Mal entendido



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            *Capitulo Trinta e Quatro: Mal entendido*


                                                                           


                              




                                                                              “Mas eu não sou ator e se eu sinto dor, tenho que chorar”


 


Os pássaros voavam livres pelo céu azul sem nuvens. As ondas do mar quebravam-se fracamente a beira da praia, com ondas pequenas, sem grandes proporções, que iam beijar as areias brancas e macias a beira da praia antes de voltarem sorrateiras para o imenso mar esverdeado que bruxuleava a luz do sol.


A praia, sempre repleta de turistas em qualquer época do ano começava gradativamente a mostrar seu lado turístico enquanto pessoas de vários lugares do mundo iam chegando aos poucos e ocupando os melhores lugares. Mas tal fato, assim como o céu sem nuvens, os pássaros voando felizes ou até mesmo o fato de que pessoas os observavam estranhando-os como sem fossem duas figuras que não deveriam estar ali daquela maneira, era completamente indiferente para Thiago que sequer notava alguma coisa a sua volta, seus olhos, assim como toda a sua atenção e todos os seus pensamentos estavam direcionados para uma única pessoa, a mais linda que qualquer pássaro, céu ou mar que existisse em todo o mundo.


Os olhos dela eram de um verde rubi lindos que brilhavam intensamente, ele não saberia dizer se por causa do sol ou pelo que havia acabado de dizer, mas não importava o motivo, apenas o fato dela o estar olhando daquele jeito já o fazia sentir-se inflado de felicidade. Apoiando-se na areia, Thiago ergueu-se rapidamente, sem esperar que Lilian lhe desse qualquer resposta, era obvio que ele queria sim uma resposta, bom, talvez não precisasse, talvez no fundo ele soubesse, mas ele queria ouvi-la dizer aquele ‘sim’, mas aquele não era exatamente o lugar ideal para isso, ele estava pensando em outro lugar mias tranqüilo pra tal coisa.


Thiago estendeu a mão para Lilian, que a pegou e levantou-se confusa.


— O que foi? – Ela franziu o cenho quando Thiago segurou sua mão e sorriu lindamente, mas de uma maneira misteriosa que Lilian não entendeu muito bem.


— Vem. – Ele disse, caminhando em direção ao hotel. Lilian olhou de Thiago para a paisagem a frente sem entender, enquanto se deixava ser levada, caminhando ao lado de Thiago pela praia agora não mais tão deserta em direção ao hotel que se estendia brilhante pelo reflexo do sol logo a frente.


— Vamos voltar pro hotel? – Mas Thiago não respondeu de imediato, sorriu, daquele jeito que seria capaz de fazer o próprio sol se derreter diante daquele sorriso e deu uma leve piscadinha pra Lilian, que apertou a mão do maroto apreensiva. – Thiago!


Thiago riu.


— Surpresa, ruivinha. – Lilian revirou os olhos desanimada, pelo jeito ele não ia dizer pra onde iriam e não daria nenhuma pista a respeito.


Observando a praia, Lilian percebeu que o dia estava mesmo lindo e nem sabia como conseguira dormir debaixo daquele sol ofuscante, não que estivesse tanto calor quanto deveria, estava deliciosamente gostoso caminhar a beira da praia debaixo daquele sol gélido de inverno, mas ela duvidava que fosse estação de inverno em Barcelona.


Quando a água morna tocou seus pés descalços, Lilian percebeu que perdera suas sandálias em algum lugar daquela praia na noite passada, mas não conseguia se lembrar direito. A água morna molhou seus pés o suficiente antes de voltar para a imensidão do oceano e Lilian observou o mar, sorridente, parecia um sonho, estar andando a beira da praia de mãos dadas com Thiago, como se fossem um casal. Lilian suspirou e riu, eram um casal, agora eles eram um casal e aquilo a enchia de uma felicidade que mal cabia dentro de si.


Thiago desviou os olhos da paisagem para observar o rosto risonho de Lilian e sorriu. Estavam quase alcançando o hotel, mas não era para lá que iriam, por isso Thiago continuou caminhando a beira da praia, sentindo a água do mar molhando seu all star antes de voltar a imensidão.


Antes que chegassem a entrada do hotel pela praia, Thiago parou olhando em direção ao mar, Lilian o encarou confusa, antes de senti-lo puxando-a em direção ao que ela logo percebeu ser uma espécie de cais, onde um barco enorme encontrava-se ancorado.


Ao se aproximar Lilian percebeu que não era bem um barco qualquer, era um Iate, enorme, branco com alguns detalhes em dourado na lateral cujo nome também em dourado ela não conseguira ler, estava escrito em alguma língua que ela demorou um pouco para descobrir qual era.


Βασίλισσα της Ήρας


— É grego. – Disse Thiago ao observar os olhos atentos de Lilian tentando decifrar o nome estranho do barco agora que estavam muito mais próximos. Era imenso e parecia mais luxuoso do que um Iate poderia ser, o dono daquele barco, pensara Lilian, com certeza não gostava de economizar. – Rainha Hera.
Lilian olhou do barco para Thiago com uma expressão surpresa, ele sabia grego?


— Você... Você sabe grego? – A expressão surpresa de Lilian fez Thiago rir, agora ele parava ao lado do barco e se inclinava em direção ao mesmo, segurando numa haste do barco antes de apoiar um dos pés no mesmo.


— Grego, latim, inglês, espanhol, alemão, italiano, Francês, e qual língua mais você quiser. – Ele piscou de um jeito tão charmoso que Lilian pensou que ele estava brincando.


— Tá brincando né? Potter o que esta fazendo? – Lilian encarou o maroto que agora encontrava-se em pé do lado de dentro da pequena grade que rodeava o barco.


— Indo dar um passeio. – Ele piscou pra ruiva e estendeu a mão. – Venit, reginae Lilian.


— O que? – indagou confusa Lilian, sem entender o que ele dissera e Thiago gargalhou. – Não, nem pensar Potter, isso é invasão. É Roubo.


Mas Thiago não parecia se importar, gargalhando ele chamou Lilian com a mão estendida, tentando segura-la.


— Vem, Lilly, não é roubo, só vamos pegar emprestado um pouquinho. – Thiago riu e se esticou mais, segurando Lilian pela mão e a puxando com força. Lilian desequilibrou-se e tombou pra frente, cairia entre o cais e o barco se não fosse Thiago ser mais rápido e arquear o corpo para frente, segurando-a no colo e a puxando para dentro do barco, Lilian segurou-se firmemente no maroto que gargalhou ao colocá-la sã e salva dentro do Iate.


— Você é louco, Potter? – Indagou Lilian com a voz asperamente nervosa, mas Thiago rindo, estava pensando que o nervosismo era mais por ela quase ter se estatelado na grade do Iate, o que não seria nada legal.


— Relaxa, Lilly, vem, vamos nos aproveitar da Rainha Hera. – Ele piscou pra Lilian, antes de emendar, com os olhos em direção ao céu. – Com todo respeito, Senhora.


Lilian estava começando a pensar que após se tornar, quase oficialmente, seu namorado, Thiago estava mostrando seu lado realmente louco, ou talvez, ele ficara louco, para pedi-la em namoro, só poderia mesmo estar louco.


— Potter você está bem? Está com febre? – Lilian se aproximou de Thiago levando a mão à testa do maroto que gargalhou, segurando a mão de Lilian delicadamente e a beijando suavemente em seguida, enquanto encarava aqueles olhos verdes rubis, tão lindos.


— Estou doente... – Ele sussurrou, ainda com a mão de Lilian roçando em seus lábios. – Por você.


Thiago sorriu lindamente e Lilian sentiu-se mais quente do que o habitual, provavelmente estava mais vermelha do que os próprios cabelos. Thiago, ainda segurando a mão de Lilian, a puxou em direção ao barco.


Aquele realmente era um Iate de luxo, e tinha todo o porte para ser até mesmo da própria Rainha Hera, se ela realmente existisse, pensou Lilian. Ao observar o barco mais atentamente ela percebeu que próximos a eles havia uma mesinha de jantar, talvez, aconchegante e discreta, seria um jantar e tanto com a vista do mar todo a volta. Uma escada lateral em caracol, não essas de ferro, mas seguindo do chão, como essas escadas de casas luxuosas, levava para o andar de cima, que não era apenas um telhado da parte de onde Lilian estava, mas dava para o que seria uma sacada, se estivesse numa casa e não num Iate. A vista do mar lá de cima deveria ser bem mais bonita.


Segurando a mão de Thiago, Lilian deixou-se levar, ele desceu uma escadinha que levava para a parte interna do barco e descendo ela se surpreendeu.


Uma enorme sala se destacava, era imensa e espaçosa. Um imenso sofá em L de couro branco com detalhes e almofadas rosa estava localizado a esquerda do barco, o chão de madeira tinha um tapete branco médio a frente do sofá, onde uma mesinha de centro em vidro enfeitava-o. A frente do sofá, do lado esquerdo, duas cadeiras chiquérrimas, em couro branco e pés de ferro, enfeitavam o ambiente. Vasos chiques e plantas davam um ar descontraído ao lugar. Era tão chique quanto uma sala de uma casa de luxo poderia ser.


Thiago não parou, continuou adentrando, seguindo pela sala, logo a seguir, com um balcão em mogno separando o lugar, vinha o inicio da cozinha, ou talvez aquilo fosse só a pequena sala de jantar. Uma mesa de vidro com cadeiras do mesmo estilo da sala, em ferro e brancas, trançadas as costas, estava ao lado do balcão. Uma parede em vidro e mogno separava a sala da cozinha, e quando Lilian adentrou a cozinha, se imaginou brincando de cozinheira numa cozinha daquela. O ambiente era bem menor, mas não menos chique. Um formato em U lateral formava a cozinha planejada, cujos armários fixos a parede estava a frente, onde o fogão e o forno de aço inox faziam parte do balcão e armário de mogno claro. A lateral esquerda do barco ficava a pia, também emendada com o armário e ao lado uma imensa geladeira duplex de inox dava o acabamento final. Mas quando Lilian seguiu a frente com Thiago, ali sim, ela sentiu o queixo cair.


Não poderia ser um barco, pois a sua frente um imenso quarto estava lindamente planejado e bem disposto.


Os moveis e as “paredes” eram feitas do mesmo material do chão de madeira, em mogno claro. Uma pequena estante, com divisórias de vidro, distribuía, sem enchê-la, livros e objetos decorativos. Uma cama feita do mesmo material dos  moveis, de madeira mogno clara, com detalhes cinzas ocupava o canto esquerdo, onde a cabeceira e seguindo até o alto da cama a parede era enfeitada com um material escuro que Lilian teve quase certeza ser couro. A cama bem arrumada parecia macia, ao lado dela havia uma mesa de cabeceira de madeira e ao lado uma porta para o que provavelmente era o banheiro. Para terminar o ambiente, havia uma cadeira branca, do mesmo estilo das cadeiras da sala, em couro branco e pés de ferro e uma janela branca se estendia atrás da cadeira, iluminando o ambiente. Alguns outros objetos decoravam o ambiente, como uma luminária a mesinha de cabeceira, uma de cada lado da cama, alguns vasos e plantas. Era perfeito, tão perfeito que Lilian sentiu vontade de morar ali pelo resto da vida.


— Parece que a Rainha Hera gosta de luxo. – Disse Thiago, meio risonho, ainda segurando a mão de Lilian, então ele a puxou no sentido contrario, de volta de onde vieram. – Ótimo, agora que você já conheceu a Rainha Hera, vamos colocar essa belezinha para andar.


— O que...? – Lilian correu para acompanhar Thiago, que passou pela cozinha, pela sala e saiu para o fundo do barco, seguindo pela escadinha lateral que ela vira. No andar de cima a vista era realmente deslumbrante e o luxo ainda continuava. Bancos almofadados se estendiam, mas Thiago não parou para sentar-se e apreciar a paisagem, ele seguiu em frente, abrindo uma portinha e entrando no que Lilian percebeu ser a sala de comando, onde Thiago faria o barco ganhar vida.


O interior da sala de comando parecia um imenso carro de luxo, com um banco em couro bege e um volante à frente, telas se estendiam num painel a frente com vários botões a frente e a lateral numa espécie de balcão de painel de controle da mesma cor do banco de couro. Definitivamente, Hera gostava mesmo de luxo.


— Ah legal. – Thiago sentou-se ao banco e ligou o barco, Lilian estremeceu, segurando-se ao balcão lateral.


— Potter, não acho uma boa idéia. – A voz de Lilian saiu tremula, e Thiago riu, enquanto o barco começava a deslizar pelo mar esverdeado e transparente. – Podemos ser presos sabia? Quando o dono do barco perceber que ele sumiu... ai Deus, estamos ferrados.


Thiago gargalhou e se virou, segurando Lilian pela mão e a puxando em sua direção, fazendo a ruiva cair sentada em seu colo.


— Relaxa, Lilly, a Rainha Hera não vai precisar do barco por enquanto.


— Potter, isso é serio, esse barco não é de Hera, e podemos sim... – As palavras de Lilian desapareceram quando os lábios de Thiago pousaram sobre os seus. Não era justo ele distraí-la daquele jeito. Daquele jeito, ele sempre ganharia qualquer discussão.


— Viu, não é tão ruim assim. – Ele disse baixinho quando seus lábios finalmente se separaram dos dela, e ela respirou fundo, olhando a frente, pela janela de vidro que mostrava todo o mar e o céu azul à frente. — Vem, vamos aproveitar a vista.


Ele a segurou pela mão e a fez levantar-se antes de fazer o mesmo e seguir em direção a saída da cabine.


— Perai, mas quem vai pilotar essa coisa? – O medo e o desespero estavam refletidos nos olhos de Lilian, e Thiago gargalhou, abraçando a ruiva.


— Piloto automático, não se preocupa Lilly, não tem nada no que batermos. – Ele sorriu, indicando o mar aberto a frente. – É só até alcançarmos o alto mar, daí eu desligo, ok.


Ele a segurou pela mão e seguiu em direção a saída.


— Vem, ruivinha. Você ainda me deve uma resposta, Hãn. – Ele piscou e saiu onde os bancos de couro estavam dispostos ao ambiente de cima do barco, deu a volta neles e seguiu pela lateral esquerda, ate alcançar a frente, onde os vidros da cabine de comando se estendiam atrás dela, mostrando a cabine vazia, aquilo causava um medo incomum em Lilian, não gostava de confiar sua vida a máquinas.


Thiago desceu uma grade de ferro baixa e estendeu a mão a Lilian para ajudá-la a descer, por um caminho curto, caminharam a frente do barco ate chegarem num quadrado maior onde dois assentos e duas mesinhas enfeitavam o local, e um pouquinho mais a frente encontrava-se a proa, com barras de ferro ladeando o bico do barco.


Lilian caminhou até a proa, apoiando as mãos à grade de ferro e observando o mar azul escuro a frente, uma imensidão misteriosa que lhe causava um certo medo quando ela parava para pensar em tudo que existia em baixo de onde estavam. Thiago parou ao lado de Lilian e sorriu, observando a paisagem, antes de desviar os olhos para a ruiva. Sem sombra de duvidas, ela era mais linda que qualquer Deusa. Os cabelos ruivos esvoaçando ao vento e aquela pele rosada e macia que o fazia sentir vontade de tocá-la, ah sim, ela era mais linda que qualquer Deusa.
Com a mão apoiada à grade, ele deslizou-a até seus dedos tocarem os dedos macios da ruiva e ela sorriu, desviando os olhos da paisagem para observá-lo.


Os cabelos bagunçados, a pele branca, os olhos castanho-esverdeados meio fechados por causa da claridade do sol e aquele sorriso, ah aquele sorriso, ele a fazia esquecer qualquer coisa.


Ele aproximou-se dela e a abraçou, sentindo as mãos de Lilian envolvendo seu pescoço e sorriu, apertando a cintura de Lilian e sentindo o corpo dela mais quente que o sol contra o seu, e então ele a observou, sorrindo, como se pudesse ficar daquele jeito pelo resto de sua vida.


Lilian sorriu e sentiu o nariz de Thiago roçando ao seu.


— Você esta me devendo uma resposta, sabe.


Lilian riu sem graça e desviou os olhos para o mar a frente. Podia sentir os respingos da água do mar contra sua pele conforme o barco deslanchava pelo oceano azul formando espumas brancas a sua volta.


A mão de Thiago acariciou seu rosto e ela sorriu, abaixando os olhos, antes de erguê-los e encarar aqueles olhos que com a luz do sol ficavam mais esverdeados, da cor do mar.


— Acho... Acho que não preciso responder. – Ela sorriu e abaixou os olhos e Thiago sentiu um sorriso imenso formar-se em seus lábios, enquanto ele segurava o queixo de Lilian e erguia o rosto dela para encará-lo.


— Quer namorar comigo, Lilian Evans?


Lilian sorriu, sentia o sorriso espalhar-se por todo seu rosto, por seus cabelos, por seu corpo, em todos os poros e todas as células de seu corpo.


Sim, sim, sim, todo seu corpo dizia freneticamente e repetidamente, sim, ela queria sim namorar Thiago Potter, aquele maroto lindo a sua frente.


— Sim. – A voz de Lilian saiu rouca e baixa e pelo forte vento assobiando a sua volta ela temeu que Thiago talvez nem tivesse a ouvido, mas quando os lábios dele calaram todos seus pensamentos, ela não teve mais duvidas.


Se Hera existisse ou não, e mesmo que ficasse brava por eles terem roubado seu barco, nem mesmo ela poderia negar que fora por um bom motivo e talvez de onde quer que estivesse talvez Hera também estivesse sorrindo feliz, enquanto aqueles dois jovens, a frente de um barco sem comandante que deslizava pela imensidão de Poseidon, se beijavam apaixonadamente. Se Hera não estivesse tão feliz, Afrodite, a Deusa do amor, com certeza estaria.


 


 


 


A manha já tinha começado perfeitamente bem e ela se lembrava muito bem disso agora que abria os olhos e se espreguiçava na cama deliciosamente macia e enorme do seu quarto de hotel. Depois de ter tido momentos maravilhosos com Sirius, e que momentos, ela se lembrava de ter deitado sobre o peitoral forte de Sirius e talvez tivesse adormecido, mas agora que ela sentia-se levemente sonolenta, enquanto acordava aos poucos, esticando o corpo na cama e espreguiçando deliciosamente, ela tinha certeza de que adormecera sobre aquele peitoral maravilhoso. Provavelmente não existiria lugar melhor no mundo para adormecer.


Ela sorriu, esticando a mão ao lado esperando encontrar aquele corpo quente, mas tudo que encontrou foi um travesseiro e o lado de Sirius vazio na cama. Ergueu a cabeça olhando a volta e percebeu que estava sozinha no quarto. Talvez ele tivesse acordado mais cedo e se levantado para um banho ou algo assim.


Espreguiçando-se novamente, Lia esticou-se na cama, abraçando o travesseiro de Sirius e sentindo o delicioso cheiro do maroto impregnado no tecido, sorriu, enfiando o rosto no travesseiro e inalando aquele cheiro maravilhoso, aquele cheiro que impregnava-se em sua própria pele. Com os olhos fechados e o rosto afundado no travesseiro, ela sorriu, lembrando-se da manhã, que talvez não fizesse tanto tempo assim, e dos momentos que passara com Sirius.


Suspirou, sentindo a mão dele por seu corpo como se ele estivesse ali novamente, acariciando-a, beijando-a, possuindo-a de um jeito que a fazia sentir um calor no baixo ventre e uma vontade que nada tinha a ver com meros desejos comuns do dia a dia, ela nunca sentira nada assim antes, e aquele desejo a fez agarrar o travesseiro com mais vontade, deixando o cheiro de Sirius entorpecê-la.


Um barulho da porta se abrindo despertou-a e ela soltou o travesseiro disfarçadamente, deitando-se na cama e erguendo o corpo, apoiando-o com os cotovelos para ver Sirius adentrando o quarto com uma bandeja as mãos. Ela estava vendo coisas ou aquilo era uma bandeja de café da manhã?


— Bom dia, bela adormecida! – Ele adentrou o quarto caminhando até a cama, onde ele cuidadosamente sentou-se apoiando a bandeja de café de manhã a cama, a frente de Lia.


— Uau! Isso é mesmo uma bandeja de café da manhã! Eu pensei que estava vendo coisas. – Disse Lia num tom brincalhão enquanto sentava-se de pernas cruzadas a frente da bandeja.


— Haha, engraçadinha. – Com um sorriso perfeito nos lábios ele se inclinou por sobre a bandeja e aproximou o rosto do de Lia, selando seus lábios nos dela, ela sorriu, erguendo a mão e acariciando o rosto do maroto. Estava tendo um sonho maravilhoso e não queria acordar. Não, não mesmo.


Quando ele afastou seu rosto do dela, sorrindo, ela sentiu um pequeno desapontamento na boca do estomago, não queria desgrudar seus lábios dos dele nunca mais, essa era a mais pura verdade. Mas a manhã estava sendo tão perfeita que não tinha nem motivos para se desapontar com alguma coisa, o melhor era aproveitar o máximo que podia de tudo aquilo, enquanto durasse, afinal de contas, com Sirius era bem o estilo daquele ditado “tudo que é bom, dura pouco”.


Ele sentou-se mais confortavelmente a cama e pegou uma uva, levando-a a boca de Lia, ela sorriu e pegou a fruta com os dentes, comendo-a em seguida. Aquele não era o Sirius de sempre, não era possível, ele estava dando frutas na boca de Lia. O que será que ele tinha bebido a noite passada? Ela precisava de mais bebidas daquela urgentemente.


— Você esta bem? – Ela perguntou depois de Sirius comer um pedaço de morango e oferecer outro pedaço a ela na boca.


— Ótimo. – Ele sorriu lindamente e segurou a bandeja, colocando-a de lado para se aproximar mais de Lia a sua frente. – Não poderia estar melhor.
Ele sorriu e selou seus lábios nos de Lia, levando a mão aos cabelos da loira e acariciando-os carinhosamente.


— Tive uma manhã maravilhosa, como não ia estar bem? – Ele piscou charmosamente, afastando o rosto para sorrir-lhe lindamente.
Lia acariciou o rosto de Sirius e sorriu, tinha medo de dizer qualquer coisa e estragar tudo, e a ultima coisa que queria era estragar as coisas entra ela e Sirius, ainda mais agora que ele estava agindo daquela maneira tão carinhosa.


Ele pegou um morango e levou aos lábios de Lia que deu uma mordida no morango, sentindo a essência da fruta escorrendo por seus lábios, então os lábios ágeis de Sirius deslizaram pelo queixo de Lia subindo e deixando a língua deslizar por sua pele enquanto ele limpava a “sujeira” do morango, subindo com os lábios até eles encontrarem-se com os maravilhosos lábios dela. Lia sentiu-se engolindo o morango antes de sentir a língua de Sirius deslizando por seus lábios, sentindo o sabor delicioso do morango misturado a aqueles lábios perfeitos da loira. Então ele segurou o rosto de Lia e beijou-a intensamente.


Provavelmente ela estaria sonhando, e nada daquilo provavelmente fosse verdade. Ou talvez seu cérebro estivesse brincando com ela, tentando fazê-la acreditar que todo aquele conto de fadas era verdadeiro, e depois, com uma súbita e dolorosa queda ela daria de cara com a fria e cruel realidade e descobriria que nada fora verdade. Ou talvez, sendo menos pessimista, aquela fosse realmente a realidade, e por mais que parecesse um sonho, era simplesmente um sonho lindo e real, mas alguma coisa dentro de Lia, por mais maravilhoso que estivesse sendo tudo aquilo com Sirius, estava lhe dizendo que nada que era bom como aquilo, duraria tempo o bastante, e ela lutava bravamente para não acreditar naquilo. E já que tudo que é bom, dura apenas o suficiente, bom, então o máximo que sobrava a ela era aproveitar enquanto durasse. Será que ter apenas alguns momentos era melhor do que uma eternidade sem?


 


 


 


Eles haviam começado a manhã muito bem, dormindo escondido, e semi-nus,  numa sala de massagem ou coisa parecida, quase pegos por algum funcionário e apostaram corrida com as roupas vestidas dos avessos hotel a dentro antes que fossem expulsos por atentado ao pudor. Sim a vida podia ser bem mais agitada do que isso certo? Afinal de contas, aquilo tudo era fixinha para eles. Com tal pensamento, Remo riu, definitivamente com Patsy a vida tinha mais riscos e perigos do que com os próprios marotos em seus dezessete, quase dezoito, anos de vida.


Para completar toda a cena perigosa, agora eles estavam no elevador do hotel e a cena entre eles não era nada certinha. Falando em certinha, lembra daquela menina toda certinha, tímida e comportada que Remo conhecera? Onde ela fora parar? Porque definitivamente aquela Patsy que estava com Remo naquele momento não tinha nada de certinha, tímida ou sequer comportada, na verdade, nenhum pouco comportada.


As pernas dela estavam envolta da cintura de Remo, cruzadas as costas do maroto e suas costas estavam prensadas contra a parede do fundo do elevador, o qual era na verdade um espelho imenso, onde Remo podia ver sua própria imagem enquanto seus lábios deslizavam pelo pescoço de Patsy e as mãos dela agarravam seus cabelos e arranhavam suas costas. No elevador ou onde estivessem, ela o levaria a loucura daquele jeito.


Os lábios de Patsy deslizaram pelo lóbulo da orelha de Remo e ele respirou fundo, erguendo o rosto até seus lábios encontrarem-se com os lábios de Patsy antes de beija-la intensamente. Ele pressionava o corpo dela contra o espelho cada vez com mais intensidade, enquanto uma de suas mãos a segurava pela coxa, mantendo-a em sua cintura, a outra ele apertava a cintura da garota com desejo, enquanto o mesmo corria por suas veias com ferocidade. Estavam correndo um risco e tanto, e se o elevador parasse e alguém entrasse...


PLIN.


O elevador havia parado e agora as portas estavam prestes a se abrir. O sangue de Remo congelou. Um segundo talvez, era tudo que ele tinha, numa rapidez Remo segurou as pernas de Patsy fazendo-a soltar-se dele e a colocou em pé no elevador, enquanto ele puxava com dificuldade o ar para os pulmões tentando controlar a respiração ofegante.


Uma senhora com um cachorrinho no colo que mais parecia um ratinho vestido de rosa Pink, adentraram o elevador. Remo sorriu sem graça enquanto ele e Patsy encontravam-se quase colados ao canto do elevador, ambos ofegantes, descabelados, mal vestidos e bom, a cena não era nenhum pouco favorável para eles, da pra se imaginar né?


A senhora deu um olhar enojado para os dois e cochichou alguma coisa no ouvido do cachorrinho, será que ele entendia? Era melhor Remo não perguntar.


PLIN.


O elevador parou e as portas se abriram, Remo ficou esperando a senhora descer, queria voltar ao que estava fazendo logo, mas ela não desceu e quando menos esperava sentiu uma fisgada na lateral do corpo antes de ser empurrado à frente inesperadamente.


— É o nosso andar, Remo. Vamos.


— Ahn, é, vamos. – Ele gaguejou enquanto Patsy o empurrava em direção a entrada do quarto de hotel deles, e antes que a porta do elevador se fechasse, ele só teve tempo de ver a cara de nojo da velha senhora apenas mais uma vez enquanto Patsy dizia sapecamente.


— Bom dia, senhora! – O elevador se fechou deixando a sombra da cara de ânsia da velha enquanto Patsy gargalhava, abraçando Remo pela cintura e o puxando em direção a porta do apartamento.


Mais uma coisa para incluir na excelente manhã de Remo, quase ser pego aos amassos no elevador com sua, nada certinha, namorada.


Ele riu, vendo a carinha de sapeca de Patsy e parou, a porta do elevador, Deus como ela era linda e como ela o estava enlouquecendo. Ele a segurou pela cintura e a puxou contra seu corpo com força enquanto colava seus lábios nos dela iniciando um beijo ardente.


Estavam onde mesmo? Na porta do apartamento do hotel? Ele não se lembrava, mas isso não importava, tudo que importava era o corpo quente e maravilhoso de Patsy contra o dele e aqueles lábios deliciosos. Ele a prensou contra a parede e deslizou as mãos pelas pernas de Patsy, segurando-as e erguendo-as novamente no ar, fazendo ela cruzar as pernas envolta de sua cintura, enquanto ele a devorava com os lábios e pressionava cada vez mais, se fosse possível, seu corpo contra o corpo de Patsy.


As costas dela deslizaram pela parede, quando ele finalmente lembrou-se de que estavam muito próximos de seu quarto. Quarto, cama, Patsy, ah sim, seria uma manhã perfeita, assim como a noite havia sido.


Remo! – exclamou Patsy roucamente ofegante e risonha entre o beijo quando Remo abriu a porta e ambos se desequilibraram para dentro do apartamento que estava bem iluminado pela luz do sol que invadia todo o ambiente pelas janelas de vidro, por onde se podia ver o oceano maravilhoso estendido a frente. — Assim vamos acordar todo mundo.


Os lábios dela infelizmente separaram-se dos seus e ele riu diante daquela cena, provavelmente mais uma loucura para sua manhã deliciosamente maluca, entrarem sorrateiramente aos amassos no apartamento e seguirem direto para a sacanagem antes do dia finalmente começar. Era impressão ou Remo estava ficando muito parecido com Thiago e Sirius?


— Shiuu! – Exclamou Patsy mais uma vez, entre risos, quando Remo tentando seguir para o corredor esbarrou num vaso de flores deixando cair e ecoar tristemente pelo apartamento que parecia vazio.


Remo gargalhou silenciosamente e Patsy deslizou de seu colo, sentindo os pés tocarem o chão, pensando bem, ela não queria ir para o quarto, queria ir para outro lugar.


— Aonde vai? – O sorriso sapeca nos lábios de Patsy fez Remo ter certeza que não importava para onde ela o levasse, seria maravilhoso de qualquer maneira.


— Remo, olha pra você, está todo sujo. – A voz de Patsy soava como sua mãe lhe dando bronca e Remo olhou-a confuso olhando para si próprio. Bom, ele estava meio suado, sem camisa, com a calça meio suja e os tênis desamarrados nos pés, mas bom, não parecia tão sujo assim.


— Acho que você precisa de um banho. – O tom de Patsy foi tão firme que Remo concordou sem nem saber por que deveria concordar. Ela estava parada a frente de uma porta e Remo estava quase perguntando o que ela estava fazendo afinal de contas, mas não teve tempo suficiente para isso.


Sorrateiramente ela abriu a porta e o arrastou para dentro do ambiente, que Remo só conseguiu ver depois que ela bateu a porta atrás dele e encostou-se a mesma, sorrindo sapecamente, não, era muito mais do que sapeca aquele sorriso.


Estavam num banheiro, Remo pararia para observar o banheiro enorme e todas as coisas legais que um banheiro legal poderia ter, mas nada daquilo o interessava muito, aquele sorriso nos lábios de Patsy estava atraindo muito mais a sua atenção do que qualquer vaso sanitário de porcelana ou até mesmo se fosse de ouro, não importava. Aquele sorriso não era sapeca, era muito mais do que isso, era quase safado, e a mão nada comportada de Patsy estava deslizando pelo próprio corpo enquanto levava sua calça jeans com elas, descendo-a até tocar o chão e ela se livrar da peça indesejável de roupa com os pés.


Os olhos de Remo esquadrinharam o corpo inteiro de Patsy fazendo seu sangue correr como um vulcão em erupção pelas veias. Os seios, sem o sutiã, por baixo da blusinha estavam enrijecidos marcando o tecido e fazendo a língua de Remo salivar ao observa-los. A calcinha de Patsy talvez estivesse pelo avesso, mas quem se importava se ela estaria sem nada dentro de segundos? Mas não foi nada daquilo que surpreendeu Remo, o atiçava sim e muito, vê-la semi-nua, o fazia sentir uma vontade intensa de agarra-la e possuí-la até que todo aquele desejo dentro dele se extinguisse completamente. Mas não foi aquilo que o fez ensandecer de vez, foi a mão de Patsy, que fez Remo quase explodir de desejo antes mesmo de toca-la.


A mão delicada de Patsy deslizava por sobre a calcinha descendo de maneira tentadora enquanto a garota se contorcia levemente contra a porta do banheiro, fazendo Remo arquejar. Estava tendo alucinações, só podia, não, não, estava sonhando, é, ainda estava dormindo e aquilo era um sonho maravilhoso, perfeito, Deus, era um sonho e tanto.


A calcinha de Patsy deslizou por suas pernas e seguiu o mesmo caminho da calça jeans, mas os olhos de Remo não estavam interessados no rumo que seguiria a calcinha, estavam focados na mão sapeca, mais sapeca do que o sorriso que a dona daquela mão lhe dera um tempinho atrás, e que deslizava por entre as pernas de Patsy.


Ele estava entorpecido, sua respiração estava ofegante e sua mão apertava a própria calça, pressionando-se contra seu membro ereto, estava ensandecendo, mas quando um gemido alto ecoou pelo banheiro, Remo voltou a si e perdeu totalmente o controle. Não conseguiu pensar nem no que estava fazendo, mas num segundo Remo alcançou a porta e segurou o rosto da namorada a beijando intensamente.


Suas mãos deslizaram loucamente pelo corpo de Patsy e com uma vontade louca ele segurou-lhe a blusinha, erguendo-a e jogando-a longe antes de deslizar os lábios até os seios de Patsy, deixando os lábios se perderem naqueles seios maravilhosos que cabiam perfeitamente em sua boca. Suas mãos desceram ainda mais e numa vontade selvagem Remo segurou Patsy pelas pernas e a ergueu no ar, fazendo-a cruzar as pernas em sua cintura e pressionou-a contra a porta do banheiro chocando o corpo dela contra a porta com força. Sua mão livre desajeitadamente tentou se livrar da calça e da cueca, descendo-as até o meio das pernas e num desejo louco Remo sentiu-se penetrar Patsy, segurando-a pelas nádegas e fazendo-a deslizar sobre seu corpo.


Não importava se o apartamento inteiro iria acordar com os barulhos estranhos da porta se batendo a cada vez que Remo chocava seu corpo contra o de Patsy, ou com os gemidos dela que ecoava pelo banheiro levando Remo a loucura, ou se acordariam com o barulho de coisas caindo e quebrando enquanto Patsy tentava apoiar o pé na pia do banheiro. Não importava, mas quem se importava com essas coisas? Os santos, certinhos e corretamente puros? De uma coisa Remo tinha certeza, seus amigos não eram nada disso, e ninguém se importaria se eles ocupassem o banheiro a manhã inteira enquanto Remo deslizava para dentro da banheira vazia com uma Patsy nada certinha e nada comportada que subia em cima dele o levando mais uma vez a loucura.




  ***


 


O sol descia lentamente pelo horizonte, seguindo calmamente em direção ao mar, não que ele fosse afundar-se ao oceano e fazer parte do império submarino de Poseidon, mas da praia a impressão que se tinha era exatamente essa, a de que o sol se despediria e apagaria suas chamas no fundo do mar. O céu estava entre um rosa claro e amarelo alaranjado enquanto o sol ia se pondo aos poucos dando inicio a noite estrelada que começava a despontar exibindo as estrelas transparentes no céu, acompanhadas da pequena lua branca que mal se percebia entre o azul claro e alaranjado do céu.


Apesar de estar com os olhos na paisagem, ela não prestava muita atenção ao espetáculo que o sol fazia enquanto ele se despedia de Barcelona para iluminar o outro lado da Terra, seus pensamentos estavam vagueando por momentos maravilhosos que aquele mesmo sol que se despedia havia presenciado, como se pudesse piscar para o sol e dizer “segredinho nosso”, Lilian sorriu e desviou os olhos do horizonte, voltando-se a conversa animada que rolava em volta da mesa.


Parecia que todos haviam tido noites ou manhãs tão boas quanto a dela, pois tanto as meninas como os marotos pareciam estar exibindo um sorriso muito mais feliz do que quando chegaram, ou talvez fosse o efeito de seu dia maravilhoso a fazendo ver amor em tudo a sua volta. Provavelmente fosse isso, mas ainda assim ela pensava que suas amigas estavam meio radiantes como o sol que ia se pondo.


— Eu falei que esse lugar era um paraíso, Remo. – Sirius piscou marotamente e riu, acompanhado de Remo. Lilian que estivera entretida em seus próprios pensamentos não entendeu muito, mas achou melhor nem tentar entender. Marotos, quanto menos você entendesse-os, melhor você viveria. E menos problemas você teria. E menos preocupação. Menos dor de cabeça. Bom, acho que você entendeu né.


— Falando em paraíso, eu vi um museu muito legal aqui que poderíamos ir. – Disse Lia animada, mas os meninos reprimiram uma careta que fez a loira revirar os olhos.


— Museu? Que isso, loirinha, estamos em Barcelona, poxa. – Aquilo queria dizer alguma coisa como ‘estamos em Barcelona a cidade dos solteiros então vamos aproveitar’? Se sim, ela não gostava nada daquilo.


— Sirius, a vida não é feita só de balada sabe...


— Balada? Eu não estava falando em balada, mas se você quiser ir, quer dizer. – Ele deu um sorriso maroto exuberante que fez algumas meninas que passavam por perto olharem para ele e rirem baixinho, virando o pescoço varias vezes para olhar para trás e piscarem para Sirius.


Sirius! – Lia deu um tapa no braço de Sirius que fez o maroto rir roucamente, o que mais parecia um latido engraçado. Alguma coisa tinha ali, Lilian podia sentir isso, a maneira como eles estavam. Ela sorriu feliz pela amiga, talvez a noite tivesse sido tão boa para Lia quanto tivera sido para Lilian.


— Sabe, eu andei pensando num jeito de aproveitarmos Barcelona de um jeito mais digno de Barcelona. – Lilian não entendeu praticamente nenhuma palavra do que dissera Thiago, mas aquilo parecia ter feito sentido para Sirius, que arregalou os olhos e disse um sonoro “Ta brincando, Pontas”, tão alto que fez varias pessoas a volta olharem feio para eles.


Um garçom aproximou-se trazendo algumas bebidas, estavam, aliás, em um dos restaurantes do hotel, onde as paredes a frente eram todas de vidro e a paisagem do mar ocupava toda a extensão. Seria um lugar maravilhoso para um jantar romântico a luz de velas.


— Acha mesmo que eu perderia isso, Almofadinhas? – Thiago ergueu a mão segurando o que Lilian pensou ser ingressos. Oba, iriam assistir algum show?


— Ah que legal, vai ter show na cidade? – Indagou Patsy empolgada, fazendo Thiago, Remo e Sirius olharem para ela como se pensassem ‘sério mesmo que ela não sabe o que é isso?’


— Jura? Ah eu adoro ir em shows, tomara que seja de algum cantor bem legal. – Aquilo pareceu ofender os meninos, o que fez Lilian quase rir. Meninos.


— Show? Vocês tão loucas? Isso aqui são ingressos para o jogo do Barcelona. – Sirius que rapidamente pegara um dos ingressos, olhou para o pedaço de papel que exibia cores entre azul e vinho e beijou o pedaço de papel como se aquilo fosse uma garota pela qual ele era completamente apaixonado.


— Jogo? – Lia indagou com uma voz que deixava quase nítido “Vocês vão mesmo nos obrigar a assistir jogo de futebol quando estamos em Barcelona??”


— Jogo. – Os olhos de Sirius e Thiago brilharam e Lilian percebeu, sorrindo, que Lia não iria tentar fazê-los mudar de ideia, aquilo parecia deixa-los mais feliz do que elas ficavam quando faziam compras. Vai entender.


Eles mal terminaram o jantar, pois desde que Thiago finalmente mostrara os tais ingressos Sirius não deu paz dizendo que era melhor irem antes que perdessem os melhores lugares. Existe melhor lugar num estádio? Lilian duvidava disso, mas vai saber, ela não entendia patarrufas de estádio e jogo de futebol. Então melhor eles irem né antes que Sirius desse a luz a sua cria.


O estádio ainda estava meio vazio quando chegaram e eles sentaram no alto de uma das arquibancadas do meio, na lateral do campo. O estádio era imenso e muito mais bonito que qualquer estádio do Brasil, isso Lilian tinha certeza sem nem mesmo ter ido a nenhum estádio no Brasil.


Sirius estava eufórico e Thiago não parava de rir, enquanto os dois falavam sem parar sobre varias coisas de futebol que as meninas estavam literalmente boiando, por que incrivelmente, até Remo entrara animado na conversa. Meninos.


— Cara, eu não acredito, isso aqui é Barcelona e Real Madrid. Eu devo ta sonhando. – Disse Sirius empolgado, antes de Lia mostrar-se prestativa.


— Quer que eu te belisque? – E sem pensar ela deu um beliscão em Sirius que gritou um “Ai”, que fez Thiago e Remo rirem.


Lia! – Sirius massageava o braço enquanto a loira ria, acho que ela tinha gostado de fazer aquilo. Coitado do Sirius se ela aperfeiçoasse essa tática. – Porra, doeu.


— Sinal de que você não esta sonhando, Sirius. – disse Patsy, rindo do maroto que fez uma cara feia e revirou os olhos, olhando feio pra Lia, que gargalhou ainda mais.


— Acho que eu vou torcer pro Real Madrid. – Disse Lilian animada, e Thiago olhou confuso pra Lilian como se ela tivesse comido alguma coisa estragada que afetara seu cérebro.


— Ta louca, Lilly? Você vai torcer pro Barcelona, como eu. – Ele sorriu, passando a mão pelos cabelos, e Lilian revirou os olhos.


— Não senhor, eu vou torcer pro Real Madrid. – Disse ela convencida.


— A não ser que você queira morrer, Lilly, você está no meio da torcida do Barcelona, se você torcer pro Real Madrid aqui... – Começou Remo, olhando a volta como se temesse que alguém entendesse o que ele estava falando.


— É, Lilly, eu não vou poder defender você de uma torcida imensa. – É não tinha jeito, ela ia ter que torcer pro Barcelona.


— Eu vou torcer baixinho, ninguém vai nem saber. – Disse Lilian, exibindo um sorriso satisfeito que fez Thiago gargalhar. Aquela era Lilian Evans.


Num ímpeto ele a puxou pela cintura e a beijou intensamente, fazendo a ruiva surpreender-se e arquejar, envolvendo o pescoço do maroto e retribuindo o beijo, apaixonada. Os amigos olharam e riram, e Sirius não perdeu a deixa de azucrinar Thiago bagunçando o cabelo do maroto e enfiando o dedo no ouvido de Thiago para atrapalhar o beijo.


— Sirius. – Advertiu Lia, olhando com carinha de brava pra Sirius. – Deixa eles.


Sirius exibiu seu melhor sorriso maroto.


— Quer um também, loirinha? – Ela gargalhou e Sirius a enlaçou pela cintura, selando seus lábios aos macios lábios da loira, enquanto o estádio começava a tremer e uma gritaria ensurdecedora invadia o estádio Lluis Companys, fazendo Sirius sorrir entre o beijo antes de selar os lábios dele ao da loira e murmurar baixinho. – Só pra dar sorte.


Sirius piscou lindamente, e então voltou toda sua atenção ao campo de futebol enquanto o time do Barcelona adentrava o campo.


 


 


O jogo estava empatado, zero a zero, mas parecia que os dois times estavam tentando se empenhar para ganhar o jogo, pois Sirius e Thiago não paravam de gritar e xingar os jogadores. Lilian, Lia e Patsy que tentavam entender gostaram mais da parte de xingar os jogadores quando eles não faziam gols ou perdiam a bola, o que os meninos nem reclamaram.


— Esse cara é um perna de pau. – Disse Lilian, que agora parecia mais entusiasmada com aquilo, nem se lembrava mais que torceria pro time adversário da casa. – VAI SEU LERDO, CHUTA A BOLA.


A bola chutada pelo lerdo do jogador chamado Messi, passou raspando na trave e foi direto pra torcida atrás do gol, fazendo o estádio inteiro gritar “HUUUUUUUUU”, e olhar desanimados o goleiro do Real Madrid pegar uma bola com o gandula para recomeçarem tudo de novo.


Thiago olhou pra Lilian e começou a rir, enquanto Sirius deixava escapar:


— Lilly aquele jogador é o Messi, o melhor jogador do mundo. – Mas Sirius teve que se conformar ao perceber que para Lilian, aquilo não fazia a menor diferença.


— Mas é um lerdo do mesmo jeito. – Disse a ruiva, Thiago gargalhou e fez um gesto de ‘sinto muito’ pra Sirius, que deu de ombros, vencido.


O juiz apitou no meio de campo e os jogadores saíram cansados para o intervalo do primeiro tempo, o que na verdade era ótimo por que todos estavam começando a ficar cansados e famintos também.


As meninas se queixaram de fome e os meninos se entreolharam.


— Ok, vamos comprar algo pra comer. – Disse Sirius se levantando da arquibancada e seguindo em direção a passagem entre as cadeiras que levava ao fundo onde um corredor levaria para uma área aberta onde muito provavelmente estariam vendendo coisas para comer, mas nada muito saudável, com certeza.


— Vão comprar o que? – Lia encarou Sirius, que deu de ombros e riu, fazendo a loira revirar os olhos.


— Comida de torcedor. Vocês vão ver. – Ele deu uma piscadinha sexy e Lia riu, revirando os olhos.


As meninas começaram a conversar sobre as compras que queriam fazer na cidade no dia seguinte, afinal de contas, não haviam tido tempo ainda para as deliciosas compras e naquela cidade, com todas as lojas maravilhosas de Barcelona a disposição, estavam perdendo tempo demorando tanto para fazerem aquela terapia, afinal de contas, não havia nada no mundo melhor para uma mulher do que sair as compras.


Os meninos voltaram logo carregando cachorros quentes e latas de coca-cola e quando sentaram em volta das meninas distribuíram os lanches.


Apesar de terem jantado antes de irem para o jogo, todos estavam famintos e atacaram os lanches com satisfação.


Thiago que acabara de dar uma mordida no seu cachorro quente e o saboreava, quase se engasgou quando observou Lilian comendo. Ela parecia bem atrapalhada com o cachorro quente, tentando manter o lanche seguro entre a mão ela dava uma mordida que parecia ser mais pros lados do que no próprio cachorro quente, era como se ele estivesse tentando fugir dela, e numa dessas tentativas de fuga, um rastro de mostarda impregnou o canto dos lábios de Lilian, que não pareceu notar tão fato.


Thiago engoliu rapidamente o pedaço de seu lanche e riu, aproximando-se de Lilian, que virou o rosto para encara-lo, erguendo a sobrancelha, como se indagasse qual era o motivo daquele sorriso brincalhão no rosto dele.


Sem  esperar uma pergunta ou mesmo pretendendo dar uma resposta a pergunta silenciosa de Lilian, Thiago ergueu a mão, levando o dedo ate o canto do lábio de Lilian que sentiu o coração palpitar mais forte no peito e as mãos que seguraram o cachorro quente suarem frias. Thiago passou o dedo levemente pela mostarda borrada no canto do lábio de Lilian e seguiu com o dedo direto no nariz da ruiva, rindo em seguida ao ver a obra de arte que fizera.


Thiago! - Percebendo a arte do maroto, Lilian riu, passando nada discretamente o dedo na mostarda de seu cachorro quente e enchendo a ponta de um viscoso tom amarelado, que fez Thiago erguer a sobrancelha e gargalhar brincalhão.


— Eu não comeria esse lanche. – Ele disse percebendo a ruiva erguer a mão em direção ao seu nariz antes de sentir uma coisa melequenta e quente desliza pelo mesmo, gargalhando enquanto a ruiva sujava o nariz do maroto de mostarda, e Thiago teve certeza que ela o sujara muito mais do que ele a ela.


— Ah é assim? – Thiago enfiou o dedo no lanche de Lilian que exclamou entre risonha e indignada.


— Hey, meu lanche. – Mas Thiago não estava nenhum pouco preocupado com o lanche de Lilian, agora ele passava a ponta de dedo cheia de mostarda pelo rosto da ruiva, fazendo dois risquinhos de cada lado da bochecha da ruiva, que fez uma cara de brava pro maroto que gargalhou, desviando rapidamente enquanto uma raivosa, entre aspas, Lilian atacava Thiago com os dedos melecados de mostarda, tentando deixar sua marquinha no lindo rostinho do maroto.


Eles gargalharam enquanto Thiago se livrava da mão de Lilian, mas quando ele parou um segundo para olhar aquele rostinho lindo, todo sujo de mostarda, ele esqueceu-se completamente de qualquer outra coisa. Esqueceu que estavam brincando de guerrinha de mostarda, esqueceu-se que estava num estádio de Barcelona, vendo um jogo do Barcelona, esqueceu que seus amigos estavam a volta, e esqueceu talvez até quem ele era, a única coisa que ele pensava era em Lilian e no quanto ela era linda e a única coisa da qual ele lembrava, mas tinha certeza que queria ter uma lembrança muito mais nítida, era do gosto do seu beijo.


Sem pensar em nada, Thiago segurou o rosto de Lilian e a beijou intensamente, deixando seus lábios envolverem os dela de forma intensa. Ele sentiu as duas mãos de Lilian em seu rosto e pensou que agora ficaria todo sujo de mostarda, mas não se preocupou nenhum pouco, tudo que ele queria era beija-la, sentir aqueles lábios maravilhosos  nos seus, sua língua, seus lábios, seu hálito delicioso, suas mãos que o deixavam desnorteado quando agarravam seus cabelos e se perder em todas aquelas sensações que o fazia esquecer-se do universo. Tudo que ele queria era Lilian.


— Hummmmm. – Uma voz debochada ecoou perto demais do ouvido de Thiago, parecendo um mosquitinho chato, ele sentiu os lábios de Lilian se repuxando num sorriso quando o mosquitinho irritante começou a ecoar perto de seus ouvidos uma musiquinha irritante como ele. – Ta namorando, ta namorando.


Lilian riu entre o beijo e Thiago suspirou, beijando Lilian mais intensamente enquanto erguia uma das mãos no ar, mostrando o dedo do meio para Sirius que gargalhou, então todos seus sentidos voltaram para Lilian e sua boca, sua língua, seus lábios e o toque de seus dedos em sua nuca eriçando seus pelos e fazendo Thiago desejar apenas uma coisa e nada mais. Lilian Evans.


 


 


O jogo acabara e Thiago mal se lembrava do segundo tempo, talvez por que passara o segundo tempo inteiro mais interessado em Lilian do que no jogo, o que Sirius não pareceu gostar muito. Quem havia ganhado? Barcelona? Messi tinha feito um golaço? Sério? Segundo Sirius, Thiago parecia ter perdido muita coisa, mas para Thiago, ele não havia perdido absolutamente nada, com tal pensamento ele sorriu, desviando os olhos para olhar a ruiva que tinha o rosto agora com camadas amarelas secas no rosto, o que o fez rir consigo mesmo. Estava ainda mais linda, sem se conter ele a puxou pela cintura, aproximando o corpo de Lilian do seu e a beijou apaixonadamente.


A saída do estádio foi tranqüila até a metade do caminho, quando pareceu que todo mundo queria sair pelo mesmo lugar, Thiago percebeu que talvez demorariam mais do que o normal para alcançar a saída, mas tendo Lilian de mãos dadas com ele, ele não se importava muito com o tempo que demorariam para sair dali, desde que ela continuasse ao seu lado, a poucos centímetros de seus braços, próxima o bastante para que ele pudesse roubar quantos beijos quisesse, ele não se importava com mais nada. Remo e Patsy aproximaram dos dois, observando a multidão que se espremia pela saída.


— Acho melhor esperarmos. – Disse Remo, abraçando Patsy e voltando os olhos para Thiago que acenou com a cabeça.


— Vamos voltar pra arquibancada e quando a muvuca diminuir, a gente sai. Vem, Lilly. – Thiago puxou Lilian pela mão em direção a arquibancada atrás deles, onde algumas poucas pessoas também aguardavam.


Lilian e Thiago seguiram entre as cadeiras da arquibancada logo atrás de Remo e Patsy que se sentaram nas ultimas fileiras, no alto das arquibancadas.


O campo de futebol já se encontrava deserto, a não ser por alguns jornalistas e cinegrafistas que registravam os últimos momentos no estádio para no dia seguinte a noticia da vitória do time do Barcelona agitar o mundo inteiro. Mas ninguém parecia estar prestando atenção aos cinegrafistas e repórteres, conversas paralelas das poucas pessoas que resolveram esperar, assim como Thiago e os amigos, ressoavam a volta, tornando o murmurinho impossível de prestar atenção também as conversas alheias.


Lilian sentou-se ao colo de Thiago que abraçou a ruiva e sorrio, retirando uma mecha de cabelos ruivos do rosto sujo de mostarda ressecada. Estava linda e Thiago sentia uma vontade de repetir isso a ela mil vezes consecutivas, estava prestes a começar a contagem quando alguém lhe tirou de seu transe. Sirius.


— Pontas... – Sirius descia correndo os poucos degraus que levariam até as arquibancadas onde Thiago estava com Lilian, Patsy e Remo. Estava ofegante e parecia que algo havia acontecido, mas a primeira vista Thiago sequer notou qualquer coisa, pois imediatamente revirou os olhos e voltou a atenção pra Lilian, acariciando o rosto da ruiva.


— Vamos esperar aqui, Almofadinhas, não to afim de ser piso...


— Vocês viram a Lia? – As palavras de Thiago morreram quando a frase de Sirius ecoou alto o suficiente para chamar a atenção de todos os amigos à volta.


— Como assim? Ela não estava com você? - Lilian que permanecia no colo do namorado, imediatamente encarou Sirius seriamente.


— A gente tava saindo junto, mas ela se perdeu de mim, quer dizer, eu nem sei como, ela tava comigo e no segundo seguinte ela tinha sumido.


Sirius! – A voz de Lilian saiu como uma bronca de mãe ao ver que o filho tinha comido a sobremesa antes da hora. – Eu não acredito que você deixou a Lia se perder.


— Eu não tenho culpa, ela tava do meu lado, segurando minha mão e de repente ela tinha sumido, o que você quer que eu faça?


— Que ache ela. – Lilian escorregara do colo de Thiago e agora estava em pé com as mãos a cintura encarando Sirius seriamente.


— Calma, Lilly, a gente vai achar ela. – Thiago levantou-se e abraçou Lilian devagar pela cintura com medo da ruiva bancar a nervosinha com ele também.


— Ela sabe o nome do hotel onde estamos, não sabe? Talvez ela vá direto pra lá. – Disse Remo, que se levantara e segurava a mão de Patsy.


— Por que não ligamos pra ela? – Sugeriu Patsy, mas Sirius negou rapidamente a cabeça.


— Já tentei, da caixa postal.


— Vamos nos separar. – Disse Thiago, segurando a mão de Lilian e se encaminhando em direção ao corredor entre as fileiras das arquibancadas que os levariam de volta a saída do estádio.  – Eu e a Lilly, vamos procurar em direção a saída.


— Eu vou tentar onde eu estava com ela. – Disse Sirius já tirando o celular do bolso e discando o numero de Lia para mais uma vez tentar ligar para a loira.


— Nós vamos procurar nos banheiros. – Disse Patsy caminhando também em direção ao corredor entre as arquibancadas, com Remo logo atrás de si.


— Se acharem ela, me liga. – Sirius saiu rapidamente voltando em direção a saída e se perdendo na multidão que ainda se espremia em direção as saídas do estádio


Thiago segurou firme na mão de Lilian e combinou com Remo de se falarem entre si pelo telefone em cada lugar que procurarem, se achassem ou não Lia, assim poderiam saber onde já a procuraram, e saíram todos em busca de Lia pelo estádio Lluis Campany.


 


A saída do estádio estava repleta de torcedores, uma imensa massa colorida de azul, com listras amarelas e vermelhas se estendia a frente tornando a primeira vista todos iguais. Lia estava perdida entre aquela multidão de torcedores do Barcelona, não sabia nem como se perdera de Sirius, mas em questões de segundos ela se viu sozinha e perdida entre aquela muvuca que alegre se esgueiravam por entre dois portões enormes em direção a uma imensa praça que rodeava todo o estádio, na verdade não era bem uma praça, mas era como Lia rotularia o lugar.


Lia saiu perdida entre as pessoas, precisava encontrar Sirius e os amigos, mas quando tirou o celular do bolso, constatou para seu azar que estava sem bateria. Ótimo. Pensou consigo mesma. Perdida em Barcelona com o celular descarregado.


Pelo menos estava em Barcelona e isso deveria bastar para não se sentir em pânico, se estivesse perdida entre torcidas de futebol no Brasil, daí sim, ela deveria começar a entrar em pânico, seguido de choque.


Por entre a multidão, Lia andou tentando procurar Sirius, talvez devesse esperar próxima a alguma barraquinha de lanches mais a frente e observar a multidão de onde ela poderia vê-los melhor quando saíssem e talvez os amigos a vissem, mas a cada passo entre a multidão, Lia mais rapidamente chegava a conclusão que nem de helicóptero sobrevoando baixo sobre todas aquelas cabeças, nem assim talvez avistasse os amigos.


Era melhor voltar ao hotel, ela pensou e seguiu caminhando entre a multidão, um espaço menos povoado foi se estendendo a frente, todo mundo parecia estar mais concentrado logo a saída do estádio como se parassem para conversar a respeito do jogo, por isso Lia seguiu entre o caminho menos cheio, onde poderia olhar melhor os rostos que passavam por ela e tentar se localizar até encontrar um taxi que a levasse para o hotel.


No meio do caminho, Lia parou, talvez estivesse vendo demais, talvez fosse fruto de sua imaginação, mas ela tinha quase certeza que o garoto parado a frente era Sirius, abraçado à outra garota e a beijando.


Como se uma faca invisível penetrasse seu coração, Lia sentiu uma dor gigantesca quase fazê-la perder o ar, uma dor profunda se instalava acima do coração e ela tinha dificuldades de respirar enquanto seus olhos enchiam-se d’água.


Não era possível que depois de terem tido um dia maravilhoso, dele ter dito tudo o que lhe dissera, não era possível que ele seria capaz de fazer aquilo.


Mas Lia não quis ficar para ter certeza, em passos rápidos ela saiu correndo dali, para o mais longe possível, não conseguiria ficar vendo Sirius agarrado em outra garota, a dor que aquela imagem lhe causava era forte demais para suportar e fugir parecia ser o único balsamo imediato.


 


Sirius não saberia dizer para quantas pessoas o estádio tinha capacidade, mas ele começava a desconfiar que a grande maioria escolhera mesma saída para saírem do estádio. Uma massa gigantesca de pessoas ocupavam a saída e a frente do estádio, impossibilitando a Sirius reconhecer qualquer pessoa, ele já estava começando a pensar que procurar Lia ali poderia levar a noite inteira, ate todos resolverem irem embora e não sobrar ninguém além dele próprio e os amigos, procurando uma Lia que poderia ter desistido de ficar ali e ter ido embora também, o que só os fariam perder tempo, mas enquanto a multidão ainda era grande, ele decidira que seria melhor procurar a loira até que desistisse e resolvesse para verificar o hotel.


A multidão pela qual Sirius se espremia comemoravam animadas a vitoria do time do Barcelona, Sirius queria estar fazendo a mesma coisa, pensou consigo mesmo, por isso ele passou a correr entre a multidão gritando o nome de Lia para se caso ela o ouvisse, o que ele já estava começando a achar que não aconteceria.


Quando Sirius parou em meio a multidão, ofegante, ele viu algo lhe chamar a atenção, mexas loiras reluzia pela luz forte dos postes altos entre a multidão. Sem pensar duas vezes Sirius correu em direção aos cabelos louros, poderia não se Lia, mas também poderia ser ela e ele não podia deixar de verificar.


— Lia! – Ele chamou quando estava a alguns metros de distancia da garota, mas quando a garota se virou e o encarou sorrindo, Sirius parou, ofegante e sorrindo meio sem graça, aquela não era Lia.


— Hi. -  A menina sorriu e Sirius respirou fundo, definitivamente aquela não era Lia. Havia sido então impressão dele de que alguém olhara quando ele chamara o nome da loira?


— Sorry, sorry, I confused you with my girlfriend.
(desculpe, eu confundi você com minha namorada)


A menina deixou escapar um risinho, que fez Sirius pensar que ela estava dando moral pra ele. Ela deu alguns passos a frente, se aproximando mais do que Sirius esperava e sorrindo de maneira sensual, que fez Sirius pigarrear.


—  I’m don’t your girlfriend, but if you want I can be.
(Eu não sou sua namorada, mas se você quiser, eu posso ser.)


Sirius sorriu sem graça, claro que seria bem legal uma garota bonita como aquela dando moral pra ele, mas ele não queria aquela garota, ele queria a garota que acordara em sua cama naquela manhã e que fizera seu dia ser muito melhor do que ele imaginava ser capaz.


— Han, Of course, I mean, no, no, I have a girlfriend and I need to find her. On the way out I lost her and … - (han, claro, quer dizer, não, não, eu tenho uma namorada e preciso encontrar ela. Na saída eu perdi ela e...)
 Sirius parou quando percebeu que a menina não parecia muito interessada em saber como e quando ele perdera a namorada, na verdade ela não parecia nenhum pouco interessada em saber se Sirius tinha mesmo uma namorada ou não, pois ela sorria de uma maneira bem mais sensual e passava as mãos envolta do pescoço de Sirius fazendo o maroto, pigarrear.


— Is serious, I can’t, I have a girlfriend... (é serio, eu não posso, eu tenho uma namorada...)


– Ele engoliu em seco quando a menina o ignorou e selou seus lábios aos dele. Que droga, pensou Sirius, por que essas coisas não aconteciam quando ele estava realmente sozinho e sem ninguém que poderia encontra-lo daquele jeito com outra e estragar todo seu dia?


— Forget your girlfriend... (esqueça sua namorada) – A voz da menina soou baixa e muito próxima dos lábios de Sirius, mas aquilo não estava certo, será que todas as meninas de Barcelona eram atiradas desse jeito?


Sirius retirou imediatamente o pensamento que, se fossem todas assim ele se mudaria pra Barcelona no mesmo instante, não era o momento para paqueras e pegações com desconhecidas, ele precisava encontrar Lia.


Quando Sirius segurou a menina pelos braços, prestes a afastar a menina de si, ele teve a nítida sensação de que Lia estava ali, olhando para ele naquele instante enquanto aquela menina o agarrava, e rapidamente ele segurou a menina pelos braços afastando-a dele para olhar para o lado e constatar, ao ver as mexas de ouro correndo entre a multidão, que talvez não precisasse mais procurar Lia, ela já o encontrara.


 


 


Lia não queria ficar ali mais nenhum segundo, nem naquele estádio, nem naquela cidade, nem naquele país, ela queria sumir dali e nunca mais voltar. Seus pés corriam em meio às pessoas sem sequer prestar atenção aos rostos que passavam por ela, nem no caminho que ela fazia, não conseguia prestar atenção a nada, a única coisa que ecoava em sua mente era ir embora dali e esquecer o que vira, tentar era a palavra certa, tentar esquecer o que vira, o que ela sabia demoraria um bom tempo para acontecer. Aquela imagem já estava impregnada em sua mente causando em seu estomago uma reviravolta que quase a fazia vomitar.


Rapidamente ela alcançou um taxi e fez sinal ao mesmo, no instante em que ela ouvia a voz dele ecoando mais alto do que o barulho de musica que vinha de algum lugar.


— Lia! – Era ele, ela sabia que era ele, reconheceria aquela voz em quaisquer circunstancias de sua vida, mas ela não pararia para observar aquele rosto, não teria coragem suficiente diante de toda a raiva e dor que ela sentia. Ele a enganara, mais uma vez, ele a enganara e a fizera de boba e ela já não sabia se seria capaz de suportar encara-lo novamente, não pelos próximos cinquenta anos.


O taxi parou e Lia abriu a porta se esgueirando pra dentro do taxi rapidamente.


— The W Hotel, please. (O W hotel, por favor) – Sirius alcançou o taxi no minuto em que o motorista pisava no acelerador. As mãos do maroto bateram contra o vidro da porta onde Lia estava sentada e seus olhos se encontraram com os olhos avermelhados de Lia por um segundo. As lagrimas rolavam pelo rosto de Lia, e Sirius apertou as mãos contra o vidro, um segundo parecera uma eternidade, uma eternidade que ele queria que tivesse dado tempo suficiente dele abrir aquela porta e tirar Lia dali e dizer-lhe que nada do que acontecera era o que ela imaginava, mas será que resolveria alguma coisa? Será que Lia acreditaria em Sirius depois de o ver com aquela louca o agarrando? Era impossível e Sirius sabia disso, seu passado o condenava por isso Lia nunca acreditaria nele.


O motorista do taxi acelerou, obrigando Sirius a dar alguns passos para trás e obervar o carro partir em velocidade, levando Lia para longe de si.


O rosto, os olhos vermelhos, as lágrimas escorrendo pela face de Lia, impregnavam a mente de Sirius, como se aquela imagem tivesse sido pregada a sua mente. O que aconteceria agora? Era bem provável que Lia não quisesse mais vê-lo, e isso a faria querer ir embora da cidade, Sirius precisava fazer alguma coisa.


Rapidamente ele correu até um taxi que vinha atrás, parando a frente e batendo as duas mãos ao capo do carro, que parara bruscamente quase atropelando o maroto. Sirius esgueirou-se para dentro do taxi, pedindo ao motorista que chegasse o mais rapidamente possível ao hotel, ele precisava chegar lá antes que Lia fosse embora e nunca mais quisesse falar com ele.


 


It's probably what's best for you
É provavelmente o que é melhor para você

I only want the best for you
Eu só quero o melhor para você

And if I'm not the best then you're stuck
E se eu não sou o melhor, então você está preso


 


Lia não saberia dizer com que rapidez o carro chegara ao hotel, e também não saberia dizer como chegara ao apartamento em que estava hospedada, a única coisa que ela sabia era que seus olhos estavam embaçados pelas lagrimas que insistiam em cair de seus olhos, escorrendo por seu rosto e caindo sobre as roupas que ela guardava rapidamente dentro da mala, era bem provável que esqueceria muita coisa, mas isso não era muito importante no momento, ela poderia ligar para Lilian depois e pedir pra amiga verificar o que ela havia esquecido, a única coisa que realmente importava naquele momento era ir embora dali o mais rapidamente possível, antes que ele... Os pensamentos de Lia morreram quando o barulho de porta se batendo se fez presente, um pânico desesperado de sair dali antes de vê-lo acomodou-se pesadamente sobre seu estomago e Lia fechou a mala o mais rapidamente que pôde, pegando a bolsa de ombro e a colocando atravessada ao corpo, pegando a mala em seguida e saindo do quarto, mas quando Lia saiu do quarto e deu um passo adentro da sala, ela parou, não conseguindo dar mais um passo sequer. Sirius estava parado no meio da sala.


 


I tried to sever ties and I
Tentei cortar os laços e eu


Ended up with wounds to bind
Acabei com ferimentos para atar


Like you're pouring salt in my cuts
Como se você estivesse derramando sal em meus cortes


 


— Lia. – Ele começou, mas Lia deu passos decididos à frente. Passaria por ele, alcançaria a porta e seguiria direto ao aeroporto, pegando o primeiro avião para o Brasil. – Lia, por favor.


Lia seguiu em direção à porta, passaria por Sirius num segundo, mas o maroto foi mais rápido, deu dois passos para o lado parando a frente da loira, que se desviou, tentando passar pelo outro lado, mas Sirius deu mais alguns passos para o outro lado, parando a frente de Lia que bufou irritada.


— Sai da minha frente. – Ela o encarou, não desejava fazer aquilo, não queria ter que encarar aqueles olhos acinzentados, ela sabia que tudo dentro dela desabaria quando olhasse para aqueles olhos, e foi com um grande afundamento de seu estomago que ela viu aqueles olhos a encarando piedosamente. Como ele tinha coragem de olhar pra ela daquele jeito depois do que tinha feito? As lagrimas borraram mais sua vista e Lia abaixou os olhos, seu coração era esmagado pela dor da decepção, ele mais uma vez a enganara e ela não conseguia encara-lo sem pensar nisso. Como pôde ser tão burra?


Lia se desviou, passando por Sirius e indo em direção à porta, mas ele a segurou pelo braço a puxando de volta e Lia num gesto agressivo puxou o braço tentando se soltar de Sirius.


— ME SOLTA. – ela puxou o braço, sem conseguir se livrar de Sirius que era mais forte do que Lia.


— Não até você me ouvir, Lia. – Os olhos dele pareciam aflitos quando Lia os observou mais uma vez, mas isso não a amoleceria, nada do que ele dissesse a amoleceria. Ele ia dizer o que? Que se arrependia? Tarde demais, tarde demais para qualquer coisa. Ela não acreditaria mais nele.


— Ouvir o que Sirius? Não preciso ouvir nada depois do que eu VI. – ela puxou o braço com força se soltando de Sirius e caminhando mais apressada em direção à porta, carregando a mala de rodinhas em uma das mãos para chegar mais rápido ao elevador. Mas ela não conseguiria sair dali tão fácil, pelo jeito.


Muito mais rápido do que Lia, Sirius atravessou a sala e parou em frente à porta, impossibilitando que Lia saísse por ali.


— Lia, por favor, eu não tenho culpa, eu juro, eu achei que aquela menina fosse você e...


— E não perdeu a chance de agarrar ela? Ah que comovente, ela devia ser muito parecida comigo então né, ou você esta precisando de óculos. - Sem se importar com o fato de Sirius estar parado a porta, Lia seguiu em direção a ele, empurrando-o, tentando fazer Sirius sair da passagem para que ela seguisse seu caminho, mas Sirius não era tão leve assim.


— Ela me agarrou. – Lia parou a frente dele, deixando escapar uma gargalhada irônica que Sirius não gostou de ouvir, aquilo o partia por dentro, o fazia sentir uma vontade imensa de provar de algum jeito a Lia que ele estava mesmo falando a verdade.


— Claro, Sirius, você é mesmo super irresistível. – Talvez ele fosse mesmo, ele pensou, senão por que aquela garota o tinha agarrado sem ele nem ter falado com ela direito?  Lia deu mais alguns passos tentando passar por Sirius, mas ele impediu, segurando-a pelos braços, ele empurrou-a em direção a parede ao lado da porta, fazendo a loira soltar a mala e deixar-se ser prensada a parede, mesmo que contra sua vontade.


— Por que você nunca acredita em mim? – As palavras dele saíram cheias de raiva enquanto seus olhos encaravam os olhos azuis de Lia, profundamente.


Como você quer que eu acredite em você Sirius? Eu VI você beijando aquela menina.


— Ela me agarrou, Lia, eu juro. Acredite em mim pelo menos uma vez. – Lia tentou se livrar das mãos de Sirius, mas ele colou o corpo dele ao dela, seu corpo encaixando-se no dela, prensando as pernas a dela, impedindo que ela saísse dali.


— Me solta, Sirius. Se não eu vou gritar. – Sirius negou com a cabeça e Lia tentou empurra-lo, socando as mãos fechadas contra o peitoral do maroto, as lágrimas caindo fartamente por seu rosto. – Como pôde? Depois de tudo que passamos hoje, como teve coragem de ficar com outra garota?


 Os braços de Lia amoleceram sobre o peitoral de Sirius, desistindo de lutar enquanto seu corpo era acometido pelo choro e pelas lagrimas que rolavam fartamente por seu rosto e embaçavam sua vista. Como? Como ele tivera coragem de ser tão canalha daquele jeito?


— Lia. – A voz de Sirius saiu baixa e carinhosa, enquanto ele segurava o rosto da loira com as duas mãos, fazendo-a encara-lo e ver um Sirius disforme a sua frente por causa das fartas lágrimas que se formavam em seus olhos azuis, agora avermelhados.


— Eu juro, pelo que você quiser, eu juro, eu chamei achando que era você e quando eu vi que não era, eu pedi desculpas, mas a menina veio pra cima de mim e eu não tive reação. Desculpa, Lia, mas eu não fiz nada, eu juro...


— Canalha. – Lia sentiu sua mão fechada em punho socando o peito de Sirius. – Como tem coragem de mentir pra mim ainda por cima? Não é nem homem de assumir as coisas que faz?


— EU NÃO FIZ NADA, LIA, MAS QUE DROGA! – Sirius soltou o corpo de Lia, dando vários passos pra trás e grudando as mãos aos cabelos, nervoso, andando de um lado para o outro furiosamente, enquanto o sangue corria quente por suas veias. Por que ela nunca acreditava nele? - Por que você nunca acredita em mim?


Ele parou, encarando-a enquanto Lia, ofegante pelo choro, o olhava sentindo as  lagrimas rolarem por seu rosto. Com a voz rouca, ela disse quase num sussurro.


— Por que é isso que você sempre faz Sirius. Como quer que eu acredite em você, se você sempre faz as mesmas coisas? – Ela soluçou, se afastando da parede e pegando a mala, seguindo até a porta, Sirius ficou pregado ao chão, olhando pra parede onde Lia estivera segundos atrás.


 


And I just ran out of band-aids
E eu já nem tenho mais band-aids


I don't even know where to start
Eu não sei nem por onde começar


Cause you can't bandage the damage
Porque você não pode curar o estrago


You never really can fix a heart
Você nunca pode realmente consertar um coração




Lia parou a porta e olhou para Sirius.


— Eu queria acreditar em você, eu queria acreditar que tudo o que você disse hoje de manhã era verdade, queria acreditar que você mudara, mas acho que me enganei completamente. Mais uma vez.


Lia saiu e Sirius ficou ali, parado, sem conseguir acreditar no que estava acontecendo. Como ele conseguia estragar as coisas de tal maneira? Como ele poderia perdê-la agora que conseguira conquista-la? Como poderia deixa-la acreditar que nada do que tiveram era verdadeiro e significativo pra ele?


Num átimo, Sirius voltou a si e correu em direção a porta, seguindo até o elevador que se encontrava fechado, a luz que indicava para onde o elevador estava seguindo apontava diretamente para baixo, Lia estava dentro dele, ele precisava alcança-la antes que ela fosse embora de vez.


Sirius se embrenhou pela escada, descendo de três em três degraus, o mais rapidamente possível, como um foguete ele desceu as escadas, até alcançar o andar de baixo e encontrar um elevador parado, adentrando o mesmo e pressionando milhares de vezes o botão do térreo, precisava encontrar Lia antes que ela fosse embora, precisava dizer a ela que tudo era verdade, que ele estava apaixonado por ela, que ele queria ela e ninguém mais, ele precisava dizer isso a ela, por que agora ele tinha certeza absoluta disso. Mesmo sem saber o que era o amor, ele sabia que a amava.


Quando o elevador finalmente abriu as portas exibindo o imenso átrio do prédio, Sirius disparou por ele com tanta velocidade que seu sapato escorregou por segundos pelo piso liso em direção a porta de vidro, que se não fosse automática, o teria feito se esborrachar de cara com ela.


Ele correu pra fora do hotel, saltando os degraus de entrada em direção à pequena ruazinha sem saída atrás do hotel, onde vários taxis ficavam parados a espera de turistas para alguns passeios pela cidade. Quando ele alcançou a rua, parado a calçada da mesma, seus olhos localizaram Lia pelas mechas loiras que brilhavam a luz do poste, enquanto ela abria a porta do carro para esperar dentro do veiculo enquanto o motorista guardava sua mala no porta-malas.


— Lia. – Sirius gritou, fazendo a loira olhar para o lado, com a porta do carro aberta, segurando a mesma e encarando um Sirius aflito que corria até ela.


— Fast, please. (Rápido, por favor) – Ela disse ao motorista, enquanto Sirius a alcançava rapidamente. Lia adentrou o carro, mas antes que ela fechasse a porta, Sirius foi mais rápido, segurando-a a tempo e impedindo Lia de fecha-la.


 


Even now I know what's wrong
Mesmo que eu saiba o que está errado


How could I be so sure
Como posso ter tanta certeza


If you never say what you feel, feel
Se você nunca diz o que você sente, sente


 


— Era verdade, Lia, tudo que eu te disse hoje de manhã era verdade. – Ele estava ofegante e seus olhos imploravam pra que ela acreditasse nele, pelo menos uma vez na vida, ela precisava acreditar nele.


— Sai daqui. – Lia puxou a porta, mas Sirius tentou impedi-la, segurando a porta com mais força e encarando Lia.


— Por favor, Lia, você tem que acreditar em mim. Eu não menti pra você em nada, nada do que aconteceu entre a gente foi mentira, nada do que eu disse era mentira.


Lia sentiu as lagrimas banhando sua pele abaixo do pescoço, onde as lágrimas caiam depois de rolar por seu rosto. Com força ela puxou a porta, obrigando Sirius a soltar a porta e bateu a mesma com força, olhando pra frente, tentando não olhar para  Sirius pela janela da porta do carro.


O motorista que observava a cena, atônito após ter fechado o porta-malas, deu a volta no carro seguindo a porta do motorista, parando a mesma, após abri-la e olhando pra Sirius meio confuso.


— Excuse me, Sr, you will go along? (Com licença, senhor, você vai junto?)


— Yes. – Disse Sirius apressadamente, mas a voz de Lia soou mais alta ao mesmo tempo, fazendo o motorista olhar de Lia para Sirius, confuso.


— No. – A voz de Lia era firme e Sirius engoliu a seco. - He don’t go (ele não vai) – Sirius encarou Lia pelo vidro do carro, mas ela continuava olhando a frente, ele podia ver as lágrimas rolando pelo rosto da loira.


— Lia, por favor, acredita em mim. – Lágrimas borraram sua vista.


O motorista percebendo que na briga do casal era melhor ele atender a mulher que já estava dentro do carro, resolveu entrar no mesmo, fechando a porta do motorista e dando partida no motor.


Sirius tentou abrir a porta de Lia, mas ela já a travara por dentro, sem escolha, Sirius colocou as duas mãos ao vidro da janela e falou alto o suficiente pra ela ouvir.


— Lia, por favor, acredite em mim, eu... eu amo você.


 


You must be a miracal worker
Você deve ser um fazedor de milagres


Swearing up and down you can fix
Jurando para cima e para baixo que você pode consertar


What's been broken yeah
O que foi quebrado, é


Please don't give my hopes up no no
Por favor não aumente minhas esperanças, não, não


Baby tell me how could you be so cruel
  me diga como você pode ter sido tão cruel?


It's like you're pouring salt on my cuts
É como se você estivesse derramando sal em meus cortes


 


 — Lia, por favor, acredite em mim, eu... eu amo você. – Lia desviou os olhos da frente para ver Sirius parado à porta e sentiu mais lágrimas rolarem por seu rosto, enquanto ela dizia num sussurro ao motorista.


— Please, Go. – O motorista começou a sair com o carro lentamente enquanto Sirius ainda apoiava as mãos ao vidro.


— Lia, por favor. – A voz de Sirius morreu, enquanto um nó formava-se em sua garganta e ele, agora longe do carro, observava o mesmo fazendo o retorno na rua e seguindo o caminho contrario, levando Lia direto ao aeroporto.


O nó na garganta de Sirius se apertava de tal maneira que ele mal conseguia respirar, lagrimas se formaram mais fartas em seus olhos, rolando por seu rosto enquanto ele observava parado a calçada, o taxi se perdendo a distancia, levando Lia embora.


Ele acabara com tudo, mais uma vez, o gênio Sirius Black acabara com tudo. Como podia ser tão burro?


Outro taxi se aproximou, mas Sirius mal percebeu, as lagrimas rolavam por seu rosto e agora uma ira invadia todo o seu ser, como ele pôde estragar tudo? Como ele pôde ser tão burro? Sempre se gabara por ser o garanhão, o inteligente, o cara, mas ele não era nada daquilo, ele era um idiota, estúpido e burro que acabara de perder a única garota que o fizera chorar na vida. Idiota.


Sentindo o ódio pulsando em suas veias, Sirius chutou furiosamente uma lata de lixo próxima, fazendo a lata voar no ar, caindo alguns metros a frente no meio da rua, chamando a atenção das pessoas que entravam ou saiam do hotel.


— Idiota. Seu idiota. – urrando de raiva, Sirius segurou os próprios cabelos nas mãos, sentindo uma vontade imensa de socar qualquer coisa que aparecesse a sua frente. Sua raiva era tamanha que Sirius sentiu sua mão se fechando e erguendo-se quando uma mão pousou em seu ombro, o fazendo se virar pronto para esmurrar o otário que ia encher seu saco. Mas quando seus olhos caíram sobre o dono da mão apoiada em seu ombro, Sirius sentiu sua respiração ofegando e sua mão, suspensa no ar, abaixando, enquanto ele se desvencilhava do aperto no ombro pra andar de um lado para o outro, alterado.


— O que aconteceu, Almofadinhas? – Thiago estava parado próximo de Sirius, encarando o amigo sem entender o que acontecia, ele provavelmente tinha uma ideia do que poderia ser, apesar de não saber como aquilo poderia ter acontecido, mas algo dentro dele dizia que tinha alguma coisa a ver com Lia.


Remo, Patsy e Lilian estavam alguns metros atrás de Thiago, observando, confusos, Sirius que agora caminhava de um lado para o outro, alterado.


— Ela foi embora. – A voz de Sirius saiu embargada, e Lilian que observava de longe, pensou se era impressão dela ou Sirius estava chorando. Ela queria perguntar por que Lia tinha ido embora, o que acontecera entre eles, onde Lia estava, mas Lilian já havia visto Sirius nervoso uma vez e não queria ver novamente, Thiago tinha mais jeito com o amigo, por isso ela esperou pacientemente de onde estava enquanto Thiago tentava descobrir o que acontecera.


— Por que? O que aconteceu quando você encontrou ela? – A voz de Thiago soou cautelosa e preocupada, mas Sirius não pareceu perceber, a única coisa que ele conseguia perceber era que seu mundo estava desabando sob seus pés.


Ele levou as mãos aos cabelos e grudou as mãos nos mesmos, pensando o quanto havia sido idiota.


— Porque eu sou um idiota, Pontas, por isso ela foi embora, porque eu sou um idiota, um burro que deixou ela ir embora... Argh. – Sentindo o ódio de si mesmo correndo em suas veias, Sirius chutou outra lata de lixo mais próxima e soltou um urro de raiva.


Thiago nunca vira Sirius daquele jeito, por isso ele não sabia nem o que dizer quando Sirius afundou o rosto nas mãos e desabou a beirada da calçada, enfiando a cabeça entre os joelhos, deixando o próprio corpo ser sacudido pelas lágrimas.


Ela não o perdoaria, ela continuaria pensando que ele a enganara, que ele mentira sobre tudo que havia lhe dito, sobre tudo que haviam tido naquele dia, desde a noite passada, e nunca mais o perdoaria. Por que essas coisas tinham que acontecer com ele?


Lilian se aproximou de Thiago e pousou a mão no ombro do namorado, perguntando mudamente com os olhos se poderia fazer alguma coisa, mas Thiago negou levemente com a cabeça, enlaçando a namorada pela cintura e dando alguns passos em direção à escadaria que levaria ao hotel.


— Ele ta chorando por causa da Lia? - Lilian murmurou baixinho para que apenas Thiago ouvisse e ouviu o namorado suspirando, antes de dar-lhe um selinho carinhoso e dizer no mesmo tom de voz dela.


— Sobe com a Pat e deixa que eu e o Remo cuidamos dele. – Lilian assentiu levemente, enfiando a mão na bolsinha pendurada em seu ombro.


— Eu vou ligar pra Lia pra ver como ela esta. – Thiago concordou com a cabeça e deu outro selinho em Lilian, era melhor ele cuidar do amigo, afinal de contas, era pra isso que os amigos serviam.


Sirius não percebeu que Thiago havia se afastado, sequer ouviu os cochichos a seu respeito, ou sequer pensou que podia haver olhares confusos e até mesmo curiosos encarando seu ser que se encontrava sentado à calçada, despedaçado. Ele não queria mesmo perceber nada daquilo, ele queria que Lia voltasse e acreditasse nele e o perdoasse.


Sem parar para ver se Thiago estava ali ou não, Sirius se levantou e saiu caminhando em direção à praia. Ele era homem, era um maroto, mas mesmo sendo um homem e um maroto, ele também tinha sentimentos, ele também sofria, ele também chorava.


Seus pés alcançaram a areia da praia e ele seguiu caminhando pela mesma. As ondas do mar quebravam-se lentamente a beira da praia, deixando seu som ecoar pela noite escura e silenciosa, abafando o barulho do mundo lá fora. Ele mal percebeu quando Thiago e Remo se aproximaram um de cada lado dele, deixando claro que estavam ali, do lado dele, pro que fosse preciso, como bons amigos faziam.


A lua brilhava lindamente no céu, envolta de estrelas que brilhavam cintilantes, iluminando a terra e brilhando a superfície do mar, deixando a beira da praia apenas os vultos de três sombras caminhando lentamente. Talvez ele tivesse perdido Lia, talvez ele estivesse se sentindo esmagado por dentro de tal maneira que nunca sentira antes, talvez... Mas uma coisa era certa, não poderia dizer talvez pelo fato de não estar sozinho, ele não estava sozinho, ele tinha dois irmãos que, acontecesse o que fosse, estariam do seu lado, e disso ele tinha certeza, e por isso a lua brilhava acima, no céu, por que amigos verdadeiros ainda existiam, e isso, não talvez, mas isso, era mais importante que qualquer outra coisa no mundo.


 


 


 


*N/A: Uffa, capitulo grandinho né, nem sei como eu consegui fazer um capitulo que não tem muitas coisas fortes ser tão grande, os detalhes foram bastantes eu acho.


Espero que tenham gostado do capitulo, e pelo menos dessa vez eu não demorei tanto, não é. Prometi que não demoraria tanto, não postarei todos os dias, ou toda semana, por que trabalho e dia de semana é meio difícil escrever, o cansaço não permite, então só tenho os fins de semana para escrever, mas prometo postar sempre o mais rápido possível.


E espero ver os comentários agora que voltei a ativa, estou sentindo falta deles, heim.


Musica do capitulo: Fix a Heart – Demi Lovato.



Até o próximo capitulo.


Beijos
Lanah Black.


 

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Comentários (5)

  • Chrys Malfoy

    Lanah sua cruel, para de maltratar essas pobres crianças! Por favor, faça a Lia voltar, o Six não fez nada coitado, ele merece essa chance não acha? O cap foi fooooda, to louca pra ver o resto!!!Bjoos 

    2012-02-23
  • Sah Espósito

    Lannah!! Não acha que ta na hora de parar de judiar desses marotos nãoque triste.,.. depois de tantos momentos lindos vc faz isso?!Voce e má!rsrs

    2012-02-23
  • Amy Peverell

    que lindoooooo, aaaawnnn, isso sim são amigos de verdade! e q lia não podia irr! chorei... kkkkkkkkk vdd! o six falo que amava ela! como assim?!!? que coisa mais linda a parte do "Ele era homem, era um maroto, mas mesmo sendo um homem e um maroto, ele também tinha sentimentos, ele também sofria, ele também chorava." e a "Mas uma coisa era certa, não poderia dizer talvez pelo fato de não estar sozinho, ele não estava sozinho, ele tinha dois irmãos que, acontecesse o que fosse, estariam do seu lado, e disso ele tinha certeza, e por isso a lua brilhava acima, no céu, por que amigos verdadeiros ainda existiam, e isso, não talvez, mas isso, era mais importante que qualquer outra coisa no mundo."to chorando ainda! kkkkkkkk aiai... muito perfeito sério... parabéns!!! 

    2012-02-21
  • annalimaa_

    so eu chorei quando a lia foi embora????? meu que triste mas mrto bom o capitulo

    2012-02-21
  • Mariazinhaencrenca

    Então né eu AMEI Lily e Tiago juntos! Amo eles, mas estou com dó do Sirius faz ele ficar com a Lia! Posta logo também, foi rápida desta vez, gostei disso BJS

    2012-02-21
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