a menor atenção a ela, que, pelo que ele conhecia, não o deixaria em paz tão facilmente assim.


— Ela sabe que você esta enganando ela? Coitadinha, essa daí não se cansa de ser feita de idiota por você, né. – Ela gargalhou e Sirius revirou os olhos, continuando a caminhar entre a multidão até alcançar o bar, onde ele se inclinou sobre o balcão, esperando que o bar man lhe desse atenção.


Bellatrix sentou-se no banco ao lado, estava com um vestido preto justo que ao cruzar as pernas, elevaram-se de maneira que fez os homens a volta pararam para olharem por muito mais do que um segundo, era o tipo de coisa que parecia agradar a ela, mas que fazia Sirius sentir ânsia de vomito. Jamais teria nada mais do que sexo com uma garota como Bellatrix, e ele tinha quase certeza que não era o único homem a pensar assim, será que ela sabia disso?


— Então é dor de cotovelo. – Disse ele finalmente ao comentário maldoso dela. Mas Bellatrix apenas riu, daquele jeito escandaloso enquanto erguia a mão atraindo o olhar do bar man que se aproximava para atender seu pedido com satisfação.


 — Dor de cotovelo daquela magrela aguada? Jamais, meu amor, sou muito melhor do que ela, você sabe disso. – Bella deu um sorriso charmoso a Sirius enquanto gargalhava pegando o copo que o bar man deixava a sua frente após o pedido.


Melhor do que Lia? Tinha pessoas que gostavam mesmo de se iludir. Pensou Sirius.


— Um Whisky com red bull, por favor.


— Sabe que eu senti sua falta enquanto você esteve na Europa? – Ela roçou o salto alto nas pernas de Sirius e ele revirou os olhos, pegando o copo servido e virando um grande gole. – Você não vai me apresentar seu apartamento novo?


— No dia que eu estiver louco ou muito bêbado e solitário, talvez. Ainda assim, vou ver se acho alguma coisa melhor antes.


Sirius percebeu o olhar irritado do bar man ao ouvir as palavras de Sirius para Bella, mas ele não se importou nenhum pouco, sua paciência pra Bella, depois de tudo que ela já havia aprontado com ele, já havia acabado ha muito, muito tempo, e ele não estava afim de que ela conseguisse acabar com mais uma noite dele, por isso, ele pegou o copo e se virou, pronto pra sair dali antes que ela desse um jeitinho de acabar com toda sua alegria de vez.


— Sirius, qual é, perdeu seu humor? – Ela desceu do banco e envolveu o corpo de Sirius por trás, o abraçando e impedindo-o de continuar, o que fez Sirius bufar irritado.


— Bellatrix, por favor, da um tempo. – Mas ela não o soltou, ao contrario, agora ela deslizava a mão por cima de sua barriga descendo em direção a sua calça, numa tentativa de atentá-lo.


— Não sentiu saudade? – A voz dela saiu baixa e rouca ao pé do ouvido de Sirius, antes dos lábios, carnudos e cobertos de batom vermelho, deslizarem pelo pescoço de Sirius deixando marcas visíveis do batom por onde eles passavam.


— Não, na verdade eu preciso ir. – Ele segurou as mãos dela, fazendo-a solta-lo, mas Bellatrix apertou mais os braços envolta do corpo de Sirius, impedindo-o de se livrar dela.


— Sirius!


— Chega, Bella! – Ele segurou grosseiramente os braços da garota, se virando pra encará-la. – Chega. Acabou. Alias, nunca tivemos nada pra acabar, mas seja lá o que for que você acha que tínhamos, acabou.


— Tudo por causa daquela... – Ela começou, nervosamente, mas Sirius não deixou que ela terminasse.


— Por causa de mim, Bellatrix. EU não quero mais e pronto. Coloca isso nessa cabeça oca.


Bellatrix ficou parada estática o encarando. Os olhos acinzentados como os dele brilharam de ira, as feições que normalmente exibiam charme e sensualidade, agora estavam emanando ódio, como se pudesse matar Sirius a qualquer momento.


Talvez essa devesse ser realmente o desejo dela no momento, mas antes que Sirius conseguisse pensar em qualquer coisa, ou finalmente se virasse e saísse dali, os olhos dela brilharam atrás de si, como se estivesse vendo alguma coisa ou alguém, e antes que ele pudesse ter qualquer reação, as mãos de Bellatrix colaram na gola do seu palito e o puxaram, colando os lábios nos dele e o beijando intensamente.


— Sirius. - E o som de uma garrafa espatifando no chão, ecoou atrás de Sirius, enquanto a música barulhenta, que ecoava pelo salão, finalmente chegava ao fim.






 Remo não conseguia entender o que estava acontecendo, pensara que aquela noite seria perfeita, tinha tudo pra ser, era a noite que ele esperava ansiosamente pra dizer a Patsy tudo que realmente pensava, queria e desejava pra sua vida, pra vida deles, e queria partilhar isso com ela, queria que ela também desejasse o mesmo que ele, e queria que ela aceitasse-o como ele a queria, mas tudo parecia estar indo de mal a pior. O que será que havia acontecido com Patsy pra ela sair correndo daquele jeito?


Remo tentara correr atrás da namorada, mas a perdera de vista entre a multidão, agora ele tentava se lembrar onde haveria um banheiro feminino mais próximo, tinha que encontrá-la e saber se estava tudo bem.


Não demorou muito e ele finalmente encontrou um próximo a saída do salão principal, era o mais próximo, então Patsy deveria estar ali.


Uma musica barulhenta ecoava pelo salão animando os adolescentes quando Remo abriu cuidadosamente a porta do banheiro feminino e espiou pela fresta da porta.


— Pat? – Tudo parecia vazio e silencioso e sua voz  saíra mais baixa do que pretendia, por isso Remo empurrou a porta devagar e adentrou em passos lentos, enquanto observava o banheiro a volta  temendo que alguma garota finalmente aparecesse e o expulsasse dali a gritos e quase pontapés. – Pat?


Mas nada aconteceu. Sua namorada não apareceu e também nenhuma louca gritando, o banheiro parecia deserto. Respirando fundo, Remo virou-se pronto pra sair, Pat não estava ali, teria que procurar por ela nos outros banheiros do colégio, o que poderia demorar, pois havia muitos, e se no final ela não estivesse em nenhum banheiro? Se ela tivesse mentido e ido pra outro lugar? Mas Remo não conseguira concluir seus pensamentos, e nem sequer abrir a porta e seguir em sua procura, sua mão ainda estava na maçaneta da porta quando algo o fez parar, com os sentidos atentos, alguma coisa estava errada ali, afinal de contas, era impressão dele ou escutara o som de alguém chorando?


Remo virou-se cuidadosamente para que não fizesse nenhum barulho e deu dois passos adentro do banheiro. O som estava lá, era o nítido som de alguém soluçando baixinho, como se temesse que alguém pudesse ouvi-lo, pois se alguém ouvisse e visse sua fraqueza, seria o fim. Não sabia o que fazer, deveria ajudar? Ou deveria se virar e sair andando? Talvez a pessoa não quisesse ajuda e talvez fosse feio se meter na vida dos outros sem ser chamado. Mas a curiosidade e a preocupação ainda eram maiores, talvez a pessoa precisasse sim de um ombro amigo, ou um ombro desconhecido, o que fosse, ela poderia estar precisando de ajuda.


O banheiro estava mal iluminado, algumas lâmpadas piscavam e algumas outras estavam apagadas. Havia uma pia imensa a frente dos boxes sanitários e um espelho grande acima que mostrava as portas sujas escancaradas, e foi pelo espelho que Remo percebeu que uma das portas que parecia fechada estava entreaberta. Será que ele deveria...? Um soluço ecoou alto, antes do nítido som de alguém assuar o nariz.


Decidido, Remo deu mais alguns passos cuidadosos até alcançar a porta e com a mão erguida, prestes a empurrá-la, ele parou. Será que deveria? E se a menina o xingasse? E se fosse indelicado? Mas e se fosse a Pat? Se fosse ela precisando dele? Mas e se não fosse? Mesmo se não fosse, Remo poderia ajudar, não poderia?


Com as pontas dos dedos ele tocou finalmente a porta vendo-a deslizar pelo ar lentamente até que bruscamente parou. Estava prestes a dizer algo pra tal garota desconhecida ou talvez até pra Patsy, mas um segundo depois que a porta parara, bruscamente ela voltou em direção a sua mão, fazendo Remo puxá-la rapidamente pra trás enquanto a porta batia com força no batente, fazendo-o ficar cara a cara com a porta fechada do banheiro.


— Tem gente. – Disse uma voz feminina nitidamente fanha por causa do choro.


— Desculpe. – Disse Remo rapidamente, antes de ouvir um grito de protesto ecoar pelo banheiro vazio.


— Hey, você é um garoto! Sai daqui! Sai daqui seu tarado maluco. – Remo sentiu vontade de rir, não era um tarado.


— Não, não, eu só estou procurando minha namorada, ela disse que ia vir no...


— Eu não sou sua namorada, sai daqui!


Remo se afastou quando o som de alguém batendo na porta ecoou alto pelo banheiro deixando o nítido som da tranca se fechando ecoar em seguida.


Ótimo, não era a Patsy e como ele esperava, uma menina havia gritado com ele o expulsando dali. Então era melhor mesmo ele sair e ir procurar Patsy em outro lugar, certo?


Mas por que ela estava chorando no banheiro em pleno baile de formatura?


—  Er... Por que... Por que esta chorando?


Um silêncio imperou por segundos, era obvio que ela não iria responder, pensou Remo. Era mais provável que ela gritasse com ele novamente e o expulsasse, isso sim, mas se ele pudesse ajudar, por que não poderia tentar?


Às vezes, no fundo, no fundo, quando estamos tristes, tudo o que desejamos é que algum desconhecido se importe com nossas lágrimas e se preocupe com nosso sofrimento, pelo menos alguém, pelo menos um desconhecido, pelo menos, pra que nossas lágrimas não sejam apenas tristes lagrimas solitárias, assim como nós.


— Por que se importa? Isso não é da sua conta. – Ótimo, mais uma prova de que ele deveria sair dali, a menina queria chorar sozinha... Será que queria mesmo?


— Bom, não é da minha conta, mas... Desculpe, só queria ajudar. – Disse por fim, dando alguns passos. Sairia dali e procuraria Patsy. – Espero que você melhore.


A trinca se abriu e Remo parou, ainda de costas, enquanto a porta se abria devagar e uma menina aparecia timidamente à porta.


— Desculpa, não queria ser grossa. – Remo se virou e parou. Era uma garota linda. Os cabelos caiam em cachos escuros sobre os ombros nus, um vestido branco se delineava no corpo da menina, se arredondando abaixo da cintura, onde uma fita de seda preta estava presa, dando um toque de beleza ao modelo que ficava levemente rodado envolta do corpo dela até chão, onde se arrastava levemente. O rosto clarinho estava meio borrado de maquiagem por causa das lagrimas e o nariz estava vermelho devido ao choro.


— Não, tudo bem, eu que não devia... – Começou Remo, mas a menina sorriu simpática, caminhando até a pia onde abriu a torneira e molhou as mãos antes de levá-las ao rosto para limpa-lo das lágrimas e da maquiagem borrada.


— Tudo bem, você estava procurando sua namorada, certo? Mas ela não passou por aqui, eu sei por que eu estou aqui que nem uma idiota chorando há um tempão já. – Ela riu como se tivesse dito algo engraçado, mas Remo não riu, não era engraçado, na verdade, não havia nada de engraçado em ver uma garota tão bonita chorando durando o baile inteiro.


— Esta chorando por que? – A preocupação de Remo era visível, era como se ele nunca tivesse visto uma garota chorando na vida, ou por que quisesse saber o que levava uma garota tão bonita a ficar chorando no banheiro ao invés de estar se divertindo com as amigas, ou até com os garotos, ou um namorado, qualquer coisa ao invés de ficar chorando, como ela dissera, como uma idiota no banheiro.


— Ah você não vai querer saber, é só uma historinha idiota.


— Eu não acho que seja idiota, senão você não estaria chorando. – A menina sorriu tristemente, o rosto agora estava limpo da maquiagem borrada e seco, mas os olhos, que eram castanhos claros, quase cor de mel, ainda estavam vermelhos e tristes, prestes a chorarem novamente.


— Sua namorada é uma garota de sorte.


Remo sorriu e deu alguns passos a frente, estendendo a mão.


— Prazer, sou Remo Lupin.


A menina sorriu e estendeu a mão, segurando a mão de Remo.


— Pode me chamar de Chris.


 


 


 Será que aquele baile seria mesmo perfeito?


Foi o que ela pensou quando saíra do banheiro e seguira para encontrar-se com Sirius. Sentia uma felicidade plena pulsar em seu coração ao se lembrar do jeito que ele ficara com ela naquela noite e um sorriso estupendo invadia seus lábios ao pensar nele, e no jeito carinhoso e perfeito que ele estava com ela.


Parecia bom demais pra ser verdade.


Bom demais pra ser verdade...


Ela saíra do bar e seguira onde ele disse que estaria esperando-a, sem saber por que sentia-se ansiosa, como se algo fosse acontecer, ou fosse apenas ansiedade de vê-lo logo, de estar com ele novamente, de sentir aquele cheiro, ver aquele sorriso, sentir aqueles braços envolta de si, sim, ela estava ansiosa por tudo aquilo novamente, mas ela já sabia, era melhor se controlar, por isso pegou a primeira bebida que encontrou no caminho, uma garrafinha de smirnoff sobre a bandeja de algum garçom. Será que os professores já estavam bêbados demais pra ver aquilo? Não importava, ela só queria encontrá-lo e beijá-lo e estar segura naqueles braços e naquele corpo que ela tanto amava.


Bom demais pra ser verdade... Quem será que inventou essa frase?


Ela sabia onde ficava o bar, por isso seguiu rapidamente até ele. O som de uma musica soava alta por todo o ambiente, mas ela não se lembrava de conhecer aquela musica, talvez fosse apenas por que ela não estava conseguindo se concentrar direito em qualquer outra coisa além daquela ansiedade, aquela vontade de ir correndo até o bar, como se ela precisasse chegar lá o quanto antes, ou não fosse pra isso essa ansiedade, bom, ela não sabia direito, por isso ela virou um grande gole da garrafinha sentindo o gosto de limão com um leve teor de vodca descer queimando por sua garganta, antes de finalmente avistar o bar.  


Em segundos estaria com ele, em segundos estaria nos braços dele, sentindo aquele cheiro maravilhoso, em segundos, era só esperar alguns segundos coração, ela dissera a si mesma.


Bom demais pra ser verdade.


É uma frase cruel, dura e fria... Mas infelizmente, em noventa por cento dos casos em que elas são ditas, elas são verdadeiras.


Bom demais pra ser verdade.


Lia parou, estava ainda há alguns metros do bar, podia ver o vulto das pessoas sentadas nos bancos altos do bar, que não estivera ali a vida toda, mas que fora muito bem montado pra servir durante o baile. Ela podia ver pessoas andando, indo pra lá e pra cá a sua frente, e a frente do bar, podia ver dois homens por trás do balcão, com garrafas e copos e colocando as bebidas sobre o balcão, sem prestar muita atenção à volta ou a musica barulhenta que explodiria os tímpanos daqueles adolescentes em breve. Ela estava vendo tudo aquilo, mas não estava enxergando nada, não estava prestando atenção a nada, o que realmente estava fixo em suas pupilas, em sua mente, era a imagem que se seguia a apenas segundos de distancia.


Bom demais pra ser verdade.


A garrafinha que estava em sua mão escorregou por seus dedos e deslizou pelo ar se espatifando no chão sujo do colégio.


Bom demais pra ser verdade. Com certeza, com absoluta certeza, tinha sido tudo bom demais pra ser verdade, pra ser real, pra ser verdadeiro.


Seu coração parecia esmagar-se ao peito, aquela sensação horrível que ela já conhecia muito bem, estava ficando expert com aquilo, em sentir aquelas dores, aqueles sufocamentos, aquela sensação de ser esmagada, pisoteada, esfaqueada por alguma mão invisível e cruel que ansiava por arrancar todos os seus órgãos, um por um, fazendo-a sentir todas as dores cruelmente, até que não sobrasse nada dela, nada alem de dor.


 Bom demais pra ser verdade.


O bar se borrou a sua frente, ela nem sequer sabia dizer se dissera ou não alguma coisa, como sempre, a única coisa que ela ansiava, agora, era sumir dali, desaparecer, ir para o mais longe possível daquelas pessoas, daquele lugar, dele.


Ela não sentia nada, não via, nem ouvia mais nada, ela só sabia que estava indo pro mais longe possível, esbarrando em pessoas, passando por milhares de outras, longe, era tudo que ela queria, ir pra longe, ficar longe, sumir, desaparecer.


— Lia. – Uma mão segurou seu braço, a puxando, mas ela só teve real certeza de que aquilo era verdade quando aqueles olhos acinzentados surgiram a sua frente.


Ele.


Bom demais pra ser verdade. Claro.


— Lia. – Os olhos dela estavam vermelhos, as lagrimas escorriam pelo rosto, levando consigo parte da maquiagem e do delineador dos olhos, seguindo até os lábios levemente vermelho, não por batom, mas pela cor natural daqueles lábios que Sirius amava, que Sirius, mais uma vez, perdia.


-- Lia. – Aquelas palavras saíram num sussurro, quase inaudíveis, enquanto o som alto e barulhento demais atrapalhava tudo, como sempre.


— Me deixa. Me larga. – Ela puxou o braço com força, soltando-o da mão de Sirius que a segurava e deu alguns passos pra trás. – Eu odeio você.


Era como se tudo dentro dele estivesse desabando, o chão abaixo dos seus pés, seu mundo, seu coração, tudo, desabando, o teto caindo sobre sua cabeça, e ainda assim, nem se o teto caísse sobre sua cabeça, não seria pior do que aquilo.


Seus olhos azuis acinzentados assistiram o vestido rosa correndo e se perdendo entre a multidão. Ele sentia-se pregado ao chão, congelado, assim como sua alma estava, por que aquilo sempre acontecia com ele? Por quê? Por que Sempre com ele?


Maldito azar.


Ele precisava urgentemente se benzer, isso sim.


A barulheira ensurdecedora finalmente cessou, dando chance a uma musica mais calma soar pelos ouvidos alheios e foi como se ela o despertasse.


O que ele estava fazendo ali parado vendo Lia ir embora? Já deixara ela partir uma vez e mesmo que ela o odiasse, ele não poderia deixá-la partir novamente, não poderia, de maneira nenhuma.


Por isso, ele correu entre a multidão, procuraria Lia, contaria tudo que acontecera, ela quisesse ou não ouvir, ela acreditasse ou não, ele precisava ir até ela e fazer de tudo pra não deixá-la ir embora, pra não perdê-la mais uma vez. Não podia perdê-la, não de novo.


 




     Tinha sido um louco, completamente louco, maluco, insano. Tinha arriscado demais, mas alguns riscos são essenciais, certo? Ele sempre vivera assim, de riscos, de um pouquinho de adrenalina, sempre pensara que isso dava um gostinho a mais à vida. Bom, ele pensava isso por que não conhecia o verdadeiro gostinho bom da vida, agora que conhecia, ele via que o tal risco, era mesmo arriscado demais.


Mas era preciso, era isso ou talvez ela não aceitasse. Bom, era um risco e graças a Deus nada tinha acontecido.


Por isso, Thiago respirou aliviado quando finalmente saiu por aquele banheiro e seguiu na direção que o levaria a multidão. Encontraria Lilian no jardim e seria como se nada tivesse acontecido, bom, assim ele esperava, era torcer pra Mayara não arrumar um jeito de Lilian ficar sabendo, talvez ela tivesse entendido e se contentado com aquele beijo que foi até um tiquinho mais do que um ultimo beijo, ela tinha que ficar feliz, isso sim.


Aliviado e até um tiquinho menos necessitado, Thiago respirou fundo e seguiu pelo corredor do banheiro e quando estava prestes a virar à esquerda e finalmente seguir entre a multidão, ele parou estático.


— Li-Lily? – O coração quase saiu pela boca, se isso fosse possível.


Sorte, sorte, sorte, pensou desesperado. Era muita sorte ele ter saído a tempo.


— Ta tudo bem? Você demorou demais, daí eu resolvi te procurar pra saber se não tinha se perdido por ai.


Se perdido, era quase essa a palavra.


— Ah, é, é que... Eu... Eu encontrei o Remo e daí, bom a gente ficou conversando e eu me distrai, me desculpa, meu amor.


Lilian riu e revirou os olhos, enlaçando o pescoço do namorado.


Tomara que ela não tenha deixado nenhuma marca suspeita, tomara, tomara. Pensou Thiago desesperado, ser um canalha que trai desse jeito não era bem a praia de Thiago, podia ser o que fosse quando solteiro, mas ele não gostava nenhum pouco daquela sensação horrível de estar enganando Lilian.


— Tudo bem, mas não me esqueça mais, heim. – Lilian fez um biquinho manhoso, antes de rir e selar os lábios aos de Thiago que sorriu e abraçou a namorada pela cintura, puxando-a mais pra si.


— Jamais te esquecerei, minha ruivinha. – Lilian sorriu, antes de sentir os lábios de Thiago aprofundando o beijo, enquanto não muito longe dali um par de olhos castanhos observavam a cena nenhum pouco feliz.


Por pouco, pensou Thiago, e finalmente a pior parte tinha passado, agora era esquecer aquilo e aproveitar o máximo possível com Lilian, por isso, ele selou seus lábios aos dela e a puxou pela mão em direção a multidão e pro mais longe possível da cena do crime, que por pouco ela não presenciara.


 




 — Resumindo, foi isso.


Remo estava encostado a pia do banheiro, enquanto Chris estava sentada sobre a tampa abaixada do vaso sanitário.


— Perai, deixa eu ver se entendi. Ele fingiu que nem conhecia você no baile?


Ela abaixou os olhos que encheram-se de lagrimas e afirmou com a cabeça.


— Ele ficou com você por duas semanas, disse que te amava, daí de repente ele mudou o  jeito com você, e depois fingiu que nem te conhecia?


— É, eu sei, eu fui uma idiota. – As lágrimas rolaram fartas pelo rosto da garota que contara todos os seus últimos dias a um garoto que mal conhecia, mas o que de pior poderia acontecer? Já havia passado por muitas coisas horríveis no ultimo dia, e nada poderia ser pior do que a humilhação que passara naquele dia e o fato de estar gastando o vestido lindo que alugara no banheiro fedido e nojento do colégio ao invés de estar com ele, de verdade, no baile.


— Hey, não, não fica assim. – Remo desencostou da pia e caminhou até o banheiro, se ajoelhando na frente da menina, ficando a mesma altura dela, enquanto segurava a mão dela de forma carinhosa. – Não chora, ele não merece, é isso que você tem que ver.


— Mas Remo eu fui muito... – Mas ela não conseguiu terminar, o choro embargou sua voz, enquanto ela soluçava, debruçando o rosto sobre as palmas das mãos.


— Chris, você não foi idiota. Eu conheço esse tipo de garoto, na verdade tenho dois melhores amigos que eram assim, e talvez ele não tenha feito por mal, ele só... só foi um covarde de não te dizer que não estava mais afim ou não sentia mais as mesmas coisas. – Remo acariciou o cabelo de Chris carinhosamente, e deslizou a mão até o rosto dela, segurando delicadamente. – Chris, olha pra mim.


Ela ergueu o rosto, os olhos vermelhos, as bochechas ensopadas de lagrimas, os lábios avermelhados por causa do choro e ainda assim, era linda, pensou Remo, como um cara podia ser tão idiota de agir assim com uma garota como ela?


— O problema não é você, o problema é que existem muitos e muitos caras idiotas assim por ai, e as vezes, na verdade, na maioria das vezes eles não pensam nos seus sentimentos, eles só se preocupam com eles, e agem como os babacas que eles são, as vezes eles mudam e se tornam melhores, as vezes não. São eles que não merecem você, não você que seja idiota. Você tem só que seguir em frente, se ele mudou com você, trate-o como ele te tratar. Se ele fingir que não te conhece, engole o que sentir, e faça o mesmo. Você pode chorar uma noite, mas não estrague mais do que uma noite por causa de um cara assim, muito menos o seu baile. Você é linda, não tem que chorar por um babaca como esse cara.


Com a face do dedo indicador ele secou uma lagrima que escorria pelo rosto da garota e sorriu. Ela merecia mesmo um cara muito melhor e não merecia estar num banheiro chorando por um idiota, ele conhecia caras daquele tipo e sabia que nenhuma garota merecia chorar por nenhum deles.


— Você é incrível, Remo. – Ela sorriu tristemente e Remo negou com a cabeça.


— Você que é incrível. Agora levanta daí, seca essas lagrimas, lava o rosto, ajeito os cabelos e vamos voltar ao baile, você vai mostrar pra esse babaca o quanto idiota ELE é.


Ela sorriu e ergueu o rosto, passando a palma das mãos no rosto pra secar o rosto.


— Mas você não tem que procurar sua namorada?


Patsy, puts, ele quase se esquecera dela, mas bom, ele teria tempo pra resolver sua situação com ela, estivesse acontecendo o que fosse.


— Sim, mas... Eu preciso ajudar uma amiga agora.


  





Ele não sabia dizer se ela havia ido pra direita, ou pra esquerda, ou será que ela havia ido em direção a saída, mas no meio daquela multidão, ele sequer sabia onde ficava a saída.  Estava perdido, literalmente perdido, perdido no meio daquela gente que ele não queria ver, perdido sem a mulher que amava, perdido por que fora burro e idiota e mais uma vez perdera Lia, um idiota perdido, era o que ele era naquele momento.


Se bem conhecia Lia, ela não continuaria no baile, por isso Sirius correu em meio a multidão tentando encontrar a saída, ela tinha que estar em algum lugar lá fora, ainda não deveria ter tido tempo dela chegar em casa, por isso Sirius sairia, pegaria a moto e seguiria até encontrá-la, mas ele ia encontrá-la.


— Hey Sirius. – Ele mal havia percebido que esbarrara em alguém, na verdade ele não estava percebendo nada, até então.


— Diggle. – Sirius parou, desnorteado, o que estava fazendo, não poderia parar, tinha que alcança-la, o quanto antes, era como se uma força dentro de si, uma voz, não saberia dizer, mas algo agora desesperador, dizia que Sirius precisava encontrar Lia o mais rápido possível. – Cara, eu preciso...


— Ta tudo bem? Eu vi a Lia correndo pelo...


— O que? Você viu a Lia? Onde? Pra onde ela foi? – Um desespero tomou conta de Sirius, era como se seu coração se apertasse de forma esmagadora, era como se ela estivesse precisando dele.


— Ela esbarrou comigo na saída e saiu correndo pra rua. Por que? Ta tudo...? – As palavras de Diggle ficaram no ar, Sirius desaparecia por entre a multidão, passando por pessoas, copos, garrafas, garçons, luzes, brilhos, não importava, ele precisava alcança-la, uma força desesperadora gritava dentro de si, ele precisava encontra-la antes que fosse tarde.


 




      Nuvens negras encobriam todo o céu de São Paulo, impossibilitando os olhos humanos abaixo de admirarem as estrelas que viviam no universo acima. As ruas, apesar de iluminadas pelos postes de luz, pareciam frias, silenciosas e vazias, ou talvez fosse apenas como ela se sentia. Podia ouvir o som de musica ao longe, talvez vinda do baile ou de alguma outra festa ou do carro de algum idiota exibindo a potencia do som. Não importava, ela não estava nenhum pouco interessada em nada que acontecia ao redor do mundo, a única coisa que ela queria era ir embora, chegar em casa, arrancar aquele vestido idiota e desabar na cama e, bom, talvez ela chorasse a noite inteira, mas isso era bom pra ela aprender a não ser mais tão idiota, burra e estúpida por acreditar tão facilmente em meia dúzias de palavras mentirosas e atos de canalhas, afinal de contas, ele era um canalha, ela já deveria saber disso há muito tempo, não é?


Gotas geladas de chuva começavam a cair do céu e tal fato fez Lia lembrar-se de outro baile, cujo também não terminara nada bem, dessa vez ela sabia que não sentaria na chuva pra chorar por causa do mesmo idiota, se fosse pra chorar que pelo menos fosse num lugar mais confortável e o mais longe possível para que ele não pudesse se vangloriar por suas lágrimas.


Idiota, como pudera ser tão idiota?


A Rua Estados Unidos estava movimentada, luzes de carros indo e vindo passavam rapidamente sem que se pudesse visualizar mais do que parte dos carros, a cor ou talvez o formato, grande ou pequeno, nada mais, mas ela também não estava interessada nisso, sua mente estava vagando distante enquanto seus pés vagavam automaticamente pela Rua Argentina, na próxima Rua ela viraria a direita e estaria finalmente em casa, há apenas algumas casas, e poderia abraçar sua cachorrinha, deitar a cama e lamentar-se por ter sido tão idiota, burra e estúpida, mais uma vez, como Sirius sempre a fazia se sentir.


Grossas gotas de chuva começavam a cair das densas nuvens negras acima dela, que ótimo, estragaria seu vestido, seu penteado, a maquiagem, mas de que adiantava tudo perfeito se no fim ela acabaria se desfazendo de tudo mesmo?


As gotas grossas em segundos transformaram-se num temporal, como se São Pedro tivesse aberto a torneira, deixando toda a água cair imensamente de uma vez só sobre a cidade. Um vento gelado soprou arrepiando a pele exposta e as arvores altas que enfeitavam aqui e ali as calçadas começaram a chacoalhar-se fortemente enquanto o vento uivante tornava-se cada vez mais intenso.


As grossas gotas de chuva açoitavam o asfalto tornando o silêncio o único som presente, composto apenas pelo uivo do vento, os trovões explodindo no céu e o cair pesado da chuva. A pele branca tornara-se mais pálida enquanto a chuva encharcava o vestido rosado e as sardas dos ombros, desmanchando o penteado e a maquiagem.


O som do sapato de salto parecia o único som, além da chuva, quando ela apressou os passos, caminhando rapidamente pela calçada, se corresse por alguns minutos logo estaria em casa, e finalmente poderia tomar um banho quente e se livrar do frio que começava a penetrar em sua alma.


Frio, era algo que se sentia falta nos dias quentes de verão, mas era algo que não se gostava nenhum pouco de sentir quando ele finalmente açoitava. Lia estava encharcada, as gotas grossas escorriam por sua pele eriçada pelo frio e pela chuva, seus cabelos estavam ensopados, a maquiagem dissolvia-se e escorria por seu rosto construindo seus próprios desenhos em sua pele, enquanto o vento tornava-se cada vez mais forte, chacoalhando de forma ameaçadora as copas das arvores. Era perigoso demais ela continuar ali no meio da rua enquanto a tempestade desabava, teria que correr, alcançar rapidamente a rua de sua casa e chegar sã e salva ao seu amado, quente e seguro lar.


Talvez fosse mais seguro ela se proteger em algum lugar, mas onde ficaria? As ruas de São Paulo eram perigosas e Lia sabia disso, e as mesmas, como se a chuva houvesse expulsado todos os seres humanos, pareciam mais vazias e desertas do que nunca. Seus dentes se chocavam agora um contra o outro enquanto de frio ela batia o queixo, as mãos agora numa tentativa de proteger e aquecer o corpo, abraçava a si mesma quando ela finalmente parou, estava quase chegando a esquina de sua casa, sete casa talvez e ela viraria a direita e finalmente seguiria pela Rua Canada, onde finalmente chegaria em casa sã e salva.


Ofegante, Lia parou olhando a volta, sentia o coração palpitando forte de medo, nunca gostara de andar sozinha por aquelas ruas depois que escurecia, e as nuvens densas e a chuva pareciam deixar tudo tão mais sinistro que era como se estivesse entrando num filme de terror. Os olhos atentos a volta observaram a rua deserta antes do som de seus sapatos ecoarem pela rua misturando-se ao som dos trovões que esganiçavam no céu.


Quando outro raio cortou o céu escuro de São Paulo e um trovão ribombou alto pela imensidão, Lia parou, estava parada ao meio da calçada, o coração a mil dentro do peito, a respiração ofegante de medo, as mãos apertando os braços numa tentativa frustrada de proteger-se do frio, enquanto os olhos azuis, agora avermelhados pelo choro de minutos atrás, observavam a luz do poste acima, que sinistramente piscava de maneira medonha. Mais uma vez, ela se sentiu como num filme de terror, mas não era nada, ela disse a si mesma, era só uma lâmpada de um poste da rua, como qualquer outro, e nada mais.


O som de seu salto ecoou mais uma vez pela rua deserta quando ela deu mais alguns passos e parou, o vento forte soprou seu rosto, uivando em seus ouvidos enquanto um raio cortava o céu, trovejando como se Zeus estivesse gritando enraivecido, então a lus do poste acima de si piscou novamente, uma, duas, três...


E então o breu da escuridão ocupou toda a noite.


 




      Seus joelhos estavam levemente doloridos, assim como seu estômago e sua garganta, as mãos ainda estavam segurando fortemente a borda do vaso de porcelana, enquanto os olhos fechados saboreavam os segundos de finalmente descanso de todo aquele enjôo e vômito que lhe açoitara nos últimos minutos, era como se seu estômago estivesse tentando se livrar de todas as refeições do mês inteiro. Até quando aquele martírio perduraria? Uma coisa era fato, não deveria haver nada pior do que aquela sensação de que sua bile desejava sair pela boca.


Com a face da mão ela secou os lábios que continham aquele desagradável gosto de vômito e finalmente apoiou as mãos ao vaso para se levantar, era melhor lavar o rosto, a boca, tomar uma bebida bem forte e voltar ao salão, Remo deveria estar desesperado atrás dela.


Ainda com aquela sensação de enjôo, em frente ao imenso espelho do banheiro ela lavou as mãos e os lábios, deixando a mão molhada deslizar pelo rosto, dando-lhe uma sensação de bem estar imediato. Ajeitou os cabelos, o vestido, se olhou no espelho vendo sua face pálida e finalmente saiu daquele banheiro fedorento e solitário, era melhor encontrar Remo e ir embora, acabara estragando toda a noite e esperava que ele não se chateasse por isso.


Fora do banheiro, Patsy pegou a primeira bebida que passou a sua frente, virando um grande gole, sentindo todo aquele gosto desagradável descer pela garganta junto com a bebida forte que queimou por todo o caminho até finalmente aquecer seu estômago anestesiado pelos enjôos. Ela ficaria bem, era só questão de alguns minutos pra se recuperar de todo aquele mal estar, mas ela ficaria bem, e talvez nem precisasse mais ir pra casa e poderia finalmente aproveitar o restante do baile com Remo. Isso se ele não quisesse insistir naquele lance de conversa séria, que apenas de pensar já lhe causava um nervosismo e um embrulhamento na boca do estômago.


Uma musica menos barulhenta ecoava e todos ao redor pareciam num nível um pouco mais elevado de embriaguez, ou será que era impressão dela, bom, ela tinha quase certeza absoluta que não era impressão. Com um novo copo de bebida a mão, ela passou a caminhar entre a multidão, onde as luzes dos refletores iluminavam aqui e ali, ora ou outra algumas pessoas conhecidas, desconhecidas, que se agarravam, dançavam, riam, conversavam.


Será que Remo também estava aproveitando assim o baile? Se não, por que ele ainda não a encontrara? Uma pontada de tristeza começava a pesar em seu estômago, por isso ela tomou um novo gole da bebida, sentindo-a queimar tudo dentro de si, lhe dando uma sensação muito melhor do que aquelas que estava sentindo até então. É, talvez ela devesse aproveitar um pouco mais daquelas bebidas milagrosas.


Sentindo vontade de rir, ela finalmente parou, estava no que parecia um bar improvisado para o baile, excelente lugar, bebida ali não deveria faltar, pensou, por isso ela segurou a barra do vestido e caminhou até o banco alto, sentando-se e sorrindo ao bar man que a olhava com um lindo sorriso no rosto. Será que a bebida havia lhe feito tanto bem assim?


— Ola, senhorita, em que posso ajudar? – Nossa, onde será que a escola encontrara um Bar-man tão bonito assim?


— Alguma coisa pra alegrar a alma, por favor. – Ela riu e o bar man piscou, dizendo um “É pra já”, antes de rapidamente trazer um copo, repousando-o a frente de Patsy que sorriu, pegando o copo e o levando a boca, sentindo o gosto doce da bebida deslizar por sua garganta aquecendo tudo de tal maneira que parecia enche-la não apenas de calor e álcool, mas de pura e simples felicidade e vontade de viver. Que bebida milagrosa seria aquela?


Ela perguntaria isso aos risos ao lindo bar man, mas quando ela abaixou o copo, o sorriso em seus lábios se desfez e seu coração congelou dentro do peito, será que estava mesmo vendo direito? Será que era efeito da bebida? Bom, só poderia, não haveria outra explicação, haveria?


Com a mão tremula ela depositou o copo sobre o balcão, mal percebendo os olhos sorridentes do bar man observando-a, com o corpo tremulo, ela deslizou pelo banco até seus pés tocarem o chão, mal dando suporte ao peso do seu corpo. Tudo dentro dela parecia tremer de forma desesperadora, enquanto seu coração e sua garganta se fechavam formando um grande e sufocante nó que mal a deixava respirar, pensar, caminhar.


Congelada por dentro, ela deu três passos e então parou, era ele, era mesmo ele, era mesmo aquele sorriso perfeito, aqueles olhos perfeitos, aquele rosto perfeito, era mesmo o seu namorado perfeito, ali, logo ali, há apenas alguns passos de distancia, e aos risos, aos risos com outra garota, com outra garota em seus braços.


Seu coração apertado de dor parecia paralisar seu corpo inteiro, por isso com grande dificuldade, Patsy deu alguns passos a frente, com os olhos colados na imagem e o coração despedaçando dentro do peito.


Os olhos da menina se desviaram do rosto de Remo até encontrarem-se com os olhos vermelhos de Patsy, e o sorriso de Remo imediatamente se desfez.


E então a escuridão sobreveio, enquanto a luz daquela imagem continuava bem acessa na mente de Patsy Kensit.


 


 


Sua consciência não vai te deixar dormir


Pois ninguém mais faz palhaçada pra te ver sorrir


Ninguém vai te abraçar pra ver o sol se pôr


Ninguém vai escrever no muro uma história de amor


Mas se mesmo assim, quiser me deixar


As lembranças vão na mala pra te atormentar.


 


— Nossa, eu não acredito que eles tão tocando sertanejo no nosso baile. – Lilian riu ao comentário de Thiago, enquanto estavam sentados em um dos bancos do jardim, na verdade, Thiago estava sentado no banco, Lilian estava sentada de lado no colo do namorado, com uma das mãos envolta no pescoço dele.


— Essa musica é legal, eu gosto dela.  – Thiago arregalou os olhos e encarou Lilian.


— O que? Minha namorada ouve Luan Santana? Ah, não, não, não. – Lilian gargalhou, dando um tapa de leve no braço do namorado.


— É só essa musica que eu gosto, não precisa fazer essa cara. – Thiago fingiu respirar aliviado e Lilian riu, revirando os olhos. – Eu acho a letra bonita, só isso.


— O que tem de mais nessa letra? É só um sertanejo chato. Credo. – Lilian riu.


— Você já prestou atenção na letra?


— Que  isso, Lilly, você acha que eu ouço essas coisas? – Lilian gargalhou.


— Então presta atenção agora.


— Só se você cantar pra mim. – Lilian gargalhou e negou a cabeça, sentindo o rosto esquentando e ficando da mesma cor de seus cabelos.


— Não, ta louco?  Não vou cantar. – Thiago riu e apertou o braço envolta do corpo da namorada, apertando-a mais contra si.


— Eu canto pra você um dia, mas só pra você. – Ele disse carinhoso e Lilian sorriu com o jeito do namorado, selando seus lábios aos dele delicadamente.


— Eu preferiria que não, é uma musica sobre separação.


— Bom, se algum dia você me botar pra fora de casa e jogar minhas roupas pela janela, daí eu canto pra você, Sra. Potter.


Lilian gargalhou, abraçando o  namorado pelo pescoço e ficando mais próxima a ele, antes de dizer quase num sussurro.


— Sra. Potter? Eu gosto disso. – Thiago riu e selou seus lábios aos dela, carinhosamente. – E se você cantar essa musica pra mim, eu volto na hora.


— É, então vou ter que aprender essa musica, só por precaução. – Lilian riu e deu outro selino em Thiago.


— Por que? Você aprontou alguma coisa? – Lilian riu e Thiago pensou, “quem sabe”, mas riu, pra disfarçar.


Ainda bem que ela não é uma super namorada que lê pensamentos.


— Não, é só que... Eu não quero perder você nunca. – Lilian sorriu e encarou aqueles olhos castanhos esverdeados, pensando no quanto ela tinha sorte. Será que essa sorte duraria pro resto da vida?


— Por que você faz isso?


— Isso o que? – Thiago franziu a testa pensando desesperadamente “que ela não saiba, que ela não saiba, que ela não saiba, por favor”.


É, mentir era a pior coisa que havia num relacionamento.


— Ser tão perfeito! – Ele sorriu, daquele jeito perfeito e segurou-a pelas costas, colando o corpo de Lilian ao seu.


— Simplesmente por que, perto de você, eu sou o que você quiser, Lilly, eu sou seu e de mais ninguém.


Lilian encarou aqueles olhos castanho-esverdeados e sorriu abobalhadamente, pensando o quanto ela tinha sorte.


— Para com isso, assim eu fico sem jeito. – Thiago riu e Lilian com as bochechas vermelhas de vergonha, desviou os olhos, tentando desviar também o assunto. – Mas seria muito engraçado uma cena dessas. – Thiago fez uma careta e Lilian gargalhou.


—Bom saber que você gostaria de me colocar pra fora de casa, antes mesmo de casarmos, Srta. Evans.


— E jogar suas coisas pela janela, sempre quis fazer isso. – Lilian gargalhou quando Thiago falou com a voz temerosa.


— Bom saber disso.


— Estou brincando. – Lilian riu e Thiago fez uma cara de desconfiado. - Por que você não pega uma bebida pra mim. – Disse Lilian, selando seus lábios aos do namorado.


— Serio? Vai ficar bêbada? Olha que assim eu não me responsabilizo pelos meus atos.


—Potter! – Lilian bateu no braço do maroto fazendo-o gargalhar.


— Brincadeirinha, Lilly. Vai querer o que?


— Pode ser um Smirnoff, se você achar um. – Thiago deu uma piscadinha marota antes de selar seus lábios aos da ruiva e dizer carinhosamente:


— Já volto, minha princesa.


Nem parecia ele mesmo agindo assim, meu amor, minha princesa, o que será que Lilian tinha feito com o maroto e nenhum pouco romântico Thiago Potter? Ele riu consigo mesmo enquanto caminhava rapidamente atrás de algum garçom, não poderia deixá-la muito tempo sozinha nos jardins, não era confiável deixar sua namorada linda, maravilhosa, cheirosa sozinha enquanto um monte de marmanjos bêbados zanzavam por ali, por isso ele pegou uma garrafinha de smirnoff sobre uma bandeja que voava sobre a mão do garçom, e deu meia volta, caminhando apressado de volta aos jardins, talvez deixasse ela beber mais duas ou três garrafinhas e a levaria para continuar a festinha no seu novo apartamento, não que ele tivesse intenção de abusar de Lilian, Bom talvez só um pouquinho, quem sabe.


Rindo consigo mesmo ele avistou os jardins e caminhou alegremente até lá, Lilian o fazia sentir-se um cara de sorte e certamente o mais feliz do mundo.


Mas quando Thiago finalmente alcançou a área aberta logo após o salão principal e se viu diante dos jardins, ele sentiu seu sangue congelar.


Os fios dos cabelos ruivos dançavam a frente da face não sorridente da ruiva, enquanto outra garota estava parada a frente, usava um vestido justo ao corpo, vermelho, um vermelho da cor dos cabelos de Lilian, mas não da cor dos próprios cabelos, que era um vermelho cor de vinho.


Seu coração disparou ao peito e um frio congelante perpassou por sua espinha quando os olhos verdes se desviaram até encontrar-se com  os seus.


— Potter... – E então Lilian desapareceu, e o breu da noite tomou conta de tudo.


  




      O vento uivava, os galhos e folhas das arvores chacoalhavam com o soprar forte do vento enquanto as gotas grossas da chuva castigavam, caindo pesadamente sobre o asfalto, sobre a calçada, sobre os cabelos louros e ensopados e sobre a pele branca e arrepiada, que inutilmente tentava se aquecer abraçando o próprio corpo com as mãos apertando fortemente os braços nus.


Sua pele estava gélida e o rosto branco como cera, enquanto em passos lentos ela caminhava finalmente pela Rua Canadá, tinha a sensação de que com aquela tempestade demoraria o dobro ou mais do tempo normal para chegar em casa. Por que a meteorologia não dissera nada sobre temporais na capital pra aquela noite? Péssimos jornalistas, pensou Lia, irritada, não sabiam de nada.


Com o coração ensanguentado, a alma congelada e o corpo trêmulo, encharcado de água até os ossos, Lia mal acreditou quando finalmente avistou a casa da melhor amiga, estava perto, estava muito perto. Banho quente, cama, edredom, ah como ela desejava imensamente sua casa.


As luzes da casa de Lilian estavam apagadas, o que já era de se esperar, os pais da amiga eram jovens de alma, como costumavam dizer, por isso era tão raro encontra-los em casa nos fins de semana quanto era encontrar Lilian sozinha em casa, principalmente agora com o novo namorado. Lia sorriria ao pensar na amiga, isso se estivesse em condições de sorrir, mas ate os músculos de seu rosto pareciam congelados, o frio era tanto que parecia ter congelado até mesmo a dor de ter visto, mais uma vez, Sirius com outra.


Quando finalmente alcançou o portão de sua casa, Lia parou.


O vento chacoalhava a árvore a frente de forma ameaçadora, como se fosse derrubá-la a qualquer momento, e as gotas de chuva, levadas pelo vento, dançavam pelo ar encontrando fios, folhas, vidros, portas e portões pelo caminho antes de espatifar-se se transformando em água que escorria encharcando outras coisas além dos cabelos, pele e vestido de Lia.


Mas seus olhos azuis, agora azuis avermelhados, estavam fixos no portão de sua casa, o coração até então levemente congelado e dolorido, agora estava disparado ao peito.


Alguma coisa parecia muito, muito errada por ali.


Com o queixo tremulo e os dentes batendo uns aos outros de frio, Lia adentrou o portão escancarado e parou.


A frente de sua casa parecia normal, como em qualquer outra noite quando ela chegava em casa àquela hora, ou seus pais estavam em algum evento, ou na casa de algum amigo, ou em ultima opção estariam dormindo ou assistindo algum filme, mas Lia sabia que essa ultima opção era pouco provável. Seus pais viviam em festas, eventos, casa de amigos importantes, tudo isso fazia parte do cargo que seu pai ocupava na sociedade, já se habituara a isso. Mas por que, por que o portão de sua casa estava aberto, escancarado pra qualquer pessoa entrar?


Alguma coisa estava errada apesar de tudo parecer normal.


Com as mãos trêmulas, ela abaixou-se e tirou primeiro um, depois o outro sapato de salto, segurando-os na mão e lentamente caminhou em direção a entrada de sua casa, a porta, de longe parecia fechada, mas quando Lia finalmente alcançou-a, percebeu que encontrava-se entreaberta.


Com o coração palpitando fortemente ao peito, Lia tocou com a ponta dos dedos a porta de mogno e a empurrou, vendo-a escancarar-se a sua frente enquanto a sala que ela já conhecia de cór era pouco iluminada pelos raios e trovões que iluminavam o céu.


A exceção da porta aberta, tudo parecia normal. Com as pontas dos pés, cuidadosamente ela adentrou a sala, sentindo seus pés molhados e gélidos tocarem o macio tapete persa que se estendia por toda extensão da sala. As mãos trêmulas soltaram os sapatos que caíram mudamente sobre o tapete que abafava seus passos.


Se tudo parecia normal, por que ela sentia um desespero esmagador espremendo seu coração? Por que ela tinha aquela horrível sensação de que alguma coisa estava errada? Por que ela tinha a horrível sensação de ouvir uma voz interior dizer-lhe para não fazer nenhum barulho?


Se algo estava errado ela precisava chamar a policia, mas como faria isso sem fazer barulho? E se nada estivesse errado? Mas se não houvesse nada de errado, onde estava sua cachorrinha que não ali correndo e saltitando a sua volta, comemorando a sua chegada?


O frio congelava sua alma, mas o medo fizera isso de forma muito mais intensa, seu coração palpitava tão fortemente ao peito que ela temia que ele parasse a qualquer momento. Os olhos azuis avermelhados estavam arregalados e atentos a tudo a volta, enquanto acostumava-se com a escuridão interior de casa que parecia muito mais intensa do que quando estivera na rua, os dentes que antes chocavam-se de frio, agora estavam apertados uns contra os outros, temendo que até um bater de dentes pudesse denuncia-la, mas denuncia-la a quem?


E então quando seus pés finalmente alcançaram o topo da escada, seus pensamentos emudeceram.


BUM.


Um vulto iluminou-se ao final do corredor, passos pesados ecoaram pelo chão de madeira, abafados pelo tapete. Uma voz grossa murmurou alguma coisa ininteligível enquanto outro homem parava a porta, observando o corredor vazio.


— Anda, Jota.


—Mas chefe...


Um som ecoou forte pela casa silenciosa enquanto uma mão em punho chocava-se contra a parede fazendo o tal Jota encolher-se.


— Se você der mais um pio vai acabar como eles. Agora anda logo, seu imprestável.


Passos ecoaram pelo corredor de madeira, tudo parecia escuro e silencioso, mas de forma estranha o homem já se habituara a toda aquela escuridão.


Grrrr...


— Chefe... – Começou Jota, mas foi interrompido quando a mão forte do homem ergueu-se em sinal de silencio.


Os passos ecoaram, dessa vez mais lentos e calculados, enquanto os ouvidos pareciam se apurar e os sentidos atiçarem.


Um, dois, três, quatro, cinco passos e ele parou.


Estava a uma porta entreaberta, cuja escuridão parecia também imperar de forma possessiva o ambiente adentro.


A mão forte empurrou a porta e deu um passo a frente, observando o quarto escuro.


Uma porta de vidro estava fechada deixando os clarões dos raios iluminarem fracamente o ambiente, havia uma cama, uma mesinha de computador, um armário e uma porta, um banheiro talvez.


Os passos ecoaram novamente, adentrando o quarto, calmamente, enquanto os olhos observavam a volta.


Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, e parou.


A porta estava aberta, por isso ele apenas espiou o ambiente adentro. Um closet e um banheiro cuja porta estava aberta.


Tudo parecia deserto e silencioso, enquanto apenas o barulho da chuva castigando as janelas e portas de vidro pareciam imperar.


A escuridão sobrepunha-se ainda mais enquanto encolhida dentro do armário do closet, Lia abraçava sua cachorrinha, enquanto as lágrimas rolavam fartas e silenciosas por seu rosto. O coração, esmagado ao peito, batia descompasso e os lábios espremidos uns aos outros continham o choro desesperador que a açoitava por dentro.


Um, dois, três, quatro, e parou.


Uma das mãos que seguravam a cachorrinha soltou-se tapando a própria boca enquanto mais lágrimas escorriam fartas por seu rosto, embaçando sua vista, que nada via alem da escuridão do armário, cuja porta fechada impedia de a verem ali dentro, sentada sobre sapatos, encolhida com a cachorrinha branca, agora negra com a escuridão, sobre seu colo.


POF.


Grrrrr.


— Chefe.


Desesperada Lia tapou mais a boca com a mão, segurando o focinho de sua cachorrinha com a outra, impedindo-a de latir e denunciar seu paradeiro.


— Shiu.


Os olhos escuros observavam o banheiro escuro, enquanto o homem, o tal do Jota, encontrava-se parado a porta do closet, observando o “Chefe”.


— A garota não esta aqui chefe, ela ta no baile.


Os olhos escuros se viraram observando a escuridão do closet vazio.


Um, dois, três e parou.


A mão forte esticou-se pegando uma peça de roupa, que levou ao rosto, sentindo o doce cheiro de rosas que emanava da peça, devia ter sido usada há poucas horas atrás.


A respiração se prendeu por segundos, antes de sentir um cheiro invadindo o pequeno espaço em que ela estava enclausurada, penetrando pela fresta da porta, e não era nenhum cheiro ruim, de suor, esgoto ou nojo como ela esperava, mas era um cheiro que parecia despertar-lhe alguma lembrança, como se ela conhecesse de algum lugar, aquele cheiro, e talvez aquela...


— Chefe?


— O que você esta fazendo aqui ainda seu imbecil? O que eu disse pra você fazer depois do serviço?


O tal Jota deu um pulo e passos ecoaram pelo chão de madeira, enquanto ele saia do quarto às pressas.


O coração disparado ao peito, fazia sua respiração acelerar, a mão, que apertava-se contra os próprios lábios, tremiam assim como seu corpo inteiro, agora não mais de frio, mas de medo, um medo desesperador que a fazia esquecer-se de tudo e só pensar em uma coisa.


Aquele barulho, aquele som horrível...Ah Deus....


— Você ainda vai ser minha, tudo isso ainda vai ser meu.


 


 


 *N/A:
Peço milhões de desculpas pela demora de mais de um mês.
como sabem, eu tenho uma doença chata pra caralho que, ou me deixa mal sem o remédio, ou com o remédio eu fico sem criatividade.
foda pra caralho


Então eu tive que sacrificar meu bem estar e sanidade, ficando sem o remédio de depressão pra conseguir escrever finalmente. Escrever é minha vida, não da pra ficar sem, então que a depressão impere, desde que tenha criatividade e capítulos, ta ótimo né
kkkkkkkkkkkk


Sem muitos comentários, demorei e quando posto é um capitulo tenso e fodastico né
espero que tenham gostado
E Chris Malfoy, espero que tenha gostado, o pedido demorou, mas está realizado ;)

e comentem, saudade dos coments lindos e maravilhosos *-*



Ahh, uma coisinha antes de finalizar
Gostaria de deixar uma nota quanto ao Comentário da minha querida leitora Milena que deixou um conselho, muito bem vindo álias, e eu sei que muitos leitores concordarão com o comentário dela
não me chateio de maneira nenhuma com os comentários, muito menos os criticos, criticas boas são sempre bem vindas né, as construtivas, claro, não as que não trazem nada de bom, o que não foi o caso dela
Eu sei que está meio chato e que ao terminar de ler esse capitulo vocês pensam isso
"Puts, mas eles separaram de novo" kkkkkk
Calma pessoal, nem tudo que parece é
nao posso falar muito, senão eu estrago a surpresa dos proximos capitulos
mas nem tudo nesse capitulo é o que parece, na verdade
os casais tendem a ir se acertando sim, e como a Sah espósito disse
a irem fazendo a vida juntos, o que na verdade é a grande tendencia, até por que, por mais que eu ache clichê, tem que haver alguns finais felizes.
Mas eu tenho certeza que vocês irão se surpreenderem com o próximo capitulo.
Agradeço aos comentários, e as criticas também
continuem me falando o que acham, até por que, vcs são os leitores, sem vcs essa fic nem existiria
vcs fazem a história aqui também
se quiserem que algo aconteça, se quiserem dar idéias de acontecimentos, personagens, fiquem a vontade
quem quiser pode add meu msn e dar suas opiniões ok
[email protected]


Eu escrevo a fic pra vocês, então façam o que a Milena fez, deem a opinião sincera de vocês e me ajudem a fazer uma historia cada vez melhor *-*                      



Agora sim, vou-me nessa
Até o proximo capitulo
  Beijos
Lanah Black

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Comentários (8)

  • Alice Spring

    EU VOU MATAR O THI Y LOVE LUAN SANTANA

    2012-08-24
  • Amanda Regina Ventura de Souza

    Ah fiquei muito curiosa quanto a esse final, quem é essa pessoa que invadiu a casa?não demora para colocar o proximo por favor, eu to muito ansiosa.

    2012-04-20
  • Chrys

    Ficou liiindo seu capítuloo!!!Mas concordo com a Milena Evans!!!Queremos emoções boas tbm!!!e esse fim? Como vc termina um capítulo assim??? To morrendo de curiosidade pra saber quem são esses caras!!!Super bjooNaum demora pra postarr pleasee! 

    2012-04-18
  • annalimaa_

    simplismente tendo um ataque cardiaco aqui AI MEU DEUSSSSSS, fiquei morrendo de curiosidade pra saber quem é esse cara????? e o sirius MEU DEUUSSS tadinho sempre elee se ferra e das ultimas 2 vezes a culpa nao foi dele, ele todo fofo ai vem uma piranha desculpem o palavreado e acaba com tudo, mas acho que ele vai chegar na casa atras dela.e meu bate nessa garota vadia que pego o thiago???? AHHH  a paty ta gravidaa hahahaha só pode. amei o capitulo espero o proximo venha mais rapido

    2012-04-17
  • Chrys Malfoy

    Fica tranks, a gente entende.AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!! Que cap perfeito! Não acredito que você me colocou na fic! Nossa, fiquei tão feliz quando vi meu nominho no cap, quase chorei, sério. Mas espero que eu não tenha atrapalhado o namoro da pat e do remo, não gostaria que isso acontecesse, ficaria com raiva de mim mesma. O cap foi perfeitooooooooooooo! Muuito ansiosa pelo próximo! Bjoos

    2012-04-17
  • Milena Evans

    Que bom que não se chateou com meu conselho :) E entendo perfeitamente que é difícil pra eles saírem da vida antiga. Espero então que seja tudo por um final perfeito *-* Espero o próximo!!!BeijossMilena 

    2012-04-17
  • Sah Espósito

    OIi Lanah!Depre é coisa seria e agnete esntende!Tava com muitas saudades da ficmas concordo com nossa amiga Milena Evans, ta muito vai e vem!A historia é lindaMas se os meninos se mostram tao perfeitos, porque esculachar Lanah!Continue, faça emoções fortes e nao que eles se separem e voltem maisfaz eles reatarem e agora lutarem contra a vida juntos poor favorBjs e espero que nao se chateieTa perfeito o capitulO!

    2012-04-17
  • Milena Evans

    Querida autora, seu capítulo ficou maravilhoso! Tão bem escrito...Mas posso te dar um conselho? Bom, eu espero que aceite como conselho...Lanah, não sei quanto aos outros leitores, mas esse vai e vem dos casais, separa, não separa, trai, não trai, uma vadia vai e rouba um deles e tal... ta ficando cansativo =/ Fica frustrante (pelo menos pra mim) ler uma fic que não sai do enredo sabe? Toda vez que acontece algo que os separe, sempre são os garotos que fazem merda e sempre é a mesma merda. Aí depois a história descreve que eles estão super apaixonados e tal, mas ai vem eles e fazem merda de novo... perde a continuidade e fica pior que Malhação. A história é ótima, já chorei, já ri muito, já anseei por capítulos novos, mas fico decepcionada quando fica nesse círculo vicioso.Espero MEEESMO que leve isso como conselho. Quisera eu ter a habilidade de descrição e a imaginação que você tem. A história está maravilhosa, mas eu queria mais emoções felizes :)Desculpa se não gostar do comentário. Não mude por minha causa, se achar que estou dizendo bobeira. É conselho de escritora pra escritora, de amiga pra amiga mesmo :)Beijoss e aguardo o próximo capítulo ansiosa! 

    2012-04-17
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